REPÚBLICA VELHA OU PRIMEIRA REPÚBLICA (1891 A 1930)
O GOLPE DE ESTADO QUE DERRUBOU A MONARQUIA E IMPLANTOU A REPÚBLICA
Sob
a liderança do Marechal Deodoro da Fonseca, a república foi implantada.
Por que foi um golpe?
1 - o povo não foi consultado
2- nem o imperador nem a Monarquia eram odiados pelo povo...pelo contrário, a maioria do povo amava o imperador e a monarquia
3 - foi uma ação militar chamada de "quartelada".
A MONARQUIA NÃO ERA ODIADA
A monarquia não era absolutista: havia uma Constituição e um Parlamento. O imperador não podia e nem criava leis. O povo gostava do monarca, o qual reservava um dia no mês para atender a
qualquer pessoa no palácio imperial, incluindo mendigos e escravos (partindo do
princípio de que o rei deve estar próximo do povo e não apenas da elite
política)...esse costume foi extinto após o golpe republicano.
Sobre a escravidão, Dom Pedro II desejava também acabar com ela, mas sabia que não seria fácil: o maior exemplo foi a abolição nos Estados Unidos, cujo preço foi uma guerra separatista, 600 mil
mortos e o assassinato do presidente Lincoln.
PRINCIPAIS CAUSAS DO GOLPE
1 - Insatisfação de alguns políticos fazendeiros por não terem sido
indenizados após a abolição da escravidão em 1888. Sendo assim, passaram a
apoiar o golpe imaginando que seriam ressarcidos pela república.
2 - O movimento e o partido republicano: fundado em 1870, queria uma república semelhante ao modelo dos Estados Unidos (presidencialismo, três poderes de Estado e federalismo). No mais, queriam liberdade de ação nas províncias, a qual era dificultada pela interferência do imperador na escolha dos governadores. O monarca impedia a expansão do poder das oligarquias estaduais. Os republicanos não conquistaram a maioria do povo e tinham pouca representação no Parlamento. Era um movimento de elite.
3 - Os militares: após a guerra do Paraguai, sentiam-se desprestigiados em relação aos salários e planos de
carreira. Em termos políticos, eram proibidos de emitir opinião através da
imprensa. Entre 1883 e 1887, alguns militares chegaram a ser punidos pelo
ministro da Guerra sobre a questão da escravidão. O marechal Deodoro da Fonseca
era o principal líder da corporação e chegou a participar de algumas reuniões
dos militares, onde discutiam diversas questões, inclusive a mudança para o
sistema republicano. Criticavam a monarquia por considerá-la arcaica e a causa
do atraso do Brasil, o que era um contra-senso, pois o país
mais poderoso do mundo naquela época era a monarquia inglesa, e em segundo lugar, a Alemanha, outra monarquia.
4 - O positivismo: alguns militares eram adeptos da filosofia positivista e
defendiam uma república autoritária, ou seja, desprezavam a monarquia e a
democracia. Para eles, o progresso só seria alcançado através de um regime
forte que garantisse a ordem para que se chegasse ao progresso.
5 - Os boatos: sem um motivo bastante forte para derrubar o imperador, os republicanos apelaram para os boatos (atual fake news): no dia 14 de novembro, militares espalharam boatos de que o Chefe do
Conselho de Ministros, o Visconde de Ouro Preto, teria ordenado a prisão de
Deodoro da Fonseca...ao ser informado, Deodoro reuniu tropas e ordenou a
destituição de Ouro Preto...logo em seguida, outro boato sobre a nomeação de um
antigo desafeto de Deodoro, o político gaúcho Silveira Martins, levou Deodoro a
assinar o documento que os republicanos já tinham elaborado, decretando a
implantação provisória da república. Militares e civis republicanos assinaram o decreto: Aristides
Lobo, Rui Barbosa (que mais tarde se arrependeria), Quintino Bocaiúva, Benjamin Constant e Wandenkolk Correia.
Pelo decreto, a república foi implantada de maneira provisória, até que o povo
decidisse o que preferiria.
