sexta-feira, 12 de abril de 2024

LUIZ GAMA

Luiz Gama: o maior abolicionista do Brasil


Luís Gonzaga Pinto da Gama (1830-1882) , mais conhecido como Luiz Gama, é considerado o patrono da abolição no Brasil.. É o patrono da cadeira n.º 15 da Academia Paulista de Letras.

Luiz Gonzaga Pinto da Gama nasceu livre em Salvador, Bahia, no dia 21 de junho de 1830. Filho de um português  (cujo nome jamais citou) e da escrava livre Luiza Mahin que, segundo ele, participou da revolta do Malês em 1835 e da Sabinada em 1837 e, como consequência teve que fugir para o Rio de Janeiro, deixando o filho aos cuidados do pai.

Em 1840, com 10 anos, foi levado por seu pai para o Rio de Janeiro e vendido ao negociante e alferes Antônio Pereira Cardoso para pagar uma dívida de jogo. De lá, ele foi levado para uma fazenda em Limeira, São Paulo...
sendo assim, foi o único abolicionista que passou pela experiência da escravidão. Com 17 anos, Luiz Gama conheceu o estudante Antônio Rodrigues do Prado, hóspede da fazenda de seu pai, que lhe ensinou a ler e escrever.
Em 1848, com 18 anos, sabendo que sua situação era ilegal, uma vez que sua mãe era livre, Luiz fugiu para a cidade de São Paulo e conquistou a alforria na justiça. Nesse mesmo ano, alistou-se na Força Pública da Província.
Em 1850, casou-se com Claudina Gama, com quem teve um filho. Ainda em 1850, tentou ingressar no curso de Direito do Largo de São Francisco, mas a faculdade recusou sua inscrição porque era ex-escravo e pobre. Mesmo sendo hostilizado pelos professores e alunos, ele teve direito a assistir as aulas como ouvinte.
Mesmo sem ter a formação plena em Direito, Gama adquiriu o direito de atuar como advogado (naquela época era permitido), fato que o levou a se especializar na defesa jurídica dos escravos. Por meio do estudo aprofundado da cultura jurídica, ele descobriu leis que protegiam a vida dos escravizados e não eram aplicadas. Além da articulação na área do direito, ele escrevia sobre os casos nos jornais locais para conscientizar a população sobre os seus direitos

Em 1856 tornou-se escriturário da Secretaria de Polícia da Província de São Paulo.
Em 1864, junto com o ilustrador Ângelo Agostini, Luiz Gama inaugurou a imprensa humorística paulista ao fundar o jornal Diabo Coxo, que se destacou por utilizar caricaturas que ilustravam as reportagens dos fatos cotidianos da conjuntura social, política e econômica, o que permitia os iletrados compreenderem os fatos.

Em 1869, junto com Rui Barbosa, fundou o Jornal Paulistano. Colaborou com diversos jornais, entre eles Ipiranga e A República.
De escravo a advogado abolicionista: Gama sempre esteve  envolvido nos movimentos contra a escravidão tornando-se um dos maiores líderes abolicionistas do Brasil. Em 1873 participou da Convenção de Itu, que criou o Partido Republicano Paulista.

Ciente de que naquele espaço dominado por fazendeiros e senhores de escravos suas ideias abolicionistas não receberiam apoio, passou a denunciá-los e condená-los de todas as formas. Em 1880 tornou-se o líder da Mocidade Abolicionista e Republicana.

Luiz Gama trabalhou na defesa dos negros escravizados exercendo a profissão de “rábula” - nome dado aos advogados sem título acadêmico por meio de uma licença especial, o provisionamento.

Nos tribunais, Luiz Gama usava uma oratória impecável e com seus conhecimentos jurídicos defendia os escravos que podiam pagar pela carta de alforria, mas eram impedidos da liberdade por seus donos. Defendeu os escravos que entraram no território nacional após a proibição do tráfico negreiro de 1850.

Participava de sociedades secretas, como a Maçonaria, que o ajudava financeiramente.
Livros e poemas

Luiz Gama projetou-se na literatura em função de seus poemas, nos quais satirizava a aristocracia e os poderosos de seu tempo. Muitas vezes ele se ocultava sob o pseudônimo de Afro, Getulino e Barrabás.

