domingo, 4 de junho de 2023

GRÉCIA ANTIGA

A civilização grega foi uma das mais brilhantes da antiguidade e deixou um rico legado para a humanidade, além de ser uma das bases culturais do Ocidente atual. A história da Grécia antiga é dividida em algumas fases ou períodos que, de maneira geral foram os seguintes:

Período Pré-Homérico (2000-1100 a.C.): época do início da formação grega através dos mais antigos antecessores, que foram os cretenses (ou minóicos) e os micênicos.

Os Cretenses:
Criaram uma rica civilização com base no seu
intenso comércio marítimo: Creta era uma Talassocracia (governo que tem um poderoso comércio marítimo, título que mais tarde Portugal também receberia). Outro registro importante foi o dos grandes palácios, os quais tinham diversas funções semelhantes aos dos templos egípcios e mesopotâmicos. Destacam-se as ruínas do grande palácio de Cnossos.
Civilização Micênica ou Creto-Micênica: A riqueza de Creta atraiu a cobiça de outros povos. Por volta de 1500 a.C, os Aqueus (ou micênicos), um povo que já havia fundado cidades como  Pilos, Tirinto e Argos, invadiram Creta e deram início a civilização micênica ou creto-micênica.
A primeira diáspora grega:
com o passar do tempo, além dos aqueus, outros povos invadiram e criaram núcleos de povoamento: Éolios, Jônios e Dórios. Os Dórios, antecessores dos Espartanos, eram conhecidos pela violência com que tratavam os povos vencidos: quem não fugiu, ou foi morto ou foi escravizado. Foi por causa dessa violência que muitos gregos preferiram fugir. A invasão dória provocou uma grande dispersão humana em direção às ilhas do mar Egeu, costa da Ásia Menor e regiões do sul da Europa.

Período Homérico (1100-800 a.C.): Foi uma fase de transição e instabilidade, devido ao fim da civilização micênica e a diáspora, resultando no surgimento de comunidades dispersas,  declínio na economia, redução do comércio e escassez de recursos. Apesar dessas dificuldades, houve o florescimento da poesia e da tradição oral, cujo destaque foram os dois poemas atribuídos a Homero: Ilíada e Odisseia. Segundo alguns pesquisadores, é provável que Homero não tenha existido e que os autores tenham sido vários poetas gregos, chamados de Aedos.

Ilíada: é a narrativa sobre o cerco à cidade de Troia, na costa do Mar Egeu (atual território da Turquia). O foco central são as façanhas do herói aqueu Aquiles e seu combate contra Heitor, príncipe de Troia.
Odisseia:
  é a narrativa sobre as diversas aventuras que outro herói aqueu passa para retornar ao seu reino após a guerra de Troia. Esse herói é Odisseu (ou Ulisses, como era chamado pelos romanos), ao seu reino após o fim de Troia.

Período Arcaico (800-500 a.C.)= o surgimento das cidades: as cidades surgiram a partir dos grupos sociais chamados de Clãs, os quais geraram as Fratrias...as Fratrias geraram as Tribos e as Tribos geraram a Polis (Cidade)
As cidades gregas, mesmo tendo o mesmo idioma, cultura e religião, mantiveram sua independência, ou seja, eram cidades-estados...uma das explicações para isso seria o relevo montanhoso que dificultava um maior contato entre as cidades. Essas cidades só se uniam em tempos dos jogos olímpicos ou em épocas de guerra, como foi o caso da guerra contra o Império Persa, conhecida como Guerras Médicas.
A economia passou por transformações significativas, com o surgimento do comércio marítimo e o crescimento das atividades comerciais. O uso de moedas facilitou as transações comerciais e o surgimento de uma classe mercantil.
A SEGUNDA DIÁSPORA GREGA
Mesmo com essas reformas, a situação de boa parte da população era difícil pois não havia terra para todos ( a maior parte das terras já pertencia aos eupátridas). Essa falta de terras resultou na Segunda diáspora grega.

GRÉCIA: CIVILIZAÇÃO ESCRAVISTA
É bom salientar que a escravidão grega foi diferente do modelo de escravidão criado pelos árabes sobre os povos africanos, modelo que foi copiado pelos europeus dentro do processo de colonização das Américas. A base da mão de obra grega foi o escravo; a escravidão foi largamente empregada ao longo da história da civilização grega. Os escravos foram utilizados tanto nos campos quanto nas cidades. O intenso uso da mão de obra escrava teve consequências negativas para uma boa parte dos gregos, pois as chances de emprego ficaram bastante difíceis. O resultado foi a miséria e as constantes revoltas de desempregados.
Origem dos Escravos:
a - em sua maioria eram comprados nos mercados, sendo fruto de um grande comércio escravagista.
b - eram prisioneiros de povos vencidos em guerras (nesse caso eram minoria). A exceção era Esparta, onde os Hilotas eram escravos do Estado e tinham um contingente populacional maior do que o dos Espartiatas.
c- eram gregos escravizados por dívidas: essa situação só foi resolvida após muita revolta e luta: em Atenas, esse tipo de escravidão só acabou na época do legislador Sólon.

