terça-feira, 22 de maio de 2012

THOMAS HOBBES E O LEVIATÃ

THOMAS HOBBES E O LEVIATÃ
Thomas Hobbes foi um filósofo e tradutor inglês (falava italiano, francês e grego), cuja principal obra foi o “Leviatã”, de 1651, obra considerada como umas maiores do pensamento político.
A CONDIÇÃO HUMANA: COMPETIÇÃO E PODER
Para Hobbes, a natureza humana é voltada para o prazer, impulso original voltado para nos aproximar do que é bom e fugir do que é ruim. Esse impulso leva o homem a querer vencer sempre. Como vivemos em sociedade, é inevitável a concorrência, onde ultrapassar o outro é fonte de satisfação e de sensação de poder, enquanto ser ultrapassado é frustração, ira, tristeza, etc. É da natureza humana o egoísmo, que nada mais é do que "um perpétuo e irrequieto desejo de poder e mais poder que só termina com a morte".
O poder para Hobbes é definido em dois propósitos:
a – o poder da aparência natural: são virtudes como força, eloqüência, beleza, prudência, capacidade, liberdade, etc.
b – o poder instrumental: refere-se à riqueza, reputação, amizades e os secretos desígnios de Deus, que os homens chamam de boa sorte.
Para Hobbes a competição pela riqueza, honra, e outras formas de poder é que levam à luta, inimizade e à guerra, pois a forma do competidor adquirir o que deseja é matar, subjugar, suplantar ou repelir os outros. Não somente em ter bens está o orgulho humano, mas também na vitória e humilhação dos adversários: para Hobbes, o homem não se contenta em vencer os inimigos, mas em humilha-los.
A MORAL RELATIVA DOS HOMENS: Hobbes relativiza a moral, pois as pessoas e os povos diferem em comportamento, costume e opinião; dessa forma o que é aprovado por uma pessoa é desaprovado por outra, a primeira vê como bem a segunda vê como mal.
O DESEJO DE TER E OSTENTAR: O desejo de ter não tem limites para a maioria dos homens: Muitos que já tem o suficiente para viver, querem ter mais, não por necessidade, mas para ostentar o poder de ter algo que os outros não tem ou demorarão a ter, ou jamais terão.
ESTADO NATURAL: A GUERRA
O desejo humano voltado para o prazer leva-o ao desejo de ter poder. Este desejo de poder acaba levando os homens a concorrência e a luta entre si, ou seja, o estado natural do homem é a guerra. É a guerra de todos contra todos; esse era o estado natural do homem antes da vida em sociedade. O homem é governado por suas paixões e acha-se no direito de conquistar o que lhe apetecer. Como todos os homens seriam dotados de força igual (pois o fisicamente mais fraco pode matar o fisicamente mais forte, lançando mão de astúcia ou unindo-se a outros), e como as aptidões intelectuais também se igualam, o recurso à violência se generaliza.
O INSTINTO DE CONSERVAÇÃO: Mas, além dessa natureza ruim, o homem tem o instinto de conservação e este leva ao desejo da paz. Por si só, o instinto de conservação usa a violência enquanto esta não for um risco; quando torna-se arriscado, o homem busca a paz com seus inimigos. Assim é a lei natural de sobrevivência. Por isso o instinto de conservação é fundamental, porque, ao contrário do pensamento aristotélico que tem o homem como um animal social, os indivíduos, segundo Hobbes, só entram em sociedade quando a preservação da vida está ameaçada. E estaria ameaçada pelos próprios indivíduos, se cada qual tudo fizer para exercer seu poder sobre os outros. A paz é a melhor solução para o instinto de conservação.
A VIRTUDE DO MEDO
Para Hobbes, há três formas que podem levar os homens a desejar a paz: a) o medo da humilhação infligida pelos inimigos ou pela morte (era preferível morrer a ser humilhado), b) o desejo de ter os bens necessários para uma vida confortável; c) a esperança de obtê-los por meio do trabalho. Dessa maneira, o que leva os homens a instituir um contrato comum a todos é o medo, que é entendido como a virtude cívica por excelência: esse medo faz os homens abrirem mão de sua condição natural de violência e aceitem a ordem moral de um soberano, portanto o medo é que faz com que os homens saiam do estado de natureza para o estado social. Hobbes conclui que o que leva os homens a se formarem em sociedade não é de forma alguma a boa vontade recíproca, mas o medo que cada um tem do outro.

A SOLUÇÃO É O LEVIATÃ: Os homens, segundo Hobbes, devem agir segundo a razão e não segundo as paixões; No estado da razão, há segurança, paz, riqueza, decência e sociabilidade. A razão e a paixão para Hobbes, são as mesmas em todos os homens, a razão não é o ato de conhecer, mas na verdade é o ato de raciocinar, saber quais são os meios mais adequados para atingir os fins que deseja. Portanto, as leis da natureza tão necessárias são as de paz, porque são normas ditas pela razão, onde os homens chegam ao acordo comum e ao fim do estado de guerra. As leis especiais de natureza são leis morais, que levam os homens a fazerem a paz, através da obediência às leis.
Para Hobbes, mesmo os homens mais ignorantes são capazes de conhecer as leis morais pelo simples fato de um colocar-se no lugar do outro. O fato que leva as leis morais a não serem leis de fato é porque não há garantias de que serão cumpridas, se não houve um poder superior que as faça cumprir.
Em resumo: para Hobbes, a única forma de instituir um poder comum a todos, que possa defender tal sociedade, onde os cidadãos possam viver satisfeitos, é abdicar do seu direito de violência e entrega-la a um único homem (monarquia absolutista), ou a uma Assembleia de homens (república), ou seja, uma espécie de pacto ou contrato social e político entre os homens, onde abdicariam da violência, delegando-a ao Estado para arbitrar as diferenças e fazer justiça. Para Hobbes, era melhor o pior dos governos do que a ausência de governo; é preferível ter o pior governo despótico do que a ausência e a permanente anarquia, a violência generalizada. O Estado seria a união de todos em uma única pessoa, um pacto de cada homem com todos os homens, concluindo a união de todas as pessoas numa só: chama-se Estado, o grande LEVIATÃ, criado pela arte humana, que passa a ser um homem artificial, maior que o homem natural, poderoso ao ponto de promover a justiça, a paz, a segurança e o castigo dos infratores. Para Hobbes, onde não há Estado nada pode ser injusto: A natureza da justiça consiste no cumprimento dos pactos válidos, mas a validade dos pactos só existe onde há um Estado poderoso para obrigar os homens a cumpri-los.

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