ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DOS GRUPOS INDÍGENAS DO BRASIL
Na época da chegada dos portugueses aqui no Brasil, não existia um Estado Indígena, de acordo com o conceito de Estado
- Estado é uma entidade política organizada e centralizada que possui autoridade sobre um território específico e sua população.
São algumas das funções do Estado:
-criar leis
-regulamentar questões sociais e econômicas
-cobrar impostos para manter o aparato estatal
-manter a ordem, fazer justiça com base nas leis sendo imparcial, etc.
Alguns elementos-chave que caracterizam um Estado incluem:
- Território
- População
- Governo:
-Soberania
-Legislação
As nações indígenas brasileiras tinham alguns elementos do Estado, mas não formavam um Estado segundo o conceito. Era uma forma primitiva de organização social.
Os povos indígenas geralmente eram comunidades pequenas e descentralizadas, com uma estrutura social baseada em laços familiares e grupos de parentesco. Elas não possuíam um governo centralizado, uma burocracia ou uma autoridade política única como um Estado. As decisões eram tomadas de forma coletiva, com base em consensos, tradições e lideranças locais.
Enquanto os Estados modernos possuem um território definido, uma população, um governo central, instituições jurídicas e políticas, os povos indígenas não seguiam essa estrutura formalizada. Em vez disso, suas estruturas sociais eram adaptadas ao ambiente natural e às necessidades do grupo, com práticas de caça, pesca, agricultura e outras atividades essenciais para sua subsistência.
POVO, NAÇÃO E TRIBO:
Essas palavras são muitos usadas se referir a grupos indígenas, mas têm significados ligeiramente diferentes:
Povo:
refere-se a um grupo de pessoas que possui a mesma origem étnica, cultural...pode haver variação linguística. Povos indígenas têm uma identidade coletiva baseada em sua história, cultura, tradições e relação com um território específico. Eles podem ser compostos por várias tribos ou comunidades menores, e podem abranger uma variedade de grupos distintos dentro de uma área geográfica mais ampla.
Tribo:
refere-se a um grupo social específico dentro de um povo indígena...o termo é usado para descrever grupos menores dentro de uma nação ou povo indígena mais amplo. No entanto, "tribo" às vezes pode ser visto como um termo simplista ou pejorativo, e muitas vezes é preferível usar termos mais respeitosos, como "comunidade" ou "grupo étnico".
Nação:
refere-se a um grupo étnico, cultural e muitas vezes linguístico que compartilha uma história, tradições e identidade comuns. Nações indígenas são compostas por vários povos que têm uma relação de parentesco ou semelhança cultural. O termo não se refere necessariamente a uma entidade política no sentido de um Estado-nação, mas sim a uma identificação cultural e étnica.
Em resumo, "povo indígena" descreve grupos étnicos com identidades culturais distintas, "tribo indígena" se refere a grupos sociais menores dentro de um povo indígena, e "nação indígena" engloba grupos étnicos mais amplos que compartilham uma identidade cultural e histórica. É importante usar esses termos com sensibilidade e respeito, levando em consideração a diversidade e complexidade das culturas indígenas ao redor do mundo.
INÍCIO DA COLONIZAÇÃO DO BRASIL: A ALIANÇA DE POVOS INDÍGENAS COM OS PORTUGUESES E COM OS FRANCESES
A aliança de grupos indígenas com os franceses (Tamoios) ou portugueses(Tupinambás) foi resultado de interesses políticos, econômicos, culturais e geográficos.
1 Interesses Econômicos: Os indígenas queriam obter armas, tecidos e utensílios de metal, em troca de recursos naturais, como peles, alimentos e materiais de artesanato.
2 Rivalidades Tribais: Alguns povos eram inimigos mortais de outros, fato que os europeus exploraram para obter aliados. Os índios enxergavam nessa aliança uma forma de fortalecer seu povo contra o outro.
3 Geografia: Os povos que viviam mais próximos dos assentamentos europeus geralmente interagiram com os eles, procurando obter alguma vantagem, benefício, etc.
4 -Proteção: Os índios também enxergavam nessa aliança uma forma de obter proteção contra povos inimigos.
5 Diferentes abordagens: Os povos indígenas se identificavam melhor ou com os portugueses ou com os franceses, dependendo de como ocorria a abordagem e a proposta de aliança. m
6 Catequese: embora tenha ocorrido diversos casos de conversão genuína ao catolicismo, muitos indígenas indígenas encaravam a religião também como um meio de obter vantagens ou de fortalecer seu povo e sua aliança com o europeu.
7 Sobrevivência: Em alguns casos, a aliança servia como uma estratégia de sobrevivência diante da colonização irreversível.
