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quarta-feira, 20 de novembro de 2024

PRÉ-HISTÓRIA

É o mais antigo período da história humana, que vai desde o aparecimento do ser humano até o desenvolvimento da escrita.Ela é basicamente dividida em Paleolítico e Neolítico.

PALEOLÍTICO: É conhecido também como Idade da Pedra Lascada devido aos objetos que eram produzidos de forma grosseira principalmente com pedra, embora também utilizasse os ossos e a madeira. Esse período estendeu-se de 3 milhões de anos atrás a 10.000 a.C. Esse período surge quando os homens começaram a criar as primeiras ferramentas para sua sobrevivência (arpões, facas, pontas de lança e flecha).

Características do Paleolítico:
- OBJETOS RUDIMENTARES: A pedra foi o principal material utilizado para fazer os objetos necessários à sobrevivência: eram objetos feitos de forma grosseira (pedra lascada), tais como as pontas de lança, raspadores (de pedra lascada), etc. Usavam também ossos e madeira.
- NOMADISMO: o ser humano era nômade; não tinha moradia fixa, pois precisava deslocar-se constantemente para caçar as manadas de búfalos, renas e outros animais. Vivia algum tempo em cavernas
- SOCIEDADES DE CAÇADORES E COLETORES: não produziam seus alimentos, não conheciam a agricultura, dependiam do que a natureza oferecesse.
- SOCIEDADE COMUNAL: viviam em grupos ou bandos ou hordas, geralmente clãs (laços de parentesco) onde repartiam o produto de sua caça e coleta. Tinham poucos bens. Não havia ainda a ideia de propriedade privada. O trabalho era coletivo.
- DIVISÃO RUDIMENTAR DO TRABALHO: os homens dedicavam-se mais às caçadas em bandos e as mulheres à coleta e à criação dos filhos.
- LIDERANÇA PATRIARCAL: geralmente era o mais velho ou o mais experimentado caçador que liderava o grupo e coordenava as ações.
- GRAVURAS RUPESTRES: são desenhos que os artistas da época deixaram gravadas nas paredes das rochas e no interior das cavernas. Eram geralmente desenhos do cotidiano da vida de caçadas.
- CONTROLE DO FOGO: foi a maior conquista do paleolítico: o ser humano inventou meios de produzir o fogo.

NEOLÍTICO: Foi o período que provocou profundas mudanças na vida dos seres humanos, a partir do momento em que ele inventou a agricultura e passou a criar animais.
A agricultura resultou de um processo gradual de observação, experimentação e adaptação dos seres humanos ao ambiente. A transição da caça e coleta para a agricultura ocorreu há aproximadamente 10.000 anos em regiões como o Oriente Médio, América Central e África. Esse processo envolveu:
Fatores que contribuíram:
1. Observação da natureza: Notaram o ciclo de crescimento das plantas.
2. Experimentação: Testaram técnicas de cultivo e seleção de sementes.
3. Necessidade e aprimoramento: a agricultura resultou em melhorias nas condições de vida do ser humano, sendo assim, houve aumento populacional. Esse aumento de população forçou o ser humano a buscar aprimorar suas técnicas de produção de alimentos, tanto agrárias quanto pecuárias.

Características do Neolítico

1. Produção de Alimentos: o ser humano passa a produzir alimentos através da Revolução Agrícola ou Agropecuária: tornou-se agricultor e criador de animais. Essa revolução muda tudo, pois o ser humano não depende mais de ter sorte em caçadas. Além disso, passou a dominar a natureza no sentido de plantar e colher seus alimentos.
2. Sedentarismo: o ser humano tornou-se sedentário, ou seja, passou a ter moradia fixa, devido à necessidade de morar próximo ao seu local de trabalho, que eram suas plantações e criações de animais.
3. Desenvolvimento da cerâmica: devido à necessidade de guardar os alimentos.
4. Uso de ferramentas de pedra polida: foi uma evolução da produção de objetos de pedras.
5. Comércio e especialização: o comércio surgiu a partir da geração de excedentes da agricultura. Esses excedentes foram trocados por outras mercadorias. Juntamente com a escrita, o comércio foi uma das maiores invenções da humanidade.
6. A invenção da Escrita: foi necessário para registrar as quantidades, a produção, os negócios, os regulamentos, etc. A invenção da escrita foi tão importante que ela dividiu a história: a partir daí chamou-se História Antiga em lugar de pré-história.
7. Surgimento de vilas e cidades
8. Multiplicação das atividades: a sociedade torna-se complexa devido ao aumento das funções e serviços: carpinteiros, pedreiros, artesãos, ceramistas, comerciantes, transportadores, pecuaristas, metalúrgicos, tecelões, etc.
9.Surgimento das primeiras civilizações, com destaque para aquelas localizadas na Mesopotâmia: Sumérios, Acádios, Babilônios, Assírios, Caldeus, Persas.


sexta-feira, 30 de agosto de 2024

AÇÃO SOCIAL

É toda ação que o indivíduo realiza levando em consideração a reação ou o comportamento de outras pessoas. Essa ação nem sempre tem o  objetivo de obter um benefício direto para quem a realiza. O importante é que ela tem um significado subjetivo e é orientada em função dos outros, seja para obter uma resposta, influenciar comportamentos, ou mesmo expressar emoções ou valores. O simples fato de escrever uma mensagem ou uma carta é uma ação social, pois o emissor espera que ela seja lida por alguém. Seu ato somente tem significado enquanto envolve outra pessoa. 

Tipos de Ação Social


Ações racionais
são feitas pelos sujeitos que têm  controle sobre seus atos e procuram realizá-los. Elas são separadas em dois conceitos:


  • Ação racional em relação a fins – ocorre quando o propósito da ação justifica a intenção e os caminhos percorridos para alcançar determinado objetivo. O sujeito utiliza meios racionais para conquistar um resultado satisfatório.
    Exemplos:
    Quando alguém estuda almejando objetivos tais como tirar boas notas, ser aprovado no Enem, em um concurso, emprego, etc. 
    Quando alguém vai a uma igreja em busca da cura ou de um emprego.
    Quando alguém trabalha em troca do salário.
  • Ação racional em relação a valores – o indivíduo age sem almejar benefícios próprios, mas de acordo com seus valores ou crenças pessoais. Age de acordo com o que considera correto, benéfico para o próximo. Esse tipo de ação geralmente é fruto de tradições, como religiosas ou familiares.
    Exemplos:
    Ativismo ambiental: Uma pessoa que se dedica a causas ambientais, como reduzir o consumo de plástico ou participar de protestos contra o desmatamento, não por ganhos materiais, mas por acreditar na importância de preservar o meio ambiente.

    Atitudes religiosas: Alguém que pratica rituais religiosos, jejua, ou segue regras estritas de conduta moral porque acredita nos ensinamentos de sua fé, mesmo que isso exija sacrifícios.

    Pacifismo: Uma pessoa que se recusa a participar de conflitos armados ou a usar violência, mesmo em situações de autodefesa, por acreditar firmemente nos valores da paz e da não-violência.

    Trabalho voluntário: Alguém que dedica seu tempo a ajudar os menos favorecidos, como trabalhar em uma ONG ou distribuir alimentos a pessoas em situação de rua, guiado por um sentido de justiça social e compaixão, sem esperar nada em troca.

    Luta por direitos civis: Uma pessoa que se envolve em movimentos por igualdade e justiça, como protestar contra a discriminação racial ou de gênero, porque acredita profundamente na importância dos direitos humanos.


Ações irracionais 


Nesta segunda definição, os atos são baseados em sentimentos, motivados pela emoção ou impulsos. Eles também são divididos em dois subgrupos:


  • Ação irracional tradicional – é pautada nos hábitos e costumes que as pessoas, dentro da sociedade em que vivem, começam a adotar. É em decorrência de tudo que aprenderam habitualmente a fazer e acreditar. O costume de ir à missa aos domingos, por exemplo, é visto como uma ação irracional tradicional.
    Exemplos:
        Cumprimentar com um aperto de mão: Muitas pessoas apertam as mãos ao se encontrar, sem pensar conscientemente sobre por que fazem isso. É um costume social estabelecido.

        Fazer o sinal da cruz ao passar por uma igreja: Algumas pessoas fazem o sinal da cruz automaticamente ao passar por uma igreja, sem refletir profundamente sobre o significado da ação a cada vez que a realizam.

        Celebrar datas comemorativas: Participar de festas como o Natal ou o Ano Novo, seguindo tradições familiares, mesmo que a pessoa não tenha uma conexão religiosa ou pessoal forte com o significado dessas datas.

        Usar certos trajes em eventos específicos: Vestir roupas formais para um casamento ou usar preto em um funeral, seguindo tradições culturais, sem questionar o motivo por trás dessa prática.

        Sair de casa com o pé direito: Em algumas culturas, é comum as pessoas seguirem superstições, como sair de casa com o pé direito para atrair sorte, sem realmente acreditar ou pensar no porquê de fazer isso.


  • Ação irracional afetiva – envolve sentimentos e emoções. O sujeito tem uma ação motivada por raiva, esperança, medo, paixão, inveja, entre outros gatilhos sentimentais. Como o afeto pode ser despertado pelo costume, esse tipo de ação irracional também se enquadra na categoria tradicional.
    Exemplos:
    Gritar de alegria ao receber uma boa notícia: Quando alguém recebe uma notícia muito boa, como passar em um concurso ou receber uma promoção, e grita ou pula de alegria, agindo impulsivamente, movido pela emoção.

    Chorar ao assistir a um filme triste: Uma pessoa que chora durante uma cena emocional de um filme, reagindo de maneira imediata e emocional, sem refletir sobre o fato de que é apenas uma história fictícia.

    Agir com raiva em uma discussão: Quando alguém, no calor de uma discussão, grita ou faz gestos agressivos, agindo sob a influência da raiva sem pensar nas consequências ou na racionalidade da situação.

    Abraçar impulsivamente uma pessoa querida após um reencontro: Encontrar alguém que você não vê há muito tempo e, sem pensar, correr e abraçar a pessoa, movido pelo carinho e saudade.

    Cometer um ato de vingança ferindo ou matando alguém, ou destruindo objetos, reagir de maneira perigosa diante de um assalto, reagir de forma imediata e emocional, buscando retribuir o que considera uma injustiça, sem ponderar as consequências de sua ação.

sexta-feira, 12 de abril de 2024

LUIZ GAMA

Luiz Gama: o maior abolicionista do Brasil


Luís Gonzaga Pinto da Gama (1830-1882) , mais conhecido como Luiz Gama, é considerado o patrono da abolição no Brasil.. É o patrono da cadeira n.º 15 da Academia Paulista de Letras.

