quarta-feira, 11 de maio de 2022

ESTRUTURA E ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL

Conceito: é a forma ou maneira pela qual a sociedade está organizada, através da inter-relação e posição (status social) de seus membros. Ela é determinada por diversos fatores, dentre os quais econômico, político, social, cultural, histórico e religioso.

A estrutura social é também a organização e arranjo das relações sociais em uma sociedade. Ela engloba as diferentes posições e papéis desempenhados pelos indivíduos e grupos, bem como as interações e padrões de relacionamento que ocorrem dentro de uma determinada sociedade.

CARACTERÍSTICAS DA ESTRUTURA SOCIAL:
    Hierarquia: Há diferentes níveis de poder, prestígio e privilégios entre os indivíduos e grupos. Essa hierarquia tem como base critérios como classe social, ocupação, status, gênero, etnia, entre outros.
    Papéis sociais: Através da estrutura, temos os papéis sociais que as pessoas desempenham na sociedade, tais como pai, filho, avó, mãe, trabalhador, chefe, empregado, professor, estudante, líder, liderado, etc. Esses papéis são influenciados por normas, expectativas e valores sociais e variam de acordo com o contexto cultural e histórico.
    Instituições sociais: É o sustentáculo da estrutura social. Exemplos: a família, a escola, a empresa, a religião, repartições públicas, etc. Essas instituições regulam os comportamentos, orientam e impõem normas e regras.
    Divisão do trabalho: Há uma diversidade de tarefas e funções de acordo com suas habilidades, conhecimentos e recursos e isso é essencial para a eficiência e organização social, permitindo a especialização e a cooperação entre os indivíduos.
    Interdependência social:  As ações das pessoas afetam ou podem ser afetadas pelos demais membros da sociedade, através de uma gigantesca e complexa rede de relações sociais que inclui interações, conexões e dependências mútuas.

É importante ressaltar que a estrutura social pode variar de uma sociedade para outra, e também pode passar por mudanças ao longo do tempo em resposta a transformações sociais, políticas, econômicas e culturais.

ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL: É a divisão hierárquica da sociedade através dos diferentes estratos ou camadas. De maneira geral, são os seguintes os critérios utilizados para determinar a estratificação social:
    Classe social: tem como base a posição econômica, a posse de bens, o poder aquisitivo e de consumo. Geralmente, as classes sociais são divididas em alta, média e baixa.
    Status social: está baseado no prestígio, reconhecimento e posição ocupada pela pessoa na sociedade. Esse status pode estar relacionado à profissão, formação, estilo de vida, patrimônio cultural, etc. O indivíduo pode ser rico e não ter prestígio social. Exemplo: alguém que ficou rico de maneira antiética, através da corrupção, prostituição, contrabando, agiotagem, etc.
    Ocupação: tem como base a natureza do trabalho, o nível de qualificação e a remuneração associada a determinada ocupação.
    Idade: ter mais ou menos idade pode ser um critério para melhor ou para pior, dependendo do contexto social e econômico. Exemplos: os idosos tem mais dificuldade para conseguir emprego em empresas privadas, fato que não acontece em algumas setores do serviço público. Idosos tem preferência em filas e estacionamentos.
    Acesso à educação: A disponibilidade e a qualidade da educação podem desempenhar um papel importante na estratificação social, influenciando as oportunidades e o sucesso futuro de um indivíduo.

Para entender a estratificação em cada sociedade é necessário verificarmos como ela organizou ao longo do tempo sua estrutura econômica e política, as quais sofreram influência da cultura, da religião, das tradições, usos, costumes, etc. 

A estratificação social ao longo do tempo e em diversos povos, produziu três modelos ou tipos:
- Castas
- Estamentos
- Classes

As sociedades organizadas em castas

o sistema de castas é uma configuração social de que se tem registro em diferentes tempos e lugares. No mundo artigo, há vários exemplos desse modelo (na Grécia e na China, entre outros lugares). Mas é na Índia que está a expressão mais acabada desse sistema.

A sociedade indiana começou a se organizar em castas e subcastas há mais de 3 mil anos, adotando uma hierarquização baseada em religião, etnia, cor, hereditariedade e ocupação. Esses elementos definem a organização do poder político e a distribuição da riqueza gerada pela sociedade. Atualmente, mesmo sendo proibida pela Constituição desde 1950, o sistema de castas permanece na tradição de muitos indianos, o que representa uma dificuldade a mais para entender a questão. 

