Origem do termo Mesopotâmia
do grego Meso (meio) e Potamia (dois rios), ou seja "Terra entre dois rios": foi uma região que na atualidade corresponde ao atual Iraque e partes do Kwait, Síria e Turquia. Essa região, mesmo sendo desértica, atraiu muita gente devido a fertilidade das terras localizadas juntos as margens dos rios Tigre e Eufrates. Com o aumento da população, surgiram as primeiras cidades.
A região é considerada "berço da Humanidade", pois ali viveram povos que fundaram as primeiras civilizações e deixaram para a humanidade legados como a divisão do calendário em 360 dias, a escrita, os cálculos astronômicos, entre outras invenções.
Localizada no Oriente Médio, foi nessa região que a partir do avanço da revolução neolítica foi possível o surgimento das primeiras civilizações, as quais são consideradas as mais antigas do mundo: Sumérios, Acádios, Babilônios, Assírios e Caldeus (ou neobabilônios).
O que é Civilização?
Seu conceito é subjetivo...podemos defini-la como uma sociedade complexa, onde há cidades, instituições políticas, religiosas, militares, intenso comércio, uma ampla gama de atividades, etc.
A região da Mesopotâmia, juntamente com o Egito antigo foram chamadas de Crescente Fértil: uma extensão região que ia da Mesopotâmia até ao Egito, onde floresceram algumas das mais antigas civilizações.
Antes de falarmos das principais civilizações mesopotâmicas, vamos abordar as características comuns a todas elas:
o Estado teocrático
o trabalho compulsório
a propriedade estatal
O Estado
Surgiu junto com a civilização. Como surgiu o Estado? a partir da chegada ao poder dos primeiros governantes, os quais teriam sido o resultado de uma combinação entre liderança religiosa e militar.
Sem
o Estado seria praticamente impossível as pessoas conviverem pacificamente em uma sociedade complexa, onde era necessária a presença
de uma autoridade para definir as regras para o comércio e para a convivência...era necessário punir os criminosos, impor a lei, defender o povo contra inimigos, realizar as grandes obras hidráulicas, etc.
O Estado Teocrático (ou teocracia)
Significado de Teocracia: termo de origem grega: teo (deus) e cracia (governo ou
poder)
Significado Político do termo: é um tipo de Estado onde fé e política estão unidas...a base do poder político está na religião ou em princípios religiosos. Até os dias atuais ainda existem teocracias, com destaque para os Estados islâmicos.
Por que os primeiros Estados foram teocracias?
Naquela época os governantes eram considerados como representantes dos deuses, sacerdotes ou um dos
deuses. No politeísmo mesopotâmico, os deuses governavam o mundo, as pessoas e todos os fenômenos da natureza: chuva, seca, raios, neve, terremotos, guerras, enchentes, etc.
Já os sacerdotes e líderes religiosos eram considerados intermediários entre os deuses e o povo...esse poder de interpretar e revelar as vontades dos deuses levaram o povo a associá-los ao poder político e militar...
Aspectos gerais das teocracias mesopotâmicas:
As atribuições dos sacerdotes
Os sacerdotes desempenhavam diversas atividades:
- se comunicar com os deuses, interpretar suas vontades e orientar as ações dos governantes
- oferecer os sacrifícios
- administrar os trabalhos compulsórios, especialmente na construção de templos, zigurates, canais de irrigação e outras obras públicas.
- em algumas cidades, os sacerdotes tornaram-se poderosos ao ponto de rivalizar com os governantes, já que controlavam os templos, os quais eram também centros administrativos e comerciais; Eles influenciavam fortemente as decisões dos governantes e alguns deles tornaram-se
Os Templos e os Zigurates
Naquela época, era difícil para a maioria do povo armazenar seus excedentes de grãos pois era necessária a construção de locais específicos para tal. Sendo assim, coube aos governantes criaram estruturas de armazenamento dentro dos templos e zigurates, onde o povo poderia armazenar, mediante pagamento de taxas.
Os templos tinham diversas funções:
- recolher impostos
- realizar oferendas aos deuses
- armazenar excedentes agrícolas
- locais de culto e adoração aos deuses
- centro de produção de bens manufaturados
- escritórios administrativos para as atividades administrativas dos sacerdotes
- morada dos sacerdotes
Os zigurates assemelhavam-se aos templos e de maneira geral serviam para:
- morada dos deuses
- realizar rituais e cerimônias religiosas
- observatórios astronômicos
- armazenar excedentes de grãos
- guardar e locais de armazenamento de bens culturais e religiosos.
