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sábado, 18 de outubro de 2025

IMPÉRIO BIZANTINO (OU BIZÂNCIO - OU IMPÉRIO ROMANO DO ORIENTE)

ORIGEM

Bizâncio era uma antiga colônia grega que foi anexada ao Império romano.  Em 330 d.C., o imperador Constantino investiu fortemente na cidade, rebatizando-a como Constantinopla.  Em 395 d.C., próximo à crise final de Roma, o imperador Teodósio dividiu o império em duas partes: ocidental e oriental. Constantinopla, localizada no Oriente próximo (atual Turquia), era uma excelente rota comercial entre o ocidente e o oriente, fato que favoreceu a sua expansão econômica e militar. Ao mesmo tempo, o Império Romano do Ocidente definhava e chegava ao fim em 476 dC.

 A política  
Era uma Teocracia chamada de Cesaropapismo: o imperador era ao mesmo tempo o chefe de Estado (César) e chefe da Igreja (Papa). Seu poder era absoluto. Ele era ao mesmo tempo:
- Chefe da Igreja e representante de Deus na Terra. Não submetia-se ao Papa em Roma
- Autoridade militar e legislativa: Ele era o comandante-chefe das forças armadas e o legislador supremo.
- Autoridade jurídica: O imperador estava acima da legislação herdada do Império romano, conhecida como Corpus Juris Civilis. Havia também um Senado, com funções consultivas, como conselheiros e cerimonais. Embora a sucessão do imperador ocorresse geralmente de forma hereditária, houve momentos em que, por falta de um herdeiro, o Senado agiu no sentido de nomear um novo imperador ou confirmar a indicação, para que houvesse uma garantia de legitimidade e fosse afastada a tentativa de golpe.  

A Economia:  
Constantinopla era o coração do comércio entre dois mundos. A sua posição geográfica privilegiada entre o ocidente e o oriente tornou-a um rota comercial obrigatória. Enquanto a Europa ocidental se ruralizava e se dividia em milhares de feudos, Constantinopla crescia devido ao seu intenso comércio, o qual só começou a definhar a partir do século X, quando iniciou-se o lento processo de renascimento comercial.  Constantinopla era o centro comercial absoluto do mundo mediterrâneo.
A interferência do Governo: a economia sofria bastante com o forte controle do governo, ou seja, havia pouca liberdade comercial. Os imperadores acreditavam que a prosperidade e a estabilidade social dependiam da regulação econômica. Sendo assim, o governo fixava preços, controlava o comércio exterior e possuía diversos monopólios. Um dos monopólios mais lucrativos era o da seda: apenas o governo podia fabricar, vender ou exportar seda pura. Comerciantes privados só podiam negociar tecidos mistos ou acabados com autorização. Esse monopólio garantia ao império enormes lucros e prestígio internacional.
- As Corporações: O Estado regulava o comércio e a produção através de guildas (corporações) urbanas. Esse controle visava garantir a qualidade, a estabilidade e o abastecimento da capital. No entanto, ele também limitava a livre concorrência, prejudicava os pequenos empreendedores e até a própria receita do Estado.  
-A mão de obra: embora tenha herdado de Roma o modelo escravista, este entrou em declínio e foi substituído pelo trabalho livre, tanto nas cidades quanto nas pequenas propriedades rurais. Nas cidades (especialmente Constantinopla, Antioquia e Tessalônica), a economia era monetária e urbana, e o trabalho assalariado era dominante. Havia trabalho escravo, mas em pequena quantidade.