Luiz Gonzaga Pinto da Gama nasceu livre em Salvador, Bahia, no dia 21 de junho de 1830. Filho de um português  (cujo nome jamais citou) e da escrava livre Luiza Mahin que, segundo ele, participou da revolta do Malês em 1835 e da Sabinada em 1837 e, como consequência teve que fugir para o Rio de Janeiro, deixando o filho aos cuidados do pai.

Em 1840, com 10 anos, foi levado por seu pai para o Rio de Janeiro e vendido ao negociante e alferes Antônio Pereira Cardoso para pagar uma dívida de jogo. De lá, ele foi levado para uma fazenda em Limeira, São Paulo...
sendo assim, foi o único abolicionista que passou pela experiência da escravidão. Com 17 anos, Luiz Gama conheceu o estudante Antônio Rodrigues do Prado, hóspede da fazenda de seu pai, que lhe ensinou a ler e escrever.
Em 1848, com 18 anos, sabendo que sua situação era ilegal, uma vez que sua mãe era livre, Luiz fugiu para a cidade de São Paulo e conquistou a alforria na justiça. Nesse mesmo ano, alistou-se na Força Pública da Província.
Em 1850, casou-se com Claudina Gama, com quem teve um filho. Ainda em 1850, tentou ingressar no curso de Direito do Largo de São Francisco, mas a faculdade recusou sua inscrição porque era ex-escravo e pobre. Mesmo sendo hostilizado pelos professores e alunos, ele teve direito a assistir as aulas como ouvinte.
Mesmo sem ter a formação plena em Direito, Gama adquiriu o direito de atuar como advogado (naquela época era permitido), fato que o levou a se especializar na defesa jurídica dos escravos. Por meio do estudo aprofundado da cultura jurídica, ele descobriu leis que protegiam a vida dos escravizados e não eram aplicadas. Além da articulação na área do direito, ele escrevia sobre os casos nos jornais locais para conscientizar a população sobre os seus direitos

Em 1856 tornou-se escriturário da Secretaria de Polícia da Província de São Paulo.
Em 1864, junto com o ilustrador Ângelo Agostini, Luiz Gama inaugurou a imprensa humorística paulista ao fundar o jornal Diabo Coxo, que se destacou por utilizar caricaturas que ilustravam as reportagens dos fatos cotidianos da conjuntura social, política e econômica, o que permitia os iletrados compreenderem os fatos.

Em 1869, junto com Rui Barbosa, fundou o Jornal Paulistano. Colaborou com diversos jornais, entre eles Ipiranga e A República.
De escravo a advogado abolicionista: Gama sempre esteve  envolvido nos movimentos contra a escravidão tornando-se um dos maiores líderes abolicionistas do Brasil. Em 1873 participou da Convenção de Itu, que criou o Partido Republicano Paulista.

Ciente de que naquele espaço dominado por fazendeiros e senhores de escravos suas ideias abolicionistas não receberiam apoio, passou a denunciá-los e condená-los de todas as formas. Em 1880 tornou-se o líder da Mocidade Abolicionista e Republicana.

Luiz Gama trabalhou na defesa dos negros escravizados exercendo a profissão de “rábula” - nome dado aos advogados sem título acadêmico por meio de uma licença especial, o provisionamento.

Nos tribunais, Luiz Gama usava uma oratória impecável e com seus conhecimentos jurídicos defendia os escravos que podiam pagar pela carta de alforria, mas eram impedidos da liberdade por seus donos. Defendeu os escravos que entraram no território nacional após a proibição do tráfico negreiro de 1850.

Participava de sociedades secretas, como a Maçonaria, que o ajudava financeiramente.
Livros e poemas

Luiz Gama projetou-se na literatura em função de seus poemas, nos quais satirizava a aristocracia e os poderosos de seu tempo. Muitas vezes ele se ocultava sob o pseudônimo de Afro, Getulino e Barrabás.

Em 1859, Luiz Gama publicou uma coletânea de versos satíricos, intitulado Primeiras Trovas Burlescas de Getulino, que fez grande sucesso, no qual se encontra o poema, “Quem Sou Eu?” (Popularmente chamada de “Bodarrada” ou “Bode” era uma gíria que tentava ridicularizar os negros.

CONTEXTO HISTÓRICO DA ÉPOCA DE LUIZ GAMA: O Brasil estava em um processo de mudança, onde já existiam leis abolicionistas, embora com pouco efeito...mesmo assim, já era possível a um ex-escravizado estudar em uma faculdade e exercer a função de advogado mesmo sem ter completado os estudos.


Em 1931, ele se tornou a primeira pessoa negra a ter uma estátua na cidade de São Paulo. A homenagem está localizada no Largo do Arouche, centro da cidade.
Em 2015, 133 anos após sua morte, o abolicionista recebe o título oficial de advogado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e em 2018 foi declarado patrono da abolição da escravidão no Brasil.

QUESTÕES SOBRE O FILME "PRIMEIRO ELES MATARAM MEU PAI"

1 – A ESCRAVIZAÇÃO DO POVO CAMBOJANO PELA DITADURA MARXISTA DO KHMER VERMELHO
- A escravização do povo fazia parte da política de reforma da ditadura do Khmer Vermelho, que tinha o marxismo com base político/ideológica para sua prática, através de um programa de "engenharia social", onde o povo foi submetido à uma brutal reestruturação social e econômica, entre 1975 e 1979. As razões da ditadura foram basicamente as seguintes:
- Visão Ideológica Radical: O Khmer Vermelho era uma ditadura socialista que buscava criar uma sociedade comunista de base agrária, livre de influências ocidentais. Eles acreditavam que a transformação radical da sociedade era necessária para atingir esse objetivo. Para realizar esta transformação era preciso eliminar qualquer influência considerada negativa: religiões (o regime era materialista), todas as antigas tradições tanto orientais quanto ocidentais, toda a cultura ocidental (com exceção da marxista), a burguesia local, etc.
- Ano Zero: O Khmer Vermelho adotou uma política conhecida como "Ano Zero", na qual eles buscavam apagar completamente todas as influências culturais, religiosas e sociais do passado do Camboja. Eles consideravam a população urbana e educada como inimigos do regime e buscavam criar uma nova sociedade agrária a partir do zero, o que exigia trabalho forçado para alcançar seus objetivos.
- Reestruturação Econômica: A ditadura queria transformar a economia cambojana de maneira rápida e extremamente radical: de uma economia agrária para uma economia agrária de subsistência, onde todos foram forçados a ir viver e trabalhar na agricultura, sem direito a salário (o dinheiro foi abolido)....a única recompensa era a precária alimentação...na prática era a volta da escravidão Os que resistiam à essa Engenharia social foram submetidos a tortura e execuções sumárias.
Controle e Poder: O uso de trabalho escravo servia para consolidar o controle do regime sobre a população. Ao obrigar as pessoas ao trabalho escravo, a ditadura marxista demonstrava que seu poder não tinha limite algum.
Em suma, o Khmer Vermelho escravizou seu próprio povo como parte de sua visão radical de reestruturação social, econômica e política do Camboja. Eles acreditavam que apenas por meio do trabalho forçado e da repressão extrema poderiam alcançar seus objetivos de criar uma sociedade comunista radicalmente transformada.

2 - CONTEXTO HISTÓRICO DO FILME
O Camboja é um país localizado no sudeste asiático, com uma rica herança cultural e histórica, incluindo os antigos templos de Angkor Wat. No século XIX tornou-se uma colônia francesa até a sua independência em 1953. O país era uma monarquia até 1970 e era neutra em relação à guerra do Vietnã.
Mesmo sendo neutro, o território do Camboja estava envolvido na Guerra: o Vietnã do Norte tinha bases e rotas de suprimentos no leste do país.
No mesmo ano de 1970, um golpe de estado derrubou a monarquia e implantou uma república, sob o comando do general Lon Nol, o qual declarou apoio aos EUA na guerra do Vietnã...sendo assim, entrou em guerra contra o Vietnã do Norte. Além disso, já enfrentava o grupo guerrilheiro marxista Khmer Vermelho, que almejava tomar o poder no Camboja.
A aliança com os EUA resultou na permissão para que os americanos bombardeassem posições vietcongs no território, resultando na morte de civis do próprio Camboja. Esses bombardeios pioraram a situação do governo, pois resultaram em
a) ódio da maioria do povo contra o governo de Lon Nol.
b) ódio da maioria do povo contra os EUA.
c) aumento da influência do movimento do Khmer Vermelho sobre o povo, que aproveitava para insuflar o ódio do povo contra Lon Nol e os EUA...ao mesmo tempo, o Khmer Vermelho tentava passar a ideia de que seriam os “libertadores” do Camboja.
O exército de Lon Nol, mau equipado e mau treinado, foi presa fácil dos guerrilheiros do Khmer Vermelho, os quais tomaram a capital, Phnom Penh, em 17 de abril de 1975.
Sob o regime Khmer Vermelho, estima-se que cerca de 1,7 milhão de pessoas tenham morrido de fome, execuções sumárias, desnutrição, doenças e trabalho escravo. A população cambojana foi submetida a graves abusos de direitos humanos e o país enfrentou décadas de devastação e trauma.
O filme se passa nesse contexto histórico turbulento, narrando a história da família de Loung Ung, enquanto eles lutam pela sobrevivência sob o regime brutal do Khmer Vermelho. Ele oferece uma visão íntima e pessoal dos horrores do genocídio e das consequências devastadoras da ideologia marxista do regime no povo cambojano.

