CONCEITOS:
Segundo a Enciclopédia Britânica, mobilidade social é a movimentação de indivíduos, famílias ou grupos em um sistema social hierárquico, geralmente definido pela estratificação social.
Segundo o sociólogo Anthony Giddens, mobilidade social é o “deslocamento de indivíduos e grupos entre posições socioeconômicas diferentes”. Esse movimento de indivíduos ou famílias dá-se dentro do sistema de classes sociais, estruturado conforme as categorias socioprofissionais.
Traduzindo, é a mudança de posição do indivíduo dentro da estrutura econômica e social, melhorando ou piorando sua vida em termos econômicos, ou seja, a mensuração se dá através do poder aquisitivo e da posse de bens dos indivíduos.
A mobilidade social pode ser
a) vertical (ascendente ou descendente)
b) horizontal
MOBILIDADE VERTICAL ASCENDENTE: ocorre a partir da melhoria de vida do indivíduo oriundo de famílias menos favorecidas, o qual, através do estudo e trabalho, consegue obter remuneração melhor que os seus antepassados.
MOBILIDADE VERTICAL DESCENDENTE: Segue o caminho inverso, ou seja, é a perda de renda, é o empobrecimento do indivíduo
MOBILIDADE HORIZONTAL: ocorre, por exemplo, quando o indivíduo muda de cargo ou de emprego, mas permanece com a mesma remuneração. Significa também a mudança de posição do indivíduo dentro de um grupo, no sentido de passar a ter mais autoridade e prestígio, embora sua remuneração permaneça a mesma.
A mobilidade social também pode ser
INTRAGERACIONAL: é a mobilidade social de uma
determinada pessoa ou grupo de pessoas com características comuns,
durante um período de tempo. Ou seja, em relação às posições ocupacionais
anteriores, desde a entrada no mercado de trabalho, até a posição
ocupacional presente.
INTERGERACIONAL: é a que ocorre entre indivíduos de gerações diferentes
A mobilidade social depende, de maneira geral, de três fatores:
a) renda: poder econômico
b) poder: autoridade
c) status: prestígio
Outros fatores que contribuem para a mobilidade social são
- idade
- etnia
- sexo
- escolaridade
As sociedades modernas, que se desenvolveram com o capitalismo industrial e a formação dos Estados burocráticos, são estruturadas em estratos, isto é, classes sociais. Nelas a mudança de posição socioeconômica é possível. A hierarquia social existe e é rígida, porém, não é imutável.
A mudança de status dentro dessa estrutura definida dá-se principalmente pela ampliação do tempo de estudo, pela mudança profissional, pela modificação no padrão de renda. Essa mudança é possível, principalmente, quando há políticas governamentais que promovam essas oportunidades aos cidadãos."
"Tipos de mobilidade social
Existem dois tipos de mobilidade social: horizontal e vertical.
Um exemplo disso ocorre em uma comunidade eclesial, em que os membros mais dedicados tornam-se auxiliares voluntários do líder religioso e, por isso, recebem uma honraria por meio de um título que os diferencia dos demais, como os diáconos nas comunidades cristãs.
Mobilidade social vertical
Por sua vez, implica mudança de posição socioeconômica, portanto, envolve não só a dimensão simbólica e social, mas também o poder aquisitivo. Numa sociedade industrial moderna, estratificada conforme as profissões e com classes sociais definidas conforme a renda, a mobilidade vertical ocorre quando, por meio da ascensão profissional, o indivíduo consegue mover-se de uma faixa de renda para outra.
Por exemplo, o indivíduo da classe C que ingressa no Ensino Superior forma-se, torna-se um profissional liberal e migra para a classe B. O principal caminho para galgar mobilidade social vertical é a educação formal.
A mobilidade social vertical pode ser classificada em ascendente e descendente. A mobilidade ascendente ocorre quando uma pessoa desloca-se para uma posição superior na pirâmide socioeconômica. Já a mobilidade descendente ocorre quando alguém perde posições e desloca-se para uma posição social inferior.
Fatores que influenciam a mobilidade social
O principal fator de mensuração da mobilidade social é a renda. A ampliação ou destituição de riqueza é o principal desencadeador da mudança de classe para cima ou para baixo. O segundo fator, atrelado ao primeiro, é a ocupação. Sociedades modernas são caracterizadas pela complexidade. Para Durkheim, quanto mais complexa uma sociedade é, mais funções de trabalho ela terá. O surgimento de novos ofícios no processo produtivo é uma constante nessas sociedades.
Além disso, a estruturação do mundo do trabalho é a base para a configuração social como um todo, desde as relações humanas, a ação do Estado e até a divisão do espaço territorial, a disposição de bairros, e o acesso aos centros econômicos e aos serviços. Portanto, a profissão ocupa um lugar central na estratificação dessas sociedades, sendo que as profissões mais valorizadas geralmente são mais bem remuneradas e estão no topo da hierarquia.
O terceiro fator que influencia a mobilidade social é a educação formal. Quanto maior a escolaridade, maior a chance de profissionalizar-se nas atividades de maior prestígio social e com melhores salários."
"Mobilidade social no Brasil
O Brasil é o segundo país mais desigual do mundo. Quanto mais desigual é um país, menor é a sua mobilidade social, portanto, a mobilidade social no Brasil é baixa. Na sociologia brasileira, Celi Scalon é uma referência no estudo da mobilidade intergeracional e estratificação social no Brasil e como ela se distribui territorialmente (segregação espacial) e é justificada e reconhecida.
Um estudo, realizado nos anos 2000, que analisou a mobilidade no Brasil entre 1988 e 1996, sinalizou um pequeno crescimento da mobilidade intergeracional nesse período em razão, principalmente, da migração para áreas urbanas. Todavia, foi uma mobilidade de curta distância, isto é, não alterou o padrão de estratificação social do país, posto que o mercado de trabalho no Brasil é caracterizado por uma alta rigidez e as chances de progressão por meio da trajetória profissional são limitadas.
Os estratos ricos sustentaram sua posição ao longo do tempo, já para estratos assalariados houve uma piora nas carreiras profissionais e redução das possibilidades de progresso, especialmente para mulheres. A conclusão é que não houve mudança significativa nos padrões de mobilidade intra e intergeracional e na desigualdade no Brasil nesse período.
Conforme relatório do Fórum Econômico Mundial de 2020, num ranking de mobilidade social, entre 82 países, o Brasil está na 60ª posição. A nota do Brasil foi 52,1 numa escala de 0 a 100, sendo que o pior índice do país está na variável “distribuição justa de salários”. O Índice Global de Mobilidade Social considera fatores como:
oportunidades de trabalho
condições de trabalho
distribuição justa de salários
proteção social
acesso à saúde e educação
acesso à tecnologia e aprendizado ao longo da vida
qualidade e equidade da educação
instituições inclusivas
Esse relatório também mensura a mobilidade social ao calcular quantas gerações são necessárias para uma família de baixa renda atingir a renda média do país. Na Dinamarca, um dos países que lideram o ranking de mobilidade social, as famílias de baixa renda levam duas gerações para atingir a renda média. No Brasil, são nove gerações. O relatório aponta a má elaboração de políticas públicas como responsável pela permanência da desigualdade e da baixa mobilidade social.
Autoria: Milka de Oliveira Rezende
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