O termo Pré-história representa o mais antigo período histórico. Sabemos que o prefixo "pré" significa antes...entretanto, na pré-história, o prefixo indica a fase em que, mesmo havendo história humana, não havia ainda a escrita...a pré-história não deixa de ser história por falta da escrita...como os historiadores não criaram um termo mais adequado, ele ainda é usado.
O Surgimento do ser humano: No estudo da Pré-história, somos confrontados com a questão desse surgimento. Existem diferentes abordagens para essa questão, destacando-se o criacionismo, o design inteligente e o evolucionismo, o qual é o adotado na área acadêmica. O nosso foco não é promover debates nem impor uma visão única nem desrespeitar nenhum tipo de convicção. Como a teoria evolucionista já é abordada em biologia, nosso tema focará nas mudanças provocadas pelo ser humano ao longo da pré-história, as quais culminaram na criação das primeiras civilizações.
A Divisão da Pré-história: os historiadores a dividem em dois ou três períodos
1 - Paleolítico e Neolítico.
2 - Paleolítico, Mesolítico (para muitos pesquisadores, trata-se de uma fase de transição, sendo também considerada como paleolítico avançado ou um neolítico primitivo) e Neolítico.
PALEOLÍTICO: É conhecido também como Idade da Pedra Lascada por causa dos objetos de pedra produzidos de forma grosseira. Além da pedra, utilizavam-se também da madeira e de ossos. É o período mais extenso da Pré-História: aproximadamente entre 2,6 milhões de anos até cerca de 10.000 a.C. Nele, o ser humano teria surgido, criado diversas ferramentas de pedra e produzido o fogo, o qual é considerado como a principal conquista paleolítica.
Características do Paleolítico:
- RECURSOS ESCASSOS / DIFICULDADES EXTREMAS: os humanos não produziam alimentos e dependiam completamente da natureza para obtê-los, através da caça de grandes animais, pesca ou coleta de plantas, raízes e frutos.
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SOCIEDADES DE CAÇADORES E COLETORES: Os humanos dessa fase não eram produtores de alimentos, não conheciam o potencial da agricultura nem do pastoreio. Para obter alimentos, dependiam do que a natureza oferecesse...sendo assim, eram caçadores de animais e coletores de frutos, sementes, raízes, etc. Para obter sucesso na caçada de grandes animais, passaram a caça-los em bandos, de forma coordenada.
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SOCIEDADE COMUNAL: de maneira geral, os grupos humanos possuíam laços de parentesco...após as caçadas, repartiam entre o grupo tudo o que foi conquistado. Tinham poucos bens. Não havia ainda a ideia de propriedade
privada.
- MUDANÇAS CLIMÁTICAS: O Paleolítico foi marcado por flutuações climáticas, com períodos de glaciação e aquecimento que afetavam diretamente os habitats de animais e vegetais. As mudanças no clima podiam resultar em escassez de alimentos, dificultando a caça e a coleta.
- MIGRAÇÃO ANIMAL: A caçada de grandes animais, como mamutes, bisões e cervos, dependia de migrações sazonais devido à mudança do clima. Os caçadores/coletores acompanhavam os deslocamentos dos animais em busca de pastagens e temperaturas mais amenas. Durante o inverno, muitos animais migravam para regiões mais quentes, e os grupos humanos seguiam esses deslocamentos para garantir alimento e matéria-prima para ferramentas, roupas e abrigo.
- OBJETOS RUDIMENTARES: A pedra foi o principal material utilizado para fazer os objetos necessários à sobrevivência: eram feitos de forma grosseira (pedra lascada), tais como as pontas de lança, raspadores, arpões, facas e pontas de flecha.
- NOMADISMO / CAVERNAS: os humanos não tinham um lugar fixo para morar e se deslocavam constantemente em busca de alimentos e melhores condições de sobrevivência. Apesar desse estilo de vida nômade, eles também ocupavam cavernas por diversos motivos:
- Abrigo: As cavernas ofereciam proteção contra as intempéries climáticas, como chuva, vento, frio e calor intenso. Elas proporcionavam um refúgio seguro para os grupos humanos, protegendo-os de predadores e de condições climáticas adversas.
