quinta-feira, 1 de março de 2012

CULTURA

A CULTURA

SIGNIFICADOS: Cultura é uma palavra que possui sentidos diferentes, estando relacionada tanto com a agricultura quanto com o conhecimento humano. No nosso caso, vamos estudar as questões a respeito do conjunto de conhecimentos e de produção cultural do ser humano.
A cultura corresponde ao modo de vida de um povo ou nação, constituindo e expressando o seu modo de sentir, pensar e agir.  Esta concepção parte do princípio de que todos os povos ou grupos étnicos possuem cultura e de que nenhuma cultura é superior a outra, colocando em foco as questões da diversidade cultural e da igualdade de direitos para as diferentes culturas.
No senso comum, a cultura adquire diversos significados: seria um grande conhecimento de determinado assunto, arte, música erudita, ciência, "fulano de tal tem cultura", etc. Outras interpretações errôneas a respeito de cultura são: afirmar que certas sociedades possuem cultura, enquanto outras não, ou ainda de que há culturas inferiores e inferiores. Nessa visão equivocada, cultura seria o resultado de um conjunto formado por nascimento, posição social, riqueza, educação, acumulação de saberes, organização do Estado, incentivo à ciência, etc. Dessa maneira, a cultura se traduziria em ideias, comportamentos e organização; seria, portanto também uma questão de privilégios e política de Estado.
Para as ciências sociais, cultura é tudo aquilo que resulta da criação humana. São ideias, artefatos, costumes, leis, crenças morais, conhecimento adquirido e retransmitido a partir do convívio social. Só o homem possui cultura. Seja a sociedade simples ou complexa, todas possuem sua forma de expressar, pensar, agir e sentir, portanto, todas têm sua própria cultura, o seu modo de vida. Não existe cultura superior ou inferior, melhor ou pior, mas sim culturas diferentes.
O conceito de cultura como modo de vida - o modo de sentir, pensar e agir de uma sociedade ou comunidade - aplica-se a todas as práticas, materiais e simbólicas, do grupo ou sociedade em questão: os modos de fazer, as práticas corporais, as crenças, os saberes, os gostos, os hábitos e estilos, as artes, a concepção de mundo, etc.  os conceitos de natureza, de sociedade e de humanidade,  as noções de sagrado, de proibido, de obrigatório, as relações econômicas, políticas e familiares, as religiões, as profissões.
Cultura e  identidade coletiva: Nesta acepção, como modo de vida, ou modo de sentir, pensar e agir de uma sociedade diante das situações e desafios da existência e das possibilidades de superá-los, a cultura também pode ser pensada como identidade nacional, o que permitiria falar em cultura brasileira, cultura japonesa, etc, e também em termos de identidade regional (cultura sulista, cultura nordestina etc.). A noção de cultura como identidade nacional ou como identidade regional traz consigo o conceito de diversidade cultural, que nos permite perceber que as culturas nacionais não são um conjunto monolítico e único. Assim sendo, é fundamental o respeito, a valorização e o convívio harmonioso das diferentes identidades culturais existentes dentro dos territórios nacionais, o que nos coloca diante da noção de direitos culturais.
As funções da cultura são: satisfazer as necessidades humanas; limitar normativamente essas necessidades; implica em alguma forma de violação da condição natural do homem (exemplo: paletó e gravata são incompatíveis com clima quente; privar-se de boa alimentação em prol da ostentação de um símbolo de prestígio, como um automóvel; pressão social para que tanto homens quanto mulheres atinjam o ideal de beleza física, etc.)