ATENAS E ESPARTA: Esse estudo sobre a Grécia antiga concentra-se nas duas principais cidades: Atenas e Esparta.
ATENAS:
Os mais antigos registros da história ateniense remontam à época da civilização Micênica, onde os atenienses teriam sido Atenas teria surgido a partir de ondas migratórias dos Jônios. já havia uma pequena comunidade dos . As narrativas populares acreditam que o nome da cidade foi uma homenagem à Atena, deusa da sabedoria, inteligência, do senso de justiça e das artes.
Os Eupátridas: donos do poder=
a evolução política de Atenas começa com a oligarquia dos Eupátridas: eram famílias privilegiadas, ricas e poderosas que controlavam o poder político, ou seja, só os seus membros ocupavam os cargos públicos. Com o tempo, surgiu uma monarquia a partir da própria oligarquia eupátrida...essa monarquia acabou sendo extinta após tentar se impor como uma tirania.

AS REFORMAS DE DRÁCON
Após a monarquia, os eupátridas chegaram a um acordo para a implantação de um governo de legisladores chamados de Arcontes. Entre os arcontes, destacou-se Drácon, o qual implantou um severo código de leis, onde diversos crimes eram punidos com a morte.
O motivo dessa dura legislação era pacificar Atenas, que sofria com as constantes revoltas de uma parte do povo que sofria com a enorme presença de escravos, os quais eram usados como principal mão de obra nos campos e nas cidades, resultando em desemprego e miséria de boa parte do povo ateniense.

AS REFORMAS DE SÓLON
As leis de Drácon foram consideradas muito rígidas, e, tempos depois, um legislador chamado Sólon, o qual ficou famoso por ter criado um amplo programa de reformas benéficas para a maioria dos atenienses:
- anistiou as dívidas dos camponeses
- proibiu a escravidão por dívida
- impôs limites à extensão das propriedades agrárias, diminuindo os poderes e arbitrariedades da nobreza
- estendeu o direito de votar nas assembleias para os atenienses que tivessem determinados níveis de renda.
- criou a Eclésia, a assembleia popular
- criou a Bulé, um conselho formado por 400 cidadãos encarregados de propor as leis que deveriam ser debatidas na Eclésia.

- criou um conselho de 400 membros destinado a preparar as leis para serem votadas
- criou o tribunal popular
- acabou com o monopólio dos eupátridas na alta magistratura.

Sólon foi um bom legislador e é considerado aquele que preparou o caminho para a implantação da democracia, embora a maioria dos atenienses ainda estivessem excluídos do direito de participar da Eclésia.

AS REFORMAS DE CLÍSTENES
Clístenes é considerado o criador da primeira democracia da história. Para isso, ele substituiu o critério de renda (criado por Sólon) pelo critério geográfico (seria cidadão ateniense aquele que tivesse nascido em qualquer um dos dez setores (que foram chamados de tribos). Teria que ser também filho de pai e mãe ateniense. Desta forma, estavam extintos os critérios de família rica e de faixas de renda. Além disso, todos os setores de Atenas estariam sendo representados na Assembleia. Essa medida tinha o objetivo de romper com o poder de influência dos eupátridas e promover uma maior igualdade entre os cidadãos.
É claro que era uma democracia bem diferente da atual: estavam excluídos os estrangeiros, as mulheres, os escravos e os atenienses que não comprovassem ser filhos de pai e mãe ateniense.
- Clístenes introduziu o princípio da isonomia, que garantia direitos políticos iguais a todos os cidadãos, independentemente de sua origem social.
- criou também o ostracismo, um mecanismo pelo qual os cidadãos podiam votar para exilar temporariamente um líder político considerado uma ameaça à democracia (por exemplo, um corrupto)
- ampliou o conselho da Bulé para 500 participantes.

A Democracia Ateniense era bem diferente da atual:
- era uma democracia direta, onde todos os cidadãos participavam e votavam, sendo assim, era bastante cansativa e demorada.
-os estrangeiros, as mulheres, os escravos e qualquer um que preenchesse outros requisitos não podiam participar da Eclésia.

