terça-feira, 20 de junho de 2023

DETALHES SOBRE O FILME 1984

O filme de George Orwell foi inspirado na ditadura socialista de Stálin, um sanguinário ditador que governou com mão de ferro a União Soviética entre 1928 e 1953
- Na ditadura socialista de Stálin era comum vizinhos denunciarem outros vizinhos como subversivos: a família inteira era levada pela KGB e dependendo da situação, poderia nunca mais voltar.
- Rasgar um poster do ditador ou colocar um copo sobre uma foto dele em um jornal podia resultar em cadeia...
- O culto à personalidade do ditador e do partido implantou uma nova era de inquisição, onde o líder e o partido eram deuses os hereges eram os que criticavam ou não demonstravam o devido fervor e devoção...havia controle sobre o que se fazia, o que se dizia e o que se pensava.

O FILME
- Depois de uma guerra nuclear, o mundo está dividido em três grandes nações, que só interagem entre si por meio de guerras. A Oceania, antiga Europa, é dominada pelo partido socialista, onde só existe um partido e só fala obrigatoriamente o idioma chamado de novilíngua. O objetivo desse novo idioma era eliminar ou ressignificar as palavras. O partido tinha um líder idolatrado, o Grande Irmão (o Big Brother), o qual vigiava todas as casas através de câmeras...O governo do Ingsoc se dividia em quatro ministérios:
-o da Paz (que se ocupa das guerras),
-o do Amor (que mantém a lei e a ordem)
-o da Fartura (que cuida da economia falida)
-o da Verdade (que produz, elimina e altera notícias conforme seja conveniente)

O CONTROLE DA LINGUAGEM
Controlar a linguagem é o primeiro passo para controlar o pensamento. Manipular a linguagem é aprisionar o intelecto dentro de um limite de palavras permitidas, as quais também passaram a ter outro significado...sendo assim, praticamente elimina-se o senso crítico das pessoas, sem que elas mesmas percebam.
- O Dicionário da Novilíngua:
- No filme existe a imposição de uma nova linguagem, a "Novilíngua", algo fundamental para controlar as pessoas a partir daquilo que é mais básico: a linguagem. As ditaduras, não só a do filme, como na vida real, se preocupam com a linguagem pois isso facilita o trabalho de identificar quem pensa de maneira diferente...é preciso, além de calar, prender e eliminar a oposição, que as palavras se submetam a todo o tipo de distorções e mudança de significado que a ditadura quiser impor.
- Era fundamental impor um dicionário onde as palavras passaram a significar tudo aquilo que a ditadura alterasse, ou seja, a realidade foi alterada pela ilusão, pelo engano...essa é a base da Ressignificação das palavras e da imposição do "Duplipensar (técnica de incorporar duas ideias ou crenças contraditórias, incompatíveis uma com a outra, e levar a pessoa a acreditar em ambas).
- O objetivo era restringir/dificultar a liberdade de pensamento, opinião e expressão. Assim, por meio do controle sobre a linguagem, o governo controlava o pensamento das pessoas, dificultando a circulação de ideias indesejáveis. Quem desobedecia cometia o idéia-crime.
Exemplo: guerra é paz: sem guerra não há como haver paz, pois a paz tem origem no combate à violência, sendo o resultado de um conflito, portanto, sem guerra não há paz. A indústria da guerra é necessária para que haja o discurso da paz, portanto, é requerido um estado permanente de guerra.
- Da mesma maneira, democracia passou a significar o governo de um único partido, o qual seria a expressão da vontade do povo...liberdade passou a significar escravidão, pois na liberdade o indivíduo não sabe escolher o melhor e geralmente faz escolhas ruins...na escravidão, o Estado sabe o que é melhor para o indivíduo.

O CONTROLE TOTAL SOBRE  OS INDIVÍDUOS
- o partido utilizava diversas estratégias para manter a população submissa e controlada através da:
- Vigilância constante (o Big Brother): monitores e câmeras instaladas em todos os lugares,  até dentro das casas...isso criava um ambiente de constante vigilância e medo... as pessoas temiam serem punidas por qualquer comportamento considerado "subversivo".
-  Manipulação da informação e da História: O partido controlava e distorcia a informação disponibilizada à população. Eles reescreviam a história, eliminando fatos indesejáveis e substituindo-os por versões falsas para moldar a percepção coletiva. A novilíngua também era usada para restringir o pensamento crítico e limitar a expressão de ideias consideradas ameaçadoras.
- Coletivismo em vez de individualidade: regimes autoritários substituem a individualidade pelo coletivismo...não respeitam a menor das minorias, que é o indivíduo...o ideal é criar um novo ser humano, doutrinado a tal ponto de não ter mais opinião própria, mas apenas aquela que a maioria iludida e enganada pelo partido acredita cegamente ser a verdade, e a verdade é obedecer ao partido.
Não havia mais liberdades individuais...os indivíduos eram desencorajados a ter qualquer forma de opiniões próprias ou sentimentos que não estivessem de acordo com a ideologia do partido. Qualquer desvio era um ato de traição ou subversão.
- Os seres humanos tornam-se uma espécie de robôs
- Manipulação emocional e medo: O partido utilizava o medo como uma ferramenta para controlar a população. Através da criação de um ambiente de constante ameaça e repressão, eles buscavam manter as pessoas em estado de submissão. O sentimento de vigilância constante e a punição brutal imposta aos transgressores serviam como mecanismos de controle.
 - Divisão e isolamento: O partido incentivava a desconfiança e a divisão entre as pessoas, tornando difícil a formação de laços sociais e a construção de uma resistência coletiva. Isso impedia que a população se unisse contra o partido, mantendo-os isolados e impotentes.


HIPOCRISIA DA IGUALDADE SOCIAL: Assim como ocorreu na União Soviética, China e em outras ditaduras socialistas, o discurso da igualdade era usado para enganar e iludir o povo.
Na prática, existia uma clara distinção entre a elite do Partido e o restante da população. A elite do Partido não usava fardamento, tinha melhores condições de vida, alimentos e recursos, enquanto a maioria dos cidadãos vive em condições precárias. Isso demonstra que a igualdade é apenas uma fachada para manter o controle sobre a população e perpetuar o poder da elite.

A igualdade imposta pelo Partido é uma igualdade forçada e opressiva. Os cidadãos são privados de sua individualidade, liberdade de expressão e pensamento independente. Todos são forçados a se conformar com os padrões e ideologias do Partido, resultando em uma sociedade uniforme, desprovida de diversidade e criatividade.

A hipocrisia da igualdade no filme 1984 ressalta a manipulação do poder e a imposição de uma visão distorcida da igualdade, que serve apenas aos interesses daqueles que detêm o controle. A verdadeira igualdade não deve ser uma mera uniformização, mas sim a garantia de oportunidades justas e a valorização da diversidade e singularidade de cada indivíduo.


1984 na vida real: exemplos na vida real: As ditaduras socialistas soviética e chinesa:
Esses regimes impuseram a padronização e controle da linguagem através de medidas tais como
- controle da imprensa, da educação e dos meios de comunicação, impondo uma linguagem oficial e restringindo a liberdade de expressão
- Palavras, expressões ou conceitos que fossem considerados contrários à ideologia comunista eram censurados ou banidos...ao mesmo tempo, termos que promoviam a ideologia eram enfatizados e incentivados. Essa prática tinha como objetivo criar uma narrativa única e moldar a percepção da realidade de acordo com os interesses do Estado.
- Na China, o ditador Mao Tsé-Tung implantou a Revolução Cultural, um movimento que tinha dupla finalidade:
1- erradicar influências estrangeiras e consolidar uma linguagem e cultura "pura" chinesa: Durante esse período, muitos termos e expressões estrangeiras foram proibidos e substituídos por neologismos criados pelo governo. Além disso, foram estabelecidos padrões linguísticos rígidos, promovendo uma linguagem revolucionária e simplificada.
2-desviar o foco da grave crise alimentar, onde milhões de chineses haviam morrido de fome por culpa dos erros do programa chamado Grande Salto para a Frente. O programa tinha como objetivos desenvolver a economia, gerar muito emprego e acabar com a dificuldade de alimentar milhões de chineses. O resultado foi desastroso e em vez de matar a fome dos chineses, matou milhões de chineses por fome.

