O que é Fascismo? muitos usam o termo sem saber o significado; atualmente, o termo passou a ser adotado de forma pejorativa e genérica a qualquer um que discorde de quem não é comunista. A maioria xinga o outro de fascista, mesmo sem saber o seu significado...o xingamento começou a ser usado por volta de 1921, a partir da Internacional Comunista, organização que agregava partidos comunistas ao redor do mundo. Essa indefinição é ideal para impulsionar seu uso indiscriminado, algo comum a outros termos políticos que muitos também não sabem o significado (ex: liberal, conservador, neoliberal, etc.).
Definição de Totalitarismo:
É o mais autoritário modelo político e o mais elevado grau de controle da sociedade, onde todos os segmentos são controlados pelo Estado: economia, cultura, educação, propaganda, arte, literatura, etc. Não há espaço para oposição e críticas ao Estado. Não há liberdades individuais a não ser a favor do Estado. Não há democracia. Qualquer tipo de oposição é punida com prisão, condenação e até execução. São exemplos de regimes totalitários: União Soviética, China, Cuba, Coreia do Norte, Alemanha Nazista, Itália Fascista, etc.
O
Primeiro governo totalitário da história foi o da ditadura de Lênin, na
Rússia, surgido após o golpe bolchevique de outubro/1917. Vamos nos
concentrar no totalitarismo do período logo após a Primeira Guerra, em
particular o Fascismo e o Nazismo.
Benito Mussolini era membro do Partido Socialista Italiano, sendo inclusive redator do jornal do partido, o Avanti...era admirado por Lênin. O historiador Paul Johnson destaca seis pontos comuns entre Lênin e Mussolini:
1) Ambos eram totalmente opostos à "democracia burguesa" e a qualquer reformismo;
2) Encaravam o partido como uma agência ferozmente disciplinada, hierárquica e centralizada para atingir os objetivos socialistas;
3) Queriam a liderança de revolucionários profissionais;
4) Não confiavam na capacidade de organização dos trabalhadores;
5) Achavam que a consciência revolucionária poderia ser levada às massas por uma elite organizada do partido;
6) Acreditavam na violência como árbitro final na luta de classes.
Itália: Surgimento do Fascismo
Surgiu e expandiu-se logo após a Primeira Guerra Mundial, favorecido por causas econômicas e políticas:
Causas Econômicas:
1 - Crise Econômica: A economia estava devastada pela guerra, com alta inflação, desemprego em massa e uma grande dívida pública.
2 - Descontentamento dos Trabalhadores: Havia grandes movimentos de trabalhadores exigindo melhores condições, salários e reformas sociais, muitas vezes levando a greves e conflitos violentos.
3 - Desindustrialização e Pobreza Rural: A agricultura sofreu com a perda de mão-de-obra e recursos. Era necessário tempo e recursos financeiros para que a economia voltasse à normalidade após a guerra.
Causas Políticas:
1 - Descrença na democracia e no liberalismo: Uma boa parte do povo queria soluções rápidas para a crise e passou a descrer da democracia e do liberalismo econômico, pois não viam sinais imediatos de melhoria.
2 - Decepção com o Tratado de Versalhes: o povo sentia-se traído pelo Tratado de Versalhes, pois o país não recebeu nenhuma recompensa pela sua participação na guerra.
3 - Medo do Comunismo: O temor de uma revolução e uma guerra civil causadas pelo comunismo assombrava os italianos...tanto as elites quanto a maioria do povo passariam a apoiar qualquer movimento que os defendesse dessas terríveis ameaças. média e as elites, que viram no fascismo uma barreira contra o comunismo.
4 -Nacionalismo e Revanchismo: O ressentimento pela "vitória mutilada" fomentou um forte sentimento nacionalista e desejo de revanche, que foi explorado pelos fascistas.
5 - Apoio da maioria do povo: O Fascismo passou a ser visto como a única alternativa para evitar que a Itália se transformasse numa ditadura marxista.
O fascismo, como ideologia, apresentava uma combinação de características antiliberais e marxistas:
1) Rejeição da Democracia Liberal: O fascismo é antiliberal e antidemocrata: a democracia liberal é tida como burocrática, lenta, ineficaz e corrupta; em seu lugar, era preciso um Estado autoritário, o qual impusesse a ordem, acabasse com as rebeliões, greves e protestos (os quais são algumas das principais armas dos marxistas) e fomentasse rapidamente o desenvolvimento. pusesse impor ordem e unidade.
