domingo, 1 de setembro de 2013

3ºs ANOS FILOSOFIA III UNIDADE: TEORIAS SOCIALISTAS

MARXISMO (OU SOCIALISMO CIENTÍFICO)- Duas definições:
a) Wikipédia: é o conjunto de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais elaboradas primariamente por Karl Marx e Friedrich Engels e desenvolvidas mais tarde por outros seguidores.
b) Infoescola: é uma teoria social e política, sendo que, pela sua amplitude, pode ser considerado uma concepção de mundo. O marxismo  foi formulado a partir de Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Engels (1820 – 1895), os quais sistematizam os diferentes aspectos, históricos, econômicos e sociais da então nova concepção de mundo, também conhecido como materialismo histórico.

PRINCIPAIS OBJETIVOS DO MARXISMO:
- Combater e aniquilar o capitalismo e o estado burguês

- Implantar uma nova sociedade, uma nova ordem social, política e econômica, através de duas fases:
  a) o socialismo: segundo o ideal marxista, o socialismo é a "fase transitória", onde o Estado assume o controle total sobre tudo e todos, ou seja, implanta uma DITADURA. No socialismo, a propriedade privada (empresas, bancos, indústrias, comércio, terras, fazendas, etc.), passam a pertencer ao Estado, o qual se encarrega de administrar tudo. O dinheiro ainda existe, assim como o mercado, bancos, sistema de créditos, cooperativas, etc., ou seja, o socialismo é um Capitalismo de Estado, é um capitalismo engessado pelo controle burocrático e dirigismo estatal, onde impera a economia planificada.

O lado "positivo" do socialismo:Todos tem direito à moradia e emprego, o qual nem sempre será onde a pessoa quiser, mas onde o Governo decidir (nas ditaduras socialistas, havia o coletivismo na agricultura, onde milhares eram obrigados a ir trabalhar na agricultura ou aonde o Estado necessitasse de mão de obra. Na questão da moradia, as casas passaram a ser divididas entre várias pessoas desconhecidas, pois o Estado, que tomou sua casa, é que decidia quantas pessoas iriam morar em cada casa. Geralmente, em uma casa de três quartos, havia um quarto para cada família ou grupos de pessoas.

O lado negativo do socialismo: A questão da moradia já foi dita. Na questão econômica, a produção socialista só foi eficiente nos segmentos de bens de produção (cimento, eletricidade, petróleo, ferrovias, etc.), os quais foram necessários para as grandes obras planificadas. Na produção de bens de consumo, havia pouco incentivo. Em geral, a produtividade do trabalhador no mundo socialista era baixa porque não havia mais o risco de demissão, pois todos eram funcionários públicos e todas as empresas eram públicas, ou seja, não havia mais demissão, concorrência ou falência. O resultado foi o desabastecimento dos supermercados e do comércio em geral, filas imensas esperando a chegada das mercadorias, chegando ao ponto de o Estado implantar o controle de mercadorias através do racionamento (em Cuba usa-se uma caderneta chamada de libreta, para controlar a quantidade de alimentos por família).
Outro lado negativo é o fim de praticamente todos os direitos civis e políticos: não há mais liberdade de expressão, de imprensa (só existe a imprensa oficial), de greves, passeatas, protestos, etc., nem liberdade de crença (religiões são proibidas e os governos são oficialmente ateus), nem de ter seu próprio negócio.
A democracia é extinta, não há liberdade partidária (são governos monopartidaristas).
A sociedade passa a ser vigiada através das polícias secretas. Na União Soviética, os que criticavam o  governo eram presos e mandados para campos de concentração (ou executados).
A propaganda do governo e o culto à personalidade do líder são fundamentais para alienar e manipular a consciência do povo. Nas escolas, a educação é voltada para a ampla divulgação do marxismo e do combate ao capitalismo.
No marxismo, o ser humano é tratado como se fosse gado, no sentido de suprir-lhe as necessidades tal qua os (pasto, abrigo, cuidados médicos), sendo proibido discordar, criticar, questionar, protestar, etc. 


b) O comunismo seria o objetivo final do marxismo, onde o Estado, juntamente com o dinheiro e todo e qualquer aparato administrativo desapareceriam (incluindo forças armadas, polícia, etc). A sociedade por si só, consciente de seu dever de trabalhar pelo próximo, seria capaz de conviver em plena harmonia, todos pensando primeiro no bem estar do próximo, suprindo as necessidades. Ou seja, O COMUNISMO É UMA UTOPIA.

