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sábado, 24 de março de 2012

MODOS DE PRODUÇÃO

MODOS DE PRODUÇÃO

É a maneira pela qual uma sociedade organiza-se para produzir o que for necessário à sua sobrevivência. Ao longo da história houve seis modos de produção:

1-MODO DE PRODUÇÃO PRIMITIVO OU COMUNAL:
Foi característico dos primeiros grupos humanos que viveram na terra, embora ainda exista em comunidades isoladas (ex: algumas tribos indígenas isoladas na Amazônia, na África, etc.). Nesse modo de produção, a comunidade trabalha unida (todos trabalham em prol de todos); os meios de produção (ex: ferramentas, utensílios ou armas) e os frutos do trabalho são repartidos entre todos. Não há ninguém com mais posses do que outro. Não existe a ideia da propriedade privada, não há desigualdade social,  não há exploradores nem explorados. As relações de produção são de amizade e ajuda entre todos; não existe a figura do Estado: este só surgiu quando a sociedade cresceu e as atividades diversificaram-se, dando início à civilização, sendo inevitável o surgimento do Estado, o qual, através de seus governantes, passou a comandar os trabalhos coletivos, administrar o povo, cobrar impostos, etc. O modo de produção comunal foi o único modelo de comunismo implantado pela humanidade.
2-MODO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO OU SOCIEDADES HIDRÁULICAS (OU DO REGADIO):
Existiu no Egito, China, Oriente Próximo e Índia: Foi marcado pelo surgimento do Estado, o principal meio de  organização e dominação, através dos imperadores, reis e faraós. Esse tipo de poder, também denominado despotismo oriental, caracterizou-se pela formação de grandes comunidades agrícolas e pela apropriação dos excedentes de produção (o Estado apropriava-se da maior parte da produção agrícola) A agricultura era a base da economia, sendo praticada por comunidades de camponeses presos a terra, a qual não podiam abandonar, vivendo submetidos a um regime de servidão coletiva. As terras  pertenciam ao Estado, cujo tipo de governo era geralmente uma teocracia (governo baseado na ideologia religiosa). O uso da teocracia pelos governantes facilitava o controle da sociedade, em sua maioria analfabeta e ignara (através da ameaça e da força sairia bem mais caro). Para a população, cujo conhecimento limitava-se ao senso comum, apenas os escribas, sacerdotes e governantes sabiam interpretar e revelar a vontade dos deuses.
O excedente apropriado pelo Estado era em parte comercializado e em parte distribuído entre a própria nobreza,  formada por sacerdotes, escribas e guerreiros. Nos períodos entre as safras, os trabalhadores (servos e escravos) eram deslocados para a construção de obras públicas, (canais de irrigação, diques, templos, túmulos, monumentos, etc.). A  servidão coletiva era o modo de pagamento para o rei ou faraó pelo uso das terras. Esse modo de produção chegará ao fim devido às revoltas do povo contra a exploração promovida pela elite dirigente, provocando enfraquecimento geral dos Estados, os quais acabaram sucumbindo às invasões de outros povos (ex: o Egito acabou sendo dominado pelos macedônios).
3-MODO DE PRODUÇÃO ESCRAVISTA:
Civilizações como a persa, egípcia, grega e a romana utilizaram o trabalho de escravos, conquistados principalmente através de guerras, embora tenha havia, em menor número, a escravização por dívidas, ou mesmo quando homens empobrecidos se vendiam como escravos como forma de sobrevivência. No Egito, por exemplo, os escravos eram em geral prisioneiros de guerra, os quais não eram a principal força de trabalho. Comparados aos outros povos antigos, os egípcios eram mais tolerantes com seus escravos.
A Grécia e principalmente Roma, utilizaram o trabalho escravo em larga escala, tanto no campo como nas cidades e até como gladiadores. Gregos e romanos foram talvez os que mais se assemelharam aos ocidentais através do comércio e da desumanização do ser humano. Contudo, estas civilizações não teriam tido êxito em sua ascendência se não fosse o trabalho escravo, ou seja, a grandeza delas esta diretamente ligada ao trabalho de homens, mulheres e crianças desumanizados e dominados. Atenção: não confunda este tipo de escravidão com a escravidão negra ocorrida nas Américas. A escravidão negra estava inserida no modo de produção inicial do capitalismo, chamado de mercantilismo.
