Origem do termo
do grego Meso (meio) e Potamia (dois rios), ou seja "Terra entre dois rios": é uma região que na atualidade corresponde a uma parte do Iraque, Síria, Turquia, Irã, Kuwait e Arábia Saudita. Essa região, mesmo sendo desértica, atraiu muita gente devido a fertilidade das terras localizadas juntos as margens dos rios Tigre e Eufrates. A região é considerada "berço da Humanidade", pois ali viveram povos que fundaram as primeiras civilizações e deixaram para a humanidade legados como a divisão do calendário em 360 dias, a escrita, os cálculos astronômicos, entre outras invenções.
O que é Civilização? Seu conceito é subjetivo...podemos defini-la como uma sociedade complexa, onde há cidades, instituições políticas, religiosas, militares, intenso comércio, uma ampla gama de atividades, etc.
CRESCENTE FÉRTIL
A região da Mesopotâmia, juntamente com o Egito antigo foram chamadas de Crescente Fértil: uma extensão região que ia da Mesopotâmia até ao Egito, onde floresceram algumas das mais antigas civilizações.
OS SEMITAS: Foi o principal grupo étnico que contribuiu para a formação da cultura, política e sociedade mesopotâmica ao longo de milênios. Eles foram responsáveis pela maioria das grandes civilizações urbanas mesopotâmicas: Acádios, Babilônios, Assírios e Caldeus.
Mesmo fora da área da Mesopotâmia, os semitas foram os criadores de duas das maiores civilizações da história:
- os Hebreus, de onde veio o judaísmo e por tabela o cristianismo, uma das bases da civilização ocidental.
- os Árabes, de onde veio o Islamismo e a civilização árabe que tem como base cultural o Islã.
O surgimento do Estado
Conceito de Estado: é uma unidade administrativa que organiza um território e a população que o habita. Ele é formado por um conjunto de instituições públicas que representam, organizam e que na teoria deve atender ou servir ao povo garantindo a segurança, a paz, a prosperidade, a estabilidade econômica, etc.
Causas do surgimento:
1. Crescimento Populacional e Organização Social: Com o crescimento da agricultura, as aldeias começaram a crescer, tornando-se cidades como Ur, Uruk e Nippur. O aumento da população exigiu uma administração centralizada para coordenar a produção, o armazenamento, a convivência harmônica da população, etc.
2. Necessidade de Controle da Irrigação: mesmo sendo uma região desértica, as enchentes anuais dos rios Tigre e Eufrates significavam ao mesmo tempo fontes de vida e destruição. Para garantir a produção agrícola e tentar minimizar os efeitos destruidores das enchentes, era necessário criar grandes sistemas de canais e diques. A construção e manutenção dessas obras exigiam um poder central forte, capaz de impor e organizar o trabalho coletivo compulsório.
3. Especialização do Trabalho e Estratificação Social: Com o desenvolvimento da agricultura, parte da população passou a exercer outras funções, como artesãos, comerciantes e escribas. Isso gerou diferenças sociais e a necessidade de leis para regular a convivência entre os diferentes grupos.
4. Guerras e Defesa Militar: As cidades eram muradas devido ao clima de insegurança e constante ameaça de ataques e invasões...é nesse contexto que surge a figura do líder militar, que, muitas vezes, acumulava poder e estabelecia dinastias governantes.
5. Religião e Poder Teocrático: No politeísmo mesopotâmico, era comum a crença de que os governantes eram escolhidos pelos deuses para manter a ordem. Isso consolidou o poder dos reis, que eram ao mesmo tempo representantes dos deuses, sendo considerados os responsáveis pelo controle do tempo, terras, água, economia, etc.
6. Criação de Leis e Administração Pública: O aumento das cidades e das atividades comerciais levou à necessidade de regras para manter a ordem. Esse processo culminou com códigos legais, como o famoso Código babilônico de Hamurábi (c. 1750 a.C.), que organizava normas de convivência e punições.
CARACTERÍSTICAS DAS PRINCIPAIS CIVILIZAÇÕES MESOPOTÂMICAS
o Estado teocrático
o trabalho compulsório
a propriedade estatal
O Estado Teocrático (ou teocracia)
Significado de Teocracia: termo de origem grega: teo (deus) e cracia (governo ou
poder)
Significado Político do termo: é um tipo de Estado onde fé e política estão unidas...a base do poder político está na religião ou em princípios religiosos. Até os dias atuais ainda existem teocracias, com destaque para os Estados islâmicos.