PERÍODOS DA REPÚBLICA VELHA
1 – Governo Provisório
2 – República da Espada
3 – República Oligárquica
GOVERNO PROVISÓRIO (1891-1894):
liderado por Deodoro da Fonseca, tomou as primeiras medidas:
- extinguiu o acordo entre o Estado e a Igreja, chamado de regime do padroado
ou regalismo
- na prática: os antigos registros emitidos pela Igreja perderam o valor como documentos oficiais...só seriam válidos os registros civis para nascimento, casamento e óbito, substituindo
os religiosos
- implantou o Estado Laico, o qual tornou-se neutro em termos de religião, ao
mesmo tempo em que concedeu plena liberdade religiosa; o Estado nem perseguia nem privilegiava qualquer religião. Ao mesmo tempo, o Estado respeitava a cultura e a história do povo brasileiro maciçamente católico, mantendo os feriados religiosos (se os proibisse, estaria perseguindo).
-Decretou a naturalização de todos os estrangeiros residentes no país.
- Convocou a Assembleia Constituinte para redigir a nova Constituição, a qual
foi promulgada em 1891
- Lançou um plano econômico que almejava estimular a economia e iniciar a
industrialização, através da concessão de crédito para quem tivesse um projeto
aprovado...quatro bancos foram autorizados a emitir dinheiro para emprestar aos
empreendedores...na prática, muita gente que teve o projeto aprovado, criou
empresas fictícia e aplicou o dinheiro na Bolsa de Valores...os resultados
foram péssimos: elevada inflação, fechamento de empresas e desemprego...o plano
fracassado foi apelidado de Encilhamento.
A PRIMEIRA CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA (1891):
- foi elaborada pela Assembleia Constituinte e promulgada em 24/02/1891. Alguns detalhes importantes dessa Carta Magna:
-A república foi chamada de Estados Unidos do Brasil, inspirada na Constituição norte-americana.
- Ficou garantida a liberdade religiosa assim como o Estado passou a ser oficialmente laico, ou seja, na prática nem privilegiava nem perseguia religiões nem os feriados religiosos. O Estado, sendo laico, respeitava a história e a tradição católica da nação brasileira.
- as províncias foram transformadas em
Estados através do regime Federativo: os Estados ganharam bastante autonomia em relação ao poder central, algo que desagradaria os presidentes da república, pois limitava-lhes o poder.
- instituiu a república presidencialista, copiada do modelo norte-americano.
- instituiu três poderes de Estado: Executivo, Legislativo e Judiciário; o
poder moderador foi extinto.
- implantou o voto direto e aberto: os cidadãos com mais de 21 anos
podiam votar.
-o voto era aberto, ou seja, não era secreto, e o eleitor deveria assinar a cédula de votação.
- estavam proibidos de votar: mendigos, analfabetos, clérigos e
militares. Não havia referência à proibição do voto feminino...na prática, as
mulheres não votavam.
- o mandato dos governantes (presidente, governador e prefeito) era de quatro anos, sendo proibida a reeleição imediata. O vice-presidente da república, que também era eleito, só poderia assumir a presidência (caso houvesse vacância do cargo) se o presidente tivesse governador por no mínimo dois anos. Em caso contrário, deveriam ocorrer novas eleições.
A Assembleia Constituinte determinou que os primeiros presidente e vice-presidente da república seriam eleitos de maneira indireta, ou seja, através da própria Assembleia...sendo assim, os Constituintes elegeram dois marechais: Deodoro da Fonseca para presidente e Floriano Peixoto para vice.
REPÚBLICA DA ESPADA (1891 A 1894)
Foi assim chamada porque seus dois primeiros presidentes eram marechais, eleitos indiretamente pela Assembleia Constituinte...
A eleição de dois marechais deixou claro o temor dos constituintes sobre um contragolpe dos monarquistas... sendo assim, seria melhor ter militares no comando do governo.
GOVERNO DEODORO DA FONSECA (1891): o primeiro presidente da república brasileira fez um péssimo governo: embora tivesse alguns apoiadores, era autoritário e não conseguiu articular-se com a maioria do Congresso, ou seja, ficou politicamente isolado. Deodoro não tinha experiência no meio político, pois sua experiência era dar ordens e ser obedecido. Sem conseguir apoio do Congresso, Deodoro ordenou em novembro de 1891 o fechamento do Congresso e a instalação do estado de sítio para a capital federal e Niterói...Deodoro decretou também a convocação de eleições para um novo Congresso Constituinte. Em resposta, o Congresso Nacional lançou um Manifesto à Nação Brasileira, denunciando o golpe. A Armada (Marinha), e os ferroviários do Rio de Janeiro se rebelaram. Diante da
forte oposição, Deodoro, idoso e doente, renunciou com menos de um ano de mandato.
Resumo: o primeiro presidente da república deu o segundo golpe de Estado.
GOVERNO FLORIANO PEIXOTO (1891 A 1894)
De acordo com a Constituição, Floriano não poderia assumir a presidência, pois Deodoro da Fonseca renunciou com menos de dois anos de mandato...ou seja, deveriam ocorrer eleições presidenciais diretas. O Supremo Tribunal Federal preferiu se eximir. Floriano decidiu entregar a questão para o Congresso, o qual decidiu pela sua permanência, fato que provocou a Segunda revolta da Armada. Outras duas revoltas ocorreram durante o seu governo:
- a Revolta Federalista, no sul do Brasil (1893-1895)
- a Revolta de Canudos (1893-1897), no sertão da Bahia.
Para a maioria do povo brasileiro, entretanto, Floriano Peixoto não foi um mau presidente: em seu governo, ele mandou construir casas populares e tabelou
preços de alugueis e alimentos, fatos que o tornaram popular e querido por uma
significativa parcela do povo. A maioria do povo não estava preocupada com questões legais ou constitucionais...sua preocupação era pagar as contas, sustentar a família e ter o que comer.
Resumo: o 2º presidente da república também foi um golpista
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1895-1930)
Foi marcada pelo controle político do país através das principais oligarquias estaduais:
- as duas maiores: São Paulo e Minas
- em seguida tínhamos as de segunda grandeza: Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Sul.
Não havia um partido político hegemônico, ou seja, não havia um partido político poderoso em nível nacional. Seu poder estava no nível estadual. Os principais partidos eram o PRM
(Partido Republicano Mineiro), o PRP (Partido Republicano Paulista) e o
PRR (Partido Republicano Rio-grandense).
Os principais eventos da República Oligárquica:
1- CORONELISMO: foi uma prática de poder exercido por políticos poderosos chamados de Coronéis
O poder político do Coronel estava no controle exercido através do
- Voto de Cabresto: eram os meios através dos quais o coronel exercia seu poder de indicar em quem o povo deveria votar. Esses meios geralmente eram os favores (festas, transporte do eleitor, par de sandálias, óculos, título de eleitor, dentaduras, etc.) dessa maneira, o coronel, de maneira geral, não precisava usar a intimidação ou ameaça na hora da votação.
- Curral eleitoral: eram as regiões controladas politicamente pelo coronel, onde seus eleitores votavam em quem ele indicasse.
- Troca de favores: O curral eleitoral era a moeda de troca que o coronel usava para negociar com os governadores as obras que requeriam enormes despesas, tais como as estradas, pontes, eletrificação, etc.
2 - POLÍTICA DOS GOVERNADORES:
Foi um acordo criado no governo do presidente Campos Salles, através do qual ficou definido que:
- A presidência da República só ajudaria os governadores que garantissem a eleição de parlamentares que lhe fossem fieis;
-Os governadores, por sua vez, só ajudariam os coronéis que lhe fossem fiéis
-Os coronéis, para receber verbas, usavam seus currais eleitorais para trocar favores com os governadores
-Sendo assim, essa política se transformou em uma imensa troca de favores entre os níveis federal, estadual e municipal.
-Na prática, era quase impossível que um candidato de oposição conseguisse eleger-se, pois a fraude nas urnas era a regra...mesmo que conseguisse superar a fraude, esse candidato seria eliminado pela Comissão de Verificação de Poderes, uma comissão formada por parlamentares fiéis ao presidente, a qual decidia pela "Degola", nome pelo qual era chamada esse tipo de cassação na época.
3-POLÍTICA DE VALORIZAÇÃO DO CAFÉ:
Sendo o mais importante produto da economia brasileira, o café comandava a política econômica.
Como havia uma grande oferta de café no mercado internacional, seu preço despencava eventualmente para níveis ameaçadores. Para evitar um grande prejuízo, os governos dos maiores estados produtores de café reuniram-se em 1906, na cidade de Taubaté, onde definiram medidas para proteger os cafeicultores: sempre que o preço despencasse para níveis ameaçadores, os estados produtores comprariam os estoques e controlariam a venda do produto ao exterior de acordo com as variações do mercado.
O dinheiro para essa operação veio de um empréstimo de 15 milhões de libras esterlinas, além da cobrança de um imposto sobre as sacas de café. Foi criada também uma Caixa de Conversão com o objetivo de manter o equilíbrio de valorização monetária.
4 - POLÍTICA DO CAFÉ COM LEITE:
foi
uma espécie de acordo entre as duas maiores e mais poderosas
oligarquias, a paulista e a mineira, com o objetivo de chegar a um
consenso na escolha do presidente da república, contando também com o
apoio de quatro grandes oligarquias do "segundo escalão": gaúchos,
baianos, fluminenses e pernambucanos.
Essa política não chegou a funcionar da maneira como paulistas e mineiros queriam: dos 11 presidentes eleitos diretamente, 6 eram paulistas e 3 eram mineiros. As exceções ocorreram devido a morte ou ao não entendimento das oligarquias:
- o fluminense Nilo Peçanha, devido a morte do mineiro Afonso Pena
- o mineiro Delfim Moreira, devido a morte do paulista Rodrigues Alves
- o gaúcho Hermes da Fonseca
- o paraibano Epitácio Pessoa
- O INÍCIO DA INDUSTRIALIZAÇÃO:
A história econômica brasileira teve como base o modelo agropecuário exportador. Aqui não houve revolução industrial. Nossa economia girava em torno do café, depois tínhamos o açúcar, algodão, borracha, fumo, etc. No início da república velha havia poucas indústrias, o capital privado era pequeno e a maior parte dos incentivos governamentais destinavam-se a ajudar a economia cafeeira. havia pouca ajuda governamental para os que queriam iniciar um empreendimento industrial.
Os principais agentes do início da industrialização foram:
a) O negócio do café e a estratégia de diversificação: muitos cafeicultores decidiram investir uma parte de seu capital na criação de médias e pequenas indústrias, devido a constante oscilação do preço do café no mercado internacional. Não foi por acaso que São Paulo tornou-se o estado com o maior número de indústrias: o estado concentrava o maior volume de capital disponível para ser investido em empreendimentos.
b) Imigrantes: A maioria dos imigrantes era pobre e sem os devidos conhecimentos técnicos, entretanto, alguns deles trouxeram conhecimentos necessários para iniciarem pequenos negócios fabris que com o passar do tempo ampliaram-se substancialmente. Dois exemplos: o italiano Matarazzo, que chegou a ser o maior empreendedor do país e o alemão Gerdau, que ainda hoje é um dos maiores representantes da siderurgia brasileira.
c) Política de Substituição: foi provocada pela Primeira guerra mundial, evento que impediu a importação de muitos bens da Europa...sendo assim, houve um esforço para tentar produzir por aqui o que fosse possível daquilo que antes era importado. Geralmente eram fábricas de setores que não exigiam nem muito capital nem tecnologia, tais como alimentícia, calçados, têxtil, higiene, cuidados pessoais, metalurgia, etc.
A INDUSTRIALIZAÇÃO E O INÍCIO DA LUTA OPERÁRIA: a arrancada industrial provocou também o início da luta operária, através da liderança primeiramente de imigrantes anarquistas e comunistas. As principais causas da luta operária eram a precária legislação trabalhista, a carga horária elevada e os baixos salários. Havia pouca legislação sobre o trabalho, algo em torno de sete leis/decretos.