 O Reinado de Justiniano
O apogeu deste império ocorreu durante o reinado do imperador Justiniano, o qual pretendia restaurar a antiga extensão territorial de Roma. Entre 527 até 565, Justiniano conseguiu uma significativa expansão, mas sem jamais conseguir realizar seu sonho. Entretanto, seu sonho de grandeza tornou-se em um terrível pesadelo para os bizantinos, os quais arcaram com os elevados custos de sustentar uma caríssima guerra de expansão e defender os  territórios conquistados. Além disso, o império foi atingido por uma devastadora praga (a Peste de Justiniano), que dizimou a população e enfraqueceu o poder militar e econômico. Além da expansão territorial, Justiniano teve o cuidado de preservar as leis romanas. Ele criou o Código de Direito Civil, um compilado das leis elaboradas nos áureos tempos de Roma, qual serviu como base para o direito moderno da maioria dos países. Outra área que mereceu a atenção do imperador bizantino foi a cultura, através da construção de grandes edifícios, como o palácio imperial e a Igreja de Santa Sofia.

 A Revolta de Nika
Ocorrida em Em 532 d.C., foi a mais violenta rebelião bizantina. As causas são duas: as estruturais (causas de longo prazo) e as imediatas.
Causas Estruturais:
a) Altos Impostos: para manter a guerra de expansão e executar grandes obras públicas, Justiniano aumentou consideravelmente os impostos, provocando uma contínua insatisfação do povo.
b) A cobrança era feita de maneira agressiva pelos fiscais, os quais tinham a fama de serem impiedosos e corruptos.
c) Os monopólios: o governo exercia forte controle sobre a economia stado, e esse controle resultava em diversos monopólios. Bizâncio era um "paraíso do monopólios, privilégios e  paternalismo".  Havia um controle rigoroso sobre a venda de vários bens essenciais e estratégicos. O Estado intervinha diretamente na disponibilidade e na formação dos preços, principalmente dos alimentos. Na prática, como não havia concorrência, o povo não tinha opção de preço mais barato. Para sustentar seus elevados gastos, O Estado passou a aumentar o preço significativamente, provocando a ira do povo. 
c) Inflação e Miséria:  Os monopólios, o enorme custo das guerras e das obras provocaram elevada inflação, resultando em perda do poder aquisitivo, fome, miséria e indignação do povo. 
d) Grandes Obras Públicas: O imperador gastou fortunas em projetos arquitetônicos ambiciosos, sendo o mais famoso a construção da Basílica de Santa Sofia. 
Causas imediatas: 
O Hipódromo de Constantinopla era o centro da vida social e política da cidade, onde ocorriam disputadíssimas corridas de bigas pertencentes a quatro equipes (os Azuis, os Verdes, Vermelhos e Brancos). Essas equipes funcionavam como verdadeiros times de futebol, ou seja, a rivalidade era grande, principalmente entre os Verdes e os Azuis, os quais tinham um histórico de rivalidades que terminavam em violência urbana e frequentes assassinatos. A revolta de Nika começou após Justiniano condenar à morte líderes de ambos os grupos por assassinato. A decisão de punir Azuis quanto Verdes chocou a cidade, levando as duas equipes a unirem forças contra o imperador. 
O esporte transformou-se em política, e o entusiasmo das massas se transformou em energia revolucionária. A rebelião espalhou-se pela cidade, resultando em vandalismo, roubos, incêndios e a destruição de monumentos, incluindo a antiga Basílica de Santa Sofia. A revolta chegou a ameaçar o trono de Justiniano, que quase fugiu de Constantinopla. Após a repressão brutal (estima-se até 30 mil mortos), Justiniano reforçou o controle sobre a cidade e consolidou o poder imperial, mas o episódio marcou o início de uma política ainda mais centralizadora e autoritária. 