Os ideais marxistas, voltados para o fim das desigualdades sociais, são dignos de elogios, em termos de direitos sociais. O problema é que entre a intenção e a realização existiu uma diferença enorme, conforme a própria história mostra os terríveis resultados das tentativas de alguns países em implantar esses ideais, através da criação de uma nova ordem social, política e econômica.

O SOCIALISMO NA TEORIA – Definição do Wikipédia, similar a outras: Socialismo refere-se a qualquer uma das várias teorias de organização econômica, advogando a administração, e a propriedade pública ou coletiva dos meios de produção, e distribuição de bens e de uma sociedade caracterizada pela igualdade de oportunidades/meios para todos os indivíduos, com um método igualitário de compensação.
O SOCIALISMO NA PRÁTICA - O QUE OCORREU NA REALIDADE: A Fase de Transição tornou-se Permanente. O Estado tornou-se onipresente, controlando, vigiando tudo e todos, manipulando, administrando, planejando, censurando, alienando, torturando, matando, etc. Esse modelo de socialismo também é chamado de socialismo autoritário ou socialismo real.

PRECURSORES DO SOCIALISMO: Antes de Marx e Engels já houve ideais e movimentos que defendiam o fim das desigualdades e injustiças sociais. Alguns deles foram:

1 - a obra A República, escrita por Platão (400 a.C.):  ”...Todos os homens e mulheres deveriam ter ocupações no mercado de trabalho. A propriedade privada deveria ser abolida, isto é, ninguém deveria ter casa própria nem propriedade... Platão queria que também as esposas fossem abolidas como “propriedade” privada do marido e que os filhos fossem abolidos como “propriedade” privada das famílias. As esposas estariam assim submetidas, como mulheres livres do casamento, a todas as vontades do Estado. E todas as crianças pertenceriam ao Estado...”

2 – Reforma Anabatista: os anabatistas, que eram camponeses protestantes alemães, denunciaram e partiram para a luta contra a injustiça social e a vida de luxo dos nobres.

3 – Thomas Morus: através de sua famosa obra “Utopia”, defendia a ideia de uma sociedade igualitária em um país imaginário.
4 - Conspiração dos Iguais: foi um movimento igualitário ocorrido durante a Revolução Francesa, liderado por Graco Babeuf, em 1796, o qual propunha a "comunidade dos bens e do trabalho" e a igualdade efetiva entre os homens. A revolta foi "esmagada" pelo Diretório que decretou pena de morte a todos os participantes da conspiração.

5- SOCIALISMO UTÓPICO: foi a primeira corrente do pensamento filosófico socialista, surgida no primeiro quartel do século XIX e que desenvolvia conceitos e ideias definidas como utópicas para os pensadores socialistas que surgiriam posteriormente. Este modelo denunciava a sociedade injusta e a exploração capitalista, desejava um ideal de igualdade, mas não chegou a propor medidas eficazes para a mudança nem indicar quais seriam os caminhos pelos quais a sociedade seria transformada e as injustiças seriam extintas.

Principais socialistas utópicos:
Saint-Simon (1760 - 1825): afirmava que  o capitalismo é efêmero; imaginava uma sociedade igualitária, em que cada um trabalhava segundo a sua capacidade e consumia segundo o seu trabalho. A nova sociedade livre da exploração teria forças inesgotáveis, desenvolvendo sem limites as ciências e as técnicas numa associação econômica mundial., onde também transformaria o Estado em aparelho de gestão de todos os trabalhos da sociedade ao invés de ser aparelho de repressão e poder sobre os homens.

Charles Fourier(1772-1837): Crítico do capitalismo, da industrialização, da civilização urbana, do liberalismo e da família baseada no matrimônio e na monogamia. Sua principal ideia era a criação de unidades de produção e consumo, chamados de FALANSTÉRIOS, baseados em uma forma de cooperativismo integral e autossuficiente.

Robert Owen: criticava o regime burguês e  a propriedade privada por considerá-la causa dos crimes, dos males e das guerras. Defendia o fim da propriedade privada e transferir os meios de produção para os trabalhadores. Foi sócio e gerente de uma fábrica, onde reduziu a jornada de trabalho para 10,5 horas diárias (na época, a jornada era de 14 a 16 horas diárias), além de melhorar as condições de trabalho e aumentar os salários; fundou uma escola-modelo e uma caixa de assistência médica. Organizou à própria custa uma colônia socialista nos EUA, que resultou em fracasso.


ALTERNATIVAS AO SOCIALISMO:
1 - ANARQUISMO: Surgiu a partir da crítica ao socialismo. Os anarquistas não aceitavam a ideia de uma feroz ditadura, tão opressora que chegava a ser pior do que o modelo capitalista. Passaram a defender uma organização social baseada no consenso e na cooperação de pessoas livres e autônomas, onde não existe nenhuma forma de poder. A Anarquia seria assim uma sociedade sem autoridade, onde as pessoas se organizariam de tal forma que garantiriam a todos a mesma capacidade de decisão.  As origens do anarquismo remontam aos conceitos dos direitos naturais defendida por John Locke. A sociedade para este filósofo inglês era o resultado de um contrato voluntário acordado entre indivíduos iguais em direito e em deveres. No entanto foi só  a partir do final do século XVIII que o anarquismo se veio a estruturar como uma corrente política autónoma, com seguidores em toda a parte do mundo. Entre os seus teóricos contam-se pensadores tão diversos como Thoreau, William Godwin, Proudhon, Bakunin, Kropotkin, Malatesta, Silva Mendes, etc.
O anarquismo jamais foi implantado e é considerado por muitos como utópico.
Um dos mais famosos pensamentos anarquistas é o de Proudhon: “Ser governado significa ser observado, inspecionado, espionado, dirigido, legislado, regulamentado, cercado, doutrinado, admoestado, controlado, avaliado, censurado, comandado; e por criaturas que para isso não tem o direito, nem a sabedoria, nem a virtude…Ser governado significa que todo movimento, operação ou transação que realizamos é anotada, registrada, catalogado em censos, taxada, selada, avaliada monetariamente, patenteada, licenciada, autorizada, recomendada ou desaconselhada, frustrada, reformada, endireitada, corrigida. Submeter-se ao governo significa consentir em ser tributado, treinado, redimido, explorado, monopolizado, extorquido, pressionado, mistificado, roubado; tudo isso em nome da utilidade pública e do bem comum. Então, ao primeiro sinal de resistência, à primeira palavra de protesto, somos reprimidos, multados, desprezados, humilhados, perseguidos, empurrados, espancados, garroteados, aprisionados, fuzilados, metralhados, julgados, sentenciados, deportados, sacrificados, vendidos, traídos e, para completar, ridicularizados, escarnecidos, ultrajados e desonrados. Isso é o governo, essa é a sua justiça e sua moralidade! … Oh personalidade humana! Como pudeste te curvar à tamanha sujeição durante sessenta séculos? Pierre-Joseph Proudhon.

2 - SOCIAL DEMOCRACIA: é uma alternativa de base marxista surgida no fim do século XIX que defende a transição pacífica e progressista para uma sociedade socialista diferente do modelo marxista, através de uma gradual reforma legislativa do sistema capitalista a fim de torná-lo mais igualitário. O conceito de social democracia tem mudado com o passar das décadas desde sua introdução. A social democracia propõe uma sociedade em que os ideais da igualdade e da justiça social convivam com a preservação das liberdades democráticas e individuais, no contexto de uma economia de mercado. Os social democratas rejeitam a economia estatizada do socialismo, assim como rejeitam a soberania do mercado. Afirmam ser imperativo o controle social do mercado e a submissão da propriedade privada à sua função social. Não aceitam a tese neoliberal de "quanto menos governo melhor", pois as leis do mercado, deixadas sem controle, podem ocasionar danos ao conjunto da sociedade. Especialmente em países onde as desigualdades são enormes, cabe ao Estado garantir os direitos sociais básicos. Nem mínimo nem máximo: defendem o Estado necessário, eficiente e operativo. O grande avanço da social democracia na Europa ocorreu após a 2ª Guerra Mundial, quando os Partidos Socialistas aplicaram princípios socialistas em seus programas reformistas, em especial na Grã-Bretanha, Alemanha e nos países na Escandinavos, através do modelo chamado de Estado do bem-estar social, sem no entanto, transforma-los em países socialistas.

ASPECTOS GERAIS DO MARXISMO
A - INFRAESTRUTURA E SUPERESTRUTURA: o marxismo gira em torno de dois conceitos: a infraestrutura, composta pelos meios materiais de produção (meios de produção e força-de-trabalho), e a superestrutura, que compreende as esferas política, jurídica e religiosa, ou seja, as instituições responsáveis pela produção ideológica (formação das ideias e conceitos) da sociedade. Segundo o marxismo, a superestrutura é determinada pela infraestrutura, ou seja, a maneira na qual a economia de uma sociedade é organizada irá influenciar nas ideologias presentes na sociedade. 

B - MATERIALISMO DIALÉTICO: doutrina marxista que afirma dois princípios (o material e o dialético):
a) materialismo: afirma que só existe o mundo material, e que a história humana sempre foi a história da transformação do mundo através dos modos de produção (primitivo, asiático, escravista, feudal, capitalista e socialista). Marx analisou a história dos seres humanos em sociedade a partir das condições materiais nas quais eles vivem, afirmando que o modo pelo qual os seres humanos trabalham e produzem os meios necessários para a sustentação material das sociedades é que definem as relações sociais. “o modo de produção da vida material condiciona o processo geral de vida social, política e espiritual”.
b) dialético: o marxismo usa o princípio da dialética hegeliana (tese, antítese e síntese), ou seja, a tese de que não existe nada eterno, fixo, pois tudo está em perpétua transformação, tudo está sujeito ao contexto histórico do dinâmico e da transformação; da mesma maneira, as questões sociais também estão incluídas, pois a própria história mostra as mudanças através dos modos de produção e da luta dos explorados, escravizados e injustiçados contra seus algozes.
C-MATERIALISMO HISTÓRICO: é a aplicação dos princípios do materialismo dialético ao estudo da vida social, aos fenômenos da vida da sociedade, ao estudo desta e de sua história.

D- MAIS-VALIA: De maneira resumida, significa a exploração do trabalhador pelo patrão. Através de um contrato, o operário vende sua força de trabalho ao capitalista, em troca do salário. O empregador paga uma parte do valor dos bens produzidos pelo operário, apropriando-se da outra parte. A mais valia é esse trabalho não pago, que vira lucro para os empregadores. 

E-RELAÇÕES DE PRODUÇÃO: revelam a maneira pela qual, a partir das condições naturais, os seres humanos usam as técnicas e se organizam por meio da divisão do trabalho social. Essas relações correspondem a certo estágio das forças produtivas.

F – FORÇAS PRODUTIVAS: consistem no conjunto formado por clima, agua, solo, matérias primas, máquinas, mão de obra e instrumentos de trabalho.

G – MODO DE PRODUÇÃO: a maneira pela qual as forças produtivas se organizam em determinadas relações de produção num dado momento histórico.

Ou seja:

RELAÇÕES DE PRODUÇÃO + FORÇAS PRODUTIVAS = MODO DE PRODUÇÃO.

Exemplo: as maquinas do sistema fabril (forças produtivas) determinam as relações de produção (dono do capital e operário assalariado).

obs: ao longo da história, as forças produtivas se desenvolveram até ao ponto onde entraram em conflito com as relações de produção, provocando o surgimento das divergências e da luta de classes. O maior exemplo disto é a luta de classes entre operários e donos do capital.

H - MARXISMO GRAMSCIANO OU GRAMSCISMO – ANTONIO GRAMSCI:

Antonio Gramsci (Itália, 1891-1937) foi um dos mais importantes teóricos marxistas (sua principal obra foi Cadernos do Cárcere, chamado também de catecismo das esquerdas). Criticando o modelo marxista tradicional baseado na violência, Gramsci defendia uma maneira lenta e  pacífica de expandi-lo, através do conceito de hegemonia e ocupação de espaços.