Pode-se afirmar, em termos genéricos, que existem quatro grandes castas na Índia: a dos brâmanes (casta sacerdotal, superior a todas as outras), a dos xátrias (casta intermediária, formada normalmente pelos guerreiros, que se encarregam do governo e da administração pública), a dos vaixás (casta dos comerciantes, artesãos e camponeses, que se situam abaixo dos xátrias) e a dos sudras (a casta dos inferiores, na qual se situam aqueles que fazem trabalhos manuais considerados servis). Os párias ou dalits são os que não pertencem a nenhuma casta, e vivem, portanto, fora das regras existentes. Entretanto, há ainda um sistema de castas regionais que se subdividem em outras tantas subcastas.

O sistema de castas caracteriza-se por relações muito estanques, isto é, quem nasce numa casta não tem como sair dela e passar para outra. Não há, portanto, mobilidade social nesse sistema. Os elementos mais visíveis da imobi­lidade social são a hereditariedade, a endogamia (casamentos só entre membros da mesma casta), as regras relacionadas à alimentação (as pessoas só podem se alimentar com os membros da própria casta e com alimentos preparados por elas mesmas) e a proibição do contato físico entre membros das castas inferio­res e superiores. Repulsão, hierarquia e especialização hereditária: estas são as palavras-chave para definir o sistema de castas, de acordo com o sociólogo francês Céléstin Bouglé (1870-1939), discípulo de Ourkheim.

Mas nenhum sistema é totalmente rígido, nem o de castas. Embora seja proibido, as castas inferiores adotam costumes, ritos e crenças dos brâmanes, e isso cria uma certa homogeneidade de costumes entre castas. A rigidez das regras também é relativizada por casamentos entre membros de castas diferentes (menos com os brâmanes), o que não é comum, mas acontece.

A urbanização e a industrialização crescentes e a introdução dos padrões comportamentais do Ocidente têm levado elementos de diferentes castas a se relacionarem. Isso vai contra a persistência dos padrões mais tradicio­nais, pois, no sistema capitalista, no qual a Índia está fortemente inserida, a estruturação societária anterior só se mantém se é fundamental para a sobrevivência do próprio sistema. No caso específico da Índia, o sistema de castas está sendo gradativamente desintegrado, o que não significa, entretan­to, que as normas e os costumes relacionados com a diferenciação em castas tenham desaparecido do cotidiano das pessoas. Confirma isso a existência de programas de cotas de inclusão para as castas consideradas inferiores nas universidades públicas.

A Sociedade Estamental (dividida em Estamentos)
Embora tenha existido por exemplo no Egito e Grécia antiga, foi a Idade média que mais a caracterizou. De maneira geral, a sociedade medieval estava dividida em três estamentos:

Nobreza: representava os que lutavam e defendiam a sociedade (Bellatores)
Clero: representava os que oravam e intercediam a Deus pela sociedade (Oratores)
Servos: representava os que trabalhavam por todos (Laboratores)

Essas três ordens eram vistas como complementares, onde cada uma delas prestava um serviço indispensável às demais.

Nesse modelo, as pessoas eram também classificadas pelo seu nascimento: ou era servo ou era nobre: os indivíduos eram diferenciados desde que nasciam, ou seja, os nobres tinham privilégios e obrigações bem diferentes dos servos, porque a desigualdade, além de existir de fato, transformava-se em direito.
O clero tinha origem em um dos dois estamentos, pois neste estamento não havia casamento, logo, a origem do clero estava no estamento dos servos e no estamento da nobreza.

Da mesma maneira, eram os servos que forneciam os soldados para o feudo.
Sendo assim, havia uma pequena mobilidade tanto dos servos quanto da nobreza no sentido de fornecer o contingente humano do clero e dos servos no sentido de fornecer militares para o feudo.
Para os servos, ser padre ou soldado era talvez a única oportunidade de melhorar de vida e deixar de viver na miséria como camponês preso à terra do senhor feudal.



SOCIEDADE DE CLASSES

O fim da sociedade estamental ocorreu a partir da decadência e fim da idade média, onde houve a expansão comercial e marítima. Essa expansão do comércio modificou a sociedade, criando a chamada sociedade de Classes ou Classes sociais.

Conceito de Classe social:
é um grupo constituído por pessoas com padrões econômicos semelhantes, onde o poder aquisitivo e a posse de bens são fatores determinantes da definição de classe social.


As classes sociais são de maneira geral divididas em três: A, B, C ou Alta, Média e Baixa.