Até nos dias atuais ainda há problemas relacionados ao trabalho escravo; aqui no Brasil, ocorrem principalmente em longínquas fazendas do interior do país.
4-MODO DE PRODUÇÃO FEUDAL:
No feudalismo, o poder político é descentralizado (cada feudo era como se fosse um pequeno país, com suas próprias leis, sistema de pesos e medidas, impostos e em alguns casos até moeda em alguns casos); A economia dos feudos era praticamente autônoma ou autárquica, ou seja, produziam tudo o que era necessário para sobreviver (alimentos, roupas, móveis, etc.); isso se explica devido ao clima de insegurança total nas estradas, já que a época era caracterizada pela invasão dos povos bárbaros e pelo clima geral de violência, pois o poder do senhor feudal residia na sua capacidade de possuir mais terras e isso só era possível através de seu poderio militar e sua belicosidade. Nem todos os feudos eram inimigos, já que havia aliança entre alguns feudos contra a aliança de outros.
Sociedade: A sociedade feudal era composta por três estamentos (nobreza, clero e servos); no senso comum da época, a nobreza existia para guerrear e defender o feudo, o clero tinha função ideológica: eram vistos como os donos das verdades divinas, as quais recebiam e entregavam à sociedade; além disso, o clero justificava a sociedade estamental  como se fosse a vontade divina, além de ser o único estamento que sabia ler e escrever; com sua forte influência ideológica, mantinham os servos alienados, evitando assim a revolta. Para os servos, restava a função de trabalhar duro e sustentar os demais estamentos. Os servos não eram escravos, pois não podiam ser vendidos, mas não eram livres,  não podiam abandonar o feudo. Estavam presos à terra, sofriam intensa exploração, eram obrigados a prestarem serviços à nobreza e a pagar-lhes diversos tributos em troca da permissão de uso da terra e de proteção militar.
5-MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA:
Capitalismo é o sistema socioeconômico em que os meios de produção (terras, fábricas, máquinas, edifícios, etc.) e o capital são de propriedade privada, pertencentes  à classe burguesa (empresariado). É o modo de produção mais usado pela humanidade. A classe dos não proprietários, chamada de operariado ou proletariado, possui apenas a sua força de trabalho, a qual é usada em troca do salário pago pela burguesia.
CARACTERÍSTICAS: boas e ruins, pois não há modo de produção perfeito.
As características positivas em geral são:
- Iniciativa privada ou empreendedorismo: é muito mais ágil do que a iniciativa estatal, pois se baseia no princípio de que cada necessidade é uma oportunidade de se fazer negócio. Muitas pessoas vivem procurando novas oportunidades de produtos ou serviços, onde através das mesmas podem vir a prosperar.
- Concorrência: estimula a inovação e o aperfeiçoamento constante dos produtos e serviços; quem produz uma mercadoria ou oferece um serviço, a princípio, pode não querer inovar, mas, basta que um concorrente inove ou aperfeiçoe, para que os demais sejam obrigados à mesma ação, caso contrário, correm o risco de perderem clientes e irem à falência.
- Realização dos sonhos de consumo: muitos visualizam realizar seus sonhos de consumo através de seu empreendedorismo, desde que obtenha o sucesso almejado.
- Geração de emprego e renda: o empreendedorismo é um dos maiores geradores de emprego e renda;
-Produtividade: a expectativa de lucro estimula a produção; no capitalismo a produção eficiente é uma das principais metas do empreendedor: produzir mais rápido, com menos perdas e com mais eficiência.
- Dinamismo: a forte concorrência leva as empresas e as pessoas a serem cada vez mais dinâmicos, exigindo mais empenho, estudo, atualização, etc.
As características negativas em geral são:
-Desigualdade social: ricos (classe A), classe média (classe B) e pobres (classes C e D). Além disso, a desigualdade pode provocar o preconceito social.