- Hegemonia (comando, domínio, controle) cultural. Uma classe social é hegemônica quando é capaz de impor sua visão de mundo, através de um modelo convincente de ideias pelas quais conquista a adesão da sociedade.

Para Gramsci, o marxismo venceria o capitalismo através da hegemonia intelectual, a qual seria alcançada lentamente, através da contínua disseminação do marxismo através das escolas, universidades, sindicatos, igrejas, imprensa, partidos políticos, governo, etc. Essa disseminação seria implantada através de seus seguidores, os quais são profissionais formados em universidades (a maioria pública) cuja base ideológica é o marxismo de Gramsci. Estes profissionais, espalhados nos meios jornalísticos, na mídia, na religião, nos sindicatos, nos partidos, na política e principalmente nos meios educacionais (reescrevendo a História, a geografia, a sociologia, a filosofia, etc., de acordo com sua visão de mundo marxista), são os meios pelos quais o marxismo vai conquistando a sociedade.

- Ocupação de espaços: consiste em ter marxistas ocupando espaços em todos os segmentos econômicos possíveis, para facilitar a hegemonia. Um dos principais campos de ocupação é o Estado, através do termo aparelhamento do Estado, o qual consiste na infiltração de um partido ou classe social em todos os órgãos do Estado, com o intuito de controle total a serviço de sua ideologia ou conveniências (inclusive corrupção). Um exemplo disso foram os dois governos de Lula, onde foram criados mais de 20.000 cargos de confiança para os companheiros do partido. Essa ocupação de espaços não objetiva apenas à implantação do marxismo, mas serve também para direcionar verbas públicas para o partido, comprar de votos e partidos aliados, corrupção, etc. ·.

A CRÍTICA AO MARXISMO:  DOGMA, A ÚNICA VERDADE, O PARAÍSO DA HUMANIDADE OU O ÓPIO DOS INTELECTUAIS?

O intelectual francês Raymond Aron em sua obra "O ópio dos intelectuais" afirma que nenhuma outra doutrina criou no homem, como o marxismo, uma "ilusão da onipotência". Aron considerava o comunismo "uma versão aviltada da mensagem cristã", onde os marxistas revolucionários se comportavam (e se comportam) como se participassem de uma igreja. Os congressos desses partidos são apropriadamente chamados por ele de "congressos-concílios", e o marxismo ,uma forma laicizada de religião e tal como o Papa, arroga-se o princípio da infalibilidade.

Segundo Aron, no século XVIII havia uma tríade mitológica que encantava as classes letradas e que substituiria, em seu imaginário, a Santíssima Trindade. Esta versão trinitária secular era composta pelas seguintes “entidades”: o progresso, a razão e o povo. A partir do século XIX, essa trinca profana transformou-se em algo mais vil: a esquerda, a revolução e o proletariado.

Para Aron, os marxistas substituíram fatos dramáticos e estruturantes da vida humana (desigualdade, exploração, miséria) por dogmas cientificistas devido a uma mistificação da ideia de ciência, onde se confunde a prática desta com o apego a ideais de transformação e de implantação de uma nova ordem social, política e econômica, dando a sensação de superioridade moral e intelectual a seus postulantes. Comparando o marxismo com o cristianismo, Marx, Engels e Gramsci seriam a santíssima trindade, o marxismo é a bíblia, Lênin, Stálin, Trotsky, Mao, Castro e outros seriam os grandes santos e líderes carismáticos, os "libertadores" do povo oprimido pelo diabo e seus demônios (Estados Unidos e os países capitalistas), livrando a humanidade do inferno (que é o capitalismo, a exploração do trabalhador, etc.).

Em resumo, o marxismo é uma doença do espírito, cujos principais sintomas são a crença de que só a esquerda pode anunciar o futuro, só a revolução pode eliminar o mal, somente o proletariado é capaz de salvar a humanidade. Enfim, eles condenam a realidade e proclamam-se os criadores da nova humanidade, os arautos de um novo evangelho, a boa nova do marxismo, o qual seria a implantação do paraíso terrestre, cujos maiores exemplos foram as ditaduras soviética, cubana, chinesa, cambojana, norte-coreana, etc.

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