Por que os primeiros Estados foram teocracias?
1 - Na Mesopotâmia, as pessoas acreditavam que os deuses controlavam todos os aspectos da vida, como colheitas, enchentes e guerras.
2 - Os governantes, que eram vistos como representantes divinos ou escolhidos pelos deuses, tinham autoridade inquestionável.
3- A falta de explicações científicas fazia com que fenômenos naturais fossem interpretados como manifestações divinas, reforçando o poder dos sacerdotes.
4- Os templos e os zigurates não eram apenas centros religiosos, mas também administrativos e econômicos, onde se organizavam tributos e produção.
5- A escrita, dominada pelos sacerdotes, registrava leis e previsões astrológicas, aumentando sua influência.
6-Como a sobrevivência dependia da harmonia com os deuses, a obediência às autoridades religiosas era essencial. Os reis eram considerados representantes dos deuses e tinham funções sacerdotais. Eles governavam e lideravam cerimônias religiosas. Os reis comandavam a justiça, o exército e cria as leis. A obediência às suas ordens era vista como um dever religioso. A teocracia reforçava a legitimidade do governante e a coesão social, já que a religião permeava todos os aspectos da vida e concentrava o poder nas mãos de uma elite religiosa e política.
O "Estado-Templo"
Era grande a importância que os templos e os zigurates tinham na vida econômica, social, política e religiosa: era através deles que se administravam tanto os recursos religiosos (oferendas, intercessão, revelações, adoração, etc), quanto os econômicos, como terras, água, mão de obra e até mesmo propriedades privadas. Com o passar do tempo, todo esse poder criou o que se chamou de "Estado-templo".
A expropriação da propriedade privada:
Na Mesopotâmia, de maneira geral, a propriedade privada e os recursos produtivos (terra, água, mão -d-obra, etc.), foram subordinados ou expropriados pelo Estado. O Estado apropriou-se da maior parte destes recursos e os distribuía conforme seus interesses. A maioria dos camponeses não era mais dona da terra que cultivava; eles tinham apenas a autorização para trabalhar nelas. A maior parte das terras foi incorporada à Elite dirigente, composta por sacerdotes, chefes militares e governantes.
Há pelo menos duas hipóteses para tentar explicar como o Estado apropriou-se da maior parte das terras:
a) A expropriação ocorreu de forma gradual, por meio de dívidas contraídas pelos pequenos proprietários. Como não tiveram como pagar as dívidas, foram obrigados a entregar suas terras ao Estado.
b) A expropriação ocorreu de forma violenta, onde o Estado teria usado a força para expropriar o povo e submetê-lo ao trabalho compulsório nas grandes propriedades.
- É importante lembrar que o acesso à terra variava de acordo com o período e com a região da Mesopotâmia, já que as sociedades mesopotâmicas passaram por diversas mudanças ao longo dos séculos.
A Servidão ou Trabalho Compulsório: A maior parte da mão de obra na Mesopotâmia não era escrava, mas era compulsória. Era uma servidão, entendendo servidão como uma relação de trabalho diferente da escravidão, pois o ser humano não era mercadoria, mas estava submetido aos trabalhos obrigatórios impostos pelo Estado. Essa servidão ou trabalho compulsório (obrigatório) foi muito comum nas civilizações mesopotâmicas e também na egípcia; em história, é conhecido também pelo nome de Corveia (embora este seja mais usado na idade média).
Por que impor o trabalho compulsório? Naquela época, controlar as águas dos rios Tigre e Eufrates era essencial para a sobrevivência, pois esses rios eram as únicas fontes de água da região. Entretanto, havia alguns problemas:
a) as enchentes anuais eram violentas e devastadoras para quem morava nas proximidades de suas margens.
b) havia também períodos de secas prolongadas, as quais provocavam desabastecimento, fome e miséria.
c) era preciso criar sistemas complexos de irrigação e de controle de água, como diques, canais e reservatórios. Esses sistemas exigiam um alto nível de organização social e política. O controle da água se tornou, portanto, um aspecto central do poder e da governança nas primeiras civilizações da Mesopotâmia.
d) era preciso também criar templos, zigurates, palácios e tudo o que o Estado exigisse.
e) O contingente de escravos era pequeno para a realização dessas obras gigantescas.
f) Como a grande maioria do povo era composta por camponeses, foi sobre este grupo que recaiu a pesada tarefa.
g) De maneira geral, a teocracia facilitou a imposição deste tipo de trabalho, já que o povo, muito religioso, respeitava e obedecia aos sacerdotes e governantes...claro que sempre havia os que não aceitavam e se rebelavam.