Questões:
1 - Em que o autor do livro (do qual serviu de base para o filme) se inspirou? comente
2 - Por que era importante controlar a linguagem?
3 - Sobre o controle da linguagem, porque era importante ressignificar as palavras?
4 - Sobre a história, porque era importante a sua manipulação?
5 - Por que a imposição do coletivismo em vez do individualismo?
6 - Havia de fato igualdade social ou o que havia era uma grande hipocrisia? comente
7 - Comente sobre a relação do filme com a realidade das ditaduras socialistas tais como a soviética de Stáline e a chinesa de Mao Tsé Tung




 

quinta-feira, 15 de junho de 2023

SER E TER / AUTOCONHECIMENTO

 

As questões envolvendo o ser e o ter são temas profundos e complexos que têm intrigado filósofos, pensadores e indivíduos ao longo dos séculos. Essas questões nos levam a refletir sobre o significado da existência humana e a forma como nos relacionamos com o mundo ao nosso redor.

Em uma sociedade que muitas vezes valoriza mais o ter do que o ser, somos constantemente bombardeados com mensagens que nos incentivam a buscar a posse de bens materiais, status social e poder econômico como medidas de sucesso e felicidade. No entanto, essa busca incessante pelo ter pode nos afastar de aspectos essenciais da vida, como a busca pela realização pessoal, a conexão com os outros e a busca por um propósito maior.

O ser, por sua vez, remete à nossa essência, aos valores, princípios e características que nos definem como indivíduos. Envolve a busca pelo autoconhecimento, o desenvolvimento pessoal e a busca por uma vida com significado e autenticidade. Ao nos voltarmos para o ser, podemos cultivar qualidades como empatia, compaixão, generosidade e amor, que são fundamentais para a construção de relacionamentos saudáveis e uma sociedade mais justa e equilibrada.

É importante equilibrar o ser e o ter em nossas vidas, reconhecendo a importância de cuidar de nossas necessidades materiais e ao mesmo tempo nutrir nossa dimensão interior. A busca pelo equilíbrio nos permite encontrar um senso de harmonia e plenitude, onde o ter é utilizado como um meio para facilitar nossa existência e promover o bem-estar, em vez de ser o objetivo principal de nossas vidas.

Devemos lembrar que somos seres humanos dotados de capacidades criativas, emocionais e espirituais, e que nossa realização verdadeira está ligada à nossa capacidade de nos conectarmos com nós mesmos, com os outros e com o mundo ao nosso redor. Ao nos concentrarmos no ser, podemos encontrar um sentido mais profundo de satisfação, propósito e felicidade duradoura.

Portanto, é importante que, como indivíduos e como sociedade, nos questionemos e reflitamos sobre nossas prioridades e valores. Devemos buscar uma abordagem mais ampla da vida, onde o equilíbrio entre o ser e o ter seja valorizado e cultivado. Somente assim poderemos construir um mundo mais harmonioso, onde as necessidades materiais e emocionais sejam atendidas, e onde o crescimento pessoal e o bem-estar coletivo possam florescer.

DESENVOLVIMENTO PESSOAL
Refere-se a um processo contínuo de crescimento, aprendizado e aprimoramento das habilidades, competências e características individuais. Envolve a busca pela autorreflexão, autoconhecimento e autotransformação visando ao crescimento pessoal e à realização de todo o nosso potencial.

POTENCIAL
Todos nós temos um potencial que ainda não conhecemos totalmente, ou seja, ele precisa ser despertado e desenvolvido. Temos essa capacidade e, sabendo trabalhar alguns quesitos, conseguimos evoluir ainda mais rumo ao que mais buscamos na vida pessoal e ou profissional.
Potencial humano é a capacidade de nós temos de melhorar e desenvolver aptidões e habilidades que desconhecíamos. Isso é possível através de estudo, treinamento e muita prática.

O desenvolvimento pessoal abrange diversas áreas: emocional, mental, espiritual, física, social e profissional. É um caminho que envolve disciplina, auto-descoberta e autotransformação, em que a pessoa busca entender quem ela é, quais são seus valores, crenças e objetivos, e como pode melhorar e evoluir em diferentes aspectos.

Desenvolver-se não se refere apenas a adquirir conhecimentos e habilidades técnicas, mas também de trabalhar o lado emocional, a inteligência emocional (de nada adianta ser uma pessoa extremamente inteligente se ao mesmo tempo é alguém que não trata com o devido respeito os demais, irrita-se facilmente, ou é mau-educado, grosseiro, vulgar, etc.). O lado emocional devidamente treinado nos leva a ser resilientes (capazes de suportar, se adaptar, de superar as adversidades da vida, as situações de estresse, de grandes desafios, etc.). Envolve também o cultivo de valores como empatia (se colocar no lugar do outro, sentir a dor do outro, compreender o momento difícil do outro, etc.), gratidão, generosidade, etc.

É importante ressaltar que o desenvolvimento pessoal é um processo individual e único para cada pessoa. Cada indivíduo define suas próprias metas e objetivos de crescimento, de acordo com suas necessidades, interesses e valores pessoais. É um caminho contínuo e evolutivo, em que a pessoa se compromete com seu próprio crescimento e transformação ao longo da vida.

Exemplo: dirigir um automóvel sendo habilidoso e competente

Dirigir bem o automóvel é habilidade, é a capacidade técnica de operar o veículo de forma segura e eficiente. Isso envolve ter conhecimento das regras de trânsito, habilidade para controlar o veículo, fazer manobras corretas, usar os dispositivos de segurança, entre outros aspectos técnicos relacionados à condução.

Competência: é a capacidade de se adaptar a diferentes condições de trânsito, tomar decisões rápidas e seguras, antecipar situações de risco, respeitar e considerar outros motoristas, demonstrar comportamento responsável ao volante, então podemos dizer que é uma competência. Essa competência vai além da simples habilidade técnica e envolve aspectos como consciência situacional, ética na direção, respeito às normas de trânsito e habilidades sociais.

Portanto, dirigi bem um automóvel pode ser considerado uma combinação de habilidade e competência, dependendo da perspectiva e dos critérios de avaliação utilizados.

 

 

 

 

 

 AUTOCONHECIMENTO
O autoconhecimento é um processo contínuo e individual, que envolve a exploração e compreensão de si mesmo em diferentes aspectos. Para chegar ao autoconhecimento, você pode seguir algumas práticas e reflexões:

  1. Autoanálise: Reserve um tempo para refletir sobre suas experiências de vida, valores, crenças, interesses e habilidades. Pergunte-se sobre seus pontos fortes, áreas que precisa melhorar e o que realmente te motiva.

  2. Autoobservação: Esteja atento aos seus pensamentos, emoções e comportamentos em diferentes situações. Observe como você reage a determinadas situações e como isso reflete em suas escolhas e decisões.

  3. Busca de feedback: Procure ouvir as opiniões e observações de pessoas próximas a você, como familiares, amigos e professores. Esses feedbacks podem fornecer insights valiosos sobre seus pontos fortes e áreas de melhoria.