O "Estado-Templo"
Alguns
historiadores defendem a tese de que o templo era o centro da vida
econômica, social, política e religiosa, pois era através dele que
se administrava tanto os recursos religiosos (oferendas, intercessão,
revelações, adoração, etc), quanto os econômicos, como terras, água, mão
de obra e até mesmo propriedades privadas. Com o passar do tempo, todo esse poder criou o que se chamou de "Estado-templo".
O Estado apropriador
Na
Mesopotâmia, de maneira geral, os recursos produtivos (terra, água, mão
-d-obra, etc.), passaram a ser subordinados aos interesses do Estado.
Sendo assim, alguns estudiosos defendem a tese de que o Estado
apropriou-se da maior parte destes recursos. A maioria dos camponeses
não seria
proprietária das terras que cultivava; eles tinham apenas a autorização
para trabalhar nelas. A maior parte das terras teria sido incorporada à Elite dirigente, composta por sacerdotes, chefes militares e governantes.
Há pelo menos duas hipóteses para tentar explicar como o Estado apropriou-se da maior parte das terras:
a)
A expropriação ocorreu de forma gradual, por meio de
dívidas contraídas pelos pequenos proprietários. Como não tiveram como
pagar as dívidas, foram obrigados a entregar suas terras ao Estado.
b)
A expropriação ocorreu de forma violenta, onde o Estado teria usado a
força para expropriar o povo e submetê-lo ao trabalho compulsório nas
grandes propriedades.
- É
importante lembrar que o acesso à terra variava de acordo com o período
e com a região da Mesopotâmia, já que as sociedades mesopotâmicas
passaram por diversas mudanças ao longo dos séculos.
-
O tema ainda está longe de se chegar a uma conclusão...ainda há um
longo caminho de pesquisas até que cheguemos à verdade sobre como
ocorreu essa concentração de terras.
O Trabalho Compulsório:
Foi um tipo de trabalho comum nas civilizações mesopotâmicas e egípcia; era também conhecido pelo nome de Corveia, um termo que é mais usado para a idade média. Embora obrigatório, o trabalho compulsório era diferente do trabalho escravo, pois o trabalhador não era mercadoria, não podia ser vendido e tinha um pouco mais de autonomia, coisa que o escravo não tinha.
Por que esse tipo de trabalho foi criado?
Naquela época, controlar as águas dos rios Tigre e Eufrates era essencial para a sobrevivência, pois esses rios eram as únicas fontes de água da região. Entretanto, havia alguns problemas:
a) as enchentes anuais eram violentas e devastadoras para quem morava nas proximidades de suas margens.
b) havia também períodos de secas prolongadas, as quais provocavam desabastecimento, fome e miséria.
c) era preciso criar sistemas complexos de irrigação e de controle de água, como diques, canais e reservatórios. Esses sistemas exigiam um alto nível de organização social e política. O controle da água se tornou, portanto, um aspecto central do poder e da governança nas primeiras civilizações da Mesopotâmia.
d) era preciso também criar templos, zigurates, palácios e tudo o que o Estado exigisse.
e) O contingente de escravos era pequeno para a realização dessas obras gigantescas.
f) Como a grande maioria do povo era composta por camponeses, foi sobre este grupo que recaiu a pesada tarefa.
g) De maneira geral, a teocracia facilitou a imposição deste tipo de trabalho, já que o povo, muito religioso, respeitava e obedecia aos sacerdotes e governantes...claro que sempre havia os que não aceitavam e se rebelavam.
Em
alguns casos, o trabalho compulsório era imposto como parte de um
sistema de dívidas, em que os trabalhadores se endividavam com os
governantes e eram obrigados a trabalhar para pagá-las.
Em
outros casos, o trabalho compulsório era imposto como uma forma de
serviço militar obrigatório, em que os trabalhadores eram recrutados
para servir nas forças armadas.
De maneira geral, o trabalho compulsório, mesmo sendo cruel, foi a maneira encontrada pelos governantes para realizar as grandes obras.
Sociedade:
Economia
A maior parte da economia vinha do pastoreio e principalmente da agricultura praticada junto às margens dos rios Tigre e Eufrates. Entretanto, como havia violentas enchentes e longos períodos de secas, foi necessária a intervenção do Estado para controlar e represar as águas, através da servidão coletiva e da construção de grandes obras hidráulicas. Devido a essas obras, as civillizações mesopotâmicas foram também chamadas de Sociedades Hidráulicas ou Estados Teocráticos do Regadio .
Além da agricultura e do pastoreio, o comércio expandiu-se a partir da facilidade de deslocamento pela vasta planície mesopotâmica (só ao norte é que uma parte do terreno era acidentado). A expansão do comércio criou uma grande classe de mercadores. Foi na Mesopotâmia que surgiu e se expandiu a metalurgia.