3 - O REGIME E A IDEOLGIA DO KHMER VERMELHO
Tinha uma ideologia comunista radical e empregou um brutal programa de engenharia social, através da expropriação dos bens, deslocamento da população para o campo, censura, repressão política, trabalho escravo, torturas, fome, desnutrição, milhões de mortos, enfim, um  genocídio. .
PRINCÍPIOS MARXISTAS QUE FORAM USADOS PELO KHMER VERMELHO
A - Igualitarismo radical: Em qualquer sociedade é natural que haja desigualdades, pois os seres humanos são desiguais por natureza...mas isso era visto como um problema para o Khmer Vermelho, o qual procurou igualar todos através das seguintes ações:
- expropriação de toda a propriedade privada: tudo passou a pertencer ao Estado
- eliminação do dinheiro
- eliminação de todos aqueles que eram considerados
"inimigos de classe": fazendeiros, intelectuais, professores, artistas, empresários, jornalistas, etc.
B - Coletivização agrícola: Inspirado na ideia de coletivização criada por Marx, o Khmer Vermelho forçou a população ao trabalho escravo nas fazendas coletivas gerenciadas pelos soldados do Khmer. A disciplina brutal resultava em julgamentos e execuções sumárias de todos os que cometiam qualquer ato, incluindo o de comer escondido algumas espigas para tentar matar a fome, que era uma rotina.
C - Ruralização da sociedade: A ditadura do Khmer usou seu povo como cobaias, através de um projeto de engenharia social, que na prática traduziu-se em trabalho escravo, fome, torturas, desnutrição, doenças, miséria, execuções sumárias e milhões de mortos.
D - Autoritarismo centralizado: O regime estabeleceu um governo centralizado e autoritário, com Pol Pot e seus associados exercendo controle absoluto sobre todas as instituições do Estado e da sociedade. Isso refletia a ideia marxista-leninista de um partido de vanguarda que lideraria a revolução e implantaria a ditadura, que no caso não foi uma ditadura do proletariado, pois o país não era industrializado e não havia um comitê de operários como ditadores.

4 - AS ATROCIDADES DO KHMER VERMELHO
O marxismo, através de suas obras "O capital" e "O manifesto comunista" defende a ideia de uma ditadura do proletariado no poder... sendo assim, defende uma ditadura, um regime que não é, nunca foi democrático e nunca será democrático. O termo "ditadura do proletariado" na teoria marxista, criado por Marx e Engels, foi usado para descrever um período de transição entre o capitalismo e o comunismo, durante o qual a ditadura faria reformas sociais, que na prática sempre resultam em expropriações, prisões, censura, perseguições, tortura, eliminação de opositores, etc.
Na ideologia marxistas, a ditadura do proletariado significa uma fase de transição para uma sociedade sem classes. O que Marx não diz é que na prática isso significa o uso da violência governamental para tomar todas as propriedades do povo, todos os meios de produção, concentrando-a nas mãos da ditadura e impondo o povo ao trabalho escravo...quem discorda é preso e eliminado...isso é incompatível com os ideais democráticos e viola todos os direitos humanos fundamentais.
Portanto, é válido afirmar que qualquer regime que use da violência para impor sua vontade e reprimir a oposição está agindo de forma autoritária, independentemente de se autodenominar como uma democracia ou ou uma república popular. O respeito aos direitos humanos e às liberdades individuais deve ser uma preocupação central em qualquer sistema político que se pretenda democrático e justo.

VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS PRATICADAS PELA DITADURA COMUNISTA DO KHMER VERMELHO:
Sob o comando do ditador Pol Pot, entre 1975 e 1979, houve uma série de violações graves dos direitos humanos:
a) Genocídio: O regime almejava eliminar grupos étnicos minoritários, intelectuais, religiosos e outros que fossem considerados uma ameaça à ideologia do partido, resultando em um genocídio que levou à morte de milhões de pessoas.
b) Prisões arbitrárias e execuções em massa: Milhares de pessoas foram presas arbitrariamente e executadas sem julgamento prévio. Muitos foram mortos em campos de extermínio ou forçados a trabalhar até a morte em condições desumanas.
c) Trabalho escravo: O regime forçou a população a trabalhar em campos agrícolas coletivos em condições desumanas. Muitos morreram de fome, exaustão e doenças devido às condições brutais.
d) Restrições à liberdade de expressão e religião: Todas as formas de expressão e religião foram reprimidas. Livros foram queimados, templos religiosos foram destruídos e práticas religiosas foram proibidas.
e) Deslocamento forçado da população: Milhões de pessoas foram deslocadas de suas casas e forçadas a viver em áreas rurais para trabalhar nos campos. Famílias foram separadas e muitos morreram durante o deslocamento.

f) Fim das liberdades individuais: crença, opção política, opinião, imprensa, expressão, direito de ir e vir, tudo foi eliminado.

f) Justiça: a justiça foi extinta e em seu lugar os guerrilheiros do Khmer julgavam, torturavam e matavam qualquer um que considerassem inimigos de qualquer princípio ou orientação da ditadura. Foi assim que eliminaram os pais da protagonista.

5 - LOUNG UNG, A PROTAGONISTA E SUA FAMÍLIA
aos 10 anos de idade, Loung Ung tinha visto mais mortes, desgraças e tragédias do que a maioria das pessoas viu durante toda a vida. Ung foi criada em uma família de classe média alta em Phnom Penh...seu pai, era um oficial militar no governo de Lon Nol...tudo mudou quando em em 17 de abril de 1975, o Khmer Vermelho do ditador Pol Pot invadiu a capital e forçou dois milhões de pessoas a evacua-la. Todos os que resistiram foram baleados e mortos.
O assassinato dos pais
Os pais de Loung Ung, foram mortos pela ditadura devido à sua origem urbana e ao seu passado associado à classe educada e intelectual. Para a ditadura do Khmer Vermelho, os membros da classe urbana, incluindo funcionários do governo, profissionais, educadores e intelectuais, por terem uma educação e cultura influenciadas pelo Ocidente, eram vistos como inimigos do regime e eram alvos de perseguição e execução.
O Khmer Vermelho buscava implementar uma visão radicalmente igualitária da sociedade cambojana, promovendo uma ideologia agrária e anti-intelectual. Eles consideravam a vida urbana e a educação formal como símbolos de corrupção e exploração, e procuravam eliminar qualquer vestígio da antiga ordem social.

Como resultado, muitos dos que tinham origem urbana, educação formal ou associação com o governo anterior foram considerados traidores ou espiões e foram alvo de perseguição, prisão e execução sumária pelo regime do Khmer Vermelho. Os pais de Loung Ung, como muitos outros, foram vítimas dessa política de repressão e violência indiscriminada.

Nos 5 anos seguintes, Ung foi separada de seus pais e irmãos, torturada, presa em cativeiro e obrigada a treinar como criança soldado (aos sete anos). Algum tempo depois, ela, seu irmão e sua cunhada conseguiram fugir para a Tailândia, onde permaneceram em um campo de refugiados até que conseguiram asilo político nos EUA, em junho de 1980. Em 2000, ela publicou suas memórias em um livro intitulado First They Killed My Father.
Loung Ung é uma ativista e professora de direitos humanos... é a porta-voz nacional da Campanha por um Mundo Livre de Minas Terrestres.




domingo, 24 de março de 2024

INTRODUÇÃO À HISTÓRIA

A origem da palavra história é grega (historie) e significa de maneira geral "conhecimento que se adquire através da pesquisa".

O grego Heródoto é considerado o Pai da história por ter sido o primeiro a escrever sobre eventos de maneira metódica, buscando evidências que comprovassem a veracidade.

Para que serve a História? por que estudar história?
-A história não possui a missão de salvar o homem dos erros do passado, impedindo-os de os repetir no presente ou no futuro. Se assim fosse, não teríamos a repetição de regimes tirânicos, políticos demagogos, guerras, etc.
- A história nos auxilia a compreender o que a humanidade construiu ao longo de sua existência e o que as sociedades contribuíram em termos intelectuais, culturais e materiais.
-A história é importante tanto para a vida individual quanto para a vida social, pois é possível  entender como o passado influencia o presente, o porquê das coisas serem como são e quais são os melhores modelos de vida, de sociedade e muitas outras possibilidades.
-a história desperta em nós a percepção de que existem culturas diferentes;
-ela contribui para a ampliação das fronteiras da imaginação;
-ela evita o estreitamento do horizonte de consciência, impedindo o provincianismo;
-ela fornece condições para entender as estruturas econômicas, sociais, políticas, religiosas, ideológicas e jurídicas das sociedades ao longo do tempo.
-Há outras áreas do conhecimento que usam princípios da história, mesmo não tendo a formação nesta área: o investigador policial, o perito criminal, o jornalista, o escritor, o cineasta, etc...além disso, todas as áreas do saber possuem sua própria história: história da física, da química, da matemática, da medicina, da engenharia, etc.

Alguns conceitos de História:

A história estuda o ser humano e suas ações ao longo do tempo
A história é o estudo das ações humanas no passado e no presente
A história é a ciência dos homens no tempo

Atribuições da História: O que a história estuda?

-As realizações humanas, boas e ruins
-As mudanças, que são duas: tecnológicas e comportamentais
-As permanências
-A produção cultural, imaterial e material


O que muda de maneira mais rápida: a tecnologia ou os comportamentos?
As mudanças tecnológicas ocorrem de maneira mais rápida do que as comportamentais...isso é explicado pelo desejo humano de ter menos esforço, mais conforto, mais benefícios, etc.

As mudanças comportamentais ocorrem de maneira mais lenta porque dependem dos usos, costumes, tradições, crenças, etc.
Algumas civilizações mudam de comportamento de maneira mais rápida do que outras...o maior exemplo é quando comparamos a civilização ocidental com a islâmica: a ocidental muda de maneira bem mais rápida.
Alguns povos praticamente não mudaram ao longo do tempo devido ao isolamento em que vivem. Temos o exemplo de algumas nações indígenas na Amazônia brasileira.

A produção cultural: todo ser humano é um ser cultural...o ser humano produz cultura...Exemplo: é o único ser que cria e utiliza objetos para se alimentar: gás, eletricidade, fogo, grelhas, micro-ondas, talheres, copos, panelas, condimentos, pratos, etc.

Toda a produção cultural humana ocorre de forma imaterial e material
imaterial: primeiramente, antes de vir ao mundo material, imaginamos, pensamos, projetamos.
material: ocorre quando a ideia se materializa
Exemplos:
-os objetos que o ser humano inventou; primeiramente foram imaginados, depois foram fabricados.
-a casa que alguém sonhou em ter: primeiro ela foi imaginada, depois ela foi construída segundo o que foi projetado.
-a música que alguém compôs: ela existiu primeiro na mente e se materializou quando foram usados instrumentos musicais, partitura, etc.
-samba e frevo fazem parte do patrimônio imaterial do Brasil porque existem primeiramente na mente, traduzem saberes, relações de pertencimento, para sambar ou frevar é preciso primeiro conhecer os passos, ensaiar, etc...e tudo isso ocorre na mente.