Em 1859, Luiz Gama publicou uma coletânea de versos satíricos, intitulado Primeiras Trovas Burlescas de Getulino, que fez grande sucesso, no qual se encontra o poema, “Quem Sou Eu?” (Popularmente chamada de “Bodarrada” ou “Bode” era uma gíria que tentava ridicularizar os negros.

CONTEXTO HISTÓRICO DA ÉPOCA DE LUIZ GAMA: O Brasil estava em um processo de mudança, onde já existiam leis abolicionistas, embora com pouco efeito...mesmo assim, já era possível a um ex-escravizado estudar em uma faculdade e exercer a função de advogado mesmo sem ter completado os estudos.


Em 1931, ele se tornou a primeira pessoa negra a ter uma estátua na cidade de São Paulo. A homenagem está localizada no Largo do Arouche, centro da cidade.
Em 2015, 133 anos após sua morte, o abolicionista recebe o título oficial de advogado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e em 2018 foi declarado patrono da abolição da escravidão no Brasil.

QUESTÕES SOBRE O FILME "PRIMEIRO ELES MATARAM MEU PAI"

1 – A ESCRAVIZAÇÃO DO POVO CAMBOJANO PELA DITADURA MARXISTA DO KHMER VERMELHO
- A escravização do povo fazia parte da política de reforma da ditadura do Khmer Vermelho, que tinha o marxismo com base político/ideológica para sua prática, através de um programa de "engenharia social", onde o povo foi submetido à uma brutal reestruturação social e econômica, entre 1975 e 1979. As razões da ditadura foram basicamente as seguintes:
- Visão Ideológica Radical: O Khmer Vermelho era uma ditadura socialista que buscava criar uma sociedade comunista de base agrária, livre de influências ocidentais. Eles acreditavam que a transformação radical da sociedade era necessária para atingir esse objetivo. Para realizar esta transformação era preciso eliminar qualquer influência considerada negativa: religiões (o regime era materialista), todas as antigas tradições tanto orientais quanto ocidentais, toda a cultura ocidental (com exceção da marxista), a burguesia local, etc.
- Ano Zero: O Khmer Vermelho adotou uma política conhecida como "Ano Zero", na qual eles buscavam apagar completamente todas as influências culturais, religiosas e sociais do passado do Camboja. Eles consideravam a população urbana e educada como inimigos do regime e buscavam criar uma nova sociedade agrária a partir do zero, o que exigia trabalho forçado para alcançar seus objetivos.
- Reestruturação Econômica: A ditadura queria transformar a economia cambojana de maneira rápida e extremamente radical: de uma economia agrária para uma economia agrária de subsistência, onde todos foram forçados a ir viver e trabalhar na agricultura, sem direito a salário (o dinheiro foi abolido)....a única recompensa era a precária alimentação...na prática era a volta da escravidão Os que resistiam à essa Engenharia social foram submetidos a tortura e execuções sumárias.
Controle e Poder: O uso de trabalho escravo servia para consolidar o controle do regime sobre a população. Ao obrigar as pessoas ao trabalho escravo, a ditadura marxista demonstrava que seu poder não tinha limite algum.
Em suma, o Khmer Vermelho escravizou seu próprio povo como parte de sua visão radical de reestruturação social, econômica e política do Camboja. Eles acreditavam que apenas por meio do trabalho forçado e da repressão extrema poderiam alcançar seus objetivos de criar uma sociedade comunista radicalmente transformada.

