a) a União Ibérica (1580-1640): neste período de 60 anos, a coroa portuguesa estava sob domínio espanhol. Na prática, Portugal passou a ter como inimigos os seus antigos parceiros comerciais: Holanda e Inglaterra. À época, a Holanda estava em guerra contra a Espanha, buscando a sua libertação.
b) A Holanda era uma grande parceira comercial de Portugal, tinha uma economia fortalecida e comprava muito açúcar brasileiro através de Portugal. Os holandeses, inclusive, tinham dinheiro investido na produção açucareira, ou seja, eram financiadores de uma parte desta produção.
c) para prejudicar a economia holandesa, o rei espanhol Filipe II proibiu todo o comércio entre Portugal e Holanda, fato que afetava o lucrativo negócio do açúcar.
d) A Holanda decidiu conquistar partes do território brasileiro e para isso criou uma empresa: a "Companhia das Índias Ocidentais (West-Indische Compagnie, em holandês). A WIC (sigla da companhia no holandês) tinha como objetivo tomar o controle dos locais produtores de açúcar de Portugal, bem como dos postos de comércios de escravos na África.
A PRIMEIRA INVASÃO
Em 1624, os holandeses atacaram Salvador, a capital do Brasil. Seu domínio foi bastante limitado: não conseguiram expandir-se territorialmente. Os baianos resistiam através das emboscadas e da guerrilha, não permitindo que os holandeses se expandissem. Em 1625, os holandeses foram expulsos graças à chegada de 12 mil homens enviados pela Espanha.
A SEGUNDA INVASÃO
A Holanda não desistiu: em 1628, após atacar e conquistar navios espanhóis carregados de prata em 1628, a WIC passou a ter capital suficiente para continuar sua tentativa de conquistar a produção açucareira brasileira. O alvo passou a ser Pernambuco, o maior produtor mundial de açúcar.
Em fevereiro de 1630, uma esquadra com 66 embarcações e 7.280 homens desembarcou na praia de Pau Amarelo e conquistaram Olinda. O governador de Pernambuco, Matias Albuquerque, retirou-se para o interior a fim de organizar a resistência, fundando o Arraial do Bom Jesus e utilizando a tática das emboscadas e da guerrilha.
Fases da ocupação holandesa em Pernambuco:
1 - Fase da guerra: 1630 a 1637 - os holandeses não conheciam o terreno, o que dificultava sua expansão e consolidação de sua conquista: ficavam limitados aos arredores de Olinda; os luso-brasileiros resistiam; entretanto, o comerciante e provavelmente contrabandista Domingos Fernandes Calabar, grande conhecedor do terreno, juntou-se aos invasores, denunciando a localização do núcleo de resistência, que foi atacado e arrasado. Com isso, os holandeses estenderam suas conquistas, tomando o Rio Grande do Norte e a Paraíba. Os luso-brasileiros fogem e refugiam-se durante algum tempo no Arraial Novo do Bom Jesus.
2 - Fase de Nassau ou Período Nassoviano: 1637 a 1644 - o nobre e militar alemão Johan Maurits Van Nassau (João Maurício de Nassau-Siegen) foi contratado pela WIC como Governador-Geral da colônia. Ele optou pelo Recife para ser a capital do Brasil holandês. Fundou a Mauritsstad, "cidade maurícia", permitiu a liberdade de crença, financiou a reconstrução dos engenhos e a produção açucareira, construiu casas, canais, diques e a primeira ponte das Américas. Atraídos pela liberdade de religião, um grande número de judeus de Amsterdã resolveram imigrar para a nova colônia. No Recife, fundaram a primeira sinagoga das Américas, Kahal Zur Israel.
Nassau trouxe a primeira missão artística e científica para registrar o Novo Mundo. Nassau era bem quisto pelos luso-brasileiros, entretanto, a WIC estava interessada mais nos negócios; sendo assim, passou a pressionar Nassau para apresentar resultados positivos, os quais incluíam a cobrança de dívidas e a tomada dos bens dos devedores. A demora de Nassau em apresentar bons resultados resultou em sua substituição.
3 - Fase da Insurreição Pernambucana
Para o lugar de Nassau, a WIC enviou uma junta administrativa que aumentou impostos, passou a cobrar as dívidas e tomar os engenhos, além de proibir a fé católica. Os luso-brasileiros decidiram então partir para a guerra. Os principais líderes foram João Fernandes Vieira, Vidal de Negreiros, o indígena Filipe Camarão e o negro Henrique Dias. As batalhas mais significativas foram a Batalha das Tabocas e as duas Batalhas dos Guararapes, que ocorreram em 1648 e 1649. Essas batalhas foram cruciais para a expulsão dos holandeses e a restauração do domínio português na região. A insurreição culminou com a rendição dos holandeses em 1654, marcando o fim do período conhecido como “Brasil holandês” e a retomada do controle português sobre Pernambuco. As Batalhas dos Guararapes foram episódios decisivos na Insurreição Pernambucana. Apesar de historicamente o Exército Brasileiro ter surgido muito tempo depois (só no século XIX), vários autores defendem a existência de um elo simbólico entre ambos, já que brancos, negros, índios e mestiços juntaram forças pela libertação da sua terra. Portugal já estava livre da União Ibérica desde 1640, mas não tinha condições de enviar ajuda militar: o reino estava praticamente falido: além de uma enorme dívida, perdera muitas colônias e quase toda a sua frota naval em batalhas junto com os espanhóis. Por um decreto de 1649, Portugal cria a Companhia Geral do Comércio do Brasil para apoiar a Insurreição. Para a sorte de Portugal e de Pernambuco, a Holanda estava em guerra contra a Inglaterra e também ficou sem condições de enviar auxílio militar.
Portugal já havia assinado um tratado com a Holanda, cedendo boa parte do Nordeste brasileiro. Entretanto, em maio de 1654, os luso-brasileiros vencem os holandeses, os quais assinam a rendição e se retiram do Brasil.