- Alta: é a menor das três classes, mas é a que possui o mais alto padrão de vida, elevado poder de consumo e grande posse de bens.

-Média: em países mais ricos, é a classe predominante. Neste grupo, os indivíduos possuem um equilibrado padrão de consumo e um nível de escolaridade mais elevado. conseguem manter um equilíbrio econômico, garantindo todas as necessidades básicas. Na classe média as pessoas tendem a ter um nível de escolaridade mais elevado, como o ensino superior completo, por exemplo.

-Baixa: em países pobres, é a classe predominante. De maneira geral (pois varia de país para país), possuem baixo poder aquisitivo, poucas posses materiais, baixo padrão de consumo e menor grau de escolaridade. Em países ricos, essa classe possui melhores condições de sobrevivência e benefícios sociais do que em países pobres.

A MOBILIDADE SOCIAL: Na sociedade de classes há intensa mobilidade social, ou seja, as possibilidades de melhorar de vida são bem maiores, mesmo para os mais pobres, desde que se esforce através de muito estudo e trabalho. É claro que isso varia de país para país, pois há países onde os mais pobres tem mais possibilidades de melhorar de vida do que em outros. Isso ocorre em países onde há políticas governamentais voltadas para dar mais acesso à educação, saúde, estímulo ao empreendedorismo, etc.

terça-feira, 10 de maio de 2022

MOBILIDADE SOCIAL

CONCEITOS: 

Segundo a Enciclopédia Britânica, mobilidade social é a movimentação de indivíduos, famílias ou grupos em um sistema social hierárquico, geralmente definido pela estratificação social. 

Segundo o sociólogo Anthony Giddens, mobilidade social é o “deslocamento de indivíduos e grupos entre posições socioeconômicas diferentes”. Esse movimento de indivíduos ou famílias dá-se dentro do sistema de classes sociais, estruturado conforme as categorias socioprofissionais.

Traduzindo, é a mudança de posição do indivíduo dentro da estrutura econômica e social,  melhorando ou piorando sua vida em termos econômicos, ou seja, a mensuração se dá através do poder aquisitivo e da posse de bens dos indivíduos.

A mobilidade social pode ser
a) vertical (ascendente ou descendente)
b) horizontal

MOBILIDADE VERTICAL ASCENDENTE: ocorre a partir da melhoria de vida do indivíduo oriundo de famílias menos favorecidas, o qual, através do estudo e trabalho, consegue obter remuneração melhor que os seus antepassados. 

MOBILIDADE VERTICAL DESCENDENTE: Segue o caminho inverso, ou seja, é a perda de renda, é o empobrecimento do indivíduo

MOBILIDADE HORIZONTAL: ocorre, por exemplo, quando o indivíduo muda de cargo ou de emprego, mas permanece com a mesma remuneração. Significa também a mudança de posição do indivíduo dentro de um grupo, no sentido de passar a ter mais autoridade e prestígio, embora sua remuneração permaneça a mesma.

A mobilidade social também pode ser
INTRAGERACIONAL: é a mobilidade social de uma determinada pessoa ou grupo de pessoas com características comuns, durante um período de tempo. Ou seja, em relação às posições ocupacionais anteriores, desde a entrada no mercado de trabalho, até a posição ocupacional presente. 

INTERGERACIONAL: é a que ocorre entre indivíduos de gerações diferentes 

A mobilidade social depende, de maneira geral, de três fatores:
a) renda: poder econômico
b) poder: autoridade
c) status: prestígio

Outros fatores que contribuem para a mobilidade social são
- idade
- etnia
- sexo
- escolaridade

As sociedades modernas, que se desenvolveram com o capitalismo industrial e a formação dos Estados burocráticos, são estruturadas em estratos, isto é, classes sociais. Nelas a mudança de posição socioeconômica é possível. A hierarquia social existe e é rígida, porém, não é imutável.


A mudança de status dentro dessa estrutura definida dá-se principalmente pela ampliação do tempo de estudo, pela mudança profissional, pela modificação no padrão de renda. Essa mudança é possível, principalmente, quando há políticas governamentais que promovam essas oportunidades aos cidadãos."


"Tipos de mobilidade social


Existem dois tipos de mobilidade social: horizontal e vertical.


    


Um exemplo disso ocorre em uma comunidade eclesial, em que os membros mais dedicados tornam-se auxiliares voluntários do líder religioso e, por isso, recebem uma honraria por meio de um título que os diferencia dos demais, como os diáconos nas comunidades cristãs.