Havia dois tipos de Trabalho compulsório
-Dívidas: fazia parte do pagamento de dívidas contraídas com os sacerdotes.
-Serviço Militar: servir ao exército também era obrigatório para os homens.
Os Templos e os Zigurates
Todos os zigurates eram templos, mas nem todos os templos eram zigurates.
Os templos desempenhavam uma variedade de funções, enquanto os zigurates eram mais focados no culto aos deuses e na observação astronômica. Os zigurates eram estruturas mais imponentes e simbólicas, representando o poder e a religiosidade da civilização mesopotâmica.
Naquela época, era difícil para a maioria do povo armazenar seus excedentes de grãos pois era necessária a construção de locais específicos para tal. Sendo assim, coube aos governantes criaram estruturas de armazenamento dentro dos templos e zigurates, onde o povo poderia armazenar, mediante pagamento de taxas.
Principais atribuições dos Zigurates
-Eram templos em forma de pirâmides escalonadas, considerados a morada dos deuses na Terra.
-Serviam como observatórios astronômicos, permitindo aos sacerdotes estudar os astros.
-Eram símbolos do poder religioso e político, demonstrando a riqueza e a capacidade da cidade.
-possuíam bibliotecas e arquivos onde textos religiosos, mitos, hinos, contratos e registros administrativos eram armazenados.
Templos:
-Eram construções mais simples e serviam como locais de culto/adoração e realização de sacrifícios/oferendas.
-possuíam bibliotecas e arquivos destinados ao ensino das novas gerações.
-eram centros administrativos destinados a administrar as grandes obras públicas pelos sacerdotes
-eram locais de recolhimento de impostos e armazenamento dos excedentes agrícolas.
-Funcionavam também como escolas, onde os jovens aprendiam a ler, escrever e realizar cálculos. Essa educação era essencial para formar novos sacerdotes, escribas e administradores.
- Eram construções variadas, com diferentes tamanhos e formas, adaptadas às necessidades de cada cidade e deus. Podiam incluir pátios, salas de oferendas, altares e outras dependências.
-serviam também como moradia dos sacerdotes.
As atribuições dos sacerdotes:
- Administração dos templos/Zigurates: eles coordenavam os trabalhos executados nas vastas propriedades dos templos e zigurates, que incluíam terras agrícolas, rebanhos, oficinas de artesanato e armazéns. Eles supervisionavam o trabalho de camponeses, pastores, artesãos e servos que trabalhavam nas propriedades do templo.
Nas épocas de secas ou de guerras, os sacerdotes ajudavam o povo distribuindo grãos. Essa redistribuição reforçava o papel dos sacerdotes como protetores da comunidade.
- Controle de Transações Comerciais: Os sacerdotes gerenciavam o comércio realizado nos templos, incluindo a coleta de impostos religiosos e a troca de bens como grãos, tecidos, metais e produtos artesanais. Eles também supervisionavam contratos e transações comerciais, os quais eram registrados em tabletes de argila usando a escrita cuneiforme.
- Funções Religiosas e Rituais: Os sacerdotes realizavam rituais diários nos templos e zigurates, incluindo oferendas de alimentos, bebidas e incenso para agradar os deuses. Eles cuidavam das estátuas dos deuses, vestindo-as e "alimentando-as" simbolicamente.
- Festas e Cerimônias: Os sacerdotes organizavam festas que incluíam procissões, música, dança e sacrifícios. Esses eventos reforçavam a coesão social e a devoção aos deuses. Durante as festas, as estátuas dos deuses era levadas em procissão, do templo até o Zigurate, simbolizando a conexão entre o céu e a terra.
- Educação e Preservação do Conhecimento: os sacerdotes ensinavam tanto os saberes religiosos quanto os conhecimentos básicos tais como saber ler, escrever, contar, etc. Eles retransmitiam os conhecimentos religiosos, literário e científico da época.