A SUMÉRIA
Considerada a mais antiga civilização, sua história começa por volta de 5500 a 4500 a.C, com a chegada de muita gente atraída pela fertilidade da região junto aos famosos rios. Os núcleos urbanos transformaram-se em cidades-estados; algumas das mais antigas cidades foram Ur, Uruk, Lagash, Eridu, Akad, etc.
Política: Embora tivessem o mesmo idioma, cultura, religião, etc., os sumerianos não constituíram um império...existiram apenas as cidades-estados, ou seja, não houve um império, não havia um comando central sobre as cidades...o poder político estava descentralizado: quem governava cada cidade era o Patesi, uma espécie de rei-sacerdote que tinha tinha poderes absolutos sobre os assuntos religiosos, políticos e militares.
Alguns exemplos do grandioso legado Sumério:
1- A Escrita Cuneiforme: a necessidade de registrar as atividades comerciais e o próprio regramento da sociedade levou os sumérios a criarem o primeiro código
de escrita: usavam-se gravetos para gravar em placas de argila ainda mole, que em seguida eram levadas ao forno para ganhar certa durabilidade.

2- A Matemática sexagesimal
3- O Calendário: dividia o ano em 12 meses de 30 dias, sendo que os dias eram divididos em 12 períodos (que equivalem a duas horas), e dividiam cada um destes períodos em 30 partes (aproximadamente 4 minutos).
4- Astrologia: Embora os astrólogos tenham sido chamados de caldeus, durante muito tempo, atribui-se aos sumérios a criação da astrologia.
5 - A invenção da roda
6 - A invenção do arado
7 - A criação de canais de irrigação, diques e tudo o que fosse necessário para tentar controlar e administrar a oferta de água dos rios Tigre e Eufrates.
8 - A metalurgia
9 - Os Zigurates
OS ACÁDIOS
Originários de diversos grupos nômades do deserto, fortaleceram-se militarmente e partiram para a invasão das cidades sumérias, atraído pela sua riqueza material. Através de Sargão, criaram o primeiro império da história, cuja capital era a cidade da Acádia (ou Acade).
BABILÔNIOS, AMORITAS OU AMORREUS
Sua origem está em diversos grupos nômades criadores de gado em regiões desérticas da Arábia...esses grupos reuniram forças militares suficientes para invadir e conquistar o império Acádio. A cidade de Babilônia foi transformada em capital do Império. O principal legado dos amoritas foi o código de leis conhecido como Código de Hamurabi, em homenagem ao imperador responsável pela sua criação.
Esse código, gravado em pedra, foi um conjunto de leis que determinavam a punição para diversos tipos de crimes...a punição era proporcional ao crime cometido...na prática a base da punição era olho por olho, dente por dente, ou Lei de Talião...Talião ou talionis ius é um conceito jurídico segundo o qual o agressor deve sofrer os mesmos danos que provocou na vítima, ou seja, todo criminoso deveria ser punido de forma proporcional ao crime que cometeu. No entanto, as punições ocorriam de acordo com a posição que o criminoso ocupava na hierarquia social, resultando, assim, em penas variadas
Escravos e pessoas de condições mais humildes levavam o mesmo tipo de vida. A alimentação era muito simples: pão de cevada, um punhado de tâmaras e um pouco de cerveja leve. Isso era a base do cardápio diário. Às vezes comiam legumes, lentilha, feijão e pepino ou, ainda, algum peixe pescado nos rios ou canais. A carne era um alimento raro.
Na habitação, a mesma simplicidade. Às vezes a casa era um simples cubo de tijolos crus, revestidos de barro. O telhado era plano e feito com troncos de palmeiras e argila comprimida. Esse tipo de telhado tinha a desvantagem de deixar passar a água nas chuvas mais torrenciais, mas em tempos normais era usado como terraço.
As casas não tinham janelas e à noite eram iluminadas por lampiões de óleo de gergelim. Os insetos eram abundantes nas moradias.
Os ricos se alimentavam melhor e moravam em casas mais confortáveis que os pobres. Mesmo assim, quando as epidemias se abatiam sobre as cidades, a mortalidade era a mesma em todas as camadas sociais.
A religião
Os povos mesopotâmicos eram politeístas, isto é, adoravam diversas divindades, e acreditavam que elas eram capazes de fazer tanto o bem quanto o mal, não acreditavam em recompensas após a morte, acreditavam em crença em gênios, demônios, heróis, adivinhações e magia. Seus deuses eram numerosos com qualidades e defeitos, sentimentos e paixões, imortais, despóticos e sanguinários.