Sociedade ateniense: foi definida como uma sociedade Estamental
Os Estamentos: nessa divisão social, a posição do indivíduo é praticamente definida pela sua origem social, ou seja, quem nasceu theta geralmente morreria sendo theta. A
mobilidade social (ou sejam melhorar de vida), era difícil, mas não era impossível.
A sociedade estava dividida da seguinte forma:
a) Eupátridas: pertenciam às famílias mais antigas e influentes, eram latifundiários e durante muito tempo dominaram os poderes político e econômico.
b) Georgóis: eram donos de médias e pequenas propriedades rurais
c) Thetas: Eram cidadãos de baixa renda, geralmente artesãos, comerciantes ou funcionários públicos.
d) Demiurgos: Eram em geral os grandes comerciantes e artesãos.
e) Metecos: Eram estrangeiros que residiam em Atenas. Estavam protegidos por leis; em geral, eram comerciantes, artesãos ou trabalhavam em serviços.
f) Escravos: não possuíam nenhum direito e eram considerados como um objeto. Dependendo do seu dono, o escravo poderia ser bem ou mal tratado, ser libertado ou não. Houve senhores bondosos que os libertavam, mas isso era exceção e não uma regra.
Os escravos eram considerados uma parte essencial da economia e da vida cotidiana, mas não tinham voz nem autonomia em questões legais, políticas ou sociais.

ESPARTA:

Esparta Esparta era governada pela Diarquia (dois reis: um era responsável pelo exército e o outro pela religião) e pela Gerúsia (conselho de anciãos que exercia funções legislativas e judiciais). 
Em termos de inclusão do povo nas questões políticas, Esparta limitava-se a uma Assembleia, chamada de Ápela, da qual participavam apenas os espartiatas. As decisões da Ápela eram limitadas, pois resumiam-se a analisar as propostas enviadas pela Gerúsia, aprovando-as ou não.
A sociedade espartana também era estamental e estava dividida da seguinte forma:
- No topo estavam os Espartiatas (cidadãos de plenos direitos)
- Em seguida havia os Periecos, habitantes livres, mas não-cidadãos, eram geralmente artesãos e comerciantes
-Na base estavam os Hilotas, que eram os escravos do Estado.

MILITARISMO E LACONISMO
Esparta destacou-se pelo militarismo e pelo laconismo. Esparta era uma cidade-quartel. Era uma cidade até certo ponto isolada, onde seu povo tinha um estilo de vida austero e sua ênfase residia na obediência e na lealdade ao Estado. O militarismo gerou no espartano o laconismo, que é a característica de quem é resumido em sua comunicação, quem usa poucas palavras para expressar as ideias, quem é bastante resumido e só fala o mínimo necessário. O que explica o laconismo é justamente o militarismo, pois o soldado é treinado para obedecer e jamais questionar as ordens.

AS GUERRAS MÉDICAS OU GRECO-PÉRSICAS:
Foi uma guerra que envolveu as cidades gregas contra a expansão do Império Persa.
- 1ª  Guerra Greco-Pérsica (492-490 a.C.):  os persas foram derrotados nas batalhas de Maratona, em 490 a.C., pelos gregos.
- 2ª Guerra Greco-Pérsica: novamente os persas são derrotados. Foi nessa segunda tentativa que ocorreu a heróica Batalha das Termópilas. Xerxes I, filho de Dario I, liderou uma invasão em grande escala à Grécia com um enorme exército persa. Os gregos uniram-se em uma aliança liderada por Esparta e Atenas para enfrentar os persas. Após a batalha de Plateia, os persas desistiram de tentar invadir as cidades gregas.

O FIM DA GUERRA E O IMPERIALISMO ATENIENSE
Após a guerra, Atenas viveu um período de grande esplendor, principalmente porque liderava um grupo de cidades através da Liga de Delos...essa liga tinha sido criada na época da guerra como objetivo de administrar os recursos para lutar contra os persas...Atenas cobrava impostos das cidades e com esses impostos construia navios de guerra, armamentos e tudo o que fosse preciso para a guerra...Entretanto, após o final do conflito, não havia mais sentido nessa Liga, mas Atenas não só a manteve como impedia que qualquer cidade participante se desligasse. Atenas se comportava como um Estado imperialista... Esparta enxergava essa influência e poder de Atenas como uma ameaça à sua própria autonomia.

A REAÇÃO ESPARTANA E A GUERRA DO PELOPONESO
Em resposta ao domínio de Atenas, Esparta criou a Liga do Peloponeso, uma aliança formada por diversas cidades sob o seu comando, com o objetivo de enfrentar a ameaça imperialista de Atenas. Essa rivalidade resultou na Guerra do Peloponeso, um conflito fratricida onde Esparta, apesar de ter vencido, saiu bastante enfraquecida. Esse enfraquecimento servirá aos interesses dos Macedônios, que invadirão toda a Grécia, pondo um final à história da Grécia antiga e iniciando a história do Império Macedônio.

O LEGADO GREGO PARA A HUMANIDADE:
Democracia, Teatro, Filosofia, Medicina, Arquitetura, Estética, Olimpíadas, Oratória, etc.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentário: