terça-feira, 7 de agosto de 2012

FRANCIS BACON E DESCARTES


FRANCIS BACON E DESCARTES - A BUSCA PELO CONHECIMENTO VERDADEIRO E AS CAUSAS DOS ERROS - Introdução ao Racionalismo
Descartes e Bacon usaram a razão como base da sua filosofia, embora por caminhos diferentes: Descartes apoia-se exclusivamente na razão e no inatismo; Bacon apoiou-se na razão e no empirismo, afirmando que as experiências oriundas das sensações não podiam ser descartadas e eram essenciais para a busca pela verdade. 
Bacon e Descartes preocuparam-se com as causas e as maneiras pelas quais as pessoas incorriam no erro. 
- Descartes elaborou o método de análise conhecido como dúvida metódica 
- Bacon elaborou a teoria critica dos ídolos.

FRANCIS BACON
 (1561-1626) é considerado o fundador de uma das mais influentes escolas filosóficas do período moderno, o EMPIRISMO (conhecimento fundamentado nas experiências sensíveis)
Além do empirismo, Bacon afirmava que para se conseguir o conhecimento correto da natureza e descobrir os meios de torná-lo eficaz seria necessário ao investigador libertar-se daquilo que ele chama "Ídolos" ou engodos que levam as noções falsas. Existem quatro tipos de ídolos para Bacon em sua teoria que são:

Ídolos da Tribo. São vícios ou erros próprios da própria natureza humana e da coletividade em geral; o maior exemplo é o conhecimento baseado no senso comum, ou o fato de muitos acreditarem cegamente nos sentidos, os quais não são meios totalmente confiáveis para a experimentação, embora não possam ser descartados. 
Ídolos da Caverna. São erros e atitudes referentes às individualidades, não à natureza humana; trata-se de diferenças individuais de habilidade, capacidade. As pessoas interpretam a vida (incluindo os fenômenos, os fatos, as diversas informações e conhecimentos) de maneira diferente, pois as pessoas tem diferentes visões de mundo; uns são supersticiosos,  outros são otimistas, outros são pessimistas, uns só vem os detalhes, outros só a totalidade, etc.
Ídolos do Fórum. São erros referentes ao uso da linguagem, sua manipulação e interpretação. Uma mesma palavra ou pensamento pode ter sentidos e interpretação divergentes para os ouvintes. É o mundo dos sofismas e falácias.
Ídolos do Teatro. São as opiniões adquiridas a partir das afirmações das autoridades (o sentido aqui é o da propaganda ou pessoas famosas sejam elas do mundo político, científico, esportivo, artístico, etc.); Muitas pessoas são incautas e se deixam levar pelo que a propaganda afirma ou o que essas falsas autoridades afirmam ou praticam. 


DESCARTES
Advogado, filósofo e matemático, Descartes usou princípios matemáticos em na filosofia.
Era RACIONALISTA (doutrina filosófica
 que rejeita qualquer autoridade ou busca da verdade além da razão, ou seja, a razão é o único meio para se buscar as verdades) MECANICISTA (Acreditava que Deus criou o universo como um perfeito mecanismo que funcionava deterministicamente sem intervenção desde então) e INATISTA (acreditava que nascemos já com os conhecimentos “embutidos”, os quais eram despertados), Descartes acreditava ser possível chegar à verdade através dos raciocínios corretos e do princípio da dúvida.
Sua obra principal é "O Discurso do Método", publicada em 1637. O racionalismo privilegia o pensamento lógico como forma de explicação da realidade – algo novo para o homem recém-saído da Idade Média e ainda submetido à autoridade intelectual eclesiástica.O racionalismo de Descartes o leva a uma dúvida em relação ao mundo e tudo o que dele faz parte. Duvida-se de cada ideia que não seja clara e evidente. Sendo inatista, Descartes não confia no empirismo, na experimentação através dos sentidos e das emoções, os quais poderiam levar ao engano, por não serem fontes seguras. Para ele os sentidos, assim como os objetos, podem nos enganar e tudo pode ser posto em dúvida, menos o fato de que duvido, ou seja, em toda a dúvida está a certeza do sujeito que duvida.  Por esses motivos é que Descartes passou a ser considerado o pai da filosofia moderna.
Para Descartes, a origem dos nossos erros estava em duas atitudes, que chamou de infantis ou preconceitos de infância:
1 - A PREVENÇÃO:  Nós temos a facilidade de nos deixarmos levar pelas opiniões e ideias dos outros, sem verificar se são verdadeiras. Essas opiniões acabam se tornando verdades em nossas mentes, nos escravizando e impedindo o avanço do conhecimento e da investigação da verdade. A prevenção consiste em não aceitarmos mudanças, novas ideias, novos entendimentos, novas opiniões, etc., nem reconhecer que estávamos errados, pois nosso entendimento já está contaminado por aquilo que acreditamos ser verdadeiro (preferimos acreditar naquilo que preferimos ser verdade).
2 - A PRECIPITAÇÃO: a facilidade e a velocidade com que fazemos juízos, sem antes verificarmos se é ou não verdadeiro. São opiniões que emitimos a partir da nossa vontade ou nossos conceitos (ou preconceitos) serem mais fortes do que nossa capacidade ou vontade de investigar, duvidar e questionar.