Patrimônio Cultural:
Um Povo sem História é um Povo sem Memória...preservar as paisagens, as obras de arte, as festas populares, a culinária ou qualquer outro elemento cultural de um povo, é manter a identidade desse povo.

A produção cultural humana dos povos ao longo do tempo resultou na criação de um vasto patrimônio imaterial e material, o qual, na medida do possível dever ser preservado. Essa preservação vai depender do grau de importância que cada povo concede ao seu passado. Esse patrimônio faz parte da identidade cultural de um povo, do seu legado, de sua história.

A importância de se preservar o Patrimônio Histórico está associada à constituição de uma memória coletiva, considerando que é por meio da memória que nos orientamos para compreender o passado, o comportamento de um determinado grupo social, uma cidade ou mesmo uma nação. O estímulo da memória também contribui para a formação de identidade, retomada de raízes, e a compreensão a respeito da situação sociocultural de um povo.

As Fontes Históricas: São documentos, objetos, textos, sons, etc., os quais possuem informações importantes sobre algum período da história, sendo indispensáveis para que se estude o passado.
Tipos de Fontes históricas
a) escritas: textos, discursos, leis, decretos, etc., os quais foram escritos em argila, papiro, pergaminho, pedra, papel, digital, etc. 
b) orais: depoimentos, entrevistas, gravações, relatos e histórias contadas por pessoas...incluem-se também as lendas e as tradições que uma geração passa para a outra.
c) Fontes Diretas ou Primárias / Fontes Indiretas ou Secundárias:
Fonte primária é a fonte original da informação, é o primeiro grau da informação...é a fonte original. Exemplo: o livro escrito pelo seu autor. Quando lemos esse livro, estamos consultando a fonte primária ou direta.
Uma fonte Secundária é um documento, imagem ou gravação que discute ou relaciona informações já apresentadas em outros lugares. É o resultado das discussões realizadas no material da fonte primária.
Exemplo: o comentário, o resumo, a resenha ou a reportagem sobre o livro de determinado autor.
d) Fontes Imagéticas: referem-se às imagens, gravuras, desenhos, pinturas, esculturas, filmagens, mosaicos, vídeos, grafitagens, etc. Na pré-história o ser humano já desenhava nas paredes das cavernas as gravuras rupestres.
e) Fontes materiais: são os vestígios físicos das atividades de pessoas humanas. Por exemplo: roupas, móveis, utensílios, ferramentas, armamentos, etc... incluem-se também os objetos e os sítios arqueológicos, fósseis, etc.

O Tempo e a História:
Anacronismo:
significa a interpretação do passado realizada a partir de um contexto social, político e cultural dos dias atuais...ou seja, julgamos o passado com base nos valores e ideias atuais...isso acaba por dificultar a compreensão do passado, pois cria uma interpretação desconexa com o conjunto de valores e ideias da época trabalhada. Sendo assim, o anacronismo cria interpretações incoerentes sobre as experiências, questões e modos de vida das sociedades passadas. Isso não significa que vamos defender aquilo que é considerado injusto, desumano ou cruel, mas entender o seu contexto cultural, político e histórico...ou seja, não vamos defender a escravidão nem os que tinham escravos, mas entender porque naquela época se praticava a escravidão ou outra prática inaceitável nos dias atuais.
Exemplos:
- a poligamia de alguns famosos personagens bíblicos do Antigo Testamento.
- a escravidão era uma prática generalizada tanto entre povos europeus na América quanto entre os próprios reinos africanos nos séculos XVI e XVII...a escravidão estava na lei...não havia ideais de liberdade que só surgiriam e se expandiriam a partir do século XVIII.
-as conquistas de povos e territórios por outros povos ao longo de milhares de anos...ainda hoje assistimos essa prática ocorrendo em alguns lugares do mundo.

a) Tempo Cronológico: refere-se à contagem do tempo a partir de eventos marcantes para algumas civilizações. Esses eventos resultaram na criação de CALENDÁRIOS. Abaixo, temos dois dos mais famosos calendários são:
a) Gregoriano: também conhecido como cristão ou ocidental, é o calendário usado atualmente pela maioria dos países, incluindo o Brasil. Tem como base o nascimento de Jesus Cristo...sendo assim, a contagem do tempo é dividida em antes e depois de Cristo.
b) Judaico ou Hebraico: tem como base a criação do mundo de acordo com a tradição religiosa. Em 2024, o calendário hebraico corresponde aos anos 5784 e 5785; o ano 5784 começou no dia 15 de setembro de 2023 e termina no dia 2 de outubro de 2024.

b) Tempo Histórico: tem como base os eventos considerados mais importantes para a história de cada povo, os quais são adotados como datas comemorativas. Exemplos:
a) Independência do Brasil: 07 de setembro
b) Revolução Francesa: 14 de Julho
c) Independência dos EUA: 04 de Julho

c) Tempo de Natureza: é o tempo que alguns povos usam para orientar suas atividades produtivas e suas celebrações, através da observação do clima e das estações do ano... geralmente são povos isolados, nações indígenas.

d) Tempo de Fábrica: é o tempo mais utilizado no mundo, pois tem como base a hora, a carga horária para a realização de diversos tipos de atividades: aulas, treinamentos, trabalho, diversão, etc.

e) Tempo de Informática: é a modalidade mais recente de uso do tempo, o qual inovou a partir da dispensa da presença física dos envolvidos. O maior exemplo são as aulas, treinamentos e atividades realizadas à distância, sem a necessidade da presença física dos envolvidos. Pilotar drones militares, participar de conferências e realizar cirurgias à distância já é uma realidade.

f) Tempo de curta duração: refere-se a um evento que tem data para iniciar e terminar. Exemplos: As Olimpíadas e a Copa do mundo de futebol

g) Tempo de Média duração: são eventos que dependem de um contexto histórico tanto para iniciar quanto para terminar. Sua duração é variável. Exemplo:
- o processo da independência do Brasil, que levou 14 anos, tendo iniciado com a transferência da Corte em 1808 e terminado com o evento do "grito" de independência de Dom Pedro às margens do riacho do Ipiranga, em 1822.

i) Tempo de Longa Duração: são eventos históricos tão comuns que já se incorporaram ao cotidiano da vida de um povo. Exemplos:
- a república, nos países que são republicanos
- o cristianismo, nos países que são cristãos
- a monarquia, nos países que são monárquicos
- o islamismo, nos países que são islâmicos.

Observação importante: para não haver confusão, é preciso distinguir os eventos de longa e média duração:
exemplos:
- a república brasileira é um evento de longa duração, entretanto, o processo do golpe que implantou a república é um evento de média duração
- o Brasil independente é um evento de longa duração, entretanto, o processo da independência é um evento de média duração.

Exercícios
01 - diante de uma notícia ou uma informação, seja na internet ou na tv nosso papel deve ser*
a) acreditar fielmente
b) desacreditar sem procurar saber se é verdade
c) verificar se é verdade ou não
d) duvidar e acreditar ao mesmo tempo
e) abcd estão incorretas

02 - Sobre conceitos e atribuições da história, analise as afirmações e assinale a correta*
a) está voltada preferencialmente para o estudo dos grandes fatos políticos, com destaque para a biografia dos governantes.
b) não há uma preocupação com a investigação dos eventos históricos, pois atualmente o mais importante é a compreensão global da história.
c) diferentemente do que ocorreu no século XX, a história atual procura ter um novo olhar crítico, desvinculado das demais ciências humanas.
d) O estudo das fontes e a crítica dos documentos são partes fundamentais do processo de produção historiográfica.
e) tudo pode e deve ser criticado o tempo todo, mesmo que sejam críticas anacrônicas, infundadas ou superficiais.

03 - Analise os eventos abaixo e assinale os que se são classificados como tempo de média duração:*
a) Revolução Pernambucana de 1817 e as Olimpíadas
b) Independência do Brasil e a Copa do mundo de Futebol
c) II Guerra mundial e Independência do Brasil
d) O 11 de setembro e a independência do Brasil
e) a monarquia inglesa e a Revolução francesa

04 - Sobre a questão do Anacronismo na história, podemos afirmar que o correto é
a) estudar e interpretar o passado a partir dos nossos valores e conceitos atuais.
b) estudar o passado a partir de seu contexto cultural, político e social, mesmo não concordando, mas entendendo que eram tempos bem diferentes dos dias atuais
c) ter uma visão atualizada do passado, mesmo sendo desconexa com o conjunto de valores e ideias daquela época
d) abc estão corretas
e) abc estão incorretas

05 - É considerado como evento de Longa duração
a) o processo histórico da independência do Brasil
b) o golpe militar que implantou a república
c) o cristianismo no Brasil
d) abc estão corretas
e) abc estão incorretas

06 -  Sobre patrimônio cultural, assinale a alternativa FALSA:
a) A preservação da cultura de um povo depende da proteção que se dá ao seu patrimônio material e imaterial
b) A proteção da cultura material e imaterial depende exclusivamente dos governantes.
c) O patrimônio histórico é um legado deixado pelos mais velhos para as novas gerações.
d) O que determina se um bem cultural será ou não um patrimônio cultural são a sua importância e contribuição para a cultura e história de um povo.
e) abcd estão incorretas

07 - Assinale abaixo a afirmação correta sobre patrimônio material
a) as lendas, músicas, canções e narrativas.
b) as expressões e movimentos artísticos.
c) os instrumentos, objetos e vestimentas.
d) as técnicas de artesanato e saberes orais.
e) abcd estão incorretas

08 - Assinale abaixo a afirmação correta sobre onde se usa a história:
a) apenas na sala de aula
b) apenas nos museus
c) em diversas áreas: jornalismo, polícia, sala de aula, tribunal, etc.
d) apenas nas redações dos telejornais e na internet
e) apenas quando se fala da vida dos outros



quinta-feira, 16 de novembro de 2023

QUESTÕES SOBRE OS POVOS INDÍGENAS DO BRASIL

 1 - INFANTICÍDIO INDÍGENA:

O infanticídio indígena consiste na prática do homicídio de crianças recém-nascidas nas tribos. Algumas vezes, as crianças mortas chegam a completar um ano ou mais. São abandonadas no mato, enterradas vivas ou têm seu corpinho queimado. Isso acontece quando nascem gêmeos, filhos de mães solteiras ou crianças indígenas com deficiência.