AS PRINCIPAIS REVOLTAS OCORRIDAS NA REPÚBLICA VELHA:
- Revoltas da Armada 1 e 2
- Revolta Federalista
- Revolta e Guerra de Canudos
- Revolta da Vacina
- Revolta da Chibata
- Revolta e Guerra do Contestado
- Revolta do Juazeiro
- Revoltas Militares que ocorreram dentro do movimento militar chamado de TENENTISMO, cujas principais ações foram:
a) a revolta dos 18 do forte
b) a revolta Paulista de 1924
c) a Coluna Prestes/Miguel Costa (1925-1927)
AS DUAS REVOLTAS
DA ARMADA:
Foram revoltas da Marinha contra as arbitrariedades de Deodoro da Fonseca e
Floriano Peixoto.
A primeira
revolta teve como motivação o fechamento do Congresso por parte de Deodoro.
A segunda revolta teve como motivo o governo inconstitucional de Floriano
Peixoto. Os revoltosos fugiram para o sul e se juntaram aos rebelados da revolta
Federalista. O conflito só terminou em 1895, com a derrota dos movimentos
rebeldes.
A REVOLTA FEDERALISTA:
Também conhecida como a Guerra da Degola, ocorreu entre 1893 e 1895, principalmente no Rio Grande do Sul, embora tenham ocorrido conflitos em Santa Catarina e Paraná.
Foi na verdade uma guerra civil, com um saldo de doze mil mortos.
Suas causas foram:
1) a rivalidade de dois partidos gaúchos:
Partido Republicano Rio Grandense: eram os castilhistas ou chimangos ou pica-paus
X
Partido Federalista do Rio Grande do Sul: eram os maragatos ou federalistas
2) a disputa pelo poder entre dois líderes
- de um lado, o governador gaúcho Júlio de Castilhos:
- defendia uma república autoritária e com menos autonomia para os Estados;
- apoiava o governo ilegal do presidente Floriano Peixoto
- defendia a república presidencialista
- impôs aos gaúchos uma constituição considerada antiliberal e autoritária
do outro lado, Gaspar Silveira Martins
-era oposição a Floriano Peixoto
-defendia uma república mais descentralizada, com mais autonomia para os Estados
- defendia uma república parlamentarista
- era oposição ao governo de Júlio de Castilhos e queria revogar a Constituição gaúcha
3- a rivalidade levou os federalistas a pegar em armas e tentar derrubar o governo de Julio de Castilhos, dando início à guerra civil. Os maragatos queriam também derrubar o governo de Floriano Peixoto.
O Conflito estendeu-se até 1895, já no governo de Prudente de Morais...os Castilhistas ou Chimangos, com o apoio de tropas federais venceram a guerra. Júlio de Castilhos manteve-se no poder gaúcho, e os revoltosos foram anistiados." O conflito foi chamado de Guerra da Degola por ter ocorrido inúmeras execuções dessa maneira. A vitória das tropas federais resultou até na mudança do nome da capital de Santa Cataria (Desterro), que passou a chamar-se Florianópolis.
Consequências: A república presidencialista consolidou-se. A figura do Exército como principal força interventora foi reforçada e os militares passaram a ter uma participação cada vez maior na política.
A GUERRA DE CANUDOS (1893-1897)
Ocorreu primeiramente como um movimento de uma comunidade alternativa religiosa onde havia pouca diferença social e o produto da lavoura e dos rebanhos era repartido entre todos.
Essa comunidade defendia a monarquia e criticava os impostos criados pela república. Com o passar do tempo, entrou em conflito com as autoridades, resultando em uma sangrenta guerra, que só terminou com o extermínio em 1897. Foi uma das maiores guerras civis da História do Brasil, resultando em um saldo de aproximadamente 20.000 mortos.
Causas:
1 - O Movimento chamado de Messianismo: seu líder, Antônio Conselheiro, se considerava um enviado de Deus para salvar o povo nordestino da miséria. Ele passou a pregar a ida do povo para uma terra prometida no sertão baiano.
2 - A exclusão social: O Nordeste passava por uma época de seca e não havia nenhuma ajuda oficial dos estados nordestinos para socorrer os flagelados. Além disso, era grande a exclusão social da maioria: não havia escola, posto de saúde, cesta básica, etc. A única presença dos estados era a do coletor de impostos, cuja cobrança ocorria de forma violenta.
3 - A forte liderança carismática de Antonio Conselheiro convenceu uma boa parte do povo a abandonar tudo e segui-lo.
4 - No sertão baiano, o beato Conselheiro, que era monarquista, fundou o Arraial do Belo Monte. Ele acreditava que a República era a materialização do reino do Anti-Cristo na Terra, talvez revoltado com a separação entre Igreja e Estado. uma vez que o governo eleito seria uma profanação da autoridade da Igreja Católica para legitimar os governantes. A criação e a violenta cobrança de impostos, a celebração do casamento civil e o fim do batismo como registro de nascimento eram provas da proximidade do "fim do mundo".
5-Era uma comunidade muito religiosa e voltada para o trabalho comunitário (agricultura e pastoreio). Tudo o que era produzido era dividido entre os habitantes e o que sobrava era comercializado nas cidades vizinhas.
6 - Os coronéis da região começaram a se sentir incomodados com a perda de uma boa parte da população dos vilarejos...ou seja, seus currais eleitorais estavam indo embora.
7 - O pequeno vilarejo de Belo Monte expandiu-se ao ponto de contar com cerca de de 25 000 habitantes. A imprensa, o clero e os latifundiários da região incomodavam-se com a nova cidade independente e com a constante migração de pessoas e valores para aquele novo local. Aos poucos, construiu-se uma imagem de Antônio Conselheiro como "perigoso monarquista" a serviço de potências estrangeiras, querendo restaurar no país a forma de governo monárquica. Difundida através da imprensa, esta imagem manipulada ganhou o apoio da opinião pública do país para justificar a guerra movida contra os habitantes do arraial de Canudos.
8 - O Arraial de Canudos representava uma ameaça para a república em seus primeiros anos...era preciso acabar com aqueles monarquistas religiosos fanáticos...mesmo assim, Canudos enfrentou e conseguiu resistir a três investidas militares. Só na quarta expedição é que o povo foi completamente massacrado pelas tropas do Exército brasileiro.
ocorreu no sul, numa região de disputa territorial entre os estados do Paraná e Santa Catarina (de onde veio o nome Contestado, pois os dois estados reclamavam a posse do território).
Causas
1 - A construção da ferrovia ligando São Paulo ao Rio Grande do Sul pela empresa americana Brazil Railway Company (que havia vencido a licitação): a obra atraiu muita gente pobre, em busca de emprego. As multidões foram se instalando nas matas ao redor da obra, no atual estado catarinense.
2 - Ao mesmo tempo, como parte do pagamento à empresa, o governo federal concedeu uma grande extensão de terra (cerca de 30 km) para que ela explorasse a valiosa madeira (pinheiro) e a erva-mate, justamente naquela imensa área onde os camponeses haviam se instalado
3 - Após o fim da construção da ferrovia, os trabalhadores, que em sua maioria eram camponeses, ficaram sem emprego e sem o acesso à terra. Foi nesse momento que surgiu a figura mística de José Maria, conhecido como "monge José Maria", que tinha fama de curandeiro. José Maria, sensibilizado com a difícil situação dos camponeses, fundou uma comunidade (o Quadrado Santo) onde os acolheu. Semelhante a Canudos, a comunidade vivia de maneira independente do Estado. A comunidade tinha rígidas normas de conduta com base em uma intensa religiosidade. A compra e a venda de mercadorias eram proibidas, havendo somente trocas. Acreditava-se que o fim do mundo estava próximo e que ninguém deveria ter medo de morrer, já que haveria a ressurreição. Também foi criado um grupo armado, com distribuição de funções entre os membros.