  4. Autoavaliação: Faça uma análise honesta e crítica de si mesmo. Identifique suas principais realizações, desafios superados e as lições aprendidas ao longo do tempo.

  5. Práticas de autorreflexão: Dedique-se a atividades que estimulem a reflexão e o autoconhecimento, como a escrita de um diário, meditação, exercícios de mindfulness ou participação em grupos de apoio.

  6. Autoexploração: Busque experiências novas e diversificadas, seja através de hobbies, viagens, cursos ou outras formas de ampliar seus horizontes. Isso pode ajudar a descobrir novas paixões e interesses.

  7. Acompanhamento profissional: Caso sinta necessidade, considere buscar o apoio de um profissional especializado, como um psicólogo ou coach, que pode fornecer orientação e técnicas específicas para ajudar no processo de autoconhecimento.

Lembrando que o autoconhecimento é uma jornada pessoal e que pode levar tempo. É importante estar aberto às descobertas, aceitar-se como é e ter paciência consigo mesmo ao longo do processo. O autoconhecimento é uma base sólida para tomar decisões alinhadas com seus valores e objetivos, além de contribuir para o crescimento pessoal e a felicidade.

 

segunda-feira, 5 de junho de 2023

TOTALITARISMO FASCISTA / NAZISTA

Definição de Totalitarismo:
É um sistema político extremamente autoritário ao ponto de não ter similar na história da humanidade. É o mais elevado grau de controle da sociedade. São exemplos de regimes totalitários na história: União Soviética, China, Cuba, Coreia do Norte, Alemanha Nazista, Itália Fascista, etc.

O Primeiro regime totalitário da história: foi a ditadura socialista de Vladimir Lênin, que governou a Rússia (ainda não era chamada União Soviética) entre 1918 e 1924. Os horrores da revolução russa, com seus campos de "reeducação", tortura, trabalho escravo, censura, extermínio e guerra civil,  despertou nos europeus o temor de que algo similar ocorresse, pois era grande a difusão do comunismo pela Europa.


 

 










 



Copiando e adaptando o modelo criado pelos socialistas, os italianos e alemães criaram suas versões totalitárias.

A ALEMANHA E A ITÁLIA LOGO APÓS A I GUERRA MUNDIAL
NO CAMPO ECONÔMICO: Os elevados gastos com a guerra prejudicaram a economia, gerando desemprego, miséria, famílias desamparadas pela perda de parentes no conflito, etc. Até que a economia se recuperasse, levaria tempo. Na Alemanha o cenário era ainda pior devido às imposições humilhantes do Tratado de Versalhes.
NO CAMPO POLÍTICO: Os partidos defensores do totalitarismo, tanto comunistas quanto anticomunistas  apareceram naquele cenário caótico apresentando-se como a melhor solução para os problemas da população, ambos com um discurso antiliberal e antidemocrático (embora usassem a democracia para eleger seus deputados). Primeiramente foram os comunistas, que conquistavam boa parte dos trabalhadores. No sentido contrário surgiram na Itália o Partido Fascista e na Alemanha o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nazismo), os quais também tinham um discurso antiliberal e antidemocrático. Naquela época, a democracia estava em perigo e em descrédito. Temendo as consequências de um regime comunista, muita gente na Alemanha e na Itália preferiu um totalitarismo que na sua avaliação seria menos ruim, mesmo sendo tão desumano e cruel quanto o regime socialista soviético.


1 - Fascismo italiano: causas da expansão e chegada ao poder:
a) O país não recebeu praticamente nenhum território após o fim da guerra; os enormes gastos do conflito se refletiam na crise econômica, gerando desemprego e miséria;
2) O temor do comunismo:
a maioria dos italianos temia que ocorresse na Itália algo semelhante ao que aconteceu na Rússia com a implantação do comunismo: expropriação, ditadura, guerra civil, milhões de mortos, perseguição aos opositores, campos de concentração, tortura, eliminação, etc.
3)  As divergências internas dos socialistas italianos em participar ou não da guerra;
os socialistas/comunistas italianos, em geral, eram contra a entrada do país na guerra; sendo assim, foram acusados de covardes, traidores, antipatriotas e colaboradores dos inimigos da Itália. Por ter defendido a entrada da Itália na guerra, Benito Mussolini, que fazia parte da liderança socialista, foi expulso do partido.
4) Mussolini e outras lideranças criaram o Partido Fascista Italiano, o qual tinha um discurso voltado para a união de todos os italianos...o símbolo do partido era o antigo feixe de varas do senado romano...a ideia de união ia no sentido contrário ao dos comunistas, que pregavam a divisão e a luta entre classes antagônicas...Mussolini defendia a união de todos em prol de uma Itália grande, onde o Estado se tornaria o árbitro das disputas entre os segmentos sociais.
Para conquistar a simpatia dos anticomunistas e acalmar milhões de cristãos, Mussolini se dizia anticomunista, afirmando que não tomaria a propriedade de ninguém e nem exterminaria com a religião numa terra que é o centro do cristianismo.
Para conquistar os simpatizantes do comunismo, Mussolini se dizia anticapitalista, antiliberal, defendendo a forte presença do Estado em todos os setores da vida dos italianos.
De maneira geral, os italianos perceberam que estavam em uma situação difícil pois a democracia estava com os dias contados e teriam que escolher entre duas opções totalitárias.
5) Mussolini no poder: após se tornar primeiro-ministro da Itália em 1922, por indicação do rei Vitório Emanuel, Mussolini ainda governou de maneira democrática até 1925, quando dissolveu o Parlamento e iniciou seu período ditatorial. Os de mais partidos foram extintos, a imprensa foi censurada e quem o critica foi preso ou eliminado.
 
A ECONOMIA FASCISTA: o modelo econômico fascista nunca foi liberal: era intervencionista e corporativista, em contraste com os princípios do liberalismo econômico. O Estado desempenhava um papel central na economia, controlando e direcionando os setores-chave. Para fortalecer o poder do Estado, foram criadas várias empresas estatais e o Estado assumiu o controle de setores estratégicos da economia, como transporte, energia, comunicações e indústria pesada. Um dos exemplos foi a fundação do Instituto para a Reconstrução Industrial (IRI) em 1933, com o objetivo de promover a industrialização e a modernização da economia. O IRI assumiu o controle de várias empresas privadas em dificuldades financeiras e se tornou um dos principais grupos econômicos do país, abrangendo setores como siderurgia, química, transporte e telecomunicações.
- A Indústria bélica: Sendo o militarismo uma das características do fascismo,
Mussolini implantou uma política de rearmamento e modernização das forças armadas, direcionando vastos recursos para produzir armamentos, equipamentos militares e infraestrutura militar. A construção de navios de guerra, aviões, tanques e outras armas se tornou uma prioridade do Estado italiano. O país deveria estar devidamente armado caso houvesse um novo conflito. Os investimentos na indústria bélica geraram bastante emprego inclusive em outros setores tais como o da metalurgia, indústria química, etc., impulsionando a economia e criando muitos empregos. O fascismo também obrigou todos os homens ao alistamento militar. É importante frisar que o investimento na indústria bélica tinha também ambições imperialistas, onde Mussolini planejava restaurar o antigo Império Romano e garantir a influência italiana em regiões como o Mediterrâneo e o norte da África, o que exigia um aparato militar poderoso.