- Segurança: As cavernas, por serem naturalmente fechadas e com entradas estreitas, ofereciam proteção contra animais selvagens e outros grupos humanos. Isso garantia maior segurança para os grupos que as habitavam, especialmente durante a noite.
- Disponibilidade de recursos: Algumas cavernas ofereciam acesso a fontes de água, como nascentes ou rios subterrâneos.
- Práticas culturais: As cavernas também eram utilizadas para a realização de rituais, cerimônias e outras práticas culturais. As paredes de algumas cavernas foram decoradas com pinturas rupestres, que podem ter tido significado religioso ou mágico. Além disso, as cavernas podiam ser utilizadas como locais de sepultamento, indicando a importância desses espaços para os grupos humanos.
É importante ressaltar que nem todos os grupos humanos do Paleolítico ocupavam cavernas. Muitos viviam ao ar livre ou em abrigos temporários, como tendas feitas de pele de animais ou cabanas construídas com materiais disponíveis na natureza. A ocupação de cavernas era uma estratégia de adaptação a diferentes ambientes e condições de vida.
- Gravuras rupestres: são desenhos criados no interior das cavernas e em paredões rochosos, pelos artistas do paleolítico, os quais retratavam, de maneira geral, cenas do cotidiano, principalmente imagens de animais e de caçadas.
- LIDERANÇA: Nos grupos humanos do paleolítico não existia a anarquia. As principais formas de liderança tinham como base:
- Experiência e habilidades: caçadores experientes, curandeiros ou aqueles com conhecimentos profundos sobre a natureza. Esses líderes naturais ganhavam respeito e autoridade por sua capacidade de garantir alimentos, proteger o grupo ou cuidar dos membros mais vulneráveis.
- Carisma e Status: embora não existisse divisões de classe, alguns indivíduos poderiam ter um status maior dentro do grupo devido a suas características pessoais, como carisma ou coragem. Esse status poderia levá-los a influenciar decisões coletivas, como a escolha de rotas de caça ou estratégias de sobrevivência.
- Decisões coletivas / Liderança compartilhada: Muitas decisões importantes (ex: como e onde caçar ou onde se estabelecer, para onde migrar, qual a melhor e mais segura rota, etc), poderiam também ser tomadas de forma coletiva, com os membros do grupo discutindo e oferecendo suas opiniões. A comunicação e o consenso eram essenciais para a sobrevivência.
- Liderança na prática: Como as ameaças eram constantes (como animais selvagens ou mudanças climáticas), a liderança era muitas vezes uma questão de praticidade: quem fosse mais capaz de lidar com essas situações urgentes, como liderar uma caçada ou proteger o grupo de predadores, automaticamente assumiria um papel de liderança, mas de maneira temporária e contextual.
- Liderança Espiritual (ex: xamã ou pajé): Essa liderança oferecia conselhos e orientação para o grupo, com base em seus conhecimentos sobre o mundo espiritual e natural. Podia também realizar curas e tratamentos, pois conhecia propriedades de plantas medicinais. Era também responsável por preservar e transmitir os conhecimentos, costumes e tradições do grupo. Ensinava as histórias, mitos e valores da comunidade para as novas gerações.
BANDOS E HORDAS:
Eram grupos humanos que teriam se envolvido em disputas por territórios, alimentos e até por mulheres. Há um tendência a considerar que as hordas teriam um comportamento mais predatório do que os bandos, como roubar o produto da caça de um bando, matar seus homens e capturar suas mulheres. Esse tipo de comportamente seria resultado de uma luta pela sobrevivência em um ambiente altamente competitivo. Nesse contexto, essas hordas tentariam tomar o que os bandos haviam caçado, como uma forma de garantir recursos para sua própria sobrevivência.