-Concorrência: para vencer os concorrentes, é preciso ter preço competitivo e para isso, o patrão lança mão de diversas medidas tais como automatizar, informatizar, demitir, terceirizar, etc.
-Exploração do trabalhador: o trabalhador não recebe o devido valor pelo que produz; a maior parte de sua produção é embolsada pelo patrão; é a chamada mais-valia. Isso também pode ser visto como algo natural no modelo capitalista, pois quem chega a se tornar patrão (mesmo que tenha sido um ex-operário), dificilmente irá querer repartir o lucro de maneira igual entre si e seus empregados.
-Criar falsas necessidades de consumo: é preciso alienar o povo para que troque rapidamente de mercadoria, para que sinta a falsa necessidade de estar na moda ou ter o mais moderno celular, ou o carro do ano, etc. Essa alienação se dá através da propaganda em geral e da mídia (tv, internet, filmes, novelas, etc.). Dessa maneira, muita gente compra não porque precisa, mas apenas para exibir (compra o que não precisa, com um dinheiro que não tem para exibir-se a pessoas de quem não gosta)
- Ciclos de crise: essas crises são naturais no capitalismo e geralmente seguem os seguintes passos: as pessoas compram, tomam empréstimos, endividam-se, ficam sem poder pagar, deixam de comprar, os estoques aumentam, as vendas caem, as empresas demitem, as dívidas aumentam, muita gente perde o emprego, empresas quebram, etc. Após algum tempo, o ciclo de prosperidade reinicia, através da ação do Estado para reaquecer a economia. Como se dá essa ação: em geral são empréstimos às empresas em dificuldade, redução de juros, refinanciamento ou perdão de dívidas, etc. Moral da história: em tempos de prosperidade, os lucros são privatizados pelos patrões, mas em tempos de crise, os prejuízos são socializados, pois quem socorre as empresas em crise é o dinheiro público (o qual veio dos impostos) através do Estado.
-Oligopólios: são poucas empresas que dominam determinado segmento do mercado; elas acabam cartelizando os preços de seus produtos.
-Carteis: ocorre quando várias empresas que atuam no mesmo setor fazem acordos de preços sobre determinado produto ou serviço. Dessa maneira, o consumidor sai em desvantagem, pois isso elimina a concorrência real, pois os preços são combinados.
-Trustes: são empresas que abrem mão de sua independência legal e se unem para constituir uma única organização.
exemplo: empresas que trabalham com o mesmo ramo de produtos tais como empresas de alimentos, bebidas, automóveis, etc.
-Holdings: é o estágio mais avançado do capitalismo;  é uma empresa criada para administrar um grupo de empresas (conglomerado). A holding administra e possui a maioria das ações ou quotas das empresas componentes de um determinado grupo. Essa forma de sociedade é muito utilizada por médias e grandes empresas e normalmente visa melhorar a estrutura de capital, ou é usada como parte de uma parceria com outras empresas.
-Dumping: é uma prática comercial que consiste em uma ou mais empresas de um país venderem seus produtos, mercadorias ou serviços por preços bem abaixo de seu valor para outro país, por um tempo, visando prejudicar e eliminar os fabricantes de produtos similares concorrentes no local, passando então a dominar o mercado e impondo preços altos. É um termo usado em comércio internacional e é reprimido pelos governos nacionais, quando comprovado.
6-MODO DE PRODUÇÃO SOCIALISTA: 
A base econômica do socialismo é a propriedade social dos meios de produção, isto é, os meios de produção são públicos ou coletivos, não existindo empresas privadas; isso significa que toda a iniciativa é do Estado, ou seja, você não poderá mais ter seu próprio negócio (mesmo que fosse um simples ambulante)e se o tivesse, o perderia, pois passaria a ser do Estado. A finalidade da sociedade socialista é a satisfação das necessidades de toda a população: emprego, habitação, educação, saúde.
LADO POSITIVO:
- Meios de produção socializados: no socialismo toda estrutura produtiva, como empresas, indústrias, terras, dentre outros, pertencem ao Estado, sendo por ele gerenciados. Todo o resultado da produção gerado pelos processos produtivos são divididos entre seus funcionários.