A DÚVIDA METÓDICA: O filósofo inicia este caminho a partir da dúvida: só se pode dizer que existe aquilo que puder ser provado, ou seja, é preciso duvidar para chegar à certeza das coisas. Partindo deste pressuposto, ele supõe que todas as coisas que vê são falsas e persuade-se de que tudo que até ali se apresentou não existia e, por conseguinte, despreza, ao menos inicialmente, todos os sentidos, para então recomeçar do zero. Para se chegar à verdade, é preciso abandonar o misticismo, superstições, ideias pré-concebidas, preconceitos, senso comum, etc. Descartes duvida de tudo, desde que possa encontrar um argumento, por mais frágil que seja. Os instrumentos da dúvida são os auxiliares psicológicos, os instrumentos de um verdadeiro "exercício espiritual". Mesmo que tudo o que penso seja falso, resta a certeza de que eu penso. Nenhum objeto de pensamento resiste à dúvida, mas o próprio ato de duvidar é indubitável. "Penso, logo, existo”.
Já que o pensamento é real, Descartes cria a ideia do dualismo psicofísico, uma distinção entre corpo e espírito (ou mente ou razão), onde ele distingue duas substâncias: 

- Res extensa, que é a matéria 
- Res cogitans, que é o espírito, razão ou sujeito pensante, totalmente distinto da natureza corporal
Esse dualismo psicofísico subordina o mundo à mente humana de modo que somente pelas representações do espírito se conhece as coisas, ou seja, elas só ganham sentido (só existem) a partir de uma abordagem que constrói argumentativamente o mundo através de princípios puramente inteligíveis.

O MÉTODO: Para trilhar o caminho da busca da verdade sobre o que se quer saber, é necessário iniciar um caminho, uma ordem, o que Descartes denomina como Método. Ou seja, seu pensamento é metódico no que tange à elaboração do processo de dúvida; é preciso uma organização metódica para não correr o risco de cair em erros. Mais do que a verdade, Descartes queria uma certeza, por meio do método, o qual consiste em quatro regras básicas (dependendo do assunto a ser pesquisado):
1- Evidência: não admitir "nenhuma coisa como verdadeira se não a reconheço evidentemente como tal". Em outras palavras, evitar toda "precipitação" e toda "prevenção" (preconceitos) e só ter por verdadeiro o que for claro e distinto, isto é, o que "eu não tenho a menor oportunidade de duvidar". Por conseguinte, a evidência é o que salta aos olhos, é aquilo de que não posso duvidar, apesar de todos os meus esforços, é o que resiste a todos os assaltos da dúvida, apesar de todos os resíduos, o produto do espírito crítico.
2-Análise ou divisão: "dividir cada uma das dificuldades em tantas parcelas quantas forem possíveis".
3-Ordem ou sintetização: "concluir por ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer para, aos poucos, ascender, como que por meio de degraus, aos mais complexos".
4-Enumeração: todas as conclusões e princípios utilizados, a fim de manter a ordem do pensamento
Em meio a todo esse processo de busca pela certeza, que aqui não fora totalmente explicitado e que muito mais levaria para levá-lo a cabo, é que Descartes trilha por caminhos nunca antes percorridos, pois nenhum outro pensador ousou de modo algum desmoronar todo o edifício que até ali fora construído, desfazendo-se de todas as verdades e até mesmo da própria existência destas verdades para chegar a uma certeza sólida, concreta e sem sombra ou resíduo algum de incerteza.

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