2) Coletivismo Estatal: O liberalismo defende a primazia dos direitos e das liberdades individuais, enquanto o fascismo priorizava o coletivo, a Nação e o Estado. O indivíduo era visto como subordinado ao bem-estar do Estado e da Nação, o que se opunha à ênfase liberal nos direitos individuais.
3) Corporativismo: O fascismo implementava um sistema corporativista no qual o estado mediava as relações entre trabalhadores e empresários, em vez de deixar essas relações serem determinadas pelo mercado livre, como propõe o liberalismo. Esse sistema buscava eliminar os conflitos de classe através da cooperação estatal e da regulação.
4) Crítica ao Capitalismo: o fascismo compartilhava a crítica ao capitalismo liberal. Os fascistas acusavam o capitalismo de criar desigualdades sociais e econômicas que enfraqueciam a nação.
5) Mobilização das Massas: O fascismo procurava mobilizar as massas em apoio ao Estado. Utilizava propaganda, rituais públicos e organizações de massa para engajar a população e promover sua ideologia, semelhante à forma como os partidos comunistas mobilizavam o proletariado.
6) Controle Estatal da Economia: O fascismo implementava um controle significativo do Estado sobre a economia, através de políticas intervencionistas e planejamento econômico, o que se aproxima dos métodos de gestão econômica marxistas, embora com o objetivo de fortalecer o estado e a nação, em vez de abolir a propriedade privada. Na prática, o Fascismo não tomou as empresas privadas, mas passou a controlá-las através do planejamento centralizado da economia. Era esse planejamento que definia tudo o que seria produzido, construído, investido, financiado, etc.
Essa “oração” aqui resume praticamente todo o mantra comunista sobre o fascismo e mostra a fonte de todos os mitos que vocês vão ver a partir desta coluna. Então agora que a gente entendeu onde começou a confusão no estudo do fascismo, e por que tanta gente fala tanta besteira por aí, vamos para outra referência no assunto, o professor Stanley Payne no seu clássico A história do fascismo para gente entender melhor ainda essa falácia primordial do fascismo como agente do capitalismo. Na p. 168, no capítulo “Nacional Socialismo Alemão”, o professor Payne explica uns detalhes bem interessantes sobre a “ajuda” que Hitler teve dos burgueses capitalistas para chegar ao poder: “Tal como Mussolini durante 1921-22, Hitler trabalhou durante 1931-32 para estabelecer laços com setores influentes da sociedade, cooperando parte do tempo com a direita e tentando tranquilizar os empresários de que eles não tinham motivos para estar apreensivos com o 'socialismo' nazista. No entanto, apesar da massiva propaganda esquerdista de que Hitler era o agente pago do capitalismo, Hitler obteve apenas recursos financeiros limitados de grandes empresas. Embora houvesse um apoio considerável a Hitler entre os pequenos industriais, a maioria dos setores das grandes empresas iam consistentemente contra permitir que ele formasse um governo. O Partido Nazista foi principalmente financiado pelos seus próprios membros.” Parece que os burgueses capitalistas não estavam querendo que Hitler salvasse eles não, hein?
Agora na p. 190 o professor Payne concorda com o professor Griffin sobre essa bagunça marxista em forçar a ideia de que o fascismo era o agente do capitalismo, olha com ele não deixa dúvidas aqui: “Muito foi feito por comentaristas marxistas, durante a década de 1930 e por quase meio século depois, sobre a alegada dominação capitalista da economia alemã sob o nacional-socialismo, quando a verdade da questão era mais praticamente o OPOSTO. É importante distinguir entre benefícios contingentes que os capitalistas desfrutaram por causa do domínio nazista e da verdadeira identidade de interesses entre a indústria e o regime nazista.”
Primeiramente foram os comunistas, que há muito tempo lutavam para tomar o poder, que conquistavam boa parte dos trabalhadores. No sentido contrário surgiram na Itália o Partido Fascista e na Alemanha o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nazismo), os quais também tinham um discurso antiliberal e antidemocrático. Naquela época, a democracia estava em perigo e em descrédito. Temendo as consequências de um regime comunista, muita gente na Alemanha e na Itália preferiu um totalitarismo que na sua avaliação seria menos ruim, mesmo sendo tão desumano e cruel quanto o soviético.
1 - Fascismo italiano: causas da expansão e chegada ao poder:
a) O país não recebeu nenhum território após o fim da guerra; os enormes gastos do conflito se refletiam na crise econômica, gerando desemprego e miséria;
2) O temor do comunismo: a maioria dos italianos temia que ocorresse na Itália algo semelhante ao que aconteceu na Rússia com a implantação do comunismo: expropriação, ditadura, guerra civil, milhões de mortos, perseguição aos opositores, campos de concentração, tortura, eliminação, etc.
