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segunda-feira, 26 de outubro de 2015

I REINADO: TEXTO E EXERCÍCIOS



I REINADO (1822-1831)
Foi o período onde o Brasil, governado por D. Pedro I e recém-liberto de Portugal, organizou-se como um novo país. Podemos dividir esse período nas seguintes etapas: as guerras de independência, o reconhecimento da independência, a primeira Constituição, a Confederação do Equador, a crise política e a abdicação de D. Pedro I.
-As guerras de independência: Essas guerras ocorreram em algumas províncias (Bahia, Pará, Piauí e Maranhão), onde havia resistência por parte de tropas portuguesas, contrariando a visão tradicional de que a independência brasileira foi pacífica. Por não possuir ainda um exército nacional organizado, as guerras de independência contaram com o apoio das milícias civis - com forte participação popular- e auxílio de mercenários ingleses e franceses, destacando-se Lord Cochrane, John Grenfell, John Taylor e Pierre Labatut.
Outra província que se opôs foi a Cisplatina. A guerra da Cisplatina, iniciada em 1825, só terminou em 1828 com a proclamação de sua independência (é o atual Uruguai).
-O reconhecimento da independência: Estados Unidos e México foram os primeiros países a reconhecerem, em 1824. Portugal só reconheceu nossa independência após o Brasil pagar uma indenização de dois milhões de libras, dinheiro obtido através de empréstimo aos ingleses. A Inglaterra reconheceu nossa independência mediante a continuidade dos acordos comerciais favoráveis desde o Tratado de 1810, os quais garantiam tarifas alfandegárias preferenciais aos produtos ingleses, o que prejudicou o desenvolvimento econômico brasileiro. O novo acordo estabelecia também a extinção do tráfico negreiro, cláusula esta que ficou apenas no papel.
Assim nascia o Brasil, com sua economia arcaica, baseada no modelo exportador de produtos primários, importador de produtos manufaturados e dependente financeira e tecnologicamente da Inglaterra.
-A Primeira Constituição: Politicamente, o Brasil estava dividido em dois grupos: os conservadores, que defendiam uma monarquia fortemente centralizada; e os liberais, que queriam monarquia com poderes limitados.
Em 1823, uma Assembleia Constituinte apresentou um projeto constitucional que mantinha a escravidão, restringia os poderes do imperador e instituía o voto censitário (baseado na renda do eleitor). A renda seria avaliada pela quantidade anual de alqueires de mandioca produzidos. Dado a isto, este projeto constitucional ficou conhecido como a "Constituição da Mandioca".
Insatisfeito com o risco de ter seus poderes limitados, D. Pedro I desfez a Assembleia Constituinte e convocou um grupo de dez pessoas, as quais elaboraram um novo projeto constitucional, o qual foi aprovado em 25 de março de 1824, ou seja, foi uma Constituição Outorgada (imposta).
-Principais aspectos da primeira Constituição:
a- estabelecimento de uma monarquia hereditária;
b- instituição de quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e o poder Moderador, exclusivo do imperador e assessorado por um Conselho de Estado. Pelo poder Moderador, a monarquia brasileira era quase absolutista, ou seja, tinha um parlamentarismo às avessas, comparando com a monarquia parlamentarista britânica. 
c- o país foi dividido em províncias, dirigidas por governadores nomeados pelo imperador;
d- o voto era censitário e as eleições eram indiretas; só os homens maiores de 25 anos podiam votar
e- a religião oficial era a Católica, através da subordinação da Igreja ao controle do Estado (regime do Padroado).
f- foi concedida a liberdade religiosa, com restrição à fachada dos templos, que não deveriam aparentar ser templos.
Politicamente, a nossa primeira Constituição impediu a participação política da maioria da população, além de concentrar muito poder nas mãos do imperador, através do poder Moderador. Para os conservadores, era a única maneira de evitar a fragmentação política do Brasil, algo que aconteceu na América espanhola.
A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR: foi uma revolta separatista ocorrida no Nordeste, liderada por Pernambuco, cujo grande líder foi Frei Caneca. Causas:
a - O autoritarismo do imperador, fechando a Assembleia  Constituinte e outorgando uma Constituição centralizadora e excludente.  
B - O nordeste, no início do século XIX, encontrava-se em grave crise econômica (queda no preço do açúcar, secas, impostos, miséria).
c – Ideais da Revolução Pernambucana de 1817, baseados no iluminismo e na independência das colônias espanholas da América latina.
Principais líderes do movimento: Frei Caneca, Manuel de Carvalho Pais de Andrade, Cipriano Barata e padre Gonçalves Mororó. Outras províncias também participaram: Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba.
Os rebeldes proclamaram a independência e fundaram uma república, denominada Confederação do Equador; adotaram, de forma provisória, a Constituição da Colômbia.
A repressão ao movimento, determinada pelo imperador, foi violenta e seus principais líderes condenados à morte.
-A Abdicação de D. Pedro: causas:
A - Difícil situação financeira em decorrência da balança comercial desfavorável, contribuindo para as altas taxas inflacionárias.
B – Péssimo governo do imperador devido ao seu autoritarismo, resultando no fechamento da Assembleia Constituinte, a imposição da Constituição de 1824 e a forte repressão à Confederação do Equador.
C – A desastrosa Guerra da Cisplatina e a participação do imperador na sucessão do trono português.
D – As constantes críticas da imprensa brasileira, resultando no assassinato do jornalista Líbero Badaró, grande opositor de D. Pedro I.
E – Em 1831, a baixa popularidade de D. Pedro I resultou no confronto entre seus partidários (em sua maioria, portugueses) e os demais opositores. O desfecho do confronto foi o episódio violento conhecido como "Noite das Garrafadas".
F - Após sucessivas mudanças ministeriais, procurando conter as manifestações, D. Pedro I abdicou, na madrugada de 7 de abril de 1831, em favor de seu filho D. Pedro de Alcântara, que tinha apenas cinco anos de idade.

EXERCÍCIOS:
1 – Explique porque a independência do Brasil não ocorreu de maneira pacífica
2 – Podemos afirmar que o reconhecimento da nossa independência foi também resultado de uma negociação? comente.
3 – Por que o imperador desfez a Assembleia Constituinte?
4 – Por que a nossa primeira Constituição foi outorgada?
5 – Por que, segundo o texto, a monarquia brasileira era quase absolutista?
6 – Analisando o processo eleitoral do primeiro reinado, podemos afirmar que era democrático? Comente.
7 – Por que houve a Confederação do Equador?
8 – Por que D. Pedro I abdicou em favor de seu filho?

RENASCIMENTO: TEXTO E EXERCÍCIOS



O Renascimento foi um movimento histórico ocorrido inicialmente na Itália e depois pela Europa, entre os séculos XV e XVI. Caracterizou-se pela crítica aos valores medievais e pela revalorização da Antiguidade Clássica (greco-romana).
Surgido durante a baixa idade média, onde a cultura medieval estava em declínio; foi um movimento resultante das mudanças que ocorriam a partir da expansão comercial e urbana da Europa. O berço do Renascimento foi a Itália por três motivos:
a) o intenso  comércio com o Oriente, através do mar Mediterrâneo, o qual levou ao enriquecimento e a ascensão de uma nova classe social -a burguesia comercial. Essa burguesia passou a ter novos hábitos de consumo e a partir daí a praticar o que viria a ser chamado de Mecenato: o patrocínio de artistas (pintores, escultores e arquitetos) e até de cientistas, procurando mostrar o poderio da cidade e ampliar o prestígio pessoal;
b) A vinda de sábios bizantinos para a Itália após a conquista de Constantinopla pelos turcos Otomanos;
c) A presença, em solo italiano, da antiguidade clássica.

Aspectos da Renascença: O renascimento não foi um movimento popular; foi um movimento da elite enriquecida pelo comércio. Essa elite tinha uma nova mentalidade, não estando presa ao teocentrismo, ou seja, possuía uma nova visão da vida e de valores. Não eram antirreligiosos nem ateus, mas também não eram tão carolas. Podemos apontar as seguintes causas do renascimento: a retomada do comércio, o enfraquecimento da nobreza feudal durante as cruzadas, o surgimento e ascensão da burguesia, o contato com o comércio do Oriente, a vinda dos sábios bizantinos e o passado clássico da península italiana.

As principais características do Renascimento foram:
a) o antropocentrismo: o homem é o centro de tudo; antes,  predominava o teocentrismo.
b) o mercantilismo (capitalismo comercial): a riqueza estava nos lucros e nos negócios; antes, a riqueza estava na posse da terra, obtida através da guerra.
c) o naturalismo, acentuando o papel da natureza; antes, predominava a espiritualidade;
d) o individualismo, valorizando o talento e o trabalho, meios pelos quais se pode enriquecer; antes, isso era quase impossível devido ao modelo estamental medieval.
e) o humanismo, defendendo o resgate da cultura clássica, aliada a uma nova visão do mundo, valorizando o progresso, buscando revolucionar o mundo através da educação, ciência, pesquisa, etc.
Outra  contribuição importante foi a invenção da imprensa de tipos móveis, criada por Gutemberg, tornando mais fácil a reprodução de livros. No Renascimento desenvolveram-se as artes plásticas, a literatura e os fundamentos da ciência moderna.
Artes Plásticas:
Diferente da idade média, onde só havia temas religiosos, as  obras renascentistas caracterizavam-se pelos temas da época (naturalismo), temas clássicos (greco-romano) e também pelos temas religiosos. Os estilos desenvolvidos levaram a uma divisão da Renascença em três períodos: o Trecento (século XIV) , o Quatrocento (século XV) e o Cinquecento (século XVI). TRECENTO - destaque para a pintura de Giotto ( 1276/1336 ) que muito influenciou os demais pintores; QUATROCENTO - período de atuação dos Médicis, que financiaram os artistas. Lourenço de Médici foi o grande mecenas da época. Destaques para Botticelli ( 1444/1510 ) e Leonardo da Vinci (1452/1519). 
CINQUECENTO - O grande mecenas do período foi o papa Júlio II, responsável pelo início das da nova basílica de São Pedro. O autor do projeto foi Bramante e a decoração à cargo do pintor Rafael Sânzio e do escultor Michelangelo.
Literatura: deixou de ser direcionada apenas para temas religiosos, passando a tratar de diversos assuntos, até mesmo aqueles que criticavam a Igreja. Graças à imprensa, os livros ficaram mais acessíveis, facilitando a divulgação de novas ideias. Três grandes autores do século XIV: Dante Alighieri (1265/1321), autor de A Divina Comédia, uma crítica à concepção religiosa; Francesco Petrarca, com a obra África e Giovanni Boccaccio que escreveu Decamerão.
PRINCIPAIS NOMES: ITÁLIA - Maquiavel, fundador da ciência política com sua obra O Príncipe, cuja tese central considera que os fins justificam os meios. Contribuiu para o fortalecimento do poder real e lançou os fundamentos do Estado Moderno. Campanella, que relatou a miséria italiana no livro A Cidade do Sol. FRANÇA - Rabelais, que escreveu Gargântua e Pantagruel; Montaigne, que foi o autor de Ensaios. HOLANDA - Erasmo de Roterdã, considerado o "príncipe dos humanistas" que satirizou e criticou a sociedade da época. Sua obra-prima é O Elogio da Loucura. INGLATERRA - Thomas Morus, que escreveu Utopia e Shakespeare, autor de magníficos textos teatrais (Romeu e Julieta, Hamlet, Otelo, etc.). ESPANHA - Miguel de Cervantes, com o clássico Dom Quixote de la Mancha. PORTUGAL - Camões, que exaltou as viagens portuguesas na sua obra Os Lusíadas.
Ciência Moderna: O renascimento contribuiu para o avanço da ciência moderna, da pesquisa e da experimentação, permitindo novos inventos e aperfeiçoamentos tecnológicos. Umas das grandes contribuições foi o da expansão marítima, através do avanço da tecnologia naval. Principais nomes do renascimento: Nicolau Copérnico: demonstrou que o Sol era o centro do universo (heliocentrismo) em oposição ao geocentrismo (a Terra era o  centro). Kepler -confirmou as teorias de Copérnico e elaborou uma série de enunciados referentes à mecânica celeste. Galileu Galilei - inaugurador da ciência moderna e aprofundou as ideias de Copérnico, pressionado pela Igreja negou as suas ideias.

EXERCÍCIOS:
1 – Explique porque a Itália é considerada o Berço do Renascimento.
2 – Quais foram as principais causas do Renascimento?
3 –O Renascimento surgiu depois ou durante a idade média? Comente.
4 - Quais foram as principais características do Renascimento?
5 – O renascimento foi um tipo de revolução cultural? Comente.
6 – O renascimento foi um movimento elitizado? Comente.
7-  No contexto do Renascimento, é correto afirmar que o humanismo:
a) apoiava-se em concepções nascidas na Antiguidade Clássica. b) influenciou concepções que desencadearam a Reforma religiosa.
c) inspirou uma verdadeira revolução cultural, iniciada na Itália.
d) contribuiu para o desenvolvimento dos estudos científicos.
e) Todas as respostas acima estão corretas.
 
8) Comente a respeito da importância do legado renascentista

segunda-feira, 25 de maio de 2015

REVOLUÇÃO RUSSA

REVOLUÇÃO RUSSA
Foi o processo histórico que no início do século XX implantou o primeiro regime ditatorial de base marxista, através do governo de Lênin, o criador do Leninismo, o qual consistiu em uma adaptação da  ideologia de Karl Marx à realidade da Rússia. Lênin governou até 1924 e após sua morte, o poder foi disputado entre Stálin e Trótski. Stálin venceu a disputa e implantou a segunda ditadura, conhecida como Stalinismo (1928 e 1953), comandando o regime até então mais autoritário e sanguinário da história: estima-se que matou entre 9 a 20 milhões de pessoas. Stálin foi o segundo maior assassino da história, só perdendo o posto para o colega marxista chinês Mao Tsé Tung.

Marxismo
É uma ideologia criada por Karl Marx e Friedrich Engels, que tem como base a luta de classes (patrões X empregados), a tomada do poder político pela classe operária e a implantação de um regime autoritário governado por uma Elite dirigente, a qual reformaria a sociedade em duas etapas: 
a) Socialismo: seria a etapa intermediária onde o Estado, através da Elite dirigente tomaria para si toda a propriedade privada e reformaria a sociedade, eliminando as diferenças e implantando a igualdade.
b) Comunismo: seria a etapa final, onde o Estado deixaria de existir, e as propriedades seriam coletivas e a igualdade plena seria implantada. 

Critérios para um país ser comunista
De acordo com Karl Marx, um país só se tornaria comunista se passasse pelos seguintes processos históricos:
a) fosse industrializado
b) tivesse uma enorme classe operária
c) a classe operária seria doutrinada pelo marxismo e, unida em torno do comando de uma elite, partiria para a luta e tomaria o poder político.
d) ao chegar ao poder político, ocorreriam profundas reformas políticas e econômicas.
e) A reforma política seria a extinção do modelo parlamentar pluripartidário. Em seu lugar seria implantada uma Ditadura sob o comando da Elite dirigente. A reforma econômica seria através da tomada do poder econômico, ou seja, todos os meios de produção passariam a ser do Estado (todas as empresas industriais, comerciais, bancárias e agrárias, grandes, médias e pequenas, nacionais e estrangeiras, todos os bens imóveis e móveis). Além disso, o Estado confiscaria todo o dinheiro da população.

O que é Socialismo / O que é Comunismo
Na teoria marxista,
consiste em uma fase intermediária, que consiste na tomada do poder e na implantação de uma ditadura (uma elite revolucionária) para impor as reformas e eliminar todo o tipo de resistência e oposição. Na prática, isso significa a criação de uma gigantesca estrutura de coerção, vigilância, perseguição, tortura e execução de quem discordou e resistiu. No marxismo, para implantar a igualdade é necessário acabar com as liberdades (de expressão, opinião, crença, imprensa,) e abolir a propriedade privada. Após realizar as reformas, a ditadura, ou seja, o Estado e sua enorme estrutura de coerção, controle e cobrança  "deixariam de existir" e assim seria criado o comunismo, o regime da igualdade plena: as propriedades seriam de todos e todos trabalhariam visando o bem estar da coletividade, sem nenhuma desigualdade, sem exploração, sem patrão,  de todos...essa fase final é o comunismo, que na prática jamais foi implementado...é considerado uma utopia, um ideal inatingível devido à própria natureza humana.

As previsões erradas de Karl Marx: a revolução prevista por Karl Marx não ocorreu nos países industrializados; por outro lado, ela ocorreu em países não industrializados e a Rússia foi o primeiro deles. Qual a explicação? nos países desenvolvidos, a industrialização, juntamente com políticas favoráveis à economia de mercado e inclusão social, resultaram na melhoria das condições de vida da classe trabalhadora e o consequente desinteresse pela ideologia. Entretanto, na Rússia, Lênin discordava de Marx: levaria muito tempo para que o país fosse industrializado. Sendo assim, ele defendia a ideia de que seria possível implantar o marxismo pulando etapas; bastaria aplicar as seguintes estratégias:
a) disseminação do marxismo no meio agrário, industrial e militar, criando os sovietes
b) ocupar espaço político através do Partido Comunista, o qual, durante o breve período democrático vivenciado no Parlamento russo (chamado de DUMA), usava outro nome: Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR).
c) Aproveitamento das crises: a entrada e a participação russa na Primeira Guerra Mundial serviram aos interesses do movimento, já que desestabilizaram tanto a imagem do Czar quanto a frágil democracia russa, culminando no golpe que levou os bolcheviques ao poder em outubro de 1917.

Na prática, a Rússia pulou etapas e implantou a ditadura do partido comunista com Lênin na liderança. Na prática, trocou o que era ruim por algo que foi pior para a maioria dos russos.

Antecedentes / Causas da Revolução
ECONOMIA
No início do século XX,
a economia russa era majoritariamente agrária e iniciava os primeiros passos na industrialização, cuja base era o capital estrangeiro (inglês, francês e alemão), já que o país não tinha nem capital e nem tecnologia para iniciá-la por conta própria. No campo, prevalecia o latifúndio sob o comando de fazendeiros chamados de Kulaks (grandes, médios e pequenos produtores), os quais serão o principal alvo dos marxistas, devido à precariedade da vida do campesinato que trabalhava em suas terras. Os dois grandes centros industriais da Rússia eram Moscou e São Petersburgo, entretanto, as condições de vida dos trabalhadores eram extremamente precárias, fato que facilitava a expansão do movimento marxista.
O operariado e o campesinato (e até os militares) passaram a ser o alvo dos marxistas, os quais, às escondidas, disseminavam sua ideologia, dando origem aos sovietes (conselhos ou comitês de operários, camponeses e militares, os quais agiam segundo as ordens da liderança marxista)

POLÍTICA:
Quem governava a Rússia era o Czar Nicolau II, de maneira absolutista, ou seja, sem constituição e sem parlamento. Não havia liberdade de expressão nem de imprensa. A Rússia era (e é) o maior país do mundo, o qual subjugava diversas repúblicas ao ponto de ficar conhecida como a "prisão dos povos" devido à sua política de repressão e controle sobre diversas etnias e nacionalidades, tais como poloneses, ucranianos, georgianos, cazaques, uzbeques, etc. Esses povos enfrentavam discriminação, repressão cultural e política, sendo submetidos às políticas centralizadoras do czarismo. Além disso, a polícia secreta (a Okhrana), monitorava e reprimia qualquer forma de dissidência política, e muitos líderes e intelectuais eram exilados na Sibéria. Além disso, possuía uma sociedade extremamente desigual e um governo autoritário, conduzido pela dinastia Romanov.

O período parlamentar:
em 1905, após um trágico evento em que  reprimiu com violência uma manifestação pacífica do povo em frente ao seu palácio (conhecido como Domingo Sangrento), provocando milhares de protestos pelo país, o Czar Nicolau II, percebendo o desgaste de sua imagem, permitiu o início de uma frágil abertura política, através da criação de uma constituição e de um Parlamento (a Duma). Os marxistas agruparam-se no Partido Operário Social Democrata Russo, um nome de fantasia para o Partido Comunista. Entretanto, na Duma, os marxistas se dividiram em duas facções:
a) Mencheviques: eram a minoria do partido e defendiam reformas sociais lentas e graduais, sem violência, respeitando as leis e a democracia.
b) Bolcheviques: eram a maioria do partido e defendiam a tomada imediata do poder através da violência, independentemente de participação na política. Para os bolcheviques, a política partidária estava em segundo plano pois não havia nenhum vislumbre de se reformar a sociedade no curto prazo. Sendo assim, o mais importante objetivo era a tomada do poder por meios violentos.


 A PRIMEIRA GUERRA ACELEROU A REVOLUÇÃO

A decisão do Czar de jogar a Rússia na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) facilitou o trabalho dos bolcheviques e sovietes, pois jogou o país no caos: derrotas humilhantes, grandes perdas humanas e materiais, desabastecimento, fome e inflação, exacerbando as tensões sociais que já existiam antes do conflito.
A Primeira Revolução: Fevereiro de 1917: O Czar é obrigado a renunciar. Os mencheviques, mais articulados na Duma, criam um governo provisório sob o comando de Alexsander Kerensky; entretanto, para decepção da maioria do povo, não retiram o país da guerra. Esta decisão serve aos interesses dos bolcheviques e sovietes, os quais são incentivados pelos discursos inflamados de Lênin (Paz, Pão e Terra) a se unirem e lutarem para derrubar o governo menchevique.

A Segunda Revolução: o golpe de Outubro de 1917:
Foi resultado da aliança entre Bolcheviques e Sovietes. Ela ocorreu em
25 de outubro de 1917. Os bolcheviques prepararam o golpe com poucos dias de antecedência, aproveitando a decepção do povo com o governo menchevique.
- Lenin criou o Comitê Militar Revolucionário (CMR) para coordenar ações militares.
- Bolcheviques espalharam propaganda anti-governo e mobilizaram o apoio popular através dos sovietes.
- Os Bolcheviques contaram com apoio dos marinheiros da Frota Naval Militar da cidade portuária de Kronstadt
- O CMR ocupou pontos estratégicos em Petrogrado (atual São Petersburgo).
- Bolcheviques e marinheiros ocuparam o Palácio de Inverno, sede do governo provisório.
- Kerensky foge: O governo provisório se dissolveu, e Kerensky fugiu.
- Lênin assume o poder.

Lênin e o primeiro governo marxista da história (1918-1924):
As principais decisões:
- Negociação de paz com a Alemanha e saída da guerra
- fechamento da Assembleia Constituinte.
- Extinção dos partidos políticos e criação do Partido Comunista, o qual exercia controle total sobre toda a sociedade. Lênin exercia sua função de governate sob o título de Secretário Geral do Partido Comunista.
- Criação da Cheka (Comissão Extraordinária de Toda a Rússia para a Combate à Contrarrevolução e Sabotagem): foi a primeira polícia secreta russa. Reprimia qualquer um que criticasse o governo; todos os os opositores políticos e contrarrevolucionários foram reprimidos,  perseguidos, presos, torturados, mortos, etc.
- Criação do Exército Vermelho: Força militar para defender a revolução.
-
Nacionalização das empresas estrangeiras
- Estatização da Economia: todas as empresas privadas (grandes, médias e pequenas) passaram a pertencer ao Estado.
- Confisco de bens/fim da propriedade privada: Apropriação de todos os bens da população, incluindo terrenos, casas e apartamentos.
- Implementação da economia planificada: Planejamento centralizado da economia.
- Propaganda e Censura: A propaganda e a doutrinação foram maciçamente usadas para promover a ideologia e justificar suas ações. Além disso, a censura foi implementada para suprimir a oposição e controlar a informação disponível ao público. Tudo passou a ser censurado: jornais, livros, peças teatrais, etc. Todas as editoras e imprensas foram fechadas. Só a imprensa e a rádio oficial foram permitidas. Da mesma maneira, os filmes foram censurados. O cinema passou a ser um dos principais meios de propaganda oficial.

A Guerra Civil (1918-1921)
- Logo após as negociações de paz com a Alemanha, o povo russo imaginou que teriam um período de paz e prosperidade. Entretanto, as decisões de Lênin foram tão autoritárias que provocaram a Guerra civil, uma guerra que devastou toda a Rússia e matou milhões por fome e por bala. 
As decisões do novo governo, principalmente no campo econômico, com a tomada da propriedade privada, provocaram a revolta de uma considerável parte dos russos, que não aceitavam perder tudo para o Estado. O país mergulhou numa guerra civil onde se destacaram dois exércitos:
a) Exército Vermelho:
Formado pelos bolcheviques e sovietes, sob o comando de Trótsky.
b) Exército Branco: Formado por czaristas, mencheviques e todos os opositores.
O Comunismo de Guerra durante a Guerra Civil:
foi uma política ainda mais radical implantada por Lênin, a qual tinha como objetivo central a manutenção do Exército Vermelho. As principais ações do Comunismo de Guerra foram:
- Recrutamento obrigatório
- Requisição forçada dos grãos de todas as fazendas. Quem fosse descoberto ocultando alimentos era executado.
- Troca direta/extinção da moeda: Produtos eram trocados por outros produtos ou serviços.
- Racionamento: Alimentos e produtos essenciais eram distribuídos mediante cartões de racionamento.
Consequências:
- Desabastecimento, Fome e escassez: A economia de guerra agravou a crise alimentar.
- Canibalismo: a fome e os mortos por ela era tão grandes que muitos russos recorreram ao canibalismo.
Coletivização e Controle Econômico: A economia foi centralmente planejada e controlada pelo estado. Através do Comunismo de Guerra,  o governo tomou o controle direto da produção e distribuição de bens,  forçando a coletivização do povo no campo.

O GOVERNO LÊNIN APÓS A GUERRA CIVIL E A NOVA POLÍTICA ECONÔMICA (NEP)
Com o país destruído, o governo de Lênin teve que tomar medidas contraditórias em relação ao seu discurso marxista: em 1921, Lênin  anunciou a Nova Política Econômica, cujas principais características eram:
- diminuição das ações centralizadoras do comunismo de guerra
- permissão para algumas práticas capitalistas, ou seja, foi autorizada a existência de pequenas e médias empresas privadas
- A igualdade salarial foi proibida: os trabalhadores poderiam receber salários que variavam de acordo com sua capacidade produtiva. Lênin sabia que a produção no capitalismo é maior pois envolve o desejo de ganhar mais, enquanto no socialismo o trabalhador, produzindo muito ou pouco, recebia a mesma remuneração.
- Com o passar do tempo os efeitos da NEP indicavam que a situação econômica da Rússia estava melhorando, entretanto, com a morte precoce de Lênin, em 1924, a NEP foi descartada por Josef Stálin, o qual implantou o sistema de Planos Quinquenais e Economia Planificada.

STALINISMO: A DITADURA E O TERROR SOB O GOVERNO DE STÁLIN
1928 - 1953)

O governo de Stálin foi marcado por:

Repressão Política

1. Purgas: Execuções em massa de opositores políticos, intelectuais e militares.
2. Expurgos: Remoção de membros do Partido Comunista considerados desleais.
3. Repressão aos dissidentes: Perseguição a artistas, escritores e intelectuais que criticavam o regime.

Violência e Repressão

1. Execuções: Estima-se 600.000 a 1.200.000 execuções entre 1936 e 1953.
2. Gulags: Campos de "reeducação", trabalhos forçados, escravidão, tortura e execuçõ: milhares de russos morreram de fome, tortura, doenças e trabalho forçado.
3. Tortura: Uso sistemático de tortura para obter confissões.

Controle Social

1. Censura: Controle rigoroso da imprensa e mídia.
2. Vigilância: Espionagem e informantes para monitorar a população.
3. Propaganda: Uso de propaganda para promover o culto à personalidade de Stálin.

Impacto Social e Econômico

1. Deslocamento de populações: Transferência forçada de grupos étnicos e minorias.
2. Fome e Genocídio na Ucrânia (Holodomor): cerca de 6 milhões de mortos
3. Economia planificada: Controle estatal da economia, levando a escassez e ineficiência.

Consequências

1. Morte de milhões: Estima-se 20-30 milhões de mortos.
2. Trauma social: Efeitos duradouros na sociedade soviética.
3. Deslegitimação do comunismo: Crise de confiança no sistema comunista.


RESUMO DA REVOLUÇÃO MARXISTA RUSSA:
ANTES: Ditadura autocrática Czarista, que caminhava lentamente para a democratização através da Duna e da constituição.
DEPOIS: Ditadura monopartidária comunista

ANTES: após 1905, monarquia constitucional
DEPOIS: Regime Opressor a partir de outubro de 1917

ANTES: democracia em fase de construção
DEPOIS: Não havia democracia

ANTES: pouca liberdade de expressão (após 1905, na fase de constitucionalização do país)
DEPOIS: Não havia liberdade de expressão

ANTES: Muita corrupção e privilégios da nobreza
DEPOIS: Muita corrupção e privilégios da Nomenklatura (elite privilegiada do Partido Comunista que passou a desfrutar de uma vida de luxo e ostentação)