Bando: Refere-se a um grupo de indivíduos que conviviam, caçavam e repartiam entre si o fruto de seu trabalho. Os bandos eram pequenos grupos familiares ou clãs, compostos geralmente por algumas dezenas de pessoas. A cooperação entre os membros era essencial para a sobrevivência, como para caçar, dividir alimentos e cuidar uns dos outros. algumas correntes de pensamento sugerindo que as hordas poderiam se caracterizar por comportamentos mais agressivos e territoriais, enquanto os bandos seguiam uma organização mais cooperativa.
Horda: Na antropologia, este termo é usado para descrever grupos humanos que, embora também cooperassem entre si, seriam mais agressivos do que os bandos, ao ponto de atacá-los para obter alimentos, matar seus homens e capturar suas mulheres.
Prováveis causas da rivalidade entre Bandos e Hordas:
1 - A falta de parentesco: Nos primeiros grupos humanos, as relações familiares eram fundamentais para a organização do grupo, e, por consequência, para as alianças. Quando diferentes grupos não tinham laços de parentesco, a confiança mútua era mais difícil de estabelecer, e isso poderia gerar tensões.
2 - Disputa por Territórios: embora ainda não houvesse propriedade privada, esses bandos e hordas já viviam em territórios que consideravam seus, onde dispunhamn de recursos necessários à sobrevivência (áreas de caça, fontes de água ou abrigos)... entretanto, esses recursos eram limitados.
3 - Expansão Genética e Reprodutiva: Nos tempos do Paleolítico, quando a sobrevivência estava intimamente ligada à procriação e à manutenção de um número suficiente de membros para garantir a força de trabalho e a defesa do grupo, as mulheres desempenhavam um papel crucial na reprodução e na continuidade da comunidade. Ao sequestrar mulheres de outro grupo, um bando ou horda podia ampliar sua força demográfica, perpetuação e sobrevivência do grupo a longo prazo. Além de procriarem , as mulheres também coletavam alimentos, confeccionavam ferramentas de pedras e roupas com o couro dos animais. A violência entre bandos e hordas existiu, mas a dinâmica social do Paleolítico também envolvia outros tipos de interação, como troca, comunicação e alianças que possibilitavam a sobrevivência e a expansão das comunidades humanas.
- UM GRANDE AVANÇO: A PRODUÇÃO DO FOGO: a capacidade de produzir fogo é considerada como a maior conquista humana no paleolítico, pois trouxe inúmeros benefícios: espantar animais selvagens, cozinhar ou assar seus alimentos, aquecer-se, etc.
- DIVISÃO RUDIMENTAR DO TRABALHO: os principais papéis dos homens e das mulheres eram:
Homens: caçar, coletar, pescar, ir à guerra, defender seu grupo tanto do ataque de predadores quanto de povos inimigos.
Mulheres: cuidar dos filhos, coletar, criar os filhos e preparar os alimentos.
Essa divisão é frequentemente justificada por fatores biológicos (força física masculina para a caça e a guerra) e pela necessidade de cuidados com a prole, que recaiam sobre as mulheres. Novas pesquisas indicam que esta divisão não era assim tão rígida: dependendo do povo, as mulheres também caçavam.
NEOLÍTICO: Foi o período que provocou profundas mudanças na vida dos seres humanos, a partir do momento em que foi inventada a agricultura. Essa mudança é chamada de Revolução Agrícola ou Agropastoril ou Revolução Neolítica.
A agricultura resultou de um processo gradual de observação, experimentação e adaptação dos seres humanos a um ambiente onde houvesse recursos (ex: água e terra fértil). A transição da caça e coleta para a agricultura ocorreu entre 7000 e 5000 anos em regiões como o Oriente Médio, América Central e África. Esse processo envolveu:
1. Observação da natureza: Notaram o ciclo de crescimento das plantas.
2. Experimentação: Testaram técnicas de cultivo e seleção de sementes.
3. Necessidade e aprimoramento: a agricultura resultou em melhorias nas condições de vida do ser humano, sendo assim, houve aumento populacional, fato que forçou o ser humano a buscar aprimorar suas técnicas de produção de alimentos, tanto agrárias quanto pecuárias.