Cada divindade era uma força da natureza como o vento, a água, a terra, o sol, etc, e do dono da sua cidade. Marduk, deus de Babilônia, o cabeça de todos, tornou-se deus do Império, durante o reinado de Hamurabi. Foi substituído por Assur, durante o domínio dos assírios. Voltou ao posto com Nabucodonosor.
Acreditavam também em gênios bons que ajudavam os deuses a defender-se contra os demônios, contra as divindades perversas, contra as enfermidades, contra a morte. Os homens procuravam conhecer a vontade dos deuses manifestada em sonhos, eclipses, movimento dos astros. Essas observações feitas pelos sacerdotes deram origem à astrologia.
Política e economia
A organização política da Mesopotâmia tinha um soberano divinizado, assessorado por burocratas- sacerdotes, que administravam a distribuição de terras, o sistema de irrigação e as obras hidráulicas. O sistema financeiro ficava a cargo de um templo, que funcionava como um verdadeiro banco, emprestando sementes, distribuído um documento semelhante ao cheque bancário moderno e cobrando juros sobre as sementes emprestadas.
Em linhas gerais pode-se dizer que a forma de produção predominante na Mesopotâmia baseou-se na propriedade coletiva das terras administrada pelos templos e palácios. Os indivíduos só usufruíam da terra enquanto membros dessas comunidades. Acredita-se que quase todos os meios de produção estavam sobre o controle do déspota, personificações do Estado, e dos templos. O templo era o centro que recebia toda a produção, distribuindo-a de acordo com as necessidades, alem de proprietário de boa parte das terras: é o que se denomina cidade-templo.
Administradas por uma corporação de sacerdotes, as terras, que teoricamente eram dos deuses, eram entregues aos camponeses. Cada família recebia um lote de terra e devia entregar ao templo uma parte da colheita como pagamento pelo uso útil da terra. Já as propriedades particulares eram cultivadas por assalariados ou arrendatários.
Entre os sumérios havia a escravidão, porém o número de escravos era relativamente pequeno.
A agricultura
A agricultura era base da economia neste período. A economia da Baixa Mesopotâmia, em meados do terceiro milênio a.C. baseava-se na agricultura de irrigação. Cultivavam trigo, cevada, linho, gergelim (sésamo, de onde extraiam o azeite para alimentação e iluminação), arvores frutíferas, raízes e legumes. Os instrumentos de trabalho eram rudimentares, em geral de pedra, madeira e barro. O bronze foi introduzido na segunda metade do terceiro milênio a.C., porem, a verdadeira revolução ocorreu com a sua utilização, isto já no final do segundo milênio antes da Era Cristã. Usavam o arado semeador, a grade e carros de roda;
A criação de animais
Os comerciantes eram funcionários a serviço dos templos e do palácio. Apesar disso, podiam fazer negócios por conta própria. A situação geográfica e a pobreza de matérias primas favoreceram os empreendimentos mercantis. As caravanas de mercadores iam vender seus produtos e buscar o marfim da Índia, a madeira do Líbano, o cobre de Chipre e o estanho de Cáucaso. Exportavam tecidos de linho, lã e tapetes, além de pedras preciosas e perfumes.
As transações comerciais eram feitas na base de troca, criando um padrão de troca inicialmente representado pela cevada e depois pelos metais que circulavam sobre as mais diversas formas, sem jamais atingir, no entanto, a forma de moeda. A existência de um comércio muito intenso deu origem a uma organização economia sólida, que realizava operações como empréstimos a juros, corretagem e sociedades em negócios. Usavam recibos, escrituras e cartas de crédito.
O comércio foi uma figura importante na sociedade mesopotâmica, e o fortalecimento do grupo mercantil provocou mudanças significativas, que acabaram por influenciar na desagregação da forma de produção templário-palaciana dominante na Mesopotâmia.
As ciências a astronomia
Entre os babilônicos, foi a principal ciência. Notáveis eram os conhecimentos dos sacerdotes no campo da astronomia, muito ligada e mesmo subordinada a astrologia. As torres dos templos serviam de observatórios astronômicos. Conheciam as diferenças entre os planetas e as estrelas e sabiam prever eclipses lunares e solares. Dividiram o ano em meses, os meses em semanas, as semanas em sete dias, os dias em doze horas, as horas em sessenta minutos e os minutos em sessenta segundos. Os elementos da astronomia elaborada pelos mesopotâmicos serviram de base à astronomia dos gregos, dos árabes e deram origem à astronomia dos europeus.
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