2 - Nazismo: causas da expansão e chegada ao poder
1) O Nazismo cresceu na Alemanha em meio à forte crise econômica resultante das imposições humilhantes do Tratado de Versalhes: desemprego, miséria, inflação astronômica, diversas restrições, etc.
2) No campo político, aumentava o temor da chegada dos comunistas ao poder, pois o regime democrático mostrava-se incapaz de impedir o avanço comunista. Era uma questão de tempo.  Foi nesse contexto que surgiu o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, o qual tinha um discurso anticapitalista, antidemocrático e ao mesmo tempo anticomunista;
3) O Nazismo tinha também uma pauta racista: a falsa ideia de raça superior germânica que deveria expandir-se através de outro ideal, o Lebensraum (espaço vital)...o ideal era conquistar muita terra para que os germânicos pudessem ter acesso a todos os recurso necessários...essas terras ficavam no leste europeu, principalmente na Ucrânia e Rússia.
4) Os nazistas acrescentaram também o ódio aos judeus, os quais eram acusados de serem os culpados pela derrota alemã na I guerra...o Exército alemão não havia sido derrotado militarmente, mas tinha sido traído especialmente por judeus, socialistas, marxistas e outros grupos considerados inimigos do Estado. Para os nazistas, os judeus e outros elementos "indesejáveis" da sociedade alemã conspiraram para minar o esforço de guerra alemão e enfraqueceram moralmente o país, favorecendo o espírito de covardia. Essa teoria antissemita e revisionista tinha como objetivo justificar o ódio contra os judeus, criando um bode expiatório para os problemas enfrentados pela Alemanha no período pós-guerra. Era preciso culpar alguém e a culpa caiu sobre os judeus...muitos judeus eram donos de indústrias, empresas comerciais e bancos...com a implementação das políticas antissemitas, eles foram os judeus foram alvo de discriminação, perseguição e restrições cada vez mais severas. Suas propriedades e negócios foram confiscados e expropriados, e muitos empresários judeus foram forçados a abandonar suas empresas e deixar o país. Essa visão distorcida e falsa desempenhou um papel significativo na propagação do antissemitismo na sociedade alemã durante o regime nazista, culminando posteriormente no genocídio e na perseguição sistemática dos judeus durante o Holocausto.
5) O discurso Nazista agradou boa parte do eleitorado alemão...assim como foi no fascismo, o nazismo usou a democracia, mesmo sendo antidemocrático: Hitler foi eleito deputado em 1933; os nazistas só conseguiram ter maioria no Parlamento aliando-se a outros partidos...sendo assim, em 1933, Hitler foi indicado como chanceler (primeiro ministro) pelo presidente Paul Von Hindenburg. Ao assumir o poder, Hitler põe em marcha seus planos autoritários e passa a restringir toda a oposição através de manobras políticas que tiveram o apoio de alguns partidos. Em março de 1933, a aprovação da Lei de Concessão de Plenos Poderes deu a Hitler amplos poderes legislativos e o permitiu governar por decretos, contornando o parlamento. Logo em seguida, Hitler implanta a ditadura, fecha o parlamento, extingue os demais partidos políticos e  proclama a chegada do III Reich.

A ECONOMIA NAZISTA: o nazismo era antiliberal, ou seja, era contra o livre mercado; A economia passou a ser dirigida pelo Estado, o qual controlava e administrava a produção, distribuição e consumo, implementando políticas de planejamento central, nacionalização de empresas, controle de preços e restrições comerciais. De maneira geral, as ações nazistas para reerguer a economia foram as seguintes:
a) Rearmamento e expansão militar: pesados investimentos na indústria bélica, aumentando a produção de armamentos e expandindo as forças armadas. Isso impulsionou o setor industrial e gerou empregos.
b) Autossuficiência: o objetivo era reduzir a dependência do comércio internacional através da  autossuficiência, sendo assim, criou-se políticas protecionistas que estimulavam a produção interna, especialmente em setores estratégicos como agricultura e recursos naturais.
c) Programas de trabalho e infraestrutura: implementou-se um amplo programa de obras públicas para gerar muito emprego e renda (estradas, pontes, moradias, etc.). Essas obras não apenas forneceram empregos para a população, mas também melhoraram a infraestrutura do país.
d) Intervencionismo: O Estado assumiu um papel central na economia, intervindo na gestão de empresas, regulando os preços e controlando as relações trabalhistas. Foram estabelecidos cartéis e sindicatos controlados pelo Estado, visando consolidar o poder econômico e político.
e) Expansão territorial: A anexação de territórios visava acessar os recursos naturais necessários para o crescimento da Alemanha.
f) No campo trabalhista, o Nazismo criou a sua versão do corporativismo fascista: a Frente Alemã do Trabalho, que era uma organização sindical controlada pelo Estado. Essa organização buscava unificar os trabalhadores e os empregadores em uma estrutura hierárquica, na qual o Estado tinha autoridade para regular e determinar as condições de trabalho, salários e direitos trabalhistas.




domingo, 4 de junho de 2023

GRÉCIA ANTIGA

A civilização grega foi uma das mais brilhantes da antiguidade e deixou um rico legado para a humanidade, além de ser uma das bases culturais do Ocidente atual. A história da Grécia antiga é dividida em algumas fases ou períodos que, de maneira geral foram os seguintes:

Período Pré-Homérico (2000-1100 a.C.): época do início da formação grega através dos mais antigos antecessores, que foram os cretenses (ou minóicos) e os micênicos.

Os Cretenses:
Criaram uma rica civilização com base no seu
intenso comércio marítimo: Creta era uma Talassocracia (governo que tem um poderoso comércio marítimo, título que mais tarde Portugal também receberia). Outro registro importante foi o dos grandes palácios, os quais tinham diversas funções semelhantes aos dos templos egípcios e mesopotâmicos. Destacam-se as ruínas do grande palácio de Cnossos.
Civilização Micênica ou Creto-Micênica: A riqueza de Creta atraiu a cobiça de outros povos. Por volta de 1500 a.C, os Aqueus (ou micênicos), um povo que já havia fundado cidades como  Pilos, Tirinto e Argos, invadiram Creta e deram início a civilização micênica ou creto-micênica.
A primeira diáspora grega:
com o passar do tempo, além dos aqueus, outros povos invadiram e criaram núcleos de povoamento: Éolios, Jônios e Dórios. Os Dórios, antecessores dos Espartanos, eram conhecidos pela violência com que tratavam os povos vencidos: quem não fugiu, ou foi morto ou foi escravizado. Foi por causa dessa violência que muitos gregos preferiram fugir. A invasão dória provocou uma grande dispersão humana em direção às ilhas do mar Egeu, costa da Ásia Menor e regiões do sul da Europa.

Período Homérico (1100-800 a.C.): Foi uma fase de transição e instabilidade, devido ao fim da civilização micênica e a diáspora, resultando no surgimento de comunidades dispersas,  declínio na economia, redução do comércio e escassez de recursos. Apesar dessas dificuldades, houve o florescimento da poesia e da tradição oral, cujo destaque foram os dois poemas atribuídos a Homero: Ilíada e Odisseia. Segundo alguns pesquisadores, é provável que Homero não tenha existido e que os autores tenham sido vários poetas gregos, chamados de Aedos.

Ilíada: é a narrativa sobre o cerco à cidade de Troia, na costa do Mar Egeu (atual território da Turquia). O foco central são as façanhas do herói aqueu Aquiles e seu combate contra Heitor, príncipe de Troia.
Odisseia:
  é a narrativa sobre as diversas aventuras que outro herói aqueu passa para retornar ao seu reino após a guerra de Troia. Esse herói é Odisseu (ou Ulisses, como era chamado pelos romanos), ao seu reino após o fim de Troia.