3) As divergências internas dos socialistas italianos sobre a participação na Primeira Guerra Mundial: os marxistas italianos eram, de maneira geral, contra a entrada do país na guerra; sendo assim, foram acusados de covardes, traidores, antipatriotas e colaboradores dos inimigos da Itália. Por ter defendido a entrada da Itália na guerra, Benito Mussolini, que fazia parte da liderança socialista, foi expulso do partido.
4) Mussolini e outro intelectuais criaram o Partido Fascista Italiano, o qual tinha um discurso voltado para a união de todos os italianos...o símbolo do partido era o antigo feixe de varas do senado romano, o qual também é um dos símbolos da república...a ideia de união ia no sentido contrário ao dos comunistas, que pregavam a divisão através da luta de classes...Mussolini percebeu que poderia ganhar a simpatia do povo ao defender o ideal da união de todos em prol de uma Itália grande, onde o Estado se tornaria o árbitro das disputas entre os segmentos sociais.
Além disso, havia a questão religiosa: Não fazia sentido pregar o ateísmo marxista no país que é o centro do cristianismo... Para conquistar a simpatia dos anticomunistas e acalmar milhões de cristãos, Mussolini, mesmo sendo um ateu, sabia que era necessário agradar ao povo... se dizia anticomunista, afirmando que não tomaria a propriedade de ninguém e nem exterminaria com a religião no país que é o centro do cristianismo.
Para conquistar os simpatizantes do comunismo, Mussolini se dizia anticapitalista, antiliberal, defendendo a forte presença do Estado em todos os setores da vida dos italianos.
De maneira geral, os italianos perceberam que estavam em uma situação difícil pois a democracia estava com os dias contados e teriam que escolher entre duas opções totalitárias.
5) Mussolini no poder: após se tornar primeiro-ministro da Itália em 1922, por indicação do rei Vitório Emanuel, Mussolini ainda governou de maneira democrática até 1925, quando dissolveu o Parlamento e iniciou seu período ditatorial. Os de mais partidos foram extintos, a imprensa foi censurada e quem o critica foi preso ou eliminado.
A ECONOMIA FASCISTA: o modelo econômico fascista nunca foi liberal: era intervencionista e corporativista, em contraste com os princípios do liberalismo econômico. O Estado desempenhava um papel central na economia, controlando e direcionando os setores-chave. Para fortalecer o poder do Estado, foram criadas várias empresas estatais e o Estado assumiu o controle de setores estratégicos da economia, como transporte, energia, comunicações e indústria pesada. Um dos exemplos foi a fundação do Instituto para a Reconstrução Industrial (IRI) em 1933, com o objetivo de promover a industrialização e a modernização da economia. O IRI assumiu o controle de várias empresas privadas em dificuldades financeiras e se tornou um dos principais grupos econômicos do país, abrangendo setores como siderurgia, química, transporte e telecomunicações.
- A Indústria bélica: Sendo o militarismo uma das características do fascismo, Mussolini implantou uma política de rearmamento e modernização das forças armadas, direcionando vastos recursos para produzir armamentos, equipamentos militares e infraestrutura militar. A construção de navios de guerra, aviões, tanques e outras armas se tornou uma prioridade do Estado italiano. O país deveria estar devidamente armado caso houvesse um novo conflito. Os investimentos na indústria bélica geraram bastante emprego inclusive em outros setores tais como o da metalurgia, indústria química, etc., impulsionando a economia e criando muitos empregos. O fascismo também obrigou todos os homens ao alistamento militar. É importante frisar que o investimento na indústria bélica tinha também ambições imperialistas, onde Mussolini planejava restaurar o antigo Império Romano e garantir a influência italiana em regiões como o Mediterrâneo e o norte da África, o que exigia um aparato militar poderoso.
2 - Nazismo: causas da expansão e chegada ao poder
1) O Nazismo cresceu na Alemanha em meio à forte crise econômica resultante das imposições humilhantes do Tratado de Versalhes: desemprego, miséria, inflação astronômica, diversas restrições, etc.