ANTROPOFAGIA INDÍGENA
Era uma tradição de alguns povos onde misturavam-se questões religiosas, culturais, sociais e rituais. Algumas das principais razões associadas à antropofagia eram:
1 Rituais Religiosos e Espirituais: Em algumas culturas indígenas, a antropofagia era praticada como parte de rituais religiosos ou espirituais. Acredita-se que o consumo da carne humana tinha um significado simbólico ou espiritual, como absorver a força ou os poderes do indivíduo falecido.
2 Rituais de Guerra: A antropofagia também estava associada a rituais de guerra em algumas culturas. Comer a carne de inimigos mortos em batalha era considerado um ato de triunfo sobre o inimigo e podia simbolizar a absorção de suas qualidades.
3 Demonstração de Poder: Consumir a carne de inimigos derrotados ou pessoas de outras tribos também podia ser uma forma de demonstrar poder e domínio sobre outros grupos. Isso podia fortalecer a posição social e política da tribo.
4 Culto aos Antepassados: Em algumas culturas, a antropofagia podia ser realizada como parte de um culto aos antepassados. Acredita-se que ao consumir os corpos dos mortos, a tribo estava em contato direto com os espíritos dos antepassados.
5 Preservação de Identidade: Em algumas circunstâncias, a antropofagia podia ser uma forma de preservar a identidade e a integridade da tribo. Em contextos de escassez de recursos, a prática podia ser uma maneira de garantir a sobrevivência.
6 Tradição Cultural: A antropofagia também pode ter sido parte de uma tradição cultural mais ampla, na qual os costumes e rituais eram transmitidos de geração em geração.
7 Rito de Passagem: podia desempenhar um papel simbólico em cerimônias que marcavam a
transição de um estágio da vida para outro, como a passagem da infância
para a idade adulta.
POR QUE OS PORTUGUESES CONDENAVAM A ANTROPOFAGIA?
1 - As diferenças culturais e religiosas: o europeu cristão (No Brasil quinhentista, eram os portugueses e os franceses), partia de sua própria cultura e religiosidade, onde a antropofagia condenava a antropofagia era considerada um costume pagão, bárbaro, repugnante e até mesmo herético.
2 - O cristianismo ensinava a sacralidade da vida humana e a ideia de que o corpo humano era criado à imagem de Deus, sendo assim, a antropofagia era uma violação profunda da dignidade humana, que incluía também o seu corpo.
2 - Etnocentrismo: a visão etnocêntrica dos europeus os levava a enxergavar os indígenas como bárbaros, selvagens ou primitivos, cuja cultura era atrasada e inferior.
3 - À medida em que a colonização europeia foi sendo consolidada, práticas indígenas como a antropofagia foi sendo combatida. Os povos indígenas resistiram e não aceitaram passivamente a cultura europeia.
RITOS DE PASSAGEM
é um conjunto de cerimônias, rituais e práticas que marcam a transição de um indivíduo ou grupo de uma fase ou status para outro dentro de uma sociedade ou cultura específica. Esses rituais são realizados para reconhecer e celebrar mudanças significativas na vida de uma pessoa, como a passagem da infância para a idade adulta, casamento, morte, entre outros marcos importantes.
Exemplos
Batizado: O batizado é um rito de passagem religioso comum na cultura cristã, marcando a entrada de um indivíduo na comunidade da fé. É especialmente significativo para bebês e crianças pequenas.
Festa de 15 Anos: A festa de 15 anos é um rito de passagem para muitas meninas, simbolizando a transição da infância para a adolescência. É uma celebração marcante com elementos culturais e sociais.
Formatura: A formatura marca a conclusão de um ciclo educacional, seja no ensino médio, graduação ou pós-graduação. É um rito de passagem que celebra a conquista acadêmica e a entrada na próxima fase da vida.
Casamento: O casamento é um dos ritos de passagem mais conhecidos, marcando a união legal e/ou religiosa de duas pessoas. É um evento culturalmente significativo, com rituais e tradições variadas.
Primeiro Emprego: Entrar no mercado de trabalho é um rito de passagem para muitos jovens, marcando a transição da vida estudantil para a vida profissional e adulta.
Aposentadoria: A aposentadoria é um rito de passagem que marca o final da carreira profissional e o início de uma nova fase na vida, frequentemente envolvendo a busca por novas atividades e interesses.
Morte e Funerais: Os rituais relacionados à morte, incluindo funerais e cerimônias de luto, também são importantes ritos de passagem em todas as culturas. Eles marcam a transição da vida para a morte e muitas vezes envolvem crenças espirituais e sociais.