A prática do infanticídio indígena ainda é identificada em cerca de 18 etnias brasileiras, dentre as 305 que são reconhecidas. Por ser uma tradição milenar, é difícil traçar-lhe as origens.
As causas mais comuns do infanticídio são:
    Adultério ou filho de mãe solteira;
    Incesto;
    Deficiência física (invalidez)
ou mental, incluindo até lábio leporino, o nascituro pode estar sujeito a ser abandonado na floresta, a ser queimado ou enterrado vivo. Os motivos, como apontam os indígenas que já se abriram sobre o tema, é que as crianças "defeituosas" podem prejudicar a preservação da cultura ou oferecer riscos à tribo. A invalidez é vista como um sinal de que o índio é incapaz de contribuir para a proteção e o sustento da comunidade, ou seja, sua "doença" é vista como um potencial risco para os demais membros.
    Filhos gêmeos: um deles seria portador do bem; o outro seria portador do mal; o pajé decidiria qual deles seria morto
    Falta de condições da família para criá-lo;
    Sexo indesejado do bebê;
    Controle populacional: Um exemplo é a comunidade dos Tapirapé. Os nativos acreditavam que era necessário manter a população em cerca de mil habitantes para não prejudicar o ecossistema. Nessa comunidade,  sempre que uma família recebia o quarto filho, ele era sacrificado para evitar o excessivo crescimento populacional.

Em muitos casos as mães desejam o filho, mas sofrem com a pressão dos outros membros da comunidade para “se livrar do problema”. Veja o depoimento do índio Paltu Kamayurá que relata o caso vivido por uma mãe: “Poxa, o pessoal enterrou nosso filho, agora nós só estamos com um. É muito triste, a gente não consegue esquecer”

Todas essas questões excluem o índio da comunidade.
No entanto, há casos em que a família deseja manter a criança, mas é a tribo que pressiona pelo abandono. Muitos têm de fugir para manter os filhos vivos.

A LEI MUWAJI (PROJETO DE LEI)
Em 2007, a indígena Muwaji Suruwaha matou sua filha por ter nascido com paralisia cerebral. O sacrifício foi feito segundo o costume do seu povo. O deputado Henrique Afonso do Partido Verde do Acre protocolou o Projeto de Lei 1.057 que criminaliza quem acoberta tal prática.
No entanto, os responsabilizados não seriam as mães ou as famílias, e sim os enfermeiros, missionários, membros da FUNAI que acompanham as tribos e não denunciam o ato. Como era esperado, a Lei Muwaji gerou muita discussão. Além disso, muitas das tribos que mantêm o costume de matar as crianças indesejadas estão nas regiões mais afastadas e de difícil acesso.
O projeto de lei foi importante para colocar o problema em debate, mas foi pouco eficaz em pensar soluções. Em 2010, a indígena jornalista Sandra Terena publicou seu documentário “Quebrando o Silêncio” que aumentou a consciência sobre a questão. Tendo entrevistado mais de 350 mães indígenas e documentado em diversas tribos a prática do homicídio infantil.
A jornalista, que é do povo Terena, reuniu relatos de parentes de vítimas, de missionários, de agressores e sobreviventes e expôs, de maneira extensa, o problema cultural do sacrifício das crianças. O filme foi lançado em Brasília, no dia 31/03, dia do Memorial dos Povos Indígenas. Sandra Terena também o exibiu em muitas tribos, suscitando o debate entre seus membros.
Em sete de dezembro de 2014, a Rede Globo no programa Fantástico exibiu uma reportagem completa sobre o tema. A Constituição, embora cite o respeito à cultura dos diversos povos indígenas, é clara quanto ao direito à vida, pois trata-se de seres humanos.
- o que deve prevalecer: a cultura ou a vida? a cultura está acima da vida humana?

O QUE DIZ A CONSTITUIÇÃO
Qual o posicionamento dos Tribunais acerca do infanticídio indígena?
O artigo 227 da Constituição afirma: “ é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, a saúde, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligencia, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.

O QUE DIZ O ECA
Tal direito, é reforçado ainda pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, que dispõe no artigo 7º da Lei 8.069/90 o seguinte: “A criança e o adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência”.

Os artigos presentes na lei não fazem distinção da origem da criança ou do adolescente, confere a todos o direito à vida e ao crescimento saudável e digno.

Mas é aqui que mora o problema:
Em 2004, o Brasil, por meio do Decreto 5.051, ratificou a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, que reconhece e legitima aos indígenas seus direitos permanentes.
Com isso, podem viver conforme seus usos e costumes, amparados pelo respeito à cultura e ao direito consuetudinário dos povos.
Segundo a convenção, seria legítimo o assassinato de crianças por fazer parte do direito tradicional desse povo.

Porém, o parágrafo 2º do 8º artigo prevê: 
    “2. Esses povos deverão ter o direito de conservar seus costumes e instituições próprias, desde que eles não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais definidos pelo sistema jurídico nacional nem com os direitos humanos internacionalmente reconhecidos. Sempre que for necessário, deverão ser estabelecidos procedimentos para solucionar os conflitos que possam surgir na aplicação desse princípio”.

A prática do infanticídio indígena, portanto, fere os direitos previstos na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente e nos diversos acordos internacionais que se referem ao direito à vida, dos quais o Brasil é signatário
.

A discussão, portanto, encontra seu conflito na seguinte questão:

    O que prevalece é o direito individual à vida ou o direito comunitário dos indígenas de manterem seus costumes?

RELATIVISMO CULTURAL  OU MULTICULTURALISMO

Alguns grupos tentam defender que as práticas milenares das comunidades indígenas devem ser respeitadas. Termos como infanticídio são, inclusive, vistos como preconceituosos e discriminatórios. Defendem aliás que o multiculturalismo deve ser preservado como forma de respeito ao direito das minorias. Portanto, o relativismo cultural é a chave para a defesa de práticas que não condizem com os direitos firmados na Constituição.

As comunidades que continuam praticando o assassinato de crianças recebem o amparo de ativistas da causa indígena, os quais alegam que a cultura é relativa. Logo, o que é visto como um crime e um atentado à vida para os brasileiros, pode ser aceito pelos índios.
Assim, o debate dessa questão estagnou completamente no Brasil. Não há uma decisão jurídica final quanto ao que prevalece: o direito individual ou o relativismo cultural. Mesmo com os tratados e convenções assinados que apontam que as expressões culturais devem respeitar os direitos fundamentais, o debate segue emperrado.

Já os grupos e associações contrários a essa prática apontam que é um problema similar ao que ocorre na África, onde, em algumas comunidades, as mulheres são vítimas de mutilação genital, parte da cultura local.

Enquanto isso, doenças simples que já são gratuitamente tratadas pelo Estado brasileiro, via SUS, continuam sendo a causa de morte de várias crianças.

Segundo dados da FUNAI, 305 etnias indígenas habitam o território brasileiro nas cinco regiões do país. De todas elas, em pelo menos 18 pode ser identificada a prática do infanticídio indígena:

    Yanomami;
    Kamayurá;
    Uaiuai;
    Bororo;
    Tapirapé;
    Ticuna;
    Amondaua;
    Eru-eu-uau-uau;
    Suruwaha;
    Arawá;
    Mehinaco;
    Jarawara;
    Jeminawa;
    Waurá;
    Kuikuro;
    Parintintim;
    Paracanã;
    Kajabi.

De acordo com o último censo brasileiro em 2010, a população indígena é de 815 mil, espalhados por aldeias em todo o território, totalizando cerca de 0,4% da população.

Apesar de não serem números tão expressivos, a prática do sacrifício de crianças já foi responsável pela elevação do índice da violência em um estado brasileiro.

Em 2014, o Ministério da Justiça elaborou o chamado “Mapa da Violência” onde traçou as cidades mais perigosas e com os piores números de violência.

No estado de Roraima estava a cidade mais violenta do Brasil, segundo os dados coletados: uma cidadezinha de 19.000 habitantes chamada Caracaraí.

Em apenas um ano foram registrados 42 assassinatos.

A posição alta no mapa se refere a proporção do número de mortes por habitantes. Taxas médias de 10 homicídios para cem mil habitantes são consideradas epidêmicas. Além do fato de a cidade ter registrado apenas sete em 2011, ano anterior.

O Secretário de Segurança Pública de Roraima da época, Amadeu Soares, explicou o problema em uma entrevista ao Fantástico:

    “Foi o ano em que a Secretaria Especial começou a fazer o trabalho de registro desses infanticídios.”

Uma pesquisa, conduzida pela Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais, constatou que no ano de 2012 houve 42 assassinatos na cidade de Caracaraí. Destes, 37 foram infanticídios indígenas.

O Secretário ainda apontou um fator delicado. Expôs que antes disso tais dados eram maquiados e catalogados como mortes por outras doenças. Isso demonstra que o problema é conhecido há muito tempo e, igualmente, acobertado.
Apesar do silêncio, há grupos, associações e pessoas engajadas em combater o homicídio de crianças indígenas. Associações que combatem o sacrifício humano dos indígenas.
infanticidio-indigena-no-Brasil

Kakatsa Kamayurá foi um índio do povo Kamayurá que sobreviveu ao abandono de seus pais.
Após sua mãe ter dado à luz, seu pai não reconhecia a legitimidade do filho e forçou a mãe a abandoná-lo na floresta para que morresse. Ele chegou a ser enterrado vivo em um local distante da tribo, mas uma anciã o resgatou. A anciã alegava que por ser um homem saudável, poderia no futuro contribuir com as necessidades da tribo, na caça e na defesa do território.
Assim, Kakatsa Kamayurá foi salvo do infanticídio indígena. Quando cresceu resolveu sair de sua tribo e dedicar sua vida a combater a condenação de outras crianças.

Sua luta deu origem ao Projeto Tekonoe. Nas palavras do fundador:
    “A vida de nossas crianças é mais importante do que a cultura”.
Em entrevista, o fundador já relatou ter salvado muitas crianças, mas lamenta ter sido incapaz de salvar tantas outras que foram vítimas do sacrifício.
Outra importante associação que se mobiliza nesta luta é a Atini, que significa em português “a voz pela vida”. Sua ação se baseia, segundo seu site, em:
    Promover a conscientização e a sensibilização da sociedade sobre a questão do infanticídio de crianças indígenas, abordando o assunto nos mais diversos meios de comunicação, produzindo e distribuindo material informativo, promovendo ou participando de eventos culturais, seminários e palestras em universidades, igrejas, escolas, empresas etc.
    Prevenir o infanticídio junto às comunidades e profissionais atuantes em áreas indígenas, produzindo e distribuindo material informativo, promovendo a conscientização sobre os direitos humanos e direitos das crianças.
    Assistir crianças em risco de infanticídio ou sobreviventes, e seus familiares. Atualmente, a Atini apoia crianças de várias etnias.
É responsável também pela publicação, em 2006, da cartilha “O Direito de Viver”, e em 2007 a revista “Quebrando o silêncio — um debate sobre o infanticídio nas comunidades indígenas do Brasil”.