Período Arcaico (800-500 a.C.)= o surgimento das cidades: as cidades surgiram a partir dos grupos sociais chamados de Clãs, os quais geraram as Fratrias...as Fratrias geraram as Tribos e as Tribos geraram a Polis (Cidade)
As cidades gregas, mesmo tendo o mesmo idioma, cultura e religião, mantiveram sua independência, ou seja, eram cidades-estados...uma das explicações para isso seria o relevo montanhoso que dificultava um maior contato entre as cidades. Essas cidades só se uniam em tempos dos jogos olímpicos ou em épocas de guerra, como foi o caso da guerra contra o Império Persa, conhecida como Guerras Médicas.
A economia passou por transformações significativas, com o surgimento do comércio marítimo e o crescimento das atividades comerciais. O uso de moedas facilitou as transações comerciais e o surgimento de uma classe mercantil.
A SEGUNDA DIÁSPORA GREGA
Mesmo com essas reformas, a situação de boa parte da população era difícil pois não havia terra para todos ( a maior parte das terras já pertencia aos eupátridas). Essa falta de terras resultou na Segunda diáspora grega.

GRÉCIA: CIVILIZAÇÃO ESCRAVISTA
É bom salientar que a escravidão grega foi diferente do modelo de escravidão criado pelos árabes sobre os povos africanos, modelo que foi copiado pelos europeus dentro do processo de colonização das Américas. A base da mão de obra grega foi o escravo; a escravidão foi largamente empregada ao longo da história da civilização grega. Os escravos foram utilizados tanto nos campos quanto nas cidades. O intenso uso da mão de obra escrava teve consequências negativas para uma boa parte dos gregos, pois as chances de emprego ficaram bastante difíceis. O resultado foi a miséria e as constantes revoltas de desempregados.
Origem dos Escravos:
a - em sua maioria eram comprados nos mercados, sendo fruto de um grande comércio escravagista.
b - eram prisioneiros de povos vencidos em guerras (nesse caso eram minoria). A exceção era Esparta, onde os Hilotas eram escravos do Estado e tinham um contingente populacional maior do que o dos Espartiatas.
c- eram gregos escravizados por dívidas: essa situação só foi resolvida após muita revolta e luta: em Atenas, esse tipo de escravidão só acabou na época do legislador Sólon.

ATENAS E ESPARTA: Esse estudo sobre a Grécia antiga concentra-se nas duas principais cidades: Atenas e Esparta.
ATENAS:
Os mais antigos registros da história ateniense remontam à época da civilização Micênica, onde os atenienses teriam sido Atenas teria surgido a partir de ondas migratórias dos Jônios. já havia uma pequena comunidade dos . As narrativas populares acreditam que o nome da cidade foi uma homenagem à Atena, deusa da sabedoria, inteligência, do senso de justiça e das artes.
Os Eupátridas: donos do poder=
a evolução política de Atenas começa com a oligarquia dos Eupátridas: eram famílias privilegiadas, ricas e poderosas que controlavam o poder político, ou seja, só os seus membros ocupavam os cargos públicos. Com o tempo, surgiu uma monarquia a partir da própria oligarquia eupátrida...essa monarquia acabou sendo extinta após tentar se impor como uma tirania.

AS REFORMAS DE DRÁCON
Após a monarquia, os eupátridas chegaram a um acordo para a implantação de um governo de legisladores chamados de Arcontes. Entre os arcontes, destacou-se Drácon, o qual implantou um severo código de leis, onde diversos crimes eram punidos com a morte.
O motivo dessa dura legislação era pacificar Atenas, que sofria com as constantes revoltas de uma parte do povo que sofria com a enorme presença de escravos, os quais eram usados como principal mão de obra nos campos e nas cidades, resultando em desemprego e miséria de boa parte do povo ateniense.

AS REFORMAS DE SÓLON
As leis de Drácon foram consideradas muito rígidas, e, tempos depois, um legislador chamado Sólon, o qual ficou famoso por ter criado um amplo programa de reformas benéficas para a maioria dos atenienses:
- anistiou as dívidas dos camponeses
- proibiu a escravidão por dívida
- impôs limites à extensão das propriedades agrárias, diminuindo os poderes e arbitrariedades da nobreza
- estendeu o direito de votar nas assembleias para os atenienses que tivessem determinados níveis de renda.
- criou a Eclésia, a assembleia popular
- criou a Bulé, um conselho formado por 400 cidadãos encarregados de propor as leis que deveriam ser debatidas na Eclésia.

- criou um conselho de 400 membros destinado a preparar as leis para serem votadas
- criou o tribunal popular
- acabou com o monopólio dos eupátridas na alta magistratura.

Sólon foi um bom legislador e é considerado aquele que preparou o caminho para a implantação da democracia, embora a maioria dos atenienses ainda estivessem excluídos do direito de participar da Eclésia.

AS REFORMAS DE CLÍSTENES
Clístenes é considerado o criador da primeira democracia da história. Para isso, ele substituiu o critério de renda (criado por Sólon) pelo critério geográfico (seria cidadão ateniense aquele que tivesse nascido em qualquer um dos dez setores (que foram chamados de tribos). Teria que ser também filho de pai e mãe ateniense. Desta forma, estavam extintos os critérios de família rica e de faixas de renda. Além disso, todos os setores de Atenas estariam sendo representados na Assembleia. Essa medida tinha o objetivo de romper com o poder de influência dos eupátridas e promover uma maior igualdade entre os cidadãos.
É claro que era uma democracia bem diferente da atual: estavam excluídos os estrangeiros, as mulheres, os escravos e os atenienses que não comprovassem ser filhos de pai e mãe ateniense.
- Clístenes introduziu o princípio da isonomia, que garantia direitos políticos iguais a todos os cidadãos, independentemente de sua origem social.
- criou também o ostracismo, um mecanismo pelo qual os cidadãos podiam votar para exilar temporariamente um líder político considerado uma ameaça à democracia (por exemplo, um corrupto)
- ampliou o conselho da Bulé para 500 participantes.

A Democracia Ateniense era bem diferente da atual:
- era uma democracia direta, onde todos os cidadãos participavam e votavam, sendo assim, era bastante cansativa e demorada.
-os estrangeiros, as mulheres, os escravos e qualquer um que preenchesse outros requisitos não podiam participar da Eclésia.

Sociedade ateniense: foi definida como uma sociedade Estamental
Os Estamentos: nessa divisão social, a posição do indivíduo é praticamente definida pela sua origem social, ou seja, quem nasceu theta geralmente morreria sendo theta. A
mobilidade social (ou sejam melhorar de vida), era difícil, mas não era impossível.
A sociedade estava dividida da seguinte forma:
a) Eupátridas: pertenciam às famílias mais antigas e influentes, eram latifundiários e durante muito tempo dominaram os poderes político e econômico.
b) Georgóis: eram donos de médias e pequenas propriedades rurais
c) Thetas: Eram cidadãos de baixa renda, geralmente artesãos, comerciantes ou funcionários públicos.
d) Demiurgos: Eram em geral os grandes comerciantes e artesãos.
e) Metecos: Eram estrangeiros que residiam em Atenas. Estavam protegidos por leis; em geral, eram comerciantes, artesãos ou trabalhavam em serviços.
f) Escravos: não possuíam nenhum direito e eram considerados como um objeto. Dependendo do seu dono, o escravo poderia ser bem ou mal tratado, ser libertado ou não. Houve senhores bondosos que os libertavam, mas isso era exceção e não uma regra.
Os escravos eram considerados uma parte essencial da economia e da vida cotidiana, mas não tinham voz nem autonomia em questões legais, políticas ou sociais.