Características do Neolítico
Produção de Alimentos: o ser humano passou a produzir alimentos através da Revolução Agrícola ou Agropecuária: tornou-se agricultor e criador de animais. Essa revolução foi mudando o modo de vida do ser humano ao longo do tempo, o qual não dependia mais de ter sorte em caçadas...o ser humano passou a ter mais controle sobre a natureza no sentido de plantar e colher seus alimentos.
Propriedade Privada: Com o advento da agricultura (por volta de 10.000 a.C.), o controle sobre a terra tornou-se essencial.
O cultivo de plantas como trigo, cevada e arroz exigia investimento de trabalho e permanência no mesmo local...sendo assim, famílias e clãs passaram a ocupar áreas específicas, defendendo-as para garantir sua subsistência. Essa apropriação de terras cultiváveis foi o primeiro passo em direção à propriedade privada.
A Acumulação de Excedentes: A agricultura permitiu a produção de excedentes—além do necessário para a sobrevivência imediata. Esses excedentes podiam ser armazenados, trocados ou usados em épocas de escassez. Com isso, algumas famílias acumulavam mais recursos, enquanto outras dependiam delas.
A posse de animais domesticados (como cabras, ovelhas e bovinos) também reforçou a ideia de propriedade. Rebanhos podiam ser expandidos e herdados, aumentando a riqueza de certos grupos.
-A Decadência da Sociedade Comunal e a Transformação do Trabalho:
A transição da sociedade comunal para um sistema baseado na propriedade privada no Neolítico não foi apenas uma mudança econômica, mas também uma profunda transformação nas relações de trabalho e na organização social. Enquanto as comunidades primitivas funcionavam em um modelo coletivista, onde a terra e os recursos eram compartilhados, a propriedade privada introduziu uma nova dinâmica, exigindo um tipo de trabalho mais individualizado, especializado e, em muitos casos, hierarquizado. Com o surgimento da agricultura sedentária e da posse privada da terra, o trabalho assumiu um caráter diferente: a Individualização e Posse dos Meios de Produção.
Antes a terra era um bem comum, agora famílias ou clãs específicos controlavam parcelas de terra cultivável. Isso significava que o trabalho agrícola não era mais uma atividade coletiva e uma obrigação de todos...agora, era uma obrigação apenas daqueles que ocupavam e "possuíam" a terra.
Quem não tinha terra própria passou a trabalhar para os que a possuíam, seja em troca de proteção, alimento ou outros benefícios, dando origem a relações de dependência e, posteriormente, a formas primitivas de servidão.
Especialização e Divisão Social do Trabalho: O excedente agrícola permitiu que algumas pessoas se dedicassem a outras atividades além do cultivo, como artesanato, comércio ou administração. Isso levou à divisão de classes entre produtores diretos (camponeses, pastores) e não produtores (governantes, sacerdotes, guerreiros).
A propriedade privada, portanto, não só mudou a forma de trabalhar, mas também criou uma estrutura social desigual, onde alguns controlavam os meios de produção e outros vendiam sua força de trabalho.
-Trabalho como Fonte de Acumulação: Surgiram conflitos pela posse de terras férteis, rebanhos e estoques, levando à necessidade de estruturas de poder (como chefias e Estados primitivos) para proteger a propriedade e manter a ordem.
A decadência da sociedade comunal não foi um processo abrupto, mas sim uma consequência lenta e inevitável da nova relação entre trabalho e propriedade. A propriedade privada exigia um sistema de produção mais controlado e hierarquizado, rompendo com a igualdade relativa das sociedades anteriores.
Essa transformação permitiu o desenvolvimento de civilizações complexas, mas também inaugurou formas de produção e de trabalho que persistem até hoje.
O surgimento da propriedade privada no Neolítico foi um processo gradual, ligado à sedentarização, à agricultura e ao acúmulo de riquezas. Esse desenvolvimento alterou para sempre a organização das sociedades, criando hierarquias e sistemas econômicos mais complexos que pavimentaram o caminho para as primeiras civilizações. A propriedade privada, portanto, não é apenas uma questão econômica, mas uma das fundações da estrutura social moderna.