O trabalho dessas associações permite conhecer histórias como a da índia Kanhu Raká, do povo Kamayurá, do Parque Indígena Xingu.

Kanhu Raká foi a primeira filha de um casal da tribo, nasceu sem nenhum problema aparente e foi aceita. Ainda nova, apresentou dificuldades para caminhar, ficar em pé e até ficar incapaz de se locomover sozinha. Ela nasceu com distrofia muscular progressiva na região da cintura, uma doença que  aos poucos se manifestava e comprometia-lhe os movimentos lentamente. Por terem identificado tardiamente sua doença, apenas aos 4 anos, ela escaparia do sacrifício. No entanto, passaria a viver reclusa e excluída de toda a comunidade, uma espécie de morte social.

A família foi obrigada a conviver com o preconceito do restante da tribo, que via o abandono como a melhor saída para o problema. Foi quando os avós a levaram a uma equipe da Atini que visitava a região na época e a família se mudou com Kanhu buscando para ela uma melhor qualidade de vida. A Atini os levou para Brasília, onde pôde fazer o tratamento adequado. Depois, ela e a família se reintegraram à tribo.
Muitos dos motivos que condenam as crianças indígenas já possuem tratamento gratuito oferecido pelo Estado brasileiro.

O DIREITO À VIDA ESTÁ ACIMA DE QUALQUER COSTUME, TRADIÇÃO, ETC.
-O direito à vida é considerado um dos direitos humanos fundamentais. O infanticídio viola esse direito, negando às crianças o princípio básico de dignidade e respeito.
-
Combater o infanticídio significa promover alternativas humanitárias. Em vez de tirar a vida de uma criança, a sociedade pode buscar soluções que respeitem a vida e o bem-estar da criança, como programas de apoio, assistência médica e educação.
-
É possível respeitar e preservar a diversidade cultural sem comprometer direitos humanos fundamentais. Isso implica encontrar maneiras de conciliar práticas culturais específicas com o respeito à vida e ao desenvolvimento das crianças.
- Como conciliar a cultura com o direito à vida?
a) através da promoção da Igualdade de Gênero:
Em alguns casos, o infanticídio é praticado com base no gênero da criança (queriam um menino ou uma menina, mas o bebê era do sexo oposto). Combater essa prática exige a defesa da igualdade de gênero e a rejeição de práticas que discriminam o sexo da criança.
-Desenvolvimento Sustentável e Autonomia:
Culturas podem evoluir sem abandonar totalmente suas tradições. Promover o desenvolvimento sustentável e a autonomia dos grupos indígenas pode ajudar a encontrar soluções que respeitem os direitos das crianças sem necessariamente abolir completamente suas práticas culturais.
Diálogo Inter-Cultural: Ao abordar o infanticídio, é essencial adotar uma abordagem sensível à cultura, buscando entender as raízes e os contextos culturais, ao mesmo tempo em que se defende princípios éticos e direitos humanos básicos. A promoção de alternativas que respeitem a vida e a dignidade das crianças é fundamental nesse processo.



2 - ÍNDIOS, ONGS E ESTADO PARALELO NA AMAZÔNIA: DENÚNCIA DOS INTERESSES ESTRANGEIROS NA AMAZÔNIA.
De acordo com o ex-deputado e estudioso da região Amazônica, Aldo Rebelo, a maioria das ONGs na região atuam como se fossem um "Estado paralelo de comando na região". O deputado afirmou também que a própria Funai praticamente transferiu suas atribuições para essas organizações estrangeiras.
Segundo Rebelo, as ONGs, juntamente com o crime organizado são verdadeiros "Estados paralelos ao governo brasileiro e ameaçam a soberania e o desenvolvimento da Amazônia".

—As ONGs estão praticamente governando a Amazônia. É um estado paralelo, contando com a omissão das instituições públicas, contando inclusive com o recém criado Ministério dos Povos Indígenas.
- 14% do território nacional está imobilizado em áreas indígenas, as áreas mais produtivas, mais ricas em minérios do país, que isso é por acaso? Não! Isso é planejado, profundamente planejado.
Aldo Rebelo também mencionou a biopirataria com produtos da floresta, o interesse na riqueza mineral e hídrica da região e as questões diplomáticas envolvendo os bens da Amazônia.

— Essas ONGs são apenas o instrumento. Os interesses que elas representam estão lá fora. Se alguém perguntar se isso não é teoria da conspiração, a história da Amazônia é uma história de conspiração. A Amazônia era cobiçada antes de ser conhecida.

De acordo com Aldo Rebelo, o Fundo Amazônia foi criado pelo Estado brasileiro e hoje é comandado pelas ONGs.

— O que é que tem lá na agenda para a destinação do Fundo? É só essa agenda global do meio ambiente. Mas a Amazônia, senhoras e senhores, é a região onde há os piores indicadores sociais do Brasil. Os maiores índices de mortalidade infantil. As maiores taxas de analfabetismo, de doenças infecciosas, o menor índice de fornecimento de serviços essenciais, como água tratada, luz elétrica, saneamento básico. Você anda nas ruas das cidades da Amazônia, não há saneamento. Há um centavo sequer destinado para esta finalidade, para dar saneamento básico? Não há um centavo. Para saúde? Não há um centavo. Pra desenvolver e elevar o padrão de vida as pessoas? Não. É exclusivamente para essa agenda de interesses internacionais — afirmou.

Para Aldo Rebelo, a maior conquista da CPI seria limitar a destinação dos recursos do Fundo Amazônia exclusivamente para órgãos públicos, como prefeituras, secretarias de estado, governo estadual e governo federal, sem acesso das ONGs.

— Creio que seria a maior conquista desta comissão de inquérito conceber uma "super emenda" que reunisse aquilo que na Constituição precisa ser alterado para valorizar o papel do Estado e limitar o papel das ONGs, e as normas infraconstitucionais também, todas elas. Todas elas, que são muitas, que tornam a Amazônia uma espécie de protetorado informal dessas ONGs e dessas instituições. Acho que esse seria o grande legado da comissão, além de expor o funcionamento, as teias de funcionamento dessas instituições.


3 - ONGS RICAS E ÍNDIOS NA MISÉRIA
A deputada federal Sílvia Waiãpi (PL-AP) repassou à CPI das ONGs, documentos tratando do financiamento do Instituto Iepé, uma ONG que atua junto a comunidades indígenas na Amazônia. Os documentos tratam do financiamento de diversos órgãos estrangeiros a esta ONG, que foram listados pela deputada.

— O Iepé recebe dinheiro das embaixadas da França e Noruega, da Comissão Europeia, da Agência Francesa de Desenvolvimento, da Fundação Ford, da Nature Conservancy, da Rainforest Foundation, da Fundação Gordon & Betty Moore, do Internews, Fundo Lira, do GLA (Green Livelihood Alliance), da Nature Conservancy, Talmapais Trust e outras organizações estrangeiras. A mesma ONG que impede os waiãpi de terem energia elétrica em sua comunidade — denunciou.

Durante sua intervenção, a deputada apresentou um depoimento gravado em vídeo de uma indígena waiãpi reclamando que o Iepé "não quer energia elétrica nem internet" na comunidade. Essa situação prejudica diretamente até mesmo o funcionamento regular de um posto de saúde situado na comunidade. A indígena do vídeo, que estava grávida, acabou perdendo a criança devido ao atendimento precário, segundo Sílvia Waiãpi.

No vídeo, a indígena anônima também reclama ter outros problemas de saúde, que acabam sem assistência adequada devido à falta de energia elétrica. Já Sílvia Waiãpi também relatou que recentemente uma sobrinha sua, que ainda mora na comunidade, teria morrido por falta de tratamento adequado. A deputada reclama que o Instituto Iepé, em conluio com agentes públicos, na prática impedem o desenvolvimento socioeconômico dos waiãpi, a pretexto de uma pretensa "preservação cultural".
Mais denúncias

Respondendo a perguntas do relator, senador Marcio Bittar (União-AC), Sílvia Waiãpi ainda disse que todos os funcionários do Iepé residem em cidades como São Paulo, "onde tem acesso aos confortos e aos planos de saúde" negados ao povo waiãpi. Ela criticou igualmente outras fundações estrangeiras, como a Fundação Ford, que segundo ela financiam viagens internacionais e, por conseguinte, a atuação política de lideranças indígenas para que critiquem o agro brasileiro e outras situações relacionadas ao Brasil em fóruns internacionais e nacionais.

Para o presidente da CPI, senador Plínio Valério (PSDB-AM), as ONGs só conseguem "tamanho poder" de influenciar diretamente as políticas públicas da região devido a um conluio com funcionários públicos. Uma aliança, segundo o senador, que estaria impedindo, por exemplo, a realização de obras de infraestrutura na região Norte, sob alegações preservacionistas. Plínio Valério também crê que o "conluio" visa reservar a exploração de riquezas minerais da Amazônia para o futuro, em detrimento do Brasil.

A LIGAÇÃO DAS ONGS COM O JUDICIÁRIO
— As ONGs só tem esse poder porque estão aliadas a partes do Judiciário. Tem sempre um desembargador, um ministro, um juiz pra conceder uma liminar pra qualquer ONG, se encontrar um caco de cerâmica, existente ou "plantado" na região, e paralisa (os trabalhos). Isso está ocorrendo por exemplo em regiões da Amazônia ricas em potássio — protestou.

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) é outro a acreditar que o discurso preservacionista esconde "interesses estrangeiros" na exploração das riquezas da Amazônia. Sílvia Waiãpi concorda com a visão de que o financiamento estrangeiro a ONGs que atuam na região se daria por razões geopolíticas.

A deputada ainda questionou porque o aparato estatal mobilizado na repressão aos crimes ambientais não é replicado no combate a outros crimes. Sílvia observou que enquanto atividades agrícolas são reprimidas, o narcotráfico atua "livremente" na Amazônia. Por outro lado, as condições de miséria têm feito crescer a prostituição entre mulheres indígenas, assim como a venda de crianças indígenas ao crime organizado. Segundo ela, "crianças vendidas" serviriam até mesmo para práticas de "abusos sexuais" na Amazônia.