- Legitimação do Poder Real: Os sacerdotes legitimavam o poder dos reis, reafirmando que eles eram escolhidos pelos deuses. Essa relação entre religião e política fortalecia a autoridade real.
. Conselheiros: Os sacerdotes atuavam como conselheiros dos reis, oferecendo orientação baseada em presságios e rituais religiosos.
- Saúde e Cura: Os sacerdotes também atuavam como curandeiros, utilizando uma combinação de magia, rituais e conhecimentos empíricos para tratar doenças. Eles acreditavam que muitas enfermidades eram causadas por espíritos malignos ou pela ira dos deuses, e usavam encantamentos e poções em seus tratamentos.
A SOCIEDADE
Estava dividida (ou estratificada) em Estamentos (é uma estratificação que se diferencia das Castas por permitir alguma mobilidade social, mesmo sendo difícil). Os filhos do camponeses geralmente seriam camponeses, assim como os filhos dos artesãos. A mobilidade ou ascensão social poderia acontecer, por exemplo, através de um casamento entre diferentes estamentos, ou alguém que possuía muito talento e dinamismo para o comércio...Outra possibilidade de ascensão social era através dos períodos de crise ou de mudanças políticas, onde algumas pessoas poderiam ascender socialmente aproveitando-se das oportunidades apresentadas
Estratificação das sociedades mesopotâmicas (visão generalizada)
1. Estamentos superiores
Rei ou imperador: além de ser o principal sacerdote e representante máximo dos deuses, acumulava os poderes executivo, legislativo e judiciário...era também o chefe supremo do Exército...também decidia sobre questões econômicas e sobre as obras públicas.
Sacerdotes: também eram muito influentes pois controlavam os templos/zigurates e a religião. Também administravam as terras e interpretavam a vontade dos deuses.
Nobreza: Composta por altos funcionários, militares de elite e membros da família real, que possuíam grandes extensões de terra e influência política. Uma parte da nobreza era designada como magistrados e outros cargos burocráticos, conforme a necessidade surgisse.
2. Estamentos intermediários
Comerciantes e artesãos: Os comerciantes atuavam tanto a serviço do Estado quanto por conta própria. Já os artesãos produziam cerâmicas, joias, ferramentas e armas. Ambos os grupos tinham relativa autonomia e prestígio. Eventualmente, poderiam ser requisitados para os trabalhos compulsórios.
Escribas: Eram muito valorizados por dominarem a escrita cuneiforme, essencial para a administração, registros comerciais e textos religiosos. Eles ocupavam cargos burocráticos e eram fundamentais para o funcionamento do Estado.
3. Estamentos inferiores
Camponeses: Formavam a maior parte da população e estavam sujeitos à corveia (obras públicas e serviço militar).
4. Escravos: Trabalhavam nas pedreiras, nos campos, nas obras públicas, nos trabalhos domésticos, etc. Como já foi dito, não formavam a maioria da mão-de-obra.
Origens da escravidão:
a) por dívidas
b) prisioneiros de guerra
c) comprados no mercado.
A participação popular na Mesopotâmia: praticamente não havia; o acesso do povo ao poder ocorria através de audiências públicas com o governante, o qual ouvia as queixas e preocupações. Essas audiências eram uma forma de saber o que estava ocorrendo no meio do povo, pois não havia imprensa, além do fato de passar a imagem de que o governante se preocupava e demonstrava sua benevolência e responsabilidade. Durante essas audiências, o governante ouvia as queixas do povo sobre diversas questões: disputas por terras, questões comerciais, brigas de vizinhos, herança, roubos, etc.
A Justiça: era administrada por autoridades designadas, muitas vezes juízes nomeados pelo rei, que era considerado o representante divino na Terra. Os juízes geralmente pertenciam à elite social, sendo membros da nobreza ou sacerdotes, pois eram considerados indivíduos de confiança e com conhecimento suficiente para aplicar as leis. Não havia advogados de defesa e o réu só contava com testemunhas ao seu favor, caso tivesse. Em alguns casos, recorria-se ao Ordálio: o acusado era submetido a um teste físico, e o resultado era considerado uma intervenção dos deuses para provar sua inocência ou culpa. Um exemplo era o teste do fogo ou da água: o acusado, por exemplo, era forçado a mergulhar a mão em água fervente ou a caminhar sobre brasas quentes. Se a pessoa se queimasse ou se machucasse, isso seria interpretado como um sinal de culpa, pois acreditava-se que os deuses teriam punido o infrator.
Aspectos Gerais da sociedade mesopotâmica
Alimentação: para a maioria do povo, o alimento principal era a cevada, utilizada para fazer pão e cerveja, uma bebida muito comum na região. Outros cereais, como o trigo e o painço, também eram consumidos, mas em menor escala. Leguminosas, como lentilhas e grão-de-bico, forneciam proteínas vegetais essenciais para a dieta. O consumo de carne era raro entre os mais pobres, sendo restrito a ocasiões especiais. A principal fonte de proteína vinha dos peixes, além de pequenos animais como cabras e aves quando disponíveis. Os vegetais incluíam cebolas, alhos, pepinos e tâmaras, que eram usados para temperar e complementar as refeições. O leite de cabra ou ovelha e seus derivados, como queijo e iogurte, também faziam parte da dieta.
Medicina: Era uma combinação de práticas religiosas e místicas. Os médicos eram os asû (curadores) e âšipu (sacerdotes-exorcistas), e tinham funções distintas:
- Os asû utilizavam ervas medicinais, cirurgias simples e diagnósticos baseados em observação
- Os âšipu realizavam rituais e encantamentos para afastar os espíritos malignos, pois acreditava-se que muitas doenças eram causadas por forças sobrenaturais.
Os babilônios e assírios registraram seus tratamentos em tábuas de argila, detalhando sintomas e remédios à base de plantas e minerais. Usavam bandagens, emplastros e realizavam sangrias para tratar enfermidades. O Código de Hamurábi estabelecia normas rígidas para os médicos, incluindo punições severas em caso de erros graves. A medicina mesopotâmica influenciou civilizações posteriores, como os egípcios e gregos, que herdaram parte desse conhecimento e o desenvolveram ainda mais.
Habitação: A moradia da maioria do povo era bastante simples: uma espécie de cubo de tijolos crus, revestidos de barro. O telhado era plano e feito com troncos de palmeiras e argila comprimida. Esse tipo de telhado tinha a desvantagem de deixar passar a água nas chuvas mais torrenciais, mas em tempos normais era usado como terraço. As casas não tinham janelas e à noite eram iluminadas por lampiões. Os insetos eram abundantes.
A moradia dos mais abastados eram construídas com tijolos de barro cozido ou até de pedra. Essas casas possuíam vários cômodos organizados ao redor de um pátio central, que servia como espaço de ventilação e iluminação. Algumas residências tinham dois andares, com escadas internas, e contavam com decoração em relevos, mosaicos e inscrições cuneiformes. Os mais ricos também possuíam móveis de madeira e tapetes, além de armazéns para guardar alimentos e bens preciosos.
Religião: Anu, Enlil, Enki e Ki são alguns dos principais deuses da mitologia suméria. As divindades poderiam também ser astros ou forças da natureza como o vento, a água, a terra, o sol, etc. Marduk era o principal dos deuses na Babilônia, mas foi substituído por Assur, durante o domínio dos assírios. Marduk voltou ao posto após a queda dos assírios e o retorno dos caldeus ao poder.
Mitologia e Astrologia: A astrologia surgiu como uma tentativa humana de compreender e prever eventos naturais e divinos, associando os movimentos celestes aos desígnios dos deuses. Os mesopotâmicos acreditavam nas manifestações dos deuses através dos astros. A mitologia estava intrinsecamente ligada à astrologia, pois os planetas e estrelas eram vistos como entidades divinas que influenciavam o destino humano. Os astrólogos usavam a observação dos astros para prever eventos, acreditando que as posições planetárias influenciavam o destino humano. Assim, a astrologia mesopotâmica se fundia com a mitologia, criando um sistema que vinculava o cosmos à ordem divina e à vida cotidiana. A astrologia serviu como base para o desenvolvimento da astronomia.
As torres dos templos serviam de observatórios astronômicos. Conheciam as diferenças entre os planetas e as estrelas e sabiam prever eclipses lunares e solares. Dividiram o ano em meses, os meses em semanas, as semanas em sete dias, os dias em doze horas, as horas em sessenta minutos e os minutos em sessenta segundos. Os elementos da astronomia elaborada pelos mesopotâmicos serviram de base à astronomia dos gregos, dos árabes e deram origem à astronomia dos europeus.