ESPARTA:

Esparta Esparta era governada pela Diarquia (dois reis: um era responsável pelo exército e o outro pela religião) e pela Gerúsia (conselho de anciãos que exercia funções legislativas e judiciais). 
Em termos de inclusão do povo nas questões políticas, Esparta limitava-se a uma Assembleia, chamada de Ápela, da qual participavam apenas os espartiatas. As decisões da Ápela eram limitadas, pois resumiam-se a analisar as propostas enviadas pela Gerúsia, aprovando-as ou não.
A sociedade espartana também era estamental e estava dividida da seguinte forma:
- No topo estavam os Espartiatas (cidadãos de plenos direitos)
- Em seguida havia os Periecos, habitantes livres, mas não-cidadãos, eram geralmente artesãos e comerciantes
-Na base estavam os Hilotas, que eram os escravos do Estado.

MILITARISMO E LACONISMO
Esparta destacou-se pelo militarismo e pelo laconismo. Esparta era uma cidade-quartel. Era uma cidade até certo ponto isolada, onde seu povo tinha um estilo de vida austero e sua ênfase residia na obediência e na lealdade ao Estado. O militarismo gerou no espartano o laconismo, que é a característica de quem é resumido em sua comunicação, quem usa poucas palavras para expressar as ideias, quem é bastante resumido e só fala o mínimo necessário. O que explica o laconismo é justamente o militarismo, pois o soldado é treinado para obedecer e jamais questionar as ordens.

AS GUERRAS MÉDICAS OU GRECO-PÉRSICAS:
Foi uma guerra que envolveu as cidades gregas contra a expansão do Império Persa.
- 1ª  Guerra Greco-Pérsica (492-490 a.C.):  os persas foram derrotados nas batalhas de Maratona, em 490 a.C., pelos gregos.
- 2ª Guerra Greco-Pérsica: novamente os persas são derrotados. Foi nessa segunda tentativa que ocorreu a heróica Batalha das Termópilas. Xerxes I, filho de Dario I, liderou uma invasão em grande escala à Grécia com um enorme exército persa. Os gregos uniram-se em uma aliança liderada por Esparta e Atenas para enfrentar os persas. Após a batalha de Plateia, os persas desistiram de tentar invadir as cidades gregas.

O FIM DA GUERRA E O IMPERIALISMO ATENIENSE
Após a guerra, Atenas viveu um período de grande esplendor, principalmente porque liderava um grupo de cidades através da Liga de Delos...essa liga tinha sido criada na época da guerra como objetivo de administrar os recursos para lutar contra os persas...Atenas cobrava impostos das cidades e com esses impostos construia navios de guerra, armamentos e tudo o que fosse preciso para a guerra...Entretanto, após o final do conflito, não havia mais sentido nessa Liga, mas Atenas não só a manteve como impedia que qualquer cidade participante se desligasse. Atenas se comportava como um Estado imperialista... Esparta enxergava essa influência e poder de Atenas como uma ameaça à sua própria autonomia.

A REAÇÃO ESPARTANA E A GUERRA DO PELOPONESO
Em resposta ao domínio de Atenas, Esparta criou a Liga do Peloponeso, uma aliança formada por diversas cidades sob o seu comando, com o objetivo de enfrentar a ameaça imperialista de Atenas. Essa rivalidade resultou na Guerra do Peloponeso, um conflito fratricida onde Esparta, apesar de ter vencido, saiu bastante enfraquecida. Esse enfraquecimento servirá aos interesses dos Macedônios, que invadirão toda a Grécia, pondo um final à história da Grécia antiga e iniciando a história do Império Macedônio.

O LEGADO GREGO PARA A HUMANIDADE:
Democracia, Teatro, Filosofia, Medicina, Arquitetura, Estética, Olimpíadas, Oratória, etc.


A ERA VARGAS (1930-1945)

A ERA VARGAS (1930-1945)

-Em 1889, os militares derrubaram a monarquia e implantaram a república, a qual foi chamada de república velha...
- 41 anos depois, os militares derrubaram a república criada por eles mesmos...
Por que derrubaram a república velha?
- a república estava dominada em nível nacional pelos cafeicultores e em nível estadual pelos oligarcas, geralmente grandes fazendeiros.
- era uma república medíocre, que não se preocupava em melhorar a educação, saúde, gerar emprego e renda, industrializar o país, investir em tecnologia, etc.
- até as forças armadas estavam sucateadas...
- o lema da bandeira "ordem e progresso" ficou apenas na bandeira...
- São Paulo e Minas Gerais, as duas maiores oligarquias, que praticamente mandavam na política nacional, não se entendiam mais na questão da sucessão presidencial e romperam a política do café com leite...
- as eleições eram sempre fraudadas...vencia quem fraudava mais...
- o curral eleitoral e o voto de cabresto eram as moedas de troca de favores com os governadores e o presidente da república.
-essa troca de favores foi criada por Campos Sales e foi chamada de "Política dos Governadores"
-era muito difícil eleger um político de oposição devido ao esquema chamado de "Degola", que anulava sua eleição através de uma Comissão de Verificação de Poderes...
- O Exército foi o parteiro e o coveiro da primeira república; era preciso refazer tudo...começar de novo a república...sendo assim, o Exército intervém e age novamente, tomando o poder através de um golpe que passou para a história com o pomposo nome de  "Revolução de Trinta"; não foi revolução, foi apenas um movimento

Durante a maior parte dos 15 anos em que esteve na presidência do país, Vargas governou de maneira autoritária e só deixou o poder em 1945 porque foi forçado pelos militares.
De maneira geral, a era Vargas é dividida em três fases distintas:
a - Governo Provisório - 1930 a 1933
b - Governo Constitucional - 1934 a 1937
c - Estado Novo - 1937 a 1945

Podemos identificar as seguintes características na Era Vargas:
a) Autoritarismo/centralização do poder: Nutrindo simpatia pelos regimes da Itália fascista e Alemanha nazista, Vargas sempre foi muito mais autoritário do que democrata:
a - No Governo Provisório: governou sem Parlamentos/ sem Constituição/ sem partidos políticos/ substituiu a maioria dos governadores por pessoas de sua confiança
b - No Estado Novo: governou sem Parlamentos / sem partidos políticos / substituiu a maioria dos governadores por pessoas de sua confiança
c - No Governo Constitucional: foi a única fase em que, contrariado, governou de forma democrática.

b) Populismo e Trabalhismo: Para agradar as massas trabalhadoras urbanas e afasta-las da atração enganadora do comunismo, Vargas criou o Ministério do Trabalho, implantou as leis trabalhistas através da CLT e implantou o corporativismo.

c) Propaganda Política: Repetindo no Brasil as práticas ditatoriais, Vargas usou largamente a propaganda de sua pessoa e de seu governo.

d) Capacidade de negociação política: Vargas demonstrou grande capacidade de negociação política, ao ponto de conciliar os interesses das poderosas oligarquias com os tenentistas.

O POPULISMO DE VARGAS
Vargas atraiu o trabalhador urbano (foi só o urbano, o trabalhador rural continuou abandonado e só seria contemplado muito tempo depois) através da implantação das leis trabalhistas...além disso, Vargas foi o primeiro presidente a criar estratégias de comunicação direta com o povo, através da implantação da "Hora do Brasil", um programa radiofônico copiado do modelo americano criado por Franklin Roosevelt. Entretanto, o populismo de Vargas não estava amparado apenas no povo, mas também na grande concentração de poder político.