NATUREZA E CULTURA: Vinda do verbo latino colere (cultivar), criar, tomar conta, etc), cultura significava  o cuidado do homem com a natureza, mas também significava o cuidado do homem com os deuses, donde culto. Significava ainda o cuidado com a alma e o corpo das crianças, com sua educação e formação, donde puericultura (do latim puer “menino”; “puera”menina). A cultura era o cultivo ou a educação do espírito das crianças para se tornarem membros excelentes ou virtuosos da sociedade pelo aperfeiçoamento e refinamento das qualidades (caráter, temperamento, etc.). Com esse sentido ela correspondia ao que os gregos chamavam de paideia, a formação ou educação do corpo e do espirito dos membros da sociedade.
Nesse primeiro sentido, cultura era o aprimoramento da natureza humana pela educação em sentido amplo, isto é, como formação das crianças não só pela alfabetização, mas também pela iniciação à vida na coletividade por meio do aprendizado da dança e da ginástica (preparando-o para as atividades da guerra), e de exercícios mentais, com o aprendizado de gramática, poesia, oratória, história, ciências e filosofia (para a formação do espírito, preparando-o para as atividades políticas). Culta era a pessoa fisicamente bem preparada, moralmente virtuosa, politicamente consciente e participante, intelectualmente desenvolvida pelo conhecimento das ciências, artes, filosofia, etc.
Dessa maneira, cultura e natureza humana não se opõem, pois nós humanos somos seres tanto racionais como naturais: nossa natureza não pode ser deixada por conta própria, porque tenderá a ser agressiva, destrutiva, ignorante. Precisamos, por isso, ser educados, formados, cultivados de acordo com os ideais da sociedade. A cultura é a segunda natureza que a educação e os costumes acrescentam à natureza de cada um, uma natureza adquirida, que aperfeiçoa e desenvolve a natureza inata de cada um.
A partir do sec. XVIII, cultura passa a significar os resultados e as consequências da formação ou educação dos seres humanos, resultados expressos em obras, feitos, ações e instituições. A cultura são as técnicas e os ofícios, as artes, a religião, as ciências, a filosofia, a vida moral e a vida política ou o Estado. Torna-se sinônimo de civilização porque os pensadores julgavam que os resultados da formação-educação se manifestavam com maior clareza e nitidez nas formas de organização da vida política e social ou na vida civil.
Com o surgimento desse segundo sentido, inicia-se a separação e posteriormente a oposição entre natureza e cultura. Os pensadores passam a considerar que há entre o homem e a natureza uma diferença essencial: esta opera por causalidade necessária ou de acordo com leis necessárias de causa e efeito; o homem é dotado de vontade livre e razão, agindo por escolha, de acordo com valores e fins estabelecidos por ele próprio. Por conseguinte, a natureza é o campo da necessidade causal, ou de séries ordenadas de causas e efeitos que operam por si mesmos, sem depender da vontade de algum agente; a cultura é o campo da ação humana, onde age escolhendo seus atos, dando a eles sentido, finalidade e valor porque instituem as distinções entre bom e mau, verdadeiro e falso, útil ou nocivo, justo e injusto, belo e feio, sagrado e profano, etc.
À medida que este segundo sentido foi prevalecendo, além de civilização, cultura passou a significar também a relação que os seres humanos estabelecem com o tempo, o espaço, com outros seres humanos e com a natureza, relações que se transformam no tempo e variam conforme as condições do meio ambiente. Desta maneira, a cultura torna-se sinônimo de história.
A distinção entre natureza e cultura passa a levar em conta a maneira como o tempo se realiza: na natureza, o tempo é o da repetição (o dia sempre sucede a noite, as estações do ano se sucedem da mesma maneira, os animais se comportam da mesma maneira, etc.); na cultura, o tempo é o da transformação (mudanças nos costumes, leis, tradições, emoções, pensamentos, técnicas, vestuário, alimentação, linguagem, política, etc.).

IDEIAS ERRADAS SOBRE CULTURA:
a – Cultura no Sentido de ter, possuir:
“Fulano é muito culto, pois fala vários idiomas...”
“É claro que Sicrano não pode ser governador, pois ele não tem curso superior”


 b – Cultura no sentido de qualidade de uma coletividade:

“Os britânicos e alemães tem uma cultura superior à nossa”
“Não creio que a cultura francesa ou alemã sejam superiores à brasileira. Você acha que há alguma coisa superior à nossa mpb?”

 c –
Dois tipos de cultura:
O palestrante criticou a cultura de massa e elogiou a cultura da elite”.

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