2) No campo político, aumentava o temor da chegada dos comunistas ao poder, pois o regime democrático mostrava-se incapaz de impedir o avanço comunista. Era uma questão de tempo. Foi nesse contexto que surgiu o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, o qual tinha um discurso anticapitalista, antidemocrático e ao mesmo tempo anticomunista;
3) O Nazismo tinha também uma pauta racista: a falsa ideia de raça superior germânica que deveria expandir-se através de outro ideal, o Lebensraum (espaço vital)...o ideal era conquistar muita terra para que os germânicos pudessem ter acesso a todos os recurso necessários...essas terras ficavam no leste europeu, principalmente na Ucrânia e Rússia.
4) Os nazistas acrescentaram também o ódio aos judeus, os quais eram acusados de serem os culpados pela derrota alemã na I guerra...o Exército alemão não havia sido derrotado militarmente, mas tinha sido traído especialmente por judeus, socialistas, marxistas e outros grupos considerados inimigos do Estado. Para os nazistas, os judeus e outros elementos "indesejáveis" da sociedade alemã conspiraram para minar o esforço de guerra alemão e enfraqueceram moralmente o país, favorecendo o espírito de covardia. Essa teoria antissemita e revisionista tinha como objetivo justificar o ódio contra os judeus, criando um bode expiatório para os problemas enfrentados pela Alemanha no período pós-guerra. Era preciso culpar alguém e a culpa caiu sobre os judeus...muitos judeus eram donos de indústrias, empresas comerciais e bancos...com a implementação das políticas antissemitas, eles foram os judeus foram alvo de discriminação, perseguição e restrições cada vez mais severas. Suas propriedades e negócios foram confiscados e expropriados, e muitos empresários judeus foram forçados a abandonar suas empresas e deixar o país. Essa visão distorcida e falsa desempenhou um papel significativo na propagação do antissemitismo na sociedade alemã durante o regime nazista, culminando posteriormente no genocídio e na perseguição sistemática dos judeus durante o Holocausto.
5) O discurso Nazista agradou boa parte do eleitorado alemão...assim como foi no fascismo, o nazismo usou a democracia, mesmo sendo antidemocrático: Hitler foi eleito deputado em 1933; os nazistas só conseguiram ter maioria no Parlamento aliando-se a outros partidos...sendo assim, em 1933, Hitler foi indicado como chanceler (primeiro ministro) pelo presidente Paul Von Hindenburg. Ao assumir o poder, Hitler põe em marcha seus planos autoritários e passa a restringir toda a oposição através de manobras políticas que tiveram o apoio de alguns partidos. Em março de 1933, a aprovação da Lei de Concessão de Plenos Poderes deu a Hitler amplos poderes legislativos e o permitiu governar por decretos, contornando o parlamento. Logo em seguida, Hitler implanta a ditadura, fecha o parlamento, extingue os demais partidos políticos e proclama a chegada do III Reich.
A ECONOMIA NAZISTA: o nazismo era antiliberal, ou seja, era contra o livre mercado; A economia passou a ser dirigida pelo Estado, o qual controlava e administrava a produção, distribuição e consumo, implementando políticas de planejamento central, nacionalização de empresas, controle de preços e restrições comerciais. De maneira geral, as ações nazistas para reerguer a economia foram as seguintes:
a) Rearmamento e expansão militar: pesados investimentos na indústria bélica, aumentando a produção de armamentos e expandindo as forças armadas. Isso impulsionou o setor industrial e gerou empregos.
b) Autossuficiência: o objetivo era reduzir a dependência do comércio internacional através da autossuficiência, sendo assim, criou-se políticas protecionistas que estimulavam a produção interna, especialmente em setores estratégicos como agricultura e recursos naturais.
c) Programas de trabalho e infraestrutura: implementou-se um amplo programa de obras públicas para gerar muito emprego e renda (estradas, pontes, moradias, etc.). Essas obras não apenas forneceram empregos para a população, mas também melhoraram a infraestrutura do país.
d) Intervencionismo: O Estado assumiu um papel central na economia, intervindo na gestão de empresas, regulando os preços e controlando as relações trabalhistas. Foram estabelecidos cartéis e sindicatos controlados pelo Estado, visando consolidar o poder econômico e político.
e) Expansão territorial: A anexação de territórios visava acessar os recursos naturais necessários para o crescimento da Alemanha.
f) No campo trabalhista, o Nazismo criou a sua versão do corporativismo fascista: a Frente Alemã do Trabalho, que era uma organização sindical controlada pelo Estado. Essa organização buscava unificar os trabalhadores e os empregadores em uma estrutura hierárquica, na qual o Estado tinha autoridade para regular e determinar as condições de trabalho, salários e direitos trabalhistas.
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