Sedentarismo: o ser humano tornou-se sedentário, ou seja, passou a ter moradia fixa, devido à necessidade de morar próximo ao seu local de trabalho, que eram suas plantações e criações de animais.
Desenvolvimento da cerâmica: devido à necessidade de guardar os alimentos.
Uso de ferramentas de pedra polida: foi uma evolução da produção de objetos de pedras.
Comércio e especialização: o comércio surgiu a partir da geração de excedentes da agricultura. Esses excedentes foram trocados por outras mercadorias. Juntamente com a escrita, o comércio foi uma das maiores invenções da humanidade.
A invenção da Escrita: foi necessário para registrar as quantidades, a produção, os negócios, os regulamentos, etc. A invenção da escrita foi tão importante que ela dividiu a história: a partir daí chamou-se História Antiga em lugar de pré-história.
Surgimento de vilas e cidades
Multiplicação das atividades: a sociedade torna-se complexa devido ao aumento das funções e serviços: carpinteiros, pedreiros, artesãos, ceramistas, comerciantes, transportadores, pecuaristas, metalúrgicos, tecelões, etc.
Surgimento das primeiras civilizações, com destaque para aquelas localizadas na Mesopotâmia: Sumérios, Acádios, Babilônios, Assírios, Caldeus, Persas.
PRÉ-HISTÓRIA DO BRASIL: A chegada dos humanos nas Américas
A teoria mais aceita é a da migração de asiáticos através do Estreito de Bering, entre a Rússia e o Alasca. A semelhança física entre asiáticos e os povos das três américas é outro fato que contribui para esta teoria. A partir dessa migração, que teria ocorrido durante uma era de glaciação, os humanos teriam se espalhado pelas Américas.
Durante muito tempo, prevalecia a tese de que o início da ocupação humana nas Américas teria se iniciado nos EUA, devido à descoberta do sítio arqueológico Clóvis, no Novo México., o qual, por muito tempo foi considerado o mais antigo nas Américas, com datação entre 11 mil e 11,5 mil anos atrás.
Entretanto, no Brasil, a partir das pesquisas da arqueóloga Niede Guidon no Sítio de Pedra Furada, na Serra da Capivara, no Piauí, desenvolveu-se a tese de que a presença humana no Brasil seria a mais antiga das Américas e teria ocorrido por volta de 20.000 a 30.000 anos atrás.
Possíveis Causas da Migração para a América do Sul antes da América do Norte:
- Clima Mais Ameno: A região sul da América, particularmente a parte tropical e subtropical da América do Sul, oferecia um ambiente menos afetado pelo resfriamento global, com uma vegetação mais densa, clima mais quente e recursos naturais mais abundantes, como fauna e flora para a caça e coleta.
- Deslocamento de Animais: A megafauna, grandes animais como mamutes, mastodontes, preguiças-gigantes e outros herbívoros que dominavam o Norte e o Centro da América, também poderia ter migrado para o sul, em busca de melhores condições para sua sobrevivência. Para os humanos, que dependiam da caça desses animais, isso significaria a necessidade de seguir essas grandes presas, o que poderia ter levado ao deslocamento para regiões mais quentes e mais ao sul.
OS POVOS DOS SAMBAQUIS
Nossos pré-históricos também eram Caçadores-coletores e habitavam quase todo o território brasileiro, vivendo em cavernas, florestas e no litoral. Um dos povos mais famosos foram os povos dos Sambaquis.
O que são os Sambaquis? são construções artificiais em forma de morros, constituída por conchas, ossos de animais, artefatos de pedra e osso e até esqueletos humanos. A palavra sambaqui vem do tupi-guarani, onde "tambá" significa "monte" e "ki" significa "concha" . São encontrados em baías, praias ou na foz de grandes rios. No Brasil, localizam-se principalmente no litoral do sudeste e sul. Os povos dos sambaquis se estabeleceram em regiões litorâneas, onde a abundância de recursos marinhos como peixes, moluscos e crustáceos era fundamental para sua sobrevivência. Além disso, a caça de animais terrestres como roedores e pequenos mamíferos também fazia parte de sua dieta.