2 - CONTEXTO HISTÓRICO DO FILME
O Camboja é um país localizado no sudeste asiático, com uma rica herança cultural e histórica, incluindo os antigos templos de Angkor Wat. No século XIX tornou-se uma colônia francesa até a sua independência em 1953. O país era uma monarquia até 1970 e era neutra em relação à guerra do Vietnã.
Mesmo sendo neutro, o território do Camboja estava envolvido na Guerra: o Vietnã do Norte tinha bases e rotas de suprimentos no leste do país.
No mesmo ano de 1970, um golpe de estado derrubou a monarquia e implantou uma república, sob o comando do general Lon Nol, o qual declarou apoio aos EUA na guerra do Vietnã...sendo assim, entrou em guerra contra o Vietnã do Norte. Além disso, já enfrentava o grupo guerrilheiro marxista Khmer Vermelho, que almejava tomar o poder no Camboja.
A aliança com os EUA resultou na permissão para que os americanos bombardeassem posições vietcongs no território, resultando na morte de civis do próprio Camboja. Esses bombardeios pioraram a situação do governo, pois resultaram em
a) ódio da maioria do povo contra o governo de Lon Nol.
b) ódio da maioria do povo contra os EUA.
c) aumento da influência do movimento do Khmer Vermelho sobre o povo, que aproveitava para insuflar o ódio do povo contra Lon Nol e os EUA...ao mesmo tempo, o Khmer Vermelho tentava passar a ideia de que seriam os “libertadores” do Camboja.
O exército de Lon Nol, mau equipado e mau treinado, foi presa fácil dos guerrilheiros do Khmer Vermelho, os quais tomaram a capital, Phnom Penh, em 17 de abril de 1975.
Sob o regime Khmer Vermelho, estima-se que cerca de 1,7 milhão de pessoas tenham morrido de fome, execuções sumárias, desnutrição, doenças e trabalho escravo. A população cambojana foi submetida a graves abusos de direitos humanos e o país enfrentou décadas de devastação e trauma.
O filme se passa nesse contexto histórico turbulento, narrando a história da família de Loung Ung, enquanto eles lutam pela sobrevivência sob o regime brutal do Khmer Vermelho. Ele oferece uma visão íntima e pessoal dos horrores do genocídio e das consequências devastadoras da ideologia marxista do regime no povo cambojano.

3 - O REGIME E A IDEOLGIA DO KHMER VERMELHO
Tinha uma ideologia comunista radical e empregou um brutal programa de engenharia social, através da expropriação dos bens, deslocamento da população para o campo, censura, repressão política, trabalho escravo, torturas, fome, desnutrição, milhões de mortos, enfim, um  genocídio. .
PRINCÍPIOS MARXISTAS QUE FORAM USADOS PELO KHMER VERMELHO
A - Igualitarismo radical: Em qualquer sociedade é natural que haja desigualdades, pois os seres humanos são desiguais por natureza...mas isso era visto como um problema para o Khmer Vermelho, o qual procurou igualar todos através das seguintes ações:
- expropriação de toda a propriedade privada: tudo passou a pertencer ao Estado
- eliminação do dinheiro
- eliminação de todos aqueles que eram considerados
"inimigos de classe": fazendeiros, intelectuais, professores, artistas, empresários, jornalistas, etc.
B - Coletivização agrícola: Inspirado na ideia de coletivização criada por Marx, o Khmer Vermelho forçou a população ao trabalho escravo nas fazendas coletivas gerenciadas pelos soldados do Khmer. A disciplina brutal resultava em julgamentos e execuções sumárias de todos os que cometiam qualquer ato, incluindo o de comer escondido algumas espigas para tentar matar a fome, que era uma rotina.
C - Ruralização da sociedade: A ditadura do Khmer usou seu povo como cobaias, através de um projeto de engenharia social, que na prática traduziu-se em trabalho escravo, fome, torturas, desnutrição, doenças, miséria, execuções sumárias e milhões de mortos.
D - Autoritarismo centralizado: O regime estabeleceu um governo centralizado e autoritário, com Pol Pot e seus associados exercendo controle absoluto sobre todas as instituições do Estado e da sociedade. Isso refletia a ideia marxista-leninista de um partido de vanguarda que lideraria a revolução e implantaria a ditadura, que no caso não foi uma ditadura do proletariado, pois o país não era industrializado e não havia um comitê de operários como ditadores.

4 - AS ATROCIDADES DO KHMER VERMELHO
O marxismo defende a ideia de uma ditadura do proletariado no poder... sendo assim, defende uma ditadura, um regime que não é, nunca foi democrático e nunca será democrático. O termo "ditadura do proletariado" na teoria marxista, criado por Marx e Engels, foi usado para descrever um período de transição entre o capitalismo e o comunismo, durante o qual a ditadura faria reformas sociais, que na prática sempre resultam em expropriações, prisões, censura, perseguições, tortura, eliminação de opositores, etc.
Embora os defensores do marxismo possam argumentar que a ditadura do proletariado é uma forma de transição para uma sociedade sem classes, na prática significa o uso da violência governamental para reprimir toda a oposição, algo que é incompatível com os ideais democráticos e viola os direitos humanos fundamentais.
Portanto, é válido afirmar que qualquer regime que use da violência para impor sua vontade e reprimir a oposição está agindo de forma autoritária, independentemente de como se autodenomine ou de quais ideologias afirme representar. O respeito aos direitos humanos e às liberdades individuais deve ser uma preocupação central em qualquer sistema político que se pretenda democrático e justo.

VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS PRATICADAS PELA DITADURA COMUNISTA DO KHMER VERMELHO:
Sob o comando do ditador Pol Pot, entre 1975 e 1979, houve uma série de violações graves dos direitos humanos:
a) Genocídio: O regime almejava eliminar grupos étnicos minoritários, intelectuais, religiosos e outros que fossem considerados uma ameaça à ideologia do partido, resultando em um genocídio que levou à morte de milhões de pessoas.
b) Prisões arbitrárias e execuções em massa: Milhares de pessoas foram presas arbitrariamente e executadas sem julgamento prévio. Muitos foram mortos em campos de extermínio ou forçados a trabalhar até a morte em condições desumanas.
c) Trabalho escravo: O regime forçou a população a trabalhar em campos agrícolas coletivos em condições desumanas. Muitos morreram de fome, exaustão e doenças devido às condições brutais.
d) Restrições à liberdade de expressão e religião: Todas as formas de expressão e religião foram reprimidas. Livros foram queimados, templos religiosos foram destruídos e práticas religiosas foram proibidas.
e) Deslocamento forçado da população: Milhões de pessoas foram deslocadas de suas casas e forçadas a viver em áreas rurais para trabalhar nos campos. Famílias foram separadas e muitos morreram durante o deslocamento.

f) Fim das liberdades individuais: crença, opção política, opinião, imprensa, expressão, direito de ir e vir, tudo foi eliminado.

f) Justiça: a justiça foi extinta e em seu lugar os guerrilheiros do Khmer julgavam, torturavam e matavam qualquer um que considerassem inimigos de qualquer princípio ou orientação da ditadura. Foi assim que eliminaram os pais da protagonista.

5 - LOUNG UNG, A PROTAGONISTA E SUA FAMÍLIA
aos 10 anos de idade, Loung Ung tinha visto mais mortes, desgraças e tragédias do que a maioria das pessoas viu durante toda a vida. Ung foi criada em uma família de classe média alta em Phnom Penh...seu pai, era um oficial militar no governo de Lon Nol...tudo mudou quando em em 17 de abril de 1975, o Khmer Vermelho do ditador Pol Pot invadiu a capital e forçou dois milhões de pessoas a evacua-la. Todos os que resistiram foram baleados e mortos.
O assassinato dos pais
Os pais de Loung Ung, foram mortos pela ditadura devido à sua origem urbana e ao seu passado associado à classe educada e intelectual. Para a ditadura do Khmer Vermelho, os membros da classe urbana, incluindo funcionários do governo, profissionais, educadores e intelectuais, por terem uma educação e cultura influenciadas pelo Ocidente, eram vistos como inimigos do regime e eram alvos de perseguição e execução.
O Khmer Vermelho buscava implementar uma visão radicalmente igualitária da sociedade cambojana, promovendo uma ideologia agrária e anti-intelectual. Eles consideravam a vida urbana e a educação formal como símbolos de corrupção e exploração, e procuravam eliminar qualquer vestígio da antiga ordem social.

Como resultado, muitos dos que tinham origem urbana, educação formal ou associação com o governo anterior foram considerados traidores ou espiões e foram alvo de perseguição, prisão e execução sumária pelo regime do Khmer Vermelho. Os pais de Loung Ung, como muitos outros, foram vítimas dessa política de repressão e violência indiscriminada.

Nos 5 anos seguintes, Ung foi separada de seus pais e irmãos, torturada, presa em cativeiro e obrigada a treinar como criança soldado (aos sete anos). Algum tempo depois, ela, seu irmão e sua cunhada conseguiram fugir para a Tailândia, onde permaneceram em um campo de refugiados até que conseguiram asilo político nos EUA, em junho de 1980. Em 2000, ela publicou suas memórias em um livro intitulado First They Killed My Father.
Loung Ung é uma ativista e professora de direitos humanos... é a porta-voz nacional da Campanha por um Mundo Livre de Minas Terrestres.