A Questão Iconoclasta
Foi uma crise religiosa ocorrida entre os  séculos VIII e IX, marcada pela pela proibição e destruição de imagens, conhecidas como ícones. 
Causas:  O imperador Leão III Isauro (717-741), havia proibido o uso de ícones em 726 pelos seguintes motivos: 
Religiosos: a liderança bizantina acreditava que o uso de imagens e o desconhecimento teológico levava a maioria do povo, que era analfabeta, à idolatria, acreditando que as imagens tinham o poder de abençoar e curar os fiéis.
Além disso, o judaísmo, que era a base do cristianismo, proibia imagens. Da mesma maneira, o islamismo, que estava em expansão na época, também proibia. Atribuía-se o sucesso da expansão islâmica ao fato de não usarem imagens, mesmo não sendo cristãos.
Políticos e Econômicos: A riqueza e a influência dos mosteiros, os quais lucravam bastante com a  produção e venda de ícones...essa influência e riqueza não eram bem vistas pelo imperador, que enxergava como uma espécie de poder paralelo ao seu, que era o de principal líder da Igreja bizantina.
-Ações: Leão III ordenou a destruição de ícones. Seu filho, Constantino V, foi ainda mais radical, perseguindo e executando monges iconódulos e destruindo afrescos e mosaicos.-
O Fim da crise
Essa crise só foi solucionada em 843, durante o reinado da imperatriz Teodora, que restaurou o uso de ícones. Isso só foi possível após se chegar ao entendimento de que os ícones eram destinados à oração e à liturgia, nunca à idolatria, ou seja, o ícone era uma representação do sagrado e não possuía em si mesmo nenhum poder para curar ou abençoar.
- A restauração da veneração de ícones é celebrada até hoje na Igreja Ortodoxa como o "Triunfo da Ortodoxia". Esse triunfo foi uma restauração condicional, que permitiu o uso das imagens sob supervisão do Estado e da Igreja, restringindo abusos e ganhos econômicos do clero, e reafirmando o poder do imperador sobre a religião.

 Cisma do Oriente:
Foi a crise que resultou na primeira grande divisão da cristandade. Entre as duas Igrejas havia diversas diferenças, começando pela autoridade política, passando pelas diferenças  culturais e linguísticas (a Romana falava latim e a Bizantina falava grego), chegando até as divergências teológicas.O resultado foi o surgimento da Igreja Católica Ortodoxa após romper com a Igreja Católica Romana.  

 Sociedade 
Tinha características mais direcionadas para um modelo de classes sociais do que estamentais. A ascensão social através do comércio era possível para quem fosse mais talentoso, trabalhador e empreendedor, embora não fosse fácil (como até hoje não é). Essa ascensão era difícil mas era possível.  Homens talentosos de origens mais humildes poderiam até ascender a altos cargos na Burocracia Imperial e no exército com base no mérito e na educação.

Como era a Estratificação:
Camada Superior
-Aristocracia Agrária (latifundiários), os membros da família imperial e o Alto Clero: seu poder e prestígio eram fortemente ligados à linhagem, ao nascimento e à função religiosa/política exclusiva.

Camadas Intermediária:
- Burocratas: Devido à complexa administração do império, havia uma vasta camada de funcionários públicos. O mérito e a educação (baseada em clássicos gregos e retórica) podiam permitir que homens talentosos, independentemente de sua origem, alcançassem posições elevadas no governo.
- “Nobreza” urbana: era uma espécie de Elite urbana (grandes comerciantes, banqueiros e grandes artesãos).

Base da Sociedade:
- Artesãos Urbanos: Trabalhadores de oficinas
- Camponeses: Constituíam a maior parte da população. Eram donos de minifúndios.  
- Trabalhadores Livres e Baixo Clero: Pessoas de baixa renda que viviam nas cidades em diversas atividades manuais.
- Escravos: Eram minoria e ocupavam o nível mais baixo da pirâmide, trabalhando nos campos e em casas da elite.

A pobreza: Apesar da riqueza do Império e da  possibilidade de melhoria de vida, a maioria do povo vivia na pobreza. A carga tributária era tão elevada que foi uma das principais causas de revoltas populares. O controle estatal sobre a economia através dos monopólios, beneficiava apenas os comerciantes amigos do imperador. As corporações de Ofício só favoreciam os grandes empreendedores.