Governo Provisório (1930-34)
Foi uma fase de transição, onde Vargas
- fechou os parlamentos
-extinguiu a Constituição
-substituiu a maioria dos governadores por pessoas de sua confiança.
Essas ações foram essenciais para calar a oposição...entretanto, o tempo foi passando e Vargas demorava para convocar a Assembleia Constituinte...sendo assim, foi perdendo o apoio daqueles que inicialmente apoiaram seu governo. Sua demora resultou na revolta paulista de 1932, conhecida como Revolta Constitucionalista ou guerra civil paulista. Os paulistas queriam dentre outras exigências, a convocação imediata de uma Assembleia Constituinte e a nomeação de um interventor que fosse paulista e civil, pois quem estava comandando São Paulo era o militar pernambucano João Alberto. Mesmo com a derrota dos paulistas, Vargas os atendeu, convocando a Assembleia Constituinte para 1933. Essa Assembleia elaborou e promulgou a Constituição de 1934.A mesma Assembleia elegeu indiretamente Vargas como presidente até 1937.
A nova Constituição foi considerada bastante democrática e incluiu o sufrágio universal feminino.

Governo Constitucional (1934-1937): Foi uma constituição democrática, surgida numa época em que a democracia estava em baixa e as ditaduras estavam em alta. Vargas, embora não gostasse, passa a conviver com o Congresso, oposição política, liberdade de imprensa, etc.
Foi nesse período que Vargas implantou algumas das leis trabalhistas antes da CLT: salário mínimo, 8 horas diárias de trabalho, férias e liberdade sindical.

MOVIMENTOS AUTORITÁRIOS: Foi também nesse período que surgiram dois movimentos defensores de ditaduras, inspirados no fascismo e no socialismo.
a)  Ação Integralista Brasileiro (AIB): tinha inspiração fascista, antiliberal e anticomunista que defendia valores nacionalistas e até antissemitas. Seu líder era Plínio Salgado.

b) Aliança Libertadora Nacional (ANL): tinha inspiração socialista e defendia a implantação de um Estado autoritário através da tomada do poder. Seu líder era o comunista Luís Carlos Prestes, que tinha voltado ao Brasil  usando o nome falso de Antonio Villar.

Os objetivos totalitários da ANL e a rápida expansão do movimento pelo Brasil levou as autoridades a criar a Lei de Segurança Nacional, através da qual o movimento foi fechado. Revoltados com o fechamento, a direção da ANL elaborou o plano para tomar os quartéis brasileiros em 1935; o plano fracassou e passou para a história sob o nome de Intentona Comunista; o plano da ANL serviu aos interesses de Vargas para dar o golpe de 1937 através do Plano Cohen, e implantar o Estado Novo.

O governo constitucional estendeu-se até novembro de 1937, quando Vargas, aproveitando a Intentona Comunista, realizou um autogolpe, usando como pretexto a divulgação de um documento falso conhecido como Plano Cohen. O plano consistia numa grande conspiração comunista que ocorreria no Brasil, onde várias instituições seriam tomadas e ocorreriam muitas mortes, ou seja, os comunistas não se limitariam a tomar os quartéis como em 1935, mas todas as instituições (escolas, repartições, fábricas, etc.). Vargas pediu ao Congresso poderes absolutos e foi atendido. Ele cancelou as eleições e novamente fechou os parlamentos, os partidos políticos e extinguiu a Constituição. Ao mesmo tempo, já havia pronta outra Constituição, que Vargas havia mandado elaborar por um grupo de juristas. Foi desta maneira que Vargas implantou sua fase mais autoritária: o Estado Novo

Estado Novo (1937-1945):
O Estado Novo foi a fase mais autoritária: Com os parlamentos fechados, Vargas governava através de decretos-lei. Foram fechados também todos os partidos políticos. Vargas não tinha mais oposição, pois toda a imprensa censurada e muitos opositores presos. De imediato, Vargas outorgou uma Constituição feita conforme sua vontade. Os parlamentos e os partidos políticos foram fechados...os governadores e prefeitos substituídos por interventores...as liberdades individuais foram bastante reduzidas e os opositores foram presos... ao mesmo tempo, Vargas fez uso de intensa propaganda política sua e aproximou-se das massas através do populismo e do trabalhismo.
A Intentona Integralista: Revoltados com o fechamento de seu movimento, o qual tinha dado todo o apoio a Vargas, a tentou, sem sucesso, tomar o poder em 1938, atacando o Palácio do Catete.

A CRIAÇÃO DO DIP:
Com objetivos distintos, Vargas criou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), responsável por
-espionar prováveis inimigos
-censurar livros, jornais, revistas, peças teatrais, filmes, etc.
-produzir e divulgar todo o tipo de propaganda que exaltasse o regime e o líder
-Utilizando o rádio como uma moderna ferramenta de comunicação, Vargas criou um jornal diário chamado “A Hora do Brasil”, uma imitação do programa americano implantado por Franklin Roosevelt.

A CRIAÇÃO DO DASP: Departamento de Administração do Setor Público
Tendo como objetivo moralizar e modernizar o serviço público, Vargas criou este departamento que visava melhorar o atendimento ao público e diminuir o forte controle dos políticos sobre os cargos públicos. Naquela época, só era funcionário público quem tivesse bons contatos com os políticos. Além disso, o DASP foi também utilizado para espionar prováveis funcionários públicos críticos ou inimigos de Vargas.

A CRIAÇÃO DA CLT: AS LEIS TRABALHISTAS
Vargas destacou-se também na criação da legislação trabalhista, com destaque para o salário-mínimo (1940) e Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1943. A liberdade sindical foi abolida: na prática, só foi permitida a existência de um sindicato por categoria, o qual deveria estar autorizado ao Ministério do Trabalho. Os trabalhadores só gozariam de seus direitos trabalhistas se estivessem registrados nesses sindicatos.


A INDUSTRIALIZAÇÃO: VARGAS, A "MÃE DOS RICOS"
Almejando diversificar a economia brasileira, para que não se resumisse ao modelo agroexportador, Vargas adotou políticas de estímulo à industrialização nacional. No entanto, Vargas, sendo antiliberal, adotou medidas protecionistas e priorizou o estímulo às indústrias nacionais e empresas estatais.
Vargas incentivou o investimento em setores estratégicos, como a produção de energia elétrica e a siderurgia.São exemplos:
- A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN): Fundada em 1941, através de capital norte-americano: Foi responsável pela produção de aços planos, a qual era essencial para a indústria metalúrgica.
- Companhia Vale do Rio Doce: Criada em 1942, foi responsável pela exploração e produção de minério de ferro no Brasil, impulsionando a indústria siderúrgica e contribuindo para o crescimento do setor de infraestrutura.
- Vargas incentivou a criação de indústrias têxteis para suprir a demanda interna por tecidos e roupas.
- Fábrica Nacional de Motores (FNM): fundada em 1942, inicialmente com o objetivo de fabricar motores aeronáuticos; Foi também resultado da parceria com o governo dos EUA, que financiou a construção.
A concessão de créditos para os empresários nacionais fizeram Vargas ser também apelidado de "a mãe dos ricos".

O SINDICALISMO E O CORPORATIVISMO
Na área sindical, Vargas acabou com a liberdade sindical e impôs a "unicidade sindical", que estabelecia a existência de apenas um sindicato por categoria profissional em cada região.
(Até hoje ainda é assim no meio sindical, ou seja, nem a Constituição de 88 mudou essa regra).
Vargas copiou aquilo que foi criado pelos fascistas e nazistas na área sindical: os sindicatos foram substituídos por corporações classistas e patronais, onde o Estado tornou-se o árbitro das disputas.