• Inexistência de sociedade dividida em classes: como os meios de produção pertencem à sociedade, há geralmente, apenas uma classe: a dos proletários, mesmo havendo médicos, engenheiros, etc. Todos trabalham em conjunto e com o mesmo propósito.
-Não há concorrência entre empresas
-Não há do empregado em perder o emprego
-Não há falência das empresas.
LADO NEGATIVO:
-Baixa produtividade: como não há mais demissão nem concorrência nem falência, a produção é inferior a do capitalismo; mesmo que haja incentivos para os que produzissem mais.
-Não há dinamismo: como não há mais lucro, não há mais estímulo à inovação, aperfeiçoamento, etc. Os produtos são os mesmos durante vários anos, tornando-se obsoletos em relação aos do capitalismo. Um exemplo disso eram os eletrodomésticos e automóveis da União Soviética em comparação com os do Ocidente capitalista.
-Não há iniciativa privada: frustra a expectativa de ter seu próprio negócio, mesmo que seja simples; inibe e desestimula o empreendedorismo, os quais são vistos como coisas do capitalismo e da burguesia.
-Desabastecimento: como a produção é pouca, o abastecimento é precário. Nos supermercados do mundo socialista, longas filas se formavam para esperar a chegada dos poucos produtos, os quais eram vendidos através do racionamento.
-Ditaduras: O socialismo, em todos os países onde foi implantado, só o foi através de ditaduras, ou seja,  jamais houve socialismo democrático. O tipo de governo geralmente é uma ditadura monopartidária, onde só pode existir o partido oficial, o comunista. Sob a justificativa de preservar e defender alguns direitos sociais (casa, comida, educação e saúde) essas ditaduras acabaram com quase todos os direitos civis, políticos e humanos, ou seja, o ser humano passou a ser tratado como se fosse gado e o Estado exigia do povo este comportamento (basta ao povo o pasto e o curral). A imprensa era censurada (só era permitida a oficial), não havia liberdade para protestar ou criticar as ações do governo, nem liberdade para viajar ao exterior, nem liberdade de crença (as religiões foram proibidas), nem liberdade de associação, nem partidária, nem de ter seu próprio negócio, etc. 
-Elite parasitária e burocrática: O partido comunista criou uma enorme elite partidária parasitária, a qual passou a comandar todas as empresas (indústrias, comércio, serviços, etc). Essa elite passou a viver de maneira diferenciada da maioria dos trabalhadores, ou seja, tinham privilégios (ex: casa de campo, carro de luxo, etc.), além de serem despreparadas para gerenciar empresas e prestar serviços eficientes visando o bem da população em geral. 
O socialismo acabou sendo usado pelos líderes para perpetuarem-se no poder, através das seguintes estratégias:
1° - Retirar do povo todo o direito às propriedades (terras, imóveis, negócios), para que não tenham nenhum poder econômico e dependam totalmente da elite partidária (Estado) para viverem.
2° - Impedir com que o povo saia do País, fechando as fronteiras.
3° - Vigiar de perto a população através da polícia política e das denúncias, estimulando o povo a denunciar quem critica o governo. Através dessas estratégias, (espionando e vigiando) o Estado socialista dificultava a organização e articulação da sociedade no sentido de promover mudanças.
4º Desarmar a população: Eliminar toda a possibilidade da posse de armas pela população, através de confiscos e punições severas. As armas são liberadas apenas para a elite partidária.
5° - Censura e controle total da imprensa e mídias, eliminando qualquer informação que alerte ao povo sobre os crimes praticados pela elite partidária bem como sobre suas mordomias.
Foi o conjunto desses fatores negativos que provocaram o colapso dos países socialistas, aliado ao fato de que a maioria deles investiu a maior parte de seus recursos em armamentos e exércitos, durante a Guerra Fria, prejudicando o pleno atendimento da população. OBS: é importante frisar que as ditaduras também existiram em países capitalistas (ex: Argentina, Brasil, Alemanha, Portugal, Espanha, etc.)., ou seja, socialismo e capitalismo tem seus pontos positivos e negativos, mas o problema maior é a Ditadura.

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