Declínio e Fim 
A partir do século X, a economia europeia expandiu-se, com destaque para cidades italianas como Gênova, Veneza e Pisa, as quais passaram a concorrer com Constantinopla. Em 1204, a cidade foi invadida e saqueada pela Quarta Cruzada. Os  Cruzados chegaram a criar um novo Estado, chamado de Império Latino, o qual durou até 1261, quando os bizantinos conseguiram recuperar sua autonomia já decadente. 
Além da concorrência comercial, o Império dia a dia perdia territórios. A perda da região da Anatólia para os Turcos Seljúcidas e a perda de territórios para os Turcos Otomanos reduziram o domínio bizantino a uma pequena faixa de território, centrada em torno de sua capital. Em 1453, Constantinopla foi conquistada em definitivo pelos Otomanos, fato que marca o fim da idade média e dá início à Idade Moderna. 

 

 

 

 

 

 

 


 

Sociedade 
Possuía características que se inclinavam mais para um modelo de classes sociais, onde havia mais possibilidades de mobilidade social.

A ascensão social através do comércio era possível para os que fossem mais talentosos, trabalhadores e empreendedores, , embora não fosse fácil, era possível e até encorajada em certas áreas.  Homens talentosos de origens mais humildes poderiam até ascender a altos cargos na Burocracia Imperial e no exército com base no mérito e na educação. 

A Elite 

-Aristocracia Agrária (latifundiários), os membros da família imperial e o Alto Clero: seu poder e prestígio eram fortemente ligados à linhagem, ao nascimento e à função religiosa/política exclusiva.

Camadas Intermediárias:

- Burocratas: Devido à complexa administração do império, havia uma vasta camada de funcionários públicos. O mérito e a educação (baseada em clássicos gregos e retórica) podiam permitir que homens talentosos, independentemente de sua origem, alcançassem posições elevadas no governo.
- “Nobreza” urbana: era uma espécie de Elite urbana (grandes comerciantes, banqueiros e grandes artesãos).


A Base:
- Artesãos Urbanos: Trabalhadores de oficinas
- Camponeses: Constituíam a maior parte da população. Eram donos de minifúndios.  

- Trabalhadores Livres e Baixo Clero: Pessoas de baixa renda que viviam nas cidades em diversas atividades manuais.
- Escravos: Eram minoria e ocupavam o nível mais baixo da pirâmide, trabalhando nos campos e em casas da elite.


A pobreza: Apesar da riqueza do Império e da  possibilidade de melhoria de vida, a maioria do povo era pobre e a causa era principalmente a elevada carga tributária era tão elevada que foi uma das principais causas de revoltas populares. O controle estatal sobre a economia através dos monopólios, beneficiava apenas os comerciantes amigos do imperador. As corporações de Ofício só favoreciam os grandes empreendedores.

Declínio e Fim 
O fim do Império Bizantino foi um processo gradual que pode ser atribuído a uma combinação de fatores internos e externos. Dois dos principais fatores que contribuíram para o declínio do Império Bizantino foram a expansão do Islã e o renascimento comercial europeu.

A expansão do Islã:
- A expansão do Islã no século VII e VIII d.C. teve um impacto significativo no Império Bizantino, pois levou à perda de territórios importantes, incluindo a Síria, a Palestina e o Egito.
- A perda desses territórios não apenas reduziu a base territorial do Império Bizantino, mas também afetou sua economia e sua capacidade de defesa.

O renascimento comercial europeu:
- Durante a Baixa Idade Média, a erosão do seu poder econômico no Mediterrâneo se deu principalmente pela ascensão comercial de cidades como Veneza, Gênova e Pisa. 

Ataques Externos: 
A combinação desses fatores levou a uma perda de poder e influência do Império Bizantino, que se tornou cada vez mais vulnerável a ataques externos. Em 1453, o Império chegou ao fim com a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, liderados por Mehmed II.

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