CORPORATIVISMO E A FORMAÇÃO DE CARTÉIS
O corporativismo varguista favoreceu as grandes empresas, incluindo as grandes construtoras, que passaram a desfrutar da preferência e proximidade com o governo para a realização de obras públicas, através de suas conexões políticas. Foi criado assim um ambiente propício para o cartelismo no setor de obras públicas.
O cartel é uma forma de cooperação entre concorrentes que controla uma parte do mercado e elimina a concorrência através de acordos de fixação de preços, divisão de mercado e outras práticas anticompetitivas. No caso das grandes construtoras e empresas do setor de obras públicas, elas se beneficiaram do corporativismo e da relação próxima com o governo para estabelecer acordos informais ou mesmo formais que lhes conferiam vantagens e controle sobre o mercado. Essa cartelização geralmente tem efeitos negativos tais como os preços mais elevados (superfaturamento), baixa qualidade dos serviços, falta de inovação e dificuldades de acesso para empresas menores e mais competitivas. Além disso, a falta de concorrência efetiva pode levar a um desperdício de recursos públicos e prejudicar o desenvolvimento e a eficiência do setor.



DECADÊNCIA E FIM DO ESTADO NOVO
O Estado novo entra em declínio a partir da II guerra mundial, onde os EUA pressionam Vargas para tornar-se seu aliado e ceder bases militares no norte/nordeste brasileiro. Em troca da construção de uma siderúrgica no Rio de Janeiro, Vargas alia-se aos EUA e rompe com o Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Ao final da guerra, o modelo autoritário de Vargas estava desgastado e ele é forçado pelos militares a deixar o poder.

sexta-feira, 2 de junho de 2023

A REVOLTA DE BECKMAN (1684-1685)

A revolta de Beckman foi uma das revoltas nativistas ocorridas no Brasil colonial. Entende-se por nativistas todas as revoltas que não pretendiam a separação de Portugal, mas a solução de problemas que as autoridades locais não tinham interesse em resolver.
A revolta de Beckman foi uma delas: ocorrida no Maranhão, tendo sido resultado de diversas causas que geraram profunda insatisfação de fazendeiros e comerciantes, revoltados com a má administração colonial. Os revoltosos chegaram a tomar a sede do governo, mas acabaram sendo presos e executados. 
Antecedentes:
- A economia maranhense
-No século XVII, a economia era agrária e extrativista; o algodão era a principal base econômica, mas produzia-se também açúcar e fumo; No extrativismo, destacavam-se as drogas do sertão (ex: salsa, urucum, cacau, baunilha, castanha-do-pará, etc. Para tentar desenvolver a economia maranhense, o governo português criou uma Companhia de Comércio, a única que estava autorizada tanto a importar (escravos e diversas mercadorias) quanto a exportar mercadorias. Os preços, tanto dos escravos quanto das mercadorias foram tabelados, ou seja, não poderia ser cobrado um preço maior do que o da tabela.
- O monopólio comercial (ou estanco) e a questão da mão de obra:
A dificuldade dos fazendeiros do Maranhão era obter mão de obra escrava para suas lavouras;  os índios estavam protegidos pelos jesuítas através de acordo com o governo português. Restava a mão de obra negra através do tráfico transatlântico...mas isso dependia do fornecimento pela Companhia de Comércio do Maranhão, que assumiu o
compromisso de fornecer anualmente no mínimo 500 escravos...o problema é que a empresa nunca cumpriu com sua parte do acordo: sempre demorava para trazer os escravos e sempre cobrava um preço acima do preço tabelado, sob protestos dos fazendeiros, que não tinham outra opção senão pagar o valor a mais.
- Além de escravos, a Companhia deveria também fornecer tecidos, manufaturados europeus, bacalhau, vinhos e farinha de trigo...a
Companhia também atrasava as entregas, fornecendo produtos de má qualidade; no caso dos alimentos, muitos chegavam já estragados.
- A Companhia tinha também o compromisso de transportar mercadorias locais para Portugal, tais como cacau, baunilha, cravo, tabaco, etc. Da mesma maneira, deixava a desejar, atrasava as entregas e desagradava a todos.
- Outro ponto importante é que os preços das mercadorias eram tabelados, mas a Companhia descumpria a tabela e cobrava sempre a mais, sabendo que os clientes dificilmente iriam negar a pagar a extorsão, pois a necessidade era grande.
- Os Jesuítas e os indígenas
- os fazendeiros também não tinham como usar a mão de obra indígena, pois era proibida: eles estavam sob a proteção dos Jesuítas, através de um acordo com a coroa portuguesa. Entretanto, os jesuítas, ao ensinar os índios as técnicas agrícolas, aproveitavam-nos para produzir as "drogas do sertão", fato que irritava profundamente os fazendeiros, os quais, eventualmente, contratavam os caçadores de índios para invadir as missões e capturá-los de maneira ilegal.
-O desinteresse do governador
- outra reclamação era destinada ao governador Francisco de Sá e Menezes, que passava mais tempo em Belém do Pará, onde residia, do que em São Luís...o governador não demonstrava interesse em resolver os problemas do povo maranhense; em seu lugar, "governava" o capitão-mor Balthasar Fernandes, comandando um pequeno destacamento.
-Insatisfação geral:
- Os fazendeiros reclamavam porque a falta de mão de obra emperrava a produção agrícola
- Os comerciantes reclamavam da demora da chegada das mercadorias importadas
- Fazendeiros e comerciantes reclamavam que havia uma tabela de preços, porém, a Companhia não a respeitava e cobrava sempre a mais.
- Os caçadores de indígenas reclamavam da lei que proibia a escravidão dos nativos;
- A população reclamava da irregularidade do abastecimento de alimentos e da carestia dos produtos.

As Ações dos revoltosos
No início de fevereiro de 1684. os irmãos Beckman (Manoel e Tomás), Francisco Dias
Deiró e outros proprietários de terras, juntamente com alguns padres, espalharam bilhetinhos nas missas e panfletos pela cidade, atacando a administração de Francisco de Sá e Menezes. No dia 25 de fevereiro de 1684,
aproveitando a ausência rotineira do governador, uma enfurecida multidão com mais de 100 pessoas conseguiu invadir a sede do governo maranhense, render o pequeno contingente militar e assumir o governo,  criando uma Junta Governativa composta por seis membros, sendo dois representantes dos fazendeiros, dois do clero e dois dos comerciantes. As principais decisões dessa Junta foram:
a) expulsaram os jesuítas: os índios
b) extinguiram a Companhia de Comércio
c) declararam deposto o governador Francisco de Sá e Menezes

O FIM DA REVOLTA
Durou pouco mais de um ano o governo dessa Junta, pois em em
maio de 1685, os portugueses enviaram uma esquadra e um novo governador, Gomes Freire de Andrade; as tropas retomaram o poder local sem muita dificuldade; muitos moradores e envolvidos com a revolta fugiram com medo das punições. 
Os principais líderes foram presos, julgados e condenados, alguns ao exílio, outros à execução, dentre eles, Tomás Beckman.
Os Jesuítas retornaram. O negócio com a Companhia de Comércio foi desfeito.

As consequências da revolta de Beckman:

1 - A Resistência contra a situação de descaso, privilégios e exploração econômica impostas pelo monopólio comercial
2 - Os colonos maranhenses lutaram contra o injusto tratamento ao qual estavam submetidos pelo governo local. Este tratamento prejudicava não somente os grandes produtores rurais e comerciantes, mas também os médios e pequenos, sendo assim prejudicava toda a cadeia produtiva da colônia.
3 - A Revolta demonstrou a importância da união e solidariedade entre as pessoas que compartilham dos mesmos sentimentos de injustiça. Essa coesão foi fundamental para o sucesso da revolta enquanto ela durou.
4 - Luta pela liberdade econômica: A revolta, mesmo não sendo separatista, foi uma das primeiras a lutar contra as imposições e a insensibilidade da Metrópole.
5 - A revolta deixou um legado importante na história do Maranhão e do Brasil, sendo lembrada como um símbolo de resistência e luta pela justiça.
6 - Sobre os jesuítas, alguns anos depois, a Coroa portuguesa autorizou o seu retorno e a retomada do aldeamento dos indígenas.