Construção de Sambaquis: Durante séculos, esses povos acumularam restos de suas atividades diárias — como restos de alimentos, ferramentas e cerâmica — em locais específicos.
FUNÇÕES DOS SAMBAQUIS: suas funções exatas ainda é motivo de debates entre os arqueólogos, mas as evidências sugerem que serviam para múltiplos propósitos:
Locais de sepultamento: Muitos sambaquis continham sepultamentos humanos, às vezes com oferendas e rituais complexos, indicando que eram importantes sítios funerários.
Moradia: Alguns pesquisadores defendem que certos sambaquis, especialmente os menores, poderiam ter servido como locais de habitação temporária ou mesmo permanente.
Acampamentos temporários: A grande quantidade de restos de alimentos (principalmente conchas) sugere que eram locais de intensa atividade de coleta e consumo de moluscos.
Marcos territoriais e sinalização: Sua visibilidade na paisagem costeira pode ter servido como pontos de referência ou demarcação territorial para os grupos.
Locais cerimoniais e rituais: A presença de artefatos elaborados, como esculturas de pedra (zoólitos) e enterros rituais, sugere que os sambaquis também tinham importância cerimonial e religiosa.
Depósitos de resíduos: Ao longo do tempo, tornaram-se depósitos de diversos tipos de resíduos orgânicos e inorgânicos da vida cotidiana.
Fertilizantes do solo: Com o tempo, a decomposição das conchas ricas em cálcio contribuiu para a fertilidade do solo ao redor, o que pode ter sido um benefício indireto.
CIVILIZAÇÃO MARAJOARA: Considerada uma das mais avançadas da nossa pré-história, essa civilização viveu aproximadamente entre 400 d.C. e 1400 d.C., na Ilha de Marajó, localizada na região amazônica, no estado do Pará.
Características:
Localização e Ambiente: A Ilha de Marajó, onde há grandes áreas de várzea e uma rica biodiversidade, favorecendo o crescimento de uma sociedade complexa de agricultores, artesãos e comerciantes.
Economia: além da caça e pesca, já existiam técnicas agrícolas de irrigação onde se cultivavam principalmente mandioca, milho e batata-doce. A produção agrícola era favorecida por técnicas de irrigação e cultivo adaptadas ao ambiente da ilha. Eles também praticavam o comércio de produtos, como cerâmica e alimentos, com outras regiões da Amazônia. O uso de barcos para transporte e comércio era comum, dado o ambiente aquático da região.
Arte e Cultura: Os marajoaras são especialmente conhecidos por sua cerâmica, que é uma das mais sofisticadas da pré-história brasileira. Suas peças de cerâmica incluem vasos, urnas funerárias e figuras humanas e animais, frequentemente adornadas com complexos desenhos geométricos e figuras estilizadas. Essas urnas eram frequentemente usadas para enterrar mortos, em um rito funerário que envolvia práticas religiosas e culturais.
A arte marajoara também é marcada pelo trabalho em metais, como ouro, e pela construção de açudes, que mostravam grande habilidade em engenharia e organização social.
Organização Social: A sociedade era estratificada, com uma clara divisão de classes, provavelmente incluindo uma elite dominante, responsáveis pela administração da região, e uma grande população de trabalhadores ligados à agricultura, pesca e cerâmica. Eles construíram grandes vivendas comunitárias e também eram conhecidos por suas grandes aldeias cercadas por muros ou palmeiras, o que indica uma sociedade organizada e com uma estrutura hierárquica.
Declínio e Legado: A civilização marajoara entrou em declínio por volta de 1400 d.C., possivelmente devido a mudanças climáticas, superexploração dos recursos naturais ou a pressão de outros grupos indígenas. Deixou como legado cultural a beleza de seus artefatos cerâmicos. A civilização marajoara, portanto, representa um dos grandes exemplos de complexidade cultural da pré-história brasileira e um dos mais avançados povos indígenas da região amazônica antes da chegada dos europeus.
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