Aniversários: Embora não sejam ritos de passagem tão formais, aniversários são frequentemente celebrados como marcos de passagem na vida de uma pessoa. Aniversários significativos, como os 18 anos, são considerados especiais em muitas culturas.
s povos indígenas brasileiros possuem uma rica variedade de ritos de passagem que refletem suas tradições culturais, espirituais e sociais. Aqui estão alguns exemplos de ritos de passagem de diferentes povos indígenas:
Povo Xavante: O povo Xavante realiza rituais de iniciação para marcar a transição dos meninos para a idade adulta. Durante esse período, os jovens aprendem habilidades importantes, como caça e agricultura, e passam por cerimônias que simbolizam a entrada em uma nova fase da vida.
Povo Yanomami: Os Yanomami têm rituais de iniciação tanto para meninos quanto para meninas. Os meninos participam de um rito chamado "xaponowë," que envolve uma série de provas e cerimônias para se tornarem homens adultos. As meninas também passam por rituais especiais, marcando sua transição para a idade adulta.
Povo Guarani: Os Guarani têm rituais de passagem relacionados ao nascimento e à morte. O "naming ceremony" é um rito realizado quando uma criança nasce, envolvendo a escolha de um nome e a realização de cerimônias espirituais. Além disso, os rituais de luto e os "mborai" são importantes para marcar a passagem da vida terrena para a vida espiritual.
Povo Karajá: Os Karajá têm um rito de passagem conhecido como "pêt," que marca a transição das meninas para a fase adulta. Durante essa cerimônia, as jovens recebem tatuagens e aprendem sobre as responsabilidades das mulheres na comunidade.
Povo Tikuna: Os Tikuna têm rituais de iniciação que envolvem a participação dos jovens em festivais de dança e canto, onde aprendem as tradições culturais e espirituais do povo.
Povo Kayapó: Os Kayapó têm rituais de iniciação para meninos e meninas. Os meninos passam por um ritual de escarificação e se submetem a uma dieta especial, enquanto as meninas passam por cerimônias que envolvem pinturas corporais e a aprendizagem de habilidades domésticas.
A antropofagia vista a partir de princípios morais
Dignidade Humana e Respeito: A antropofagia envolve consumir carne humana, o que é considerado uma violação da dignidade e do respeito pelas vidas humanas. A crença em direitos humanos fundamentais e na importância da preservação da vida pode ser usada como argumento contra essa prática.
Ética e Moral Universal: A maioria das sociedades ao redor do mundo considera a antropofagia uma prática moralmente condenável. Argumentar a favor de um conjunto de valores éticos universais que respeita a sacralidade da vida humana pode fortalecer a oposição à antropofagia.
Risco de Transmissão de Doenças: A prática da antropofagia pode aumentar o risco de transmissão de doenças, especialmente doenças infecciosas que podem ser transmitidas por meio do consumo de carne humana. Isso pode ter consequências graves para a saúde das comunidades envolvidas.
Alternativas Culturais: muitas culturas indígenas têm outras formas ricas e valiosas de expressar suas identidades e tradições.
Respeito à Vida e à Morte: A antropofagia pode ser vista como uma violação do respeito pela vida e pela morte. Argumentar que existem outras maneiras de honrar os mortos e manter conexões com o passado sem recorrer a essa prática.
OS TAMOIOS
Os Tamoios representavam um agrupamento de povos indígenas, que eram identificados pelo idioma falado, o Tupi.
O nome Tamoio se destaca porquê, em sua origem, “Tamoio = ta´mõi” que, em tupi, tem o significado de avôs. Ou seja, revelando que os Tamoios representavam o grupo tupi que vivia há mais tempo no litoral brasileiro…
Onde os Tamoios viviam?
Os Índios Tamoios habitavam uma extensão que ia do litoral norte do estado de São Paulo (Bertioga) até e o Vale do Paraíba (Região dos Lagos), no Rio de Janeiro.
E nesse território, estava incluída a Bahia de Guanabara. Estima-se que a população dos Tamoios chegava 70 mil índios.
Principais características
Os índios Tamoios dominavam a pesca com arco e flecha e a caça, e as mulheres índias cuidavam do plantio.
Os Tamoios eram poligâmicos e aceitavam com naturalidade a homossexualidade.
Como eram formados?
Renato Sztutman e Beatriz Perrone-Moysés (antropólogos), afirmam que os “tamoios” não representavam um único e homogêneo povo indígena, mas na verdade, uma união de líderes de diferentes tribos que, por volta de 1550, formaram uma aliança com os franceses, contra os colonizadores portugueses.
Participação nas batalhas
Os Índios Tamoios foram antropófagos
Sim, para nós canibalismo, mas para eles, mais que uma simples refeição, era um ritual mágico.
História, Política, Economia, Cultura, Filosofia, Sociologia, etc.
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quinta-feira, 31 de agosto de 2023
GRUPOS INDÍGENAS BRASILEIROS
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