A ECONOMIA
Em linhas gerais, o modelo de produção tinha como base a propriedade estatal das terras administrada pelos templos e palácios. A posse da terra e a administração dos recursos hidráulicos estavam sobre o controle do governante, que representava a personificações do Estado. O templo era o centro que recebia toda a produção, distribuindo-a de acordo com as necessidades.
Administradas por uma corporação de sacerdotes, as terras, que eram dos deuses, eram emprestadas aos camponeses através dos sacerdotes. Cada família recebia um lote de terra e devia entregar ao templo uma parte da colheita como pagamento pelo uso útil da terra. O sistema financeiro ficava a cargo do templo, que funcionava como um verdadeiro banco, emprestando sementes, distribuído um documento semelhante ao cheque bancário moderno e cobrando juros sobre as sementes emprestadas. A prática de cobrar juros era comum, especialmente em transações envolvendo grãos, metais preciosos ou outros bens. Os juros eram estabelecidos com base em taxas fixas, e essa prática estava registrada em contratos escritos em tabletes de argila. No Código de Hamurábi já havia regulamentação das taxas de juros, limitando-as para evitar abusos. Essa prática reflete o desenvolvimento precoce de sistemas financeiros e de crédito na Mesopotâmia. Ainda não havia moeda, mas eles utilizavam um sistema baseado ou em trocas ou em metais preciosos, como prata e ouro, para facilitar transações comerciais. A prata, em particular, era frequentemente usada como unidade de valor, medida em pesos específicos, como o shekel.
A agricultura era base da economia A economia da Baixa Mesopotâmia, em meados do terceiro milênio a.C. baseava-se na agricultura de irrigação. Cultivavam trigo, cevada, linho, gergelim (sésamo, de onde extraiam o azeite para alimentação e iluminação), arvores frutíferas, raízes e legumes. Os instrumentos de trabalho eram rudimentares, em geral de pedra, madeira e barro. O bronze foi introduzido na segunda metade do terceiro milênio a.C. Os comerciantes eram funcionários a serviço dos templos e do palácio. Apesar disso, podiam fazer negócios por conta própria. A situação geográfica e a pobreza de matérias primas favoreceram os empreendimentos mercantis. As caravanas de mercadores iam vender seus produtos e buscar o marfim da Índia, a madeira do Líbano, o cobre de Chipre e o estanho de Cáucaso. Exportavam tecidos de linho, lã e tapetes, além de pedras preciosas e perfumes.
As transações comerciais eram feitas na base de troca, criando um padrão de troca inicialmente representado pela cevada e depois pelos metais que circulavam sobre as mais diversas formas, sem jamais atingir, no entanto, a forma de moeda. A existência de um comércio muito intenso deu origem a uma organização economia sólida, que realizava operações como empréstimos a juros, corretagem e sociedades em negócios. Usavam recibos, escrituras e cartas de crédito.
O comércio foi uma figura importante na sociedade mesopotâmica, e o fortalecimento do grupo mercantil provocou mudanças significativas, que acabaram por influenciar na desagregação da forma de produção templário-palaciana dominante na Mesopotâmia.
AS PRINCIPAIS CIVILIZAÇÕES MESOPOTÂMICAS
Política: Embora tivessem o mesmo idioma, cultura, religião, etc., os sumérios não constituíram um império...formaram apenas as cidades-estados...o poder político estava descentralizado: quem governava cada cidade era o Patesi, uma espécie de rei-sacerdote que tinha tinha poderes absolutos sobre os assuntos religiosos, políticos e militares.
Alguns exemplos do grandioso legado Sumério:
1- A primeira escrita da história: a Cuneiforme: a necessidade de registrar as atividades comerciais e o próprio regramento da sociedade levou os sumérios a criarem o primeiro código
de escrita: usavam-se gravetos para gravar em placas de argila ainda mole, que em seguida eram levadas ao forno para ganhar certa durabilidade.
2- A Matemática sexagesimal: é um sistema de numeração que usa 60 como base, ou seja, que é baseado em divisores de 60. É usado para medir tempo, ângulos e coordenadas geográficas.
3- O Calendário: dividia o ano em 12 meses de 30 dias, sendo que os dias eram divididos em 12 períodos (que equivalem a duas horas), e dividiam cada um destes períodos em 30 partes (aproximadamente 4 minutos).