4- A comunidade de Quadrante Santo passou a preocupar os coronéis locais, pois além de perder eleitorado, imaginavam que no futuro isso poderia gerar uma intensa revolta. Além disso, a comunidade era também mal vista por defender ideais monarquistas (chegaram a criar um Manifesto Monarquista).
O CONFRONTO
Para evitar a ampliação do movimento, em setembro de 1912, os grandes fazendeiros chamaram a força pública para expulsar os posseiros, que tinham poucas armas (machados, espingardas e facões. O monge José Maria foi morto nesse primeiro confronto, mas a comunidade passou a ter outros líderes, com destaque para Maria Rosa, a "Joana D'Arc do Sertão", uma adolescente de 15 anos que afirmava receber ordens diretas de José Maria para que coordenasse a resistência da Comunidade. O Quadrado Santo conseguiu resistir até 1916, usando técnicas de guerrilha, atacando fazendas para conseguir recursos. O fato repercute diretamente no governo federal, o qual designa o general Carlos Frederico de Mesquita, que lutou na Guerra de Canudos, para comandar a ação... o Exército envia cerca de 90 mil soldados, uma pesada artilharia e até aviões, os quais foram usados como armas de guerra pela primeira vez no Brasil. A guerra chega ao fim em agosto de 1916, deixando um saldo tenebroso: entre 10 a 15 mil mortos e cerca de 8 mil casas incendiadas. Em outubro de 1916, foi assinado, no Rio de Janeiro, o Acordo de Limites entre Paraná e Santa Catarina.
A FASE FINAL DA REPÚBLICA: REBELIÕES MILITARES/ A QUEBRA DA HIERARQUIA
Foi um movimento de rebeldia militar envolvendo oficiais do Exército, insatisfeitos com a situação em que se encontrava o Brasil em termos políticos, sociais e econômicos. Estavam decepcionados com os rumos tortuosos da república, dominada pelas oligarquias. Queriam mudanças.
Esse movimento surgiu a partir dos desdobramentos das eleições presidenciais de 1922: paulistas e mineiros apoiavam o mineiro Artur Bernardes, enquanto o carioca Nilo Peçanha tinha o apoio de Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. A imagem de Artur Bernardes ficou manchada devido à veiculação de várias críticas que supostamente teria feito aos militares através de algumas cartas...mais tarde, comprovou-se que eram falsas, mas o estrago já estava feito e Artur Bernardes passou a ser mal visto por uma parte dos militares.
OS DEZOITO DO FORTE
Alguns destes oficiais (dezessete) e um civil, tentaram impedir a posse de Bernardes em 1922, no evento em que apenas dois deles sobreviveram.
A REVOLTA PAULISTA DE 1924: militares tomam a sede do governo de S. Paulo por pouco tempo.
A COLUNA PRESTES-MIGUEL COSTA: militares rebelados circularam durante dois anos pelos sertões do Brasil em protesto contra a república. Queriam o apoio do povo para derrubar o governo. A Coluna acabou sendo desfeita em 1927.
O FIM DA REPÚBLICA VELHA COM UM NOVO GOLPE MILITAR EM 1930
Essas revoltas militares mostravam que a república velha não duraria muito tempo, fato que ocorreu logo após as eleições presidenciais de 1930...antes da eleição, Minas Gerais e São Paulo já haviam rompido a política café com leite. os paulistas indicaram Júlio Prestes como candidato, desagradando os mineiros que queriam Antonio Carlos de Andrada...Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba lançaram a candidatura de Getúlio Vargas para presidente e João Pessoa para vice. Prestes venceu a eleição, provocando um clima de insatisfação e revolta pelo país. O assassinato de João Pessoa foi usado como principal motivo para os militares tomarem o poder em outubro de 1930, nos últimos dias do então presidente Washington Luís. Logo em seguida, os militares convidam Vargas para tomar o poder.
QUESTIONÁRIO:
1 - explique porque a implantação da república foi um golpe de Estado
2 - explique o que foi o Encilhamento
3 - explique as causas da Guerra de Canudos
4 - explique o que era o coronelismo
5 - explique as causas do fim da república velha