Sílvia Waiãpi classificou como "extremamente precária" a condição dos serviços de educação ao povo waiãpi. Ela mostrou mensagens de um grupo de whatsapp de pessoas que se cotizaram para comprar uma impressora para uma escola na comunidade.

— O Instituto Iepé recebe financiamento de poderosas organizações estrangeiras, mas não pode comprar uma impressora para uma escola waiãpi — lamentou a deputada.
Bolsonarista

AS DIFICULDADES DOS KORIPAKO
Plínio Valério exibiu vídeos enviados por indígenas koripako à CPI. Esses vídeos mostram as dificuldades dos indígenas, que têm se deslocar por até seis dias em embarcações precárias para que possam receber o Bolsa-Família em São Gabriel da Cachoeira (AM). Plínio Valério reclama que a atuação da ONG Instituto Socioambiental (ISA) tem impedido a construção de uma estrada de 16 kms que atenderiam os koripako em seus deslocamentos.

— Eles estão reivindicando uma estrada que teria 16 kms. Essa estrada evitaria toda essa epopeia aí, mas o ISA com a Foirn (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro) não deixam, alegando que não fazem parte da cultura indígena as estradas, as rodovias. O que faz parte da cultura indígena, segundo essa gente, é sofrer, é passar por essas cachoeiras perigosas com o maior problema. Não teria nenhum impacto ambiental uma estrada de 16 kms no meio de tanta floresta... Não teria nenhum impacto ambiental, mas teria um impacto social muito grande, seria o resgate da dignidade — criticou.

Plínio ainda relatou que é comum que os indígenas durmam ao relento quando estão em São Gabriel da Cachoeira. Por isso ele destinou parte de suas emendas parlamentares à construção de um centro de acolhimento aos koripako na cidade, cujas obras já se iniciaram.



4 - O QUE É SER ÍNDIGENA? Por Silvia Waiapi

O que faz com que eu seja indígena?
Usar o urucum? Pintar o meu rosto?
O que faz com que eu seja indígena? O meu DNA?
O que faz com que eu não sinta dor? alguns dirão: "Ela não é indígena".
Eu só seria se eu estivesse pintada de urucum, nua e falando mal o português.
Mas é assim que eles nos querem, é dessa forma que eles querem nos impedir de ter acesso ao desenvolvimento.
Nos acusarão de etnocídio só porque uma pessoa como eu também quis conquistar o mundo. E até quando nós seremos subjugados? Se é só assim que eu posso ser eu, respondam, senhores: eu só posso ser eu se eu estiver pintada de urucum? Eu só posso ser eu se eu estiver nua e dependendo da ajuda de alguém.

    
E, por falar em depender da ajuda de alguém,
eu trago a voz dos esquecidos,
daqueles que foram proibidos de ter acesso ao desenvolvimento,
daqueles que foram proibidos de ter acesso à saúde, à educação de qualidade.
Eu trago a voz daqueles que foram esquecidos no passado, lá em 1500, pessoas que querem ser tão bons quanto vocês, mas que foram impedidos,
porque o ideal imaginário nos condenou a viver no passado.


Se vocês fecharem os olhos agora e pensarem em um indígena...
Fechem os olhos, e eu desafio cada um de vocês...
Ninguém verá um indígena com uma beca, ninguém verá um indígena com um estetoscópio na mão. Vocês só conseguirão reproduzir em suas mentes uma pessoa desnuda, de cocar, carregando talvez uma caça, um arco e uma flecha, mas nunca, nunca com um estetoscópio na mão, nunca com um salto alto, porque o ideal imaginário implantado na mente de vocês nos negou e nos condenou a viver no passado.

A atuação de organizações não governamentais no Norte do Brasil, e eu falo especialmente do Estado do Amapá... O IEP é uma organização não governamental, fundado por uma antropóloga belga e que, durante anos, há mais de 40 anos, vem mantendo povos waiapi no passado, impedindo, inclusive, as crianças de falarem português...Esta organização recebe e tem a atuação de 22 instituições, e essas 22 instituições, muitas delas internacionais, financiam essa organização, e a única coisa que eles sabem fazer é impedir o povo de ter acesso ao desenvolvimento, e, por mais que você o tente, você será impedido, você será silenciado.

terça-feira, 14 de novembro de 2023

ASSUNTOS ECONÔMICOS: Liberdade econômica, a questão da propriedade, revolução industrial, etc.

TEMA 1 - MARX CONCORDA COM ADAM SMITH
Karl Marx, fundador da ideologia marxista, sempre criticou a burguesia. Entretanto, o próprio
Marx, em seu livro O Capital, reconheceu a importância da classe burguesa, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento da produção industrial,  multiplicação da produção de mercadorias e seu barateamento.
Segundo o próprio Marx, a industrialização, impulsionada pelo espírito empreendedor da burguesia, resultou em
a) avanços tecnológicos
b) redução dos custos de produção
c) criação de métodos mais eficientes para produzir mercadorias em larga escala
d) Oferta de mercadorias com baixo preço, as quais tornaram-se acessíveis para os pobres

Marx, querendo ou não, concordou com o economista Adam Smith, considerado o pai da economia clássica liberal...Smith afirmava que a burguesia, ao buscar seus interesses próprios, contribuiu para o desenvolvimento das forças produtivas e o barateamento das mercadorias...ou seja, pensando em lucrar, a burguesia ao mesmo tempo oferecia melhores produtos com preços mais baixos.

Adam Smith argumentava que a busca individual pelo lucro beneficiava a sociedade: ao buscar maximizar seus próprios interesses, os empresários contribuiriam para o bem-estar geral, fornecendo mercadorias e serviços melhores e mais baratos.

TEMA 2 - A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E AS CRIANÇAS
Ao longo da história humana, sempre existiu o trabalho infantil, nos campos ou nas cidades, trabalhando na agricultura, pecuária, pesca, artesanato, etc...não era uma questão de maldade dos pais, mas sim de necessidade econômica. O que obrigou agricultores a colocar seus filhos para trabalhar foi o fato de que, como a produtividade era baixa, tais pessoas simplesmente tinham de trabalhar 70-80 horas por semana se quisessem produzir o suficiente para comer.

Durante todo esse longo tempo, o trabalho infantil passou despercebido. Foi o capitalismo e a acumulação de capital gerada pelo capitalismo quem permitiu o desaparecimento do trabalho infantil entre as massas pela primeira vez na história da humanidade, a partir do momento em que o tornou mais visível ao movê-lo do campo para as fábricas. Só no final do século XVIII e durante o século XIX, com o advento da Revolução Industrial é que o mundo despertou para a necessidade de criar regras de proteção para as crianças
Por que isso só aconteceu com a chegada da Revolução industrial?
a)as fábricas localizavam-se geralmente nas cidades, no meio urbano, onde o trabalho infantil ganhou a visibilidade que não tinha no mundo rural
b)já havia imprensa livre na Inglaterra, e essa imprensa passou a divulgar o problema de crianças que não iam à escola e passavam o dia trabalhando em ambientes perigosos, insalubres e em longas jornadas de trabalho. 
Foi o capitalismo o meio necessário para que as autoridades se movessem e passassem a tomar medidas para mudar a situação das crianças. Ainda hoje, em países menos capitalistas, as crianças sofrem com essa situação de ter de trabalhar em vez de estudar.

TEMA 3 - PRODUZINDO EM MASSA PARA AS MASSAS
O capitalismo não é simplesmente produção em massa, mas sim produção em massa para satisfazer as necessidades das massas.  O artesanato e o trabalho manual dos velhos tempos eram voltados quase que exclusivamente para os desejos dos abastados.  E então surgiram as fábricas e começou-se a produzir bens baratos para a multidão.  Todas as fábricas primitivas foram concebidas para servir às massas, a mesma camada social que trabalhava nas fábricas. 
-os pobres passaram a ter acesso a uma quantidade maior de roupas e sapatos, algo que antes era inimaginável...
-antigamente,
ter apenas dois pares de roupas por ano era uma realidade para muitos, e a necessidade de economizar era uma prática recorrente...
-Os tecidos eram caros, e as pessoas frequentemente reciclavam ou reaproveitavam tecidos existentes para criar novas roupas. Isso incluía desmanchar roupas antigas para usar o tecido em novas peças.
os próprios tecidos usados eram reaproveitados devido à dificuldade e o custo de se produzir e comprar.
- Uniformidade e Simplicidade: A moda era algo destinado apenas para os ricos...não havia moda para os pobres...as roupas tinham que ser bem simples, práticas e duráveis, muitas vezes refletindo as condições de trabalho e o estilo de vida das pessoas.
- Com a industrialização, a produção em massa de roupas tornou-se possível, proporcionando uma maior disponibilidade e variedade de vestuário para as pessoas.

TEMA 4:  A PROPRIEDADE PRIVADA
Na história humana, a propriedade surgiu antes do Estado e do Direito. O Estado e o Direito surgiram para, entre outras coisas, regulamentar e garantir o direito à propriedade.

O princípio da propriedade privada serviu de base para o progresso e desenvolvimento das civilizações ao longo da história, resultando em aperfeiçoamento, inovação, diversificação, produção em massa, eficiência, etc.

A PROPRIEDADE PRIVADA PROPORCIONA:
a) Incentivo à Inovação: Quando os indivíduos têm o direito e a liberdade de agir, de criar, de inventar e de colher os benefícios de suas ideias e esforços, são motivados a buscar soluções criativas e aprimorar produtos e serviços.

b) Eficiência na Alocação de Recursos: os recursos (dinheiro, bens móveis, bens imóveis, equipamentos, máquinas, etc.), são alocados com base na demanda e na oferta do mercado. Isso incentiva a produção eficiente e a utilização racional dos recursos.

c) Geração de Riqueza: Ao permitir que os indivíduos acumulem propriedades e recursos, O Estado cria um ambiente propício para o investimento, o crescimento econômico e a melhoria do padrão de vida.

d) Proteção dos Direitos Individuais: O direito de possuir propriedade é fundamental para a liberdade individual, permitindo que as pessoas controlem seu próprio destino e tomem decisões autônomas.

e) Estímulo ao Empreendedorismo: fornece aos empreendedores (e aos que querem ser) a motivação para investir, assumir riscos e buscar oportunidades de negócios. A perspectiva de colher recompensas pessoais incentiva a inovação e o crescimento econômico.

f) Desenvolvimento de Mercados Competitivos: A competição entre proprietários individuais e empresas impulsiona a eficiência, a redução de preços e a melhoria da  qualidade dos produtos e serviços.

g) Responsabilidade e Manutenção:
Quando as pessoas são donas de suas propriedades, elas geralmente são levadas a cuidar e zelar, sabendo que é uma parte importante de seu empreendimento o devido cuidado, inclusive com relação ao meio ambiente.

h) Diversidade e Escolha: há uma ampla gama de produtos, serviços e opções disponíveis para atender às diferentes preferências e necessidades individuais. Quanto mais empresas privadas existirem, mais oportunidades de escolha, mais aprimoramento, mais oferta de mercadorias e serviços de melhor qualidade.