    Mobilidade social vertical


Por sua vez, implica mudança de posição socioeconômica, portanto, envolve não só a dimensão simbólica e social, mas também o poder aquisitivo. Numa sociedade industrial moderna, estratificada conforme as profissões e com classes sociais definidas conforme a renda, a mobilidade vertical ocorre quando, por meio da ascensão profissional, o indivíduo consegue mover-se de uma faixa de renda para outra.


Por exemplo, o indivíduo da classe C que ingressa no Ensino Superior forma-se, torna-se um profissional liberal e migra para a classe B. O principal caminho para galgar mobilidade social vertical é a educação formal.


A mobilidade social vertical pode ser classificada em ascendente e descendente. A mobilidade ascendente ocorre quando uma pessoa desloca-se para uma posição superior na pirâmide socioeconômica. Já a mobilidade descendente ocorre quando alguém perde posições e desloca-se para uma posição social inferior.


Fatores que influenciam a mobilidade social

O principal fator de mensuração da mobilidade social é a renda. A ampliação ou destituição de riqueza é o principal desencadeador da mudança de classe para cima ou para baixo. O segundo fator, atrelado ao primeiro, é a ocupação. Sociedades modernas são caracterizadas pela complexidade. Para Durkheim, quanto mais complexa uma sociedade é, mais funções de trabalho ela terá. O surgimento de novos ofícios no processo produtivo é uma constante nessas sociedades.


Além disso, a estruturação do mundo do trabalho é a base para a configuração social como um todo, desde as relações humanas, a ação do Estado e até a divisão do espaço territorial, a disposição de bairros, e o acesso aos centros econômicos e aos serviços. Portanto, a profissão ocupa um lugar central na estratificação dessas sociedades, sendo que as profissões mais valorizadas geralmente são mais bem remuneradas e estão no topo da hierarquia.

O terceiro fator que influencia a mobilidade social é a educação formal. Quanto maior a escolaridade, maior a chance de profissionalizar-se nas atividades de maior prestígio social e com melhores salários."

"Mobilidade social no Brasil


O Brasil é o segundo país mais desigual do mundo. Quanto mais desigual é um país, menor é a sua mobilidade social, portanto, a mobilidade social no Brasil é baixa. Na sociologia brasileira, Celi Scalon é uma referência no estudo da mobilidade intergeracional e estratificação social no Brasil e como ela se distribui territorialmente (segregação espacial) e é justificada e reconhecida.


Um estudo, realizado nos anos 2000, que analisou a mobilidade no Brasil entre 1988 e 1996, sinalizou um pequeno crescimento da mobilidade intergeracional nesse período em razão, principalmente, da migração para áreas urbanas. Todavia, foi uma mobilidade de curta distância, isto é, não alterou o padrão de estratificação social do país, posto que o mercado de trabalho no Brasil é caracterizado por uma alta rigidez e as chances de progressão por meio da trajetória profissional são limitadas.


Os estratos ricos sustentaram sua posição ao longo do tempo, já para estratos assalariados houve uma piora nas carreiras profissionais e redução das possibilidades de progresso, especialmente para mulheres. A conclusão é que não houve mudança significativa nos padrões de mobilidade intra e intergeracional e na desigualdade no Brasil nesse período.


Conforme relatório do Fórum Econômico Mundial de 2020, num ranking de mobilidade social, entre 82 países, o Brasil está na 60ª posição. A nota do Brasil foi 52,1 numa escala de 0 a 100, sendo que o pior índice do país está na variável “distribuição justa de salários”. O Índice Global de Mobilidade Social considera fatores como:


    oportunidades de trabalho

    condições de trabalho

    distribuição justa de salários

    proteção social

    acesso à saúde e educação

    acesso à tecnologia e aprendizado ao longo da vida

    qualidade e equidade da educação

    instituições inclusivas


Esse relatório também mensura a mobilidade social ao calcular quantas gerações são necessárias para uma família de baixa renda atingir a renda média do país. Na Dinamarca, um dos países que lideram o ranking de mobilidade social, as famílias de baixa renda levam duas gerações para atingir a renda média. No Brasil, são nove gerações. O relatório aponta a má elaboração de políticas públicas como responsável pela permanência da desigualdade e da baixa mobilidade social.



Autoria: Milka de Oliveira Rezende

                    REZENDE, Milka de Oliveira. "Mobilidade social"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/mobilidade-social.htm. Acesso em 10 de maio de 2022.