4- Astrologia: Embora os astrólogos tenham sido chamados de caldeus, durante muito tempo, atribui-se aos sumérios a criação da astrologia.
5 - A invenção da roda
6 - A invenção do arado
7 - A criação de canais de irrigação, diques e tudo o que fosse necessário para tentar controlar e administrar a oferta de água dos rios Tigre e Eufrates.
8 - A metalurgia
9 - Os Zigurates
10 - Literatura: "A Epopeia de Gilgamés: é um antigo poema épico mesopotâmico, atribuído aos sumérios, embora as tábuas encontradas estejam escritas em acádio por volta de 2000 a.C. Essa história narra os feitos de Gilgamesh, rei de Uruk, em sua procura pela imortalidade. Ela é considerada a obra de literatura mais antiga da humanidade. Nessa obra encontram-se narrativas com alguma semelhança com trechos do livro do Gênesis, como a criação de um homem chamado Enkidu a partir do barro e a figura de Utnapishtim, que constroi um barco para abrigar animais e plantas com o objetivo de enfrentar um dilúvio e preservar a vida.
O legado dos acádios é significativo: Entre suas principais contribuições estão:
BABILÔNIOS, AMORITAS OU AMORREUS
Sua origem também é semita, a partir de grupos nômades criadores de gado...esses grupos reuniram forças militares suficientes para invadir e conquistar o império Acádio. A cidade de Babilônia foi transformada em capital do Império. O principal legado dos amoritas foi o código de leis conhecido como Código de Hamurabi, em homenagem ao imperador responsável pela sua criação.
Esse código, gravado em pedra, foi um conjunto de leis que determinavam a punição para diversos tipos de crimes...a punição era proporcional ao crime cometido...na prática a base da punição era olho por olho, dente por dente, ou Lei de Talião...Talião ou talionis ius é um conceito jurídico segundo o qual o agressor deve sofrer os mesmos danos que provocou na vítima, ou seja, todo criminoso deveria ser punido de forma proporcional ao crime que cometeu.
ASSÍRIOS:
De origem semita, os assírios conquistaram a Babilônia devido ao seu excelente e bem treinado exército, estabelecendo sua capital em Nínive (atual cidade de Mossul, no Iraque), onde criaram uma gigantesca biblioteca. Dominaram a região entre os séculos XIV e VII a.C., conquistando territórios que iam do Egito ao Irã. Eram especialistas em guerra, usando carruagens, arietes e táticas de cerco. Ficaram famosos também pela crueldade com que tratavam os inimigos vencidos, os quais eram submetidos a torturas que incluíam amputações.
Administraram um império centralizado, dividido em províncias governadas por sátrapas (governadores). Culturalmente, adotaram e adaptaram elementos sumérios e babilônicos, como a escrita cuneiforme. Sua religião era politeísta, com destaque para o deus Assur.
Os assírios conquistaram o Reino de Israel e deportaram sua população para outras regiões do império, numa política de dispersão para evitar rebeliões. Esse evento marcou o fim do Reino de Israel, numa época em que os hebreus estavam politicamente divididos em dois reinos (o Reino de Judá ainda permaneceu independente por mais tempo).O império entrou em declínio após revoltas internas e invasões, sendo derrotado pelos babilônios em 612 a.C.
OS CALDEUS OU NEOBABILÔNIOS
eram remanescentes dos antigos babilônios que reconstruíram o império babilônico. Seu governante mais famoso foi Nabucodonosor II (605-562 a.C.), responsável pela expansão territorial e pelo esplendor de Babilônia. Ele fortaleceu a cidade com muralhas imponentes, templos suntuosos e os famosos Jardins Suspensos, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo. Durante seu reinado, Babilônia tornou-se um centro político, econômico e cultural, abrigando o grande Zigurate de Marduque e avanços na astronomia e na matemática. Os caldeus também ficaram conhecidos pela conquista de Jerusalém em 586 a.C., quando destruíram o Templo de Salomão e levaram os hebreus para o chamado Cativeiro da Babilônia. No campo científico, aperfeiçoaram a astrologia e os calendários lunares, influenciando civilizações posteriores. No entanto, seu império durou pouco: em 539 a.C., os persas, liderados por Ciro, o Grande, conquistaram Babilônia. Apesar de sua queda, os caldeus deixaram um importante legado na arquitetura, na cultura e no desenvolvimento do conhecimento astronômico.