TEMA 5: O FIM DA PROPRIEDADE PRIVADA NA DITADURA SOCIALISTA
Em outubro de 1917, os Bolcheviques e Sovietes tomaram o poder através de um golpe.
As consequências foram as seguintes:
- tomaram todas as propriedades privadas: casas, terrenos, fábricas, lojas, fazendas, etc.
- prenderam e executaram os burgueses (empresários grandes, médios e pequenos foram presos e eliminados) e os nobres.
-As empresas privadas russas foram estatizadas
-As empresas privadas estrangeiras foram nacionalizadas e estatizadas
- A propriedade e o controle das empresas passaram a ser do governo soviético
- Na prática, passaram para o controle da ELITE DO PARTIDO COMUNISTA, O QUAL ERA O ÚNICO PARTIDO, POIS OS DEMAIS TINHAM SIDO FECHADOS).
- O Estado soviético nomeou gerentes para administrar as empresas, os quais eram na maioria dos casos apenas membros do partido comunista, sem nenhuma experiência e competência para administrar estas empresas.
-Embora a intenção fosse eliminar a elite burguesa, o que aconteceu foi substituição por uma elite burocrática. Funcionários do partido comunista, burocratas estatais e gestores designados passaram a ter um papel significativo no controle e na tomada de decisões econômicas.
-Isso resultou de maneira geral em fracasso, pois não havia mais o objetivo do lucro, nem havia mais concorrência, nem interesse em melhorar, inovar, melhorar o atendimento, qualidade, etc.  O modelo econômico soviético foi marcado por uma mistura de realizações e limitações ao longo de sua existência.

TEMA 6: A SITUAÇÃO DAS RESIDÊNCIAS NO SOCIALISMO - O FALSO DISCURSO DA IGUALDADE
Na ditadura soviética (e em outros países onde o socialismo foi implantado), todas as residências, grandes ou pequenas passaram a pertencer ao Estado (na prática ao Partido Comunista). Eram os burocratas designados pelo Partido que decidiam quem iria morar em cada residência. Criou-se um gigantes aparato burocrático onde os amigos dos burocratas tinham privilégios, enquanto a maioria sofria dividindo uma casa com mais duas ou três famílias.
Na prática, várias famílias compartilhavam os mesmos espaços de moradia. Era comum uma casa ter três fogões. Essa situação era especialmente comum em áreas urbanas, onde a demanda por moradias excedia a oferta. Várias famílias foram alocadas para residências anteriormente pertencentes a uma única família, e apartamentos eram frequentemente compartilhados entre diferentes núcleos familiares.

A prática de várias famílias compartilhando uma única residência tornou-se uma realidade comum durante esse período.
Entretanto, a elite do Partido Comunista, que defendia o ideal de igualdade, na prática, era hipócrita, pois ocuparam as melhores residências, os palácios, os palacetes, as casas de campo, etc.
Isso criou uma nova elite burocrática que substituiu a antiga elite burguesa e nobiliárquica.
O que mais se viu foi a contradição entre o discurso de igualdade e a realidade da concentração de poder e privilégios nas mãos da Elite do Partido Comunista.

TEMA 7:  EMPRESA PRIVADA X EMPRESA ESTATAL
A- EFICIÊNCIA ECONÔMICA:
Empresa Privada:
Geralmente, são orientadas para o lucro, o qual só é obtido mediante a eficiência, inovação e bom atendimento do consumidor em um ambiente de concorrência elevada. A pressão da concorrência muitas vezes leva a uma busca por eficiência operacional e maximização de resultados financeiros.

Empresa Estatal: não enfrentam desafios de eficiência por não terem preocupações com eficiência, inovação, etc. Não sofrem a pressão da concorrência e da geração de lucros. A falta de incentivos para maximizar os lucros pode levar a práticas menos eficientes.

B- FLEXIBILIDADE E AGILIDADE:
Empresa Privada: A flexibilidade para se adaptar rapidamente às mudanças nas condições de mercado é uma característica comum em empresas privadas. A tomada de decisões ágil e a capacidade de reestruturar operações rapidamente são vantagens associadas a esse setor.
Empresa Estatal: De maneira geral, estão subordinas à burocracia estatal e aos interesses políticos dos governantes. Seus processos de tomada de decisão são mais lentos, o que pode afetar a capacidade de resposta a mudanças rápidas no ambiente de negócios.

C- INOVAÇÃO
Empresa Privada: A concorrência impulsiona a inovação, a eficiência e a redução de custos para que possam sobreviver e continuar gerando emprego e renda.  Há um incentivo claro para desenvolver novos produtos e serviços para atender às demandas do mercado.
Empresa Estatal: De maneira geral, o interesse em inovar é menor devido à falta de concorrência, embora isso não signifique que não exista. Exemplo:
- A NASA (lembrando que a legislação americana é bem diferente da nossa, ou seja, a estabilidade para funcionários públicos existe, mas é bem menor se comparada com a do Brasil).  No entanto, em alguns casos, setores estratégicos em empresas estatais podem receber investimentos específicos em pesquisa e desenvolvimento.
 
D- QUALIDADE DO SERVIÇO:
 Empresa Privada: de maneira geral buscam fornecer serviços de alta qualidade para atrair e manter clientes. A reputação e a satisfação do cliente são vitais para o sucesso a longo prazo.
Além da concorrência, muitas empresas possuem programas de bonificação em dinheiro para os funcionários que cumprirem metas definidas pela direção.
Empresa Estatal: No passado, a fama do funcionário público era a de que era preguiçoso, não trabalhava e quando assim fazia, atendia de má vontade. De maneira geral, a qualidade do serviço público pode variar e depende muitas vezes do interesse e dedicação do funcionário.
Sendo assim, há, de maneira geral, menos qualidade no atendimento ao público. Exemplos:
-buracos abertos por empresas de saneamento que levam muito tempo para serem fechados, prejudicando o trânsito e gerando longas filas de veículos
-limpeza pública precária (boa parte da culpa também é da má educação do povo)
-falta de saneamento e fornecimento precário de água potável em muitas residências
-pouca iluminação das ruas e praças, aumentando a sensação de insegurança
-professores desinteressados, preguiçosos, etc.
Copiando o setor privado, algumas estatais e repartições públicas também criaram programas de metas e índices para melhorar a qualidade, interesse, inovação, etc., retribuindo com prêmios em dinheiro.

E- RESPONSABILIDADE FINANCEIRA
Empresa Privada: é essencial para a sua sobrevivência, pois estão sujeitas tanto à pressão dos acionistas (no caso de empresas de grande porte) quanto ao risco de falência. Para se manter viva, a empresa necessita de severa disciplina dos recursos financeiros, procurando  constantemente reduzir custos ao mesmo tempo em que deve manter a qualidade, a inovação e o bom ambiente de trabalho, para que seus funcionários trabalhem satisfeitos na medida do que for possível.
Empresa Estatal: de maneira geral, a preocupação com as finanças se limita apenas a cumprir a burocracia e prestar contas de maneira correta, uma vez que não existe a questão do lucro; a entrada de dinheiro não vem diretamente dos consumidores, mas dos impostos pagos por eles.

F- ATENDIMENTO AOS INTERESSES PÚBLICOS:
Empresa Privada: Seu foco principal é atender
a) ao consumidor, ou seja, ao público, sem o qual não há venda, nem lucro, nem salário, nem emprego, nem empresa.
b) aos acionistas (no caso de grandes empresas) o atendimento aos interesses dos acionistas (que podem ser ou não grandes investidores).
Empresa Estatal:
No Brasil, há uma forte relação dessas empresas com os governantes e os partidos políticos. Essa relação envolve diversos fatores políticos, econômicos e sociais.

TEMA 8: INTERESSE DOS GOVERNANTES E PARTIDOS POLÍTICOS EM MANTER EMPRESAS ESTATAIS

   
a) Recursos e Orçamento: Algumas estatais (ex: a Petrobrás) controla um gigantesco orçamento e possui recursos valiosos. O controle político sobre essas empresas oferece aos partidos a oportunidade de direcionar investimentos, projetos e gastos de acordo com suas prioridades políticas e programas, os quais podem envolver corrupção, cujo maior exemplo foi o Petrolão.
b) Distribuição de Empregos: Empresas estatais frequentemente têm grande número de funcionários, fato que atrai a cobiça dos partidos e dos políticos para nomear seus aliados políticos e seus amigos. Muitas nomeações não levam em conta a qualificação técnica para o cargo, ou seja, nomeiam-se pessoas despreparadas e incompetentes, com salários altíssimos e privilégios.
c) Captura de Recursos: são oportunidades para a captura (desvio) de dinheiro público, através da manipulação de contratos, licitações e outras transações para beneficiar interesses específicos, incluindo empresas próximas aos partidos políticos.
d) Base de Apoio Eleitoral: pode contribuir para a construção de uma base de apoio eleitoral. Ao canalizar benefícios, como empregos e projetos de desenvolvimento para regiões específicas, os partidos podem ganhar apoio político nessas áreas.
e) Financiamento de Campanhas: as estatais podem ser uma fonte de financiamento para campanhas políticas. O controle político sobre essas empresas pode influenciar o uso do dinheiro desviado para o financiamento dos partidos e das campanhas.
f) Influência sobre Setores Estratégicos: O controle político sobre essas empresas permite que os partidos exerçam influência sobre áreas cruciais para o desenvolvimento econômico.
g) Influência sobre Órgãos de Controle e Fiscalização: órgãos de controle e fiscalização nem sempre atuam sobre empresas e repartições públicas, pois são governadas pelo mesmo grupo político. Exemplo: escolas públicas e outras repartições passam a funcionar sem precisar cumprir as diversas exigências que o Corpo de Bombeiros exige de empresas privadas.