quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A FILOSOFIA DE SÓCRATES E EPICURO

Sócrates - Este texto está no livro - páginas 43 a 45.
Sócrates, rebelou-se contra os sofistas, dizendo que não eram filósofos, pois não tinham amor pela sabedoria nem respeito pela verdade, defendendo qualquer idéia, se isso fosse vantajoso. Corrompiam o espírito dos jovens, pois faziam o erro e a mentira valer tanto quanto a verdade.
Como homem de seu tempo, Sócrates concordava com os sofistas em um ponto: por um lado, a educação antiga do guerreiro belo e bom já não atendia às exigências da sociedade grega, e, por outro lado, os filósofos cosmologistas defendiam idéias tão contrárias entre si que também não eram uma fonte segura para o conhecimento verdadeiro. (Nota: Historicamente, há dificuldade para conhecer o pensamento dos grandes sofistas porque não possuímos seus textos. Restaram fragmentos apenas. Por isso, nós os conhecemos pelo que deles disseram seus adversários - Platão, Xenofonte, Aristóteles - e não temos como saber se estes foram justos com aqueles. Os historiadores mais recentes consideram os sofistas verdadeiros representantes do espírito democrático, isto é, da pluralidade conflituosa de opiniões e interesses, enquanto seus adversários seriam partidários de uma política aristocrática, na qual somente algumas opiniões e interesses teriam o direito para valer para o restante da sociedade.)
Discordando dos antigos poetas, dos antigos filósofos e dos sofistas, o que propunha Sócrates?
Propunha que, antes de querer conhecer a Natureza e antes de querer persuadir os outros, cada um deveria, primeiro e antes de tudo, conhecer-se a si mesmo. A expressão “conhece-te a ti mesmo” que estava gravada no pórtico do templo de Apolo, patrono grego da sabedoria, tornou-se a divisa de Sócrates.
Por fazer do autoconhecimento ou do conhecimento que os homens têm de si mesmos a condição de todos os outros conhecimentos verdadeiros, é que se diz que o período socrático é antropológico, isto é, voltado para o conhecimento do homem, particularmente de seu espírito e de sua capacidade para conhecer a verdade.
O retrato que a história da Filosofia possui de Sócrates foi traçado por seu mais importante aluno e discípulo, o filósofo ateniense Platão.
Que retrato Platão nos deixa de seu mestre, Sócrates?
O de um homem que andava pelas ruas e praças de Atenas, pelo mercado e pela assembléia indagando a cada um: “Você sabe o que é isso que você está dizendo?”, “Você sabe o que é isso em que você acredita?”, “Você acha que está conhecendo realmente aquilo em que acredita, aquilo em que está pensando, aquilo que está dizendo?”, “Você diz”, falava Sócrates, “que a coragem é importante, mas: o que é a coragem? Você acredita que a justiça é importante, mas: o que é a justiça? Você diz que ama as coisas e as pessoas belas, mas o que é a beleza? Você crê que seus amigos são a melhor coisa que você tem, mas: o que é a amizade?”
Sócrates fazia perguntas sobre as idéias, sobre os valores nos quais os gregos acreditavam e que julgavam conhecer. Suas perguntas deixavam os interlocutores embaraçados, irritados, curiosos, pois, quando tentavam responder ao célebre “o que é?”, descobriam, surpresos, que não sabiam responder e que nunca tinham pensado em suas crenças, seus valores e suas idéias.
Mas o pior não era isso. O pior é que as pessoas esperavam que Sócrates respondesse por elas ou para elas, que soubesse as respostas às perguntas, como os sofistas pareciam saber, mas Sócrates, para desconcerto geral, dizia: “Eu também não sei, por isso estou perguntando”. Donde a famosa expressão atribuída a ele: “Só sei que nada sei”.
A consciência da própria ignorância é o começo da Filosofia. O que procurava Sócrates? Procurava a definição daquilo que uma coisa, uma idéia, um valor é verdadeiramente. Procurava a essência verdadeira da coisa, da idéia, do valor. Procurava o conceito e não a mera opinião que temos de nós mesmos, das coisas, das idéias e dos valores.
Qual a diferença entre uma opinião e um conceito? A opinião varia de pessoa para pessoa, de lugar para lugar, de época para época. É instável, mutável, depende de cada um, de seus gostos e preferências. O conceito, ao contrário, é uma verdade intemporal, universal e necessária que o pensamento descobre, mostrando que é a essência universal, intemporal e necessária de alguma coisa.
Por isso, Sócrates não perguntava se tal ou qual coisa era bela — pois nossa opinião sobre ela pode variar — e sim: O que é a beleza? Qual é a essência ou o conceito do belo? Do justo? Do amor? Da amizade?
Sócrates perguntava: Que razões rigorosas você possui para dizer o que diz e para pensar o que pensa? Qual é o fundamento racional daquilo que você fala e pensa?
Ora, as perguntas de Sócrates se referiam a idéias, valores, práticas e comportamentos que os atenienses julgavam certos e verdadeiros em si mesmos e por si mesmos. Ao fazer suas perguntas e suscitar dúvidas, Sócrates os fazia pensar não só sobre si mesmos, mas também sobre a polis. Aquilo que parecia evidente acabava sendo percebido como duvidoso e incerto.
Sabemos que os poderosos têm medo do pensamento, pois o poder é mais forte se ninguém pensar, se todo mundo aceitar as coisas como elas são, ou melhor, como nos dizem e nos fazem acreditar que elas são. Para os poderosos de Atenas, Sócrates tornara-se um perigo, pois fazia a juventude pensar. Por isso, eles o acusaram de desrespeitar os deuses, corromper os jovens e violar as leis. Levado perante a assembléia, Sócrates não se defendeu e foi condenado a tomar um veneno — a cicuta — e obrigado a suicidar-se.
Por que Sócrates não se defendeu? “Porque”, dizia ele, “se eu me defender, estarei aceitando as acusações, e eu não as aceito. Se eu me defender, o que os juízes vão exigir de mim? Que eu pare de filosofar. Mas eu prefiro a morte a ter que renunciar à Filosofia”.

O julgamento e a morte de Sócrates são narrados por Platão numa obra intitulada Apologia de Sócrates, isto é, a defesa de Sócrates, feita por seus discípulos, contra Atenas. Aliás, Sócrates nunca escreveu. O que sabemos de seus pensamentos encontra-se nas obras de seus vários discípulos, e Platão foi o mais importante deles.

Vejamos alguns fragmentos de sua defesa ante o tribunal de Atenas. Sócrates foi levado ao tribunal por seus concidadãos e condenado à morte acusado de “pesquisar indiscretamente o que há sob a terra e nos céus, de fazer que prevaleça a razão mais fraca e de ensinar aos outros o mesmo comportamento”. Foi acusado também de “corromper a juventude e de não crer nos deuses em que o povo crê e sim em outras divindades novas”.O filósofo afirma que as acusações são mentiras devidas a uma má reputação que ele adquiriu perante os moradores da cidade por causa do seu modo de agir.



O MÉTODO DE SÓCRATES: ironia e maiêutica (este texto não está no livro)

Sócrates recusava-se a responder às perguntas que fazia aos outros, partindo do princípio de que nada sabia, ao mesmo tempo em que se dizia capaz de ajudar a obter a resposta correta. Era desta maneira seu método de investigação, o qual compõe-se de dois momentos, um negativo e outro positivo, denominados ironia e maiêutica.
IRONIA: No primeiro momento Sócrates tem a intenção de destruir as concepções de seus interlocutores, mostrando-lhes a incoerência de seus argumentos. Em grego, ironia significa perguntar. Sócrates era muito habilidoso com as palavras e conseguia fazer com que seu interlocutor se contradissesse. Ele pergunta, por exemplo, “o que é a Justiça?”. Quando seu companheiro lhe dava uma resposta ele começava uma série de questões objetivando entender o que significa o que o autor da afirmação estava dizendo. Com isso ele o levava aos poucos a se contradizer, ou seja, a afirmar o contrário daquilo que tinha afirmado anteriormente. A reação da pessoa variava: uns sentiam ódio, outros admiração. Mas quando pediam para Sócrates responder ele dizia que não sabia dar uma resposta. Uma vez admitida a ignorância poderia começar o segundo momento: a maiêutica.
MAIÊUTICA: palavra que significa parto. A mãe de Sócrates era parteira e ele dizia que também era parteiro, no sentido de conceber ideias; Sócrates se considerava estéril nesse sentido, só podendo ajudar os outros a retirarem de dentro de si ideias verdadeiras.



EPICURO E A QUESTÃO DA FELICIDADE

A felicidade sempre foi um desejo do ser humano em todos os tempos. A natureza humana é voltada para a busca do prazer e da felicidade. Algumas definições sobre felicidade:
- Estado de satisfação de alguém com sua situação.
- Ideal de satisfação, independente de nossa relação com o mundo.
- Saúde, dinheiro e se possível, fama.
- Para o filósofo Egezias, não existe felicidade, pois os prazeres são raros e passageiros.


EPICURO:
Sofria de cálculo renal, o que contribuiu para que tivesse uma vida marcada pela dor.
Para ele, a felicidade é fundamentalmente prazer... Ser feliz é sentir prazer... Todos buscam o prazer e fogem da dor... Prazer é ausência de dor e sofrimento. Para Epicuro, prazer significava quietude da mente e o domínio sobre as emoções e, portanto, sobre si mesmo. É o prazer da justa-medida e não dos excessos.
OBS: NÃO CONFUNDA A FELICIDADE EPICURISTA COM A FELICIDADE HEDONISTA. A EPICURISTA É SIMPLES, SEM EXCESSOS, SEM VÍCIOS, SEM DEPENDÊNCIAS. A HEDONISTA É DESENFREADA, EXCESSIVA, VICIADA, OU SEJA, É O OPOSTO DA EPICURISTA.

Para Epicuro, havia três tipos de prazer:
- naturais/necessários: comer, beber, dormir;
- naturais/desnecessários: comer alimentos refinados e caros, supérfluos, dispensáveis, bebidas caras, etc.
- não naturais e desnecessários: riqueza, fama, poder, luxúria, vícios, etc.
Epicuro acrescentava que era preciso evitar os prazeres desenfreados, tais como a luxúria, as paixões, o alcoolismo, glutonaria, etc.
Epicuro tinha uma visão materialista sobre a felicidade; para ele, era preciso eliminar o medo da morte: “...o bem e o mal residem nas sensações...a morte é a ausência das sensações...”
Para Epicuro, era preciso também evitar preocupações religiosas e superstições, pois as mesmas prejudicavam a busca da felicidade.

Epicuro recomendava contentar-se com pouco: a expectativa reduzida não traz decepção...”um grande prazer pode vir de um simples copo d’água...”. Para Epicuro, alguns prazeres eram maiores que outros; ele destacava a boa música, as amizades, as boas conversas e as artes como os melhores.

Prudência Racional: Epicuro recomendava duas virtudes:
- A Autarquia:  todos deveriam ter o pleno governo de sua própria vida, ou seja, ter o pleno domínio sobre suas vontades, ser senhor e não escravo de suas paixões e prazeres, ou seja, dominar e não ser dominado.
- A Ataraxia: significa um estado de imperturbabilidade da alma, a indiferença em relação ao mundo, aos seus prazeres, a inveja, ao que dizem ou falam de nós. Quem se preocupa ou se angustia com a vida dos outros, sofre sem necessidade (exemplo: há pessoas que invejam o patrimônio dos vizinhos e passam a gastar o que não podem para igualar ou superar o que o vizinho tem).Aplica-se aqui o ditado: 
 "comprar o que você não precisa, com o dinheiro que você não tem, para impressionar pessoas que você inveja ou detesta, a fim de tentar